Mosquito do aedes aegypti causando pânico no país, economia descendo a ladeira, inflação subindo, política do toma lá dá cá, corrupção em todos os setores, 100 mil lojas comerciais que fecharam suas portas no ano passado, desemprego batendo nas portas, mau cheiro e sujeiras nas ruas de Salvador, gente morrendo nos corredores fedorentos dos hospitais, propaganda enganosa da educação, esgotos correndo a céu aberto e você em pleno carnaval com músicas apelativas pulando como macaco e rindo do quê?

É isso ai, meu camarada, temos festas sem fim, o pão faltando na mesa enquanto se aproximam o São João, as olimpíadas e o dia das urnas para ouvirmos aquela cantilena de dever cívico para escolha consciente do seu candidato. A esperança se distancia e a fé está nas últimas. Tudo isso e os governos meteram 10 dias de carnaval gastando milhões dos nossos bolsos com uma cerveja de quinta categoria e músicas do tipo Cabelo de Chapinha e Paredão Metralhadora.

Triste Bahia! Oh quão desigual, injusta e campeã dos piores índices nos setores da saúde, educação, violência e saneamento básico. Precisamos ressuscitar um Gregório de Mattos em cada esquina para denunciar as mazelas e satirizar os governantes que só pensam em se manter no poder. Enquanto gente bonita e rica curte suas luxúrias nos camarotes, os Zés Ninguéns se espremem nos asfaltos das doenças. Infelizmente, o povo não enxerga que é movido pelo prazer enganoso.

Enquanto o indivíduo se deixa levar pelo embalo das festas no país do descalabro, esquece o IPTU elevado, a inflação, a crise política e dos milhares na Bahia que ainda passam fome. Quase ninguém leu a revista The Economist de que no Brasil dançam o carnaval à beira do precipício.

Como observou um leitor de um jornal da capital, não dá para entender como o Governo do Estado derrama mais de 50 milhões de reais numa festa que é do município. Tudo está envolto na ambição política de tomar o poder na capital. Nesta disputa quem perde é o povo, mais uma vez tragado pelo circo.

Depois do carnaval, os estragos nas ruas, parques e praças (Barra, Campo Grande, Vitória, Barra Avenida, Ondina e Centro Histórico) ficaram visíveis. Lá se vai mais dinheiro para recuperar os locais. Durante a festa deste ano, foram registradas 3.174 queixas de violência contra a mulher, um aumento de 221% em relação ao ano passado.

Na Bahia, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, mais de 13 mil lojas foram fechadas (sete do Grupo Máquina de Vendas – Insinuante e Ricardo Eletro). No Brasil na área de mercearias, mercados e supermercados foram fechados 26 mil estabelecimentos e 100 mil em todos os ramos comerciais e de serviços.

Mais festas, menos alimento na mesa, mais mosquito e doenças e menos tratamento e leitos hospitalares, mais roubo e menos seriedade e competência, mais políticos e policiais safados e menos honestidade, mais mordomias no Congresso Nacional, nas câmaras de vereadores e nas assembleias e menos transparência.

E aí, está rindo do quê? Do seu comodismo? Da sua alienação e burrice? Do seu individualismo, achando que as coisas ruins só acontecem com os outros? No Brasil já foram notificados mais de cinco mil casos de microcefalia, sendo 700 na Bahia. A incidência do aedes cresceu 14 mil por cento.

Rir mesmo só para os políticos que vão para os programas eleitorais encher o saco do cidadão dizendo que seu partido é o melhor; visa o social, a saúde, a educação; e luta para tornar tudo melhor. Colocam imagens bonitas de escolas, postos de saúde e creches de primeiro mundo. Por que eles roubam até a merenda escolar das crianças? Fuzilamento e forca para eles. Vamos rir do quê?