Se o meu vizinho ao lado está ganhando muito dinheiro vendendo carvão, eu também vou fazer o mesmo. Se alguém comete um ilícito ou malfeito para se enricar, eu também tenho o direito de realizar a mesma prática. É uma lógica absurda que não se justifica.

É assim que o mundo pretende reduzir a elevação das temperaturas e conter o aquecimento global? Nesta COP30, de Belém (mais uma semana de discussões), ainda não vi na agenda um debate sobre o consumismo exagerado que provoca impacto no meio ambiente.

Se um país está consumindo mais produtos, inclusive coisas supérfluas produzidas pelas indústrias, o outro também vai incentivar o consumo para crescer sua economia e ter um PIB (Produto Interno Bruto) maior.

Não se fala de desconstrução desse consumismo. Se meu amigo comprou uma camisa bonita, um sapato ou um tênis de marca, um aparelho de última geração para sua casa, guiado pela inteligência artificial, também vou fazer de tudo, mesmo ficando endividado, para também possuir o mesmo. É a questão da cobiça.

Ter consciência ecológica não é só plantar uma árvore, deixar de jogar lixo na rua, nas estradas, rios e mares. É muito mais que isso. Na hora de fazer compras compulsivas desnecessárias pela internet ou mesmo presencial nas lojas, ninguém pensa em consciência ecológica. Prefere o prazer ou a “felicidade” de comprar, comprar e comprar. Assim acontece em outras coisas e hábitos.

Como frear esse avanço do aquecimento global, se os países desenvolvidos tudo fazem para aumentar o consumo das pessoas? As grandes potências, como os Estados Unidos, comandados por Trump, investem cada vez mais na extração dos combustíveis fósseis, no caso o petróleo. Muitos são negacionistas da ciência.

Na China é o carvão, embora tenha projetos de produção de energia limpa, como a solar. No entanto, permanece o carvão soltando gases tóxicos no ar. É certo que o Brasil avançou bastante na transição energética, mas ainda representa pouco em relação à emissão do CO2 e do metano. Temos mais bois que gente no país, e o negócio é exportar mais carne.

Há mais de 50 anos que se fala em reduzir a exploração de petróleo. Ao invés disso, só cresceu. Alguém acha que os países árabes vão deixar de perfurar mais poços? Claro que não, mesmo porque se fizerem isso, vão viver de que? Eles não têm outras fontes econômicas que substituam o petróleo. Vendem o produto para comprar alimentos dos criadores e agricultores que também cometem suas agressões contra a natureza. É o ciclo da vida.

Há séculos que o planeta vem sendo destruído pelas fumaças saídas das chaminés das fábricas, pelo lançamento de substâncias venenosas nos solos e rios através da exploração de minérios, pelos desmatamentos e queimadas para plantar grãos e criar gado, dentre outras agressões pela corrida de mais riquezas.

Claro que existem ações de sustentabilidade, mas ainda são pontuais se compararmos com o rombo, as feridas e as crateras feitas na terra, que está em ebulição através das catástrofes e tragédias humanitárias.

Será que ainda dá tempo de fechar a conta? Os ricos estão dispostos a financiar os pobres a construírem essa transição energética?  Vão fazer suas partes nessa implementação das metas estabelecidas na COP30? Vão colocar mais grana nesse fundo financiador? Ou vão manter seu roteiro de mais gastanças, destruição e consumismo?