Com aproveitamento dos “coadores” (de pano) ou os chamados hoje de filtros de café (papel), uma alternativa também de reciclagem de materiais usados no dia a dia da cozinha baiana e brasileira, nasce em Vitória da Conquista, no bairro Jardim Guanabara, a arte da “Borra de Café” pela professora Vandilza Silva Gonçalves que há uns três ou quatro anos vem lidando com esta técnica.

A primeira etapa é juntar bastantes “coadores” e depois secá-los e limpá-los com cuidado. Com toda paciência e cuidado com o manuseio, Vandilza apara as pontas dos filtros que ficam prontos para o processo de colagem. Tudo parece muito simples, mas não é tanto assim quando o objeto artístico fica pronto para ser visto e apreciado por sua beleza encantadora.

O formato dos desenhos, com características indígenas e de outros povos do passado, transmite um colorido especial mágico impossível de alguém, à primeira vista, detectar o material utilizado em sua confecção. A arte também tem sido uma forma de contribuir com o meio ambiente reduzindo a quantidade de lixo jogado na natureza.

Depois de muito trabalho e dedicação de Vandilza, sua arte agora se tornou realidade e está impressa e visível nas paredes da frente e laterais do Espaço Cultural A Estrada, em garrafas e garrafões, pequenas poltronas, jarros, quadros, numa grande torre artesanal e até num baú de madeira.

Tudo começou com colagens em garrafas, mas o trabalho nas horas vagas, feito como uma terapia espiritual, se agigantou e passou para outros objetos maiores no Espaço Cultural onde também realizamos nosso Sarau entre amigos artistas há sete anos.

No início, o maior problema era encontrar a matéria-prima suficiente, no caso os filtros de café, mas aí entrou em ação dona Socorro, esposa do professor Itamar Aguiar, que se prontificou a fornecer os “coadores” da sua própria casa, isto depois de degustarmos um delicioso café feito por ela. O próprio Itamar foi quem deu nome à arte da “Borra de Café”.

De acordo com Vandilza, a questão não está só na colagem dos filtros, mas no acabamento final da obra com desenhos retangulares em formatos variados e a pintura em cores diversas que imprimem um realce diferenciado e dão outra vida à peça, seja de barro, madeira, vidro ou em paredes.