VENTO QUE VAI E VEM
O vento que passa e vai,
Não é o mesmo que vem:
Um traz mensagens do norte,
O outro zune oeste faroeste;
O do sul deixa rastro de morte,
E o do leste a paz do Lama Dalai.
O vento que vai daqui pra lá,
Não é o mesmo do de lá pra cá:
Um urbano e o outro campestre;
Tem o da chuva que molha terra;
O furioso vingativo traz a guerra,
O dos ensinamentos é o do mestre.
O vento do vale é o fresco,
O do alto é traiçoeiro e seco;
Um faz bem, outro deixa a peste,
E o da saudade é o amor que vai
Pelo tempo que não retorna mais,
Como lavoura perdida no agreste.
O vento vice-versa, vai e vem,
Vento dor que martela e assobia,
Suave e irado no trincado tornado,
Da terra, do ar e do azul além-mar,
De cheiro catingueiro do sol alumia,
Dê-me notícias da vida do meu bem.
Como a quilha de Maiakóvski,
Corta o vento que leva e traz,
Segredos sagrados do bosque,
Às vezes são coisas boas e más,
Perfumes, folhas caídas e florais,
Virtudes e os pecados capitais.











