Tudo começou há anos num velho barracão de bode assado com farofa e uma rede para atender caminhoneiros e outros viajantes. Depois veio outro local chamado de “Folha Seca”, em homenagem a canhoteiro, do Bahia, com maior estrutura e cara de uma boa churrascaria, não somente de bode.

Ao lado, um posto de gasolina e aquele pequeno empreendedor, de nome Rosenberg Macário, “Seu Rose”, que um dia sonhou em comprar o estabelecimento, transita entre os passantes trocando sempre um dedo de prosa e apertando cada mão. “Não é fácil tocar tudo isso, lidar com gente, mas devagar chegamos lá”.

Tudo isso no distrito de Maçaroca, de pessoas humildes, em pleno sertão catingueiro nordestino baiano, distante cerca de 60 quilômetros de Juazeiro. O movimento foi crescendo e o sonho se concretizando. Adquiriu o posto e seu negócio tomou outras dimensões, com lojas artesanais, bebidas, confecções e lanchonetes.

Foi mantida a churrascaria carro-chefe que lhe deu sorte, com um reforçado café da manhã de fazer inveja. A comida bem preparada do cuscuz, aipim, carne assada, ovos e outros ingredientes é forte e dá sustança, deixando o caminhoneiro abastecido durante todo dia no volante da estrada.

Nem tudo estava concluído para o arrojado empresário Rosenberg com sua visão futurística que muitos o chamavam de doido e achavam que era jogar dinheiro fora. Para muitos, ele ia cair na falência total, como o velho posto de gasolina que entrou em decadência várias vezes nas mãos de outros donos.

O segredo é não ter medo e investir com coragem e certeza que lá na frente tudo vai dar certo. Aos poucos, “Seu Rose”, com seu jeito simples de catingueiro de se vestir e se apresentar, começou a montar uma estrutura de pousadas, chalés, áreas de lazer, placas solares, parques infantis, pequenos jardins floridos, criação de aves, plantações de árvores, flores e outras obras.

Com tudo isso, surgiu o mais pesado que foi a construção de um centro de treinamento de futebol com gramado oficial sintético, hoje requisitado por vários times quando vão jogar em Juazeiro. Ao lado um campo soçaite, área para jogar vôlei e uma academia de treinamento com equipamentos de primeira linha.

Quem passa e conhece aquela estrutura ao lado do posto, em pleno sertão árido nordestino onde cruzam bodes na movimentada BR-324 fica encantado e não o chamam mais de “maluco”, mas um visionário que deu vida e força ao pequeno distrito e emprega hoje cerca de 70 pessoas.

Quando chego lá, o meu amigo-primo irmão Rosenberg faz questão de mostrar tudo em detalhes, com aquele prazer de ter feito uma obra em cada canto daquela área de mais de cinco hectares onde antes era só agreste e hoje já está sendo um ponto de turismo e lazer.

Recentemente adquiriu dois pôneis com charretes para proporcionar lazer aos seus hóspedes e demais pessoas que visitam seu projeto, único naquelas redondezas nos confins do norte da Bahia. “Ainda tenho muito coisa por fazer, como uma lagoa nessa área” e aponta para outro lugar onde será mais um de seus sonhos a ser realizado.

Ao lado da pista berram o bode e a cabra, a rapaziada bate seu baba no campo no final de tarde, o pátio está cheio de caminhões, gente de todas culturas se cruzam e proseiam e até cantores de bandas de Salvador, Recife e de outras capitais do Norte e Nordeste têm no Centro de Treinamento e nos chalés seus pontos de apoio para apresentar seus shows em Juazeiro, Petrolina e demais cidades da região.