Lixo em pleno centro da cidade ao lado do marITAPARICA 033

Do seu esplendor em 1823 quando reuniu tropas para lutar contra os portugueses, até o final do século 20 quando fervilhava de turistas do Brasil e do mundo, Itaparica, do escritor João Ubaldo Ribeiro, de “Viva o Povo Brasileiro” se tornou numa cidade fantasma com casarões fechados e ruas abandonadas com lixo em vários pontos. Por todo lado, percebe-se sua decadência com poucos visitantes nas praias e alguns bares e restaurantes abertos.

ITAPARICA 037

Na década de 70 e 80 ainda conheci esta Itaparica de muitos barcos e navios chegando na “Marina,”  hoje somente algumas colunas de concreto e armações enferrujadas no mar. Curti com amigos e  a família bons finais de semana naquele outro lado prazeroso da ilha que atraia centenas e milhares de turistas. Depois de mais de 30 anos voltei ao local no último final de semana e confesso que fiquei decepcionado com a situação.

Contada e decantada por João Ubaldo, é até compreensível que o filho ilustre preferisse seu sossego, tanto que estava sempre lá durante suas férias de janeiro e continuasse do Rio de Janeiro citando em suas crônicas dominicais do jornal A Tarde as histórias de seus amigos, como a do Zeca Comunista. No entanto, não se pode negar seu abandono pelo poder público, com o fechamento de residências e casas comerciais.

ITAPARICA 038

Mesmo assim, ainda continua todo imponente e charmoso o Grande Hotel Itaparica, atualmente pertencente ao Sesc, onde foi realizado de 19 a 21 de fevereiro, o encontro de ex-seminaristas, com as presenças do presidente da Fecomércio (Federação do Comércio da Bahia), Carlos Souza Andrade, seu chefe de gabinete José Humberto, bispo João Nilton, José Ribeiro Rosário, Fernando Sandes  e muitos outros ilustres colegas de jornada na década de 60 no Seminário Nossa Senhora do Bom Conselho, em Amargosa.

Foram dias memoráveis de um bom papo, uma boa conversa e debates sobre a vida em geral. Muita filosofia, causos e testemunhos de cada um comprovaram, mais uma vez, que a formação do seminário deixou marcas positivas de que valeu a pena o tempo de convívio naquele ambiente de estudos e trabalho.

ITAPARICA 032

Foi como entrar no túnel do tempo e recordar o passado cheio de magias numa época de quebra de paradigmas e despertar para uma vida de mais conhecimento rumo à liberdade individual e coletiva. No meu caso, voltar a Itaparica foi também entrar no túnel do tempo, só que não é a mesma cidade entusiástica como era há mais de 30 anos. Aproveitei para dar um dedo de prosa com muitos moradores que concordaram com minha impressão e colocaram a culpa pela decadência no poder público que não tem dado a devida atenção que a cidade merece.

ITAPARICA 051

É uma pena que a histórica Itaparica, da heroína Maria Felipa, tenha se transformado numa cidade fantasma. O que mais vi foram ruas sujas, calçadas quebradas e quase ninguém para passar uma informação. A visão que se tem é de uma cidade que teve seu auge e agora está vivendo seus últimos momentos. Alguns pontos turísticos ainda estão lá como a Fonte da Bica de água jorrando nas torneiras, o Centro Cultural e o Mercado.