CULTURA COM DITADURA: UMA MISTURA INDIGESTA
Depois de acompanhar o relançamento do projeto do Centro de Cultura do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), em Vitória da Conquista – programa foi anunciado há dez anos – pelo ex-gerente do banco, Jonas Sallas, na última sessão da Câmara de Vereadores do dia 21(quarta-feira), foi duro ter que ouvir o discurso do vereador David Salomão em defesa da ditadura militar, com rasgos de elogios à intervenção federal das forças armadas no Rio de Janeiro.
Pois é, o homem voltou a fazer apologia ao regime de 1964 onde milhares de brasileiros foram torturados, mortos e desparecidos numa clara censura e opressão à liberdade de expressão. Aproveitou a ação no Rio para atacar, de forma grosseira e raivosa, os estudantes e professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb, chamando-os de pseudos-intelectuais. por terem os mesmos, segundo ele, destruído seus outdoors em apoio a uma intervenção militar no Brasil.
O vereador alegou, em tom agressivo, que teve sua liberdade de expressão cerceada pelo corpo docente e discente da universidade estadual, conforme reza a Constituição, só que sua liberdade vai de encontro à própria liberdade e a vida, o mesmo que apoiar o nazifascismo. No seu conceito, a intervenção resolve de vez com a violência, que no país é fruto da ausência social do Estado.
Bem, deixando os horrores de lado, o destaque maior da sessão da Câmara foi o retorno da proposta do BNB de construir, em Conquista, um Centro Cultural, projeto este que não vingou há dez anos por causa das futricas e politicagens regionais. Uma pena que não frutificou, senão hoje toda classe artística, intelectuais e a população em geral estariam hoje se beneficiando, tirando da cabeça de muita gente imbecil a ideia e a mentalidade absurda de uma ditadura.
A iniciativa de instalação de um Centro de Cultura desse porte, numa cidade hoje tão carente de equipamentos dessa natureza (há quatro que o “Camilo de Jesus Lima” está fechado), deve ser abraçada por todos porque só traz benefícios. De acordo com Jonas, o Centro está orçado em mais de 5 milhões de reais, e a intenção é investir mais de um milhão por ano em projetos artísticos, contemplando variadas linguagens.
Na ocasião, Jonas Sallas enumerou vários equipamentos que farão parte do Centro, ainda a ser localizado no antigo Clube Social, como auditório, sala de audiovisual, biblioteca, espaços para teatro, dança, cinema, exposições, artes plásticas, música, dentre outros itens da área cultural.
Outro ingrediente, de cunha mais político – partidário, foi o discurso forte do vereador Dudé, que aproveitou o espaço de vários parlamentares, com o consentimento do prefeito Herzem Gusmão, para lançar o nome de Nilo Coelho na chapa majoritária de ACM Neto nas próximas eleições.
Este é um projeto equivocado, de difícil ressurreição. Teria que apelar para Cristo fazer outro milagre. De certa forma é até compreensível na política atual brasileira onde predomina total escassez de lideranças políticas com credibilidade. Precisamos sim, de renovação presente, e não de ressuscitar um passado que não merece mais ser repetido.
O vereador Cori falou da situação falimentar da Viação Vitória e do consequente sofrimento da população com as constantes paralisações dos ônibus pelos funcionários da empresa, que estão com seus salários mensais sempre em atraso. Há muito tempo Cori vem alertando para o problema crítico dos transportes públicos em Vitória da Conquista, cobrando providências da Prefeitura Municipal.











