“E A BÍBLIA TINHA RAZÃO” (III)
Ao ler o livro “e a Bíblia tinha razão” deu-me a sensação de que o título poderia ter um “não” no que concerne a fatos que não tiveram relações sobrenaturais e outros relatos compilados de culturas antepassadas bem distantes. O Antigo Testamento mostra um Deus punitivo, vingativo e arbitrário como os deuses dos sumérios, dos assírios, dos babilônios, macedônios e greco-romanos. Ele impõe vitórias e derrotas nas guerras.
No capítulo “Quatrocentos Anos de Silêncio”, o autor Werner Keller destaca que em 1280 a.C. os hititas e egípcios celebraram o primeiro pacto de não agressão e defesa mútua da história do mundo. Em “Trabalho Escravo em Piton e Ramsés”, Keller assinala que o rei não conhecia José do Egito porque este viveu séculos antes dele, no tempo dos estrangeiros hicsos. A história do feiticeiro Balaão, a jamanta falante e de Jonas engolido por uma baleia são fábulas da Bíblia.
Os egípcios odiavam os filhos de Israel, insultavam e faziam-lhes passar uma vida amarga com penosos trabalhos de barro e tijolos na jornada para a Terra Prometida. No deserto, Moisés já conhecia muito bem a arte de tirar água da rocha. Ele aprendeu a fazer isso durante seu exílio entre os madianitas.
A sarça que ardia e não se consumia se tratava de uma planta de um metro de altura coberta de glândulas oleaginosas com ramas vermelhas, de óleo volátil que se evapora. Em plena floração a moita parece envolta em fogo por causa de seus óleos voláteis. Quanto as suas leis dos Dez Mandamentos, Moisés copiou muita coisa dos ensinamentos de Amenemope, no Antigo Egito.
Os doze observadores de Moisés, incluindo ai seu general Josué, que eram enviados à frente da marcha para reconhecimento da terra, trouxeram notícias ao chefe líder sobre cidades muradas, gigantes hititas e tribos dos amorreus, cananeus e amalecitas, raças estrangeiras que já habitavam a região. Quando o povo hebreu estava próximo, os amorreus, por exemplo, negaram a entrada pelo seu território.
Sem saída, Josué e seu exército teve de entrar na mão armada mesmo e ai se tornaram senhores da Jordânia até o Lago de Gnesaré. Conta a história que, tentando vencê-los, o rei Moab mandou “suas filhas” seduzir os filhos de Israel. Muita gente caiu na tentação e foi degolada e enforcada como castigo pelo pecado cometido. Com a expulsão dos hicsos, em 1550 a.C., a Palestina, então, passou a ser colônia do Egito.
Era a época de 1200 a.C quando o povo de Israel já estava estabelecido em Canaã. Neste tempo surgiu o ferro procedente dos hititas (primeiros fabricantes do mundo) e negociado pelos fenícios. As cervejarias floresciam no Antigo Oriente nas tavernas da Babilônia e em toda Mesopotâmia.
Foi também nesta época que os filhos de Israel sofreram perseguições e agressões dos filisteus. O primeiro rei Saul e seu filho Jonatas criaram as campanhas de guerrilhas para combatê-los. No entanto, os filisteus reforçaram suas tropas e o próprio Saul se matou. Israel inteiro foi ocupado por 40 anos de escravidão.
O rei David reconquistou a autoestima do povo, estendeu seu império até o rio Eufrates e construiu fortificações. No seu tempo, nenhuma nação se dedicou tanto à música como os habitantes de Canaã. Veio logo depois seu filho Salomão que se tornou rei do cobre.
No tempo de Salomão, a cidade portuária de Ascongaber tornou-se no maior centro industrial do cobre, com a maior fundição do Antigo Oriente. Soberano e progressista, o sábio Salomão transformou Israel numa grande potência econômica que mantinha relações comerciais com outros reinos, como do norte da África.
Entre os anos 1000 e 900 a.C, todas as caravanas entre Egito (grande exportador de carros de combate) e Síria passavam pelo reino de Salomão que negociou com Sabá (rainha de Sabá), país das especiarias; com Tiro e Sidon (fenícios) centro de extração de púrpura; e até com a Pérsia e a Índia (canela), vinda da China. No seu tempo teve o Cântico dos Cânticos, as mais belas canções de amor do mundo.
Com a morte do grande rei, em 926 a.C, as desavenças e desentendimentos entre as tribos, da Síria a Palestina, dividiram o reino e Jeroboão tentou apaziguar os ânimos governando Israel por um tempo, isto por volta de 926-907 a.C. Com a guerra civil, Roboão ficou com Judá, no sul, tendo como capital Jerusalém, e Jeroboão com Israel, reino do norte.
Depois da invasão estrangeira do Faraó Sesac, de 825 a 745 a.C. Israel e Judá viveram um certo período de paz com os reis Osias, o Leproso, e Jeroboão II, com muito luxo, vícios e depravações. O profeta Amós condenava, impiedosamente, as luxúrias até que chega a anarquia com as mortes de Jeroboão II e Osias, por volta de 747 a.C.
Toda terra foi invadida pelo tirano assírio Teglatfalazar III (745 a.C.), que conquistou o maior império do Antigo Oriente e governou com mão de ferro. Como sucessores, Salmanasar V e Sargão II (721 a 705 a.C.) sufocaram a rebeldia do rei Oséias (Israel e Samaria), que se recusou a pagar os devidos impostos.
Com o assassinato de Sargão II, o astuto rei Ezequias teve um tempo de tranquilidade, mas logo veio Senaquerib, da Assíria, que cercou Jerusalém e provocou uma avalanche de matanças.
Senaquerib também foi assassinado e sucedeu Asaradon que cultuava o deus El, criador do mundo, e Baal, deus da tempestade e da fecundidade. Ele se casou com as três irmãs, matou seu irmão, o filho, castrou o pai, a si próprio e obrigou a outros fazerem o mesmo. Jeová era o deus dos eleitos da Bíblia e exercia domínio sobre as demais deidades.
Assurbanipal (663 a.C.), filho de Asaradon, subjugou mais ainda todos os povos, mas foi um rei assírio- babilônico que se dedicou à literatura acádica e à cultura de um modo geral, tanto que mandou copiar dicionários e gramáticas em várias línguas. Construiu a grande Biblioteca de Nínive e amava a caça.














