Poema do jornalista Jeremias Macário

O Brasil vai ter armas nucleares

Vai cortar nossa magra educação

O meio ambiente vai sumir nos ares

No buraco fundo negro do infinito

A caça fuzilada vai ser liberada

A cultura definhar até virar cambito

E cada brasileiro de arma, sem lição.

 

De livro e com a palavra não mão

Me livro das armas e dessa cilada

De soldado atirar e vigiar o pensar;

Não vou ser mais lenha na fornalha

Nem ser boi ferrado dessa boiada

Inculto inútil de cabeça dominada

Nem cangalha dessa tropa de canalha

De ser gente vaga e viver na contramão;

Quero ser poeta pra falar de amor e dor

E voar alto e livre nas asas do Condor.

 

O negócio deles é negar a ditadura

Plantar veneno e condenar a Sofia

Fazer esquecer dos porões da tortura

Decorar tabuada, matar a sociologia

Para nos fazer de massa de manobra

Pau mandado e reio cru pra toda obra

Ser cota de inocente útil do louco idiota.