TUDO DE NOVO NA “RODA-VIVA” DA VIDA
– É, meu camarada, parece que foi ontem que festejamos o tradicional réveillon ou Ano-Novo e já estamos no final do ano. Lá se foram a muvuca louca do carnaval, o Dia das Mães, dos Namorados, Semana Santa, o São João não mais autêntico, todo misturado e melado, Dia dos Pais e os feriadões. Ah, e suas metas programadas estão sendo cumpridas?
– Pois é, meu amigo, e a gente aqui dando uma de bobeira levando a vida como ela é, nos roendo aos poucos com nossas quizilas e tomando umas para passar o tempo, jogando conversa fora. Esqueceu de falar do Campeonato Brasileiro e da Copa Brasil onde o torcedor fica doido e fanático ao ponto de matar o outro dentro e fora dos estádios. Quanto aos planos e mudanças, vou por aí fuçando o focinho pela terra.
– Estamos entrando novamente no “cio” do consumo desenfreado dos presentes, da mídia que fica nos instigando a comprar mais e mais, do Feliz Natal e Ano-Novo. E assim caminha a humanidade. Logo mais vamos ouvir aquela frase costumeira nos shoppings: “já comprou o seu? Respondeu o camarada, que até chamou os outros para um brinde antecipado. “ Do jeito que o bicho está pegando, a gente não sabe mesmo o que pode acontecer até lá. O negócio é comemorar logo”.
– Vocês estão aí nesse papo cavernoso fútil, enquanto o mundo pega fogo; massacre genocida na Palestina; Trump nazista jogando bombas na América Latina; nêgo misturando metanol em destilado; e o Congresso Nacional comendo nosso fígado – falou o outro companheiro ao lado, mais preocupado com essa situação de território arrasado.
– O negócio é não pensar muito, cara, senão você enlouquece. como disse, a vida é uma “Roda-Viva”. Não esquenta a cabeça. Faça do limão uma limonada, como se fala por aí. Viva sua vida de cada dia, sem filosofar seus mistérios. Daqui a pouco vai precisar de um psiquiatra maluco – tentou acalmar o camarada.
Como disse o cancioneiro compositor nordestino, Alceu Valença, são as emboladas do tempo que, segundo ele, não tem início e nem fim. O tempo não para, canta Cazuza. Aliás, o tempo nem está aí para os poetas, vai seguindo sua estrada, como um vulto ou uma sombra de nós mesmos.
O capitalismo não dá folga ao tempo e nem entra de férias. Nós somos suas presas prediletas em suas teias de aranha. Ele é insaciável e nunca se farta. A esta altura já tem lojista enfeitando seus estabelecimentos com adereços natalícios.
– Por falar em tempo e o escambau, os golpistas também estão em plantão direto. O crime está mais organizado que o Estado, que agora saiu com essa de aumentar as penas para os bandidos quadrilheiros mafiosos do PCC e outros grupos. A esta hora devem estar dando gargalhadas, tomando uísque em suas piscinas “cheia de ratos” – disse o camarada da “Roda-Viva”.
Sem deixar escapar a pegada do papo descontraído, o companheiro saiu com essa de que esse Natal e Final de Ano vão ser sem destilados nas mesas. As cervejarias e os vinicultores agradecem. Ah, cada família (só os endinheirados) vai contratar um provador de comida, para ver se não está envenenada ou contaminada. Vá acreditar em industrializados! Podem estar batizados.
– E quanto as cestas básicas aos pobres do “Natal sem Fome” que já está chegando, com aquelas campanhas nas televisões, acompanhadas do “hô, hô, hô” do Papai Noel, dando presentes às criancinhas? Aliás, existem dois tipos ou mais de “Papais Noéis”, os das lojas chiques e os das periferias. Até as risadas são diferentes, senão quebra o clima da desigualdade social.
– Você está é ficando velho demais. Até virou pensador com essa de “Roda Viva da Vida”, do tempo que corre mais rápido e outras tiradas filosóficas! Deve ter visto muita criança nascer que se tornou marmanjo ou marmanja de netos! Vamos no popular do humorista Chico Anísio! Ah que saudades dele! Lembra daquela: Pobre que se exploda?