(Chico Ribeiro Neto)

Crianças dizem coisas maravilhosas, engraçadas e impressionantes. Minha neta Gabriela, então com 6 anos, perguntou a meu filho Mateus: “Pai, será que um dia a gente vai morar em outro planeta?”

O sobrinho de uma amiga, com 5/6 anos, subiu num banquinho e foi futucar o armário do banheiro. O armário despencou lá de cima, quebrando tudo, e foi aquela zuadeira.  Aflita, a mãe bateu na porta do banheiro, que estava trancada, e gritou para que ele abrisse. Ileso, sem nenhum ferimento, ele abriu só um pouquinho da porta e disse: “Nada não, mainha, foi mentira do barulho”.

O pediatra e escritor Pedro Bloch publicava toda semana na revista “Manchete”, nas décadas de 60/70, a coluna “Criança diz cada uma”, com falas engraçadas de crianças que ouvia no consultório e que recebia de pais e mães de todo o Brasil.

Essas falas renderam depois vários livros, entre eles o “Dicionário de Humor Infantil – Frases de crianças de 8 a 12 anos”, lançado em 1997. Registro aqui alguns verbetes desse dicionário:

“Alegria é um palhacinho no coração da gente”

“Amar é pensar no outro, mesmo quando a gente nem tá pensando”.

“Avestruz é a girafa dos passarinhos”.

“Boca é a garagem da língua”.

“Calcanhar é o queixo do pé”.

“Cobra é um bicho que só tem rabo”.

“A Europa fica mais longe que a Lua. A Lua eu vejo”.

“Tenho mais medo de avião que de escuro. É que escuro não voa, nem cai”.

“Nevoeiro é a poeira do frio”.

“”Relâmpago é um barulho rabiscando o céu”.

“Saudade é quando uma pessoa que devia estar perto está longe”.

“Strip-tease é mulher tirando a roupa toda, na frente de todo mundo, sem ser pra tomar banho”.

“Veias são raízes que aparecem no pescoço das meninas que gritam”.

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)