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Pense num centro comercial truncado, congestionado, cheio de barracas, camelôs e ambulantes por todos os lados onde os transeuntes andam nas ruas entre veículos, carrinhos de mão, charretes e carroças que mais lembra Nova Dheli, na Índia! Pois é, estamos falando de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, sinônimo de romaria, fé e religião, que recebe anualmente mais de dois milhões de pessoas.

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Com mais de 70 mil habitantes, os conflitos entre os lojistas e os ambulantes persistem há anos, principalmente no dia seis de agosto na Romaria do Bom Jesus quando a cidade recebe mais de 400 mil pessoas de todas as partes da Bahia, do Brasil e até do exterior. Existem ainda as romarias de 15 de setembro (Nossa Senhora da Soledade), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) e 13 de dezembro (Santa Luzia).

Conflitos no comércio

A administração do atual prefeito Eures Ribeiro, do PV, tem até tentado minimizar a situação, mas reconhece ser difícil controlar a invasão de ambulantes de fora, sem falar nos 250 pontos dispostos para os vendedores locais. Recentemente, a prefeitura retirou as barracas de zinco que ficavam na frente da Esplanada da Gruta e criou, ao lado, o Centro de Compras dos Romeiros com 84 boxes, mas os lojistas continuam reclamando.

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No centro, barracas de confecções, de miudezas, imagens, peças e objetos de lembranças das romarias que começam em julho e só terminam em dezembro, se misturam nas ruas e calçadas apertadas tornando muito difícil e complicada a mobilidade entre motoristas e pedestres.

Os comerciantes clamam por mais organização e fazem duras críticas à CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) que, segundo eles, tem sido ausente na solução dos problemas. Aliás, uma funcionária da entidade disse que a CDL está atravessando uma fase de transição, ou seja, no momento está sem diretoria definida e ninguém fala sobre o assunto.

Saindo do centro em direção ao mercado popular, às margens do Rio São Francisco, o Velho Chico, o quadro de aperto e favelização é o mesmo. O visitante logo vai se deparar com os barracões de doces, condimentos caseiros e peixes que mais parecem com um mercado persa dos países árabes do Oriente Médio.

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Tecnologia e desenvolvimento

O secretário de Administração, Gildásio Rodrigues Júnior, informou que o executivo está realizando uma série de obras estruturantes, a exemplo do novo Mercado Municipal, visando ordenar melhor o comércio e o trânsito dentro dos padrões de desenvolvimento que hoje representa Bom Jesus da Lapa como maior produtora de banana do Norte e Nordeste.

Fora os conflitos no comércio, Bom Jesus da Lapa, no oeste baiano, não é somente romaria, fé e religião. É também desenvolvimento agropecuário e tecnologia, além de ser referência em saúde com a reforma do hospital municipal e instalação de uma maternidade pelo poder público. Em parceria com a Secretaria de Agricultura do Estado, o município está construindo um frigorífico com capacidade para abater 100 animais por dia.

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O Instituto Tecnológico Federal Baiano, próximo ao Projeto Formoso de irrigação agrícola, avança com diversos cursos de profissionalização de nível médio e superior com perspectivas de abrigar 1.500 alunos até 2017. Com um espaço de mais de 90 hectares são oferecidos ali cursos de Agronomia, Ciências Naturais com opção em Biologia, Química e Física, Licenciatura, dentre outras especialidades para as comunidades e técnicos.

Para atender toda essa demanda, o Governo do Estado está empenhado em dotar a cidade de um moderno aeroporto, sem falar na construção de um novo complexo policial que será inaugurado neste final de agosto de 2015. Mesmo diante da crise econômica e política, o prefeito não se cansa de buscar recursos junto aos governos estadual e federal.

Lapa também é cultura através do movimento “Canta Vale”, coordenado pelo dinâmico e mobilizador Carlos Humberto. Com várias vertentes da arte, da música ao artesanato, o “Canta Vale”, que funciona há 21 anos como um ponto de cultura, envolve nove comunidades quilombolas beneficiando nove mil pessoas. É uma forma de fortalecer a cultura e gerar trabalho e renda para os artistas da região – diz o coordenador.

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