:: 13/nov/2025 . 22:55
NARIZ DE PALHAÇO
(Chico Ribeiro Neto)
As luzes se apagam. A orquestra ataca, acendem só as luzes do picadeiro e o coração bate mais ligeiro. Começa o desfile de todas as atrações do circo: palhaços, malabaristas, trapezistas e os dois caras do Globo da Morte. “Senta aí, meu irmão!”
O encantamento do circo faz até a pipoca ficar mais gostosa. Tudo é lindo, tudo emociona, e ninguém liga se tem um buraco na meia da trapezista.
Em Ipiaú (BA), onde nasci, quando o circo chegava dois palhaços de perna de pau percorriam a cidade, enquanto outros marcavam os pulsos das crianças com uma cruz de carvão, o que garantia o acesso gratuito ao espetáculo da noite. “Gosto muito de mentiroso, doido e palhaço”, dizia o escritor Ariano Suassuna.
Gostava de ir ver o circo de manhã, na hora da faxina. O mágico fazendo a barba e a trapezista, de short, dava banho de mangueira no elefante. Achava tudo diferente e bonito. Quem nunca teve vontade de fugir num circo?
Lembro mais dos circos Nerino e Tihany. Fundado pelo casal Nerino e Armandine Avanzi, em 1913, o Circo Nerino percorreu todo o Brasil até setembro de 1964, quando encerrou as atividades.
O fundador, Nerino Avanci, criou o palhaço Picolino, mais tarde sucedido pelo filho Roger. A Escola Picolino de Artes do Circo (hoje o Espaço Multicultural Circo Picolino), em Salvador, recebeu este nome em homenagem a Roger Avanzi, fundador da primeira escola de circo do Brasil. O admirável trabalho do Circo Picolino já completou 40 anos.
Veja um trecho da entrevista do palhaço Plim-Plim (José Carlos), postada no congressoemfoco.com.br, em 12 de dezembro de 2009:
“Em manifestações, por que o nariz de palhaço te incomoda?”
“Eu, sinceramente, quando vejo uma cena com alguém com um nariz de palhaço, sem estar no ofício, eu me sinto ofendido. Tenho isso como profissão e as pessoas colocam como uma coisa banal. Eu vivo daquilo. O cara vai lá fazer um protesto de saúde e usa um nariz de palhaço. Eles poderiam usar uma máscara da gripe, mas usam o nariz de palhaço como banalização”.
Nenhum palhaço gosta quando se usa o termo “palhaçada” para se referir a uma atitude ou manifestação considerada ridícula, uma brincadeira de mau gosto, presepada.
Nunca esqueço o que o ator Bemvindo Sequeira me contou uma vez. Ele, para se aprimorar como ator, resolveu passar uns dias num circo mambembe no subúrbio de Periperi. Teve uma noite em que o bebê do palhaço estava com febre alta. O palhaço fazia sua apresentação no picadeiro e no intervalo corria para trás da cortina, onde estava o berço, para tomar a temperatura do filho. Minutos depois, voltava pra fazer graça.
O circo é uma lição de vida. É bom fazer sempre uma graça, mesmo que tenha uma febre atrás da cortina.
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
O RAIMUNDO PINTOR
Com sua paciência, voz mansa e calma, Raimundo José dos Santos, o “Raimundo Pintor”, a longos anos nesse ofício, em Vitória da Conquista, vai aos poucos fazendo um encontro das cores nas paredes, que dão vida e charme aos lugares. Raimundo não é somente um pintor qualquer, como tantos outros por aí. É também uma espécie de grafiteiro e desenhista das palavras e figuras. Basta uma ideia, e do seu pincel vão brotando as imagens reais, como neste letreiro do Espaço Cultural A Estrada onde estão os traços de um “S” no formato de uma estrada, com gentes andantes numa peregrinação ao seu ponto final. Um livro representa a fonte da vida onde, como diz o nosso estradeiro Dal Farias, o conhecimento liberta. Raimundo não é somente requisitado em Conquista, mas também em outras cidades da região para pintar mercadinhos, oficinas, casas comerciais e até letreiros em prédios. Sente-se que ele faz sua pintura com amor e dedicação. São obras que merecem ser admiradas pela sua perfeição. Nossas lentes flagraram suas pinceladas. “Raimundo Pintor” vai além das tintas combinadas em paredes de muros e cômodos. É também um propagandista dos slogans e marcas empresariais. Com ele, segue o dom de pintar, sem melar sua arte. Não é somente um simples pintor, é um artista das letras e das ideias desenhadas.
BERRA BERRANTE!
Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
O vaqueiro andante
A ferro, gibão e fogo,
No ciclo do gado,
Sem lei, nem rei,
Berra seu berrante,
Faz o seu ponteio,
Rasga do seu peito,
De ar puro e cheio,
Como no aboiar do aboiador,
Mata a saudade do seu amor,
Que bem distante lá ficou.
Berra o berrante!
Do Nordeste ao Centro-Oeste,
Do Brasil colonial,
Cortando o sertão agreste,
Pelas águas do Pantanal.
Feito do chifre do boi,
Berra o berrante,
Ao som do arrasto da boiada,
No tom que é hora da boia,
No sinal de perigo inimigo,
Que é chegado o entardecer
Da comitiva descansar
Da longa jornada,
Para causos, prosear,
A moça bonita, namorar.
Berra o berrante!
Em torno da fogueira,
E o violeiro começa a violar,
Aquela raiz da terra cancioneira,
Que faz até os animais relaxar.
O berrante está até na Bíblia,
Para os judeus é o xafar,
Do bode ou do carneiro,
Símbolo sagrado para orar,
Pro sertanejo é berro estradeiro,
Berrante valente a berrar!
VEREADORES FALAM DAS CHUVAS
De um modo geral, os vereadores de Vitória da Conquista aproveitaram a sessão de ontem (quarta-feira – dia 12/11) para falar sobre os transtornos que as chuvas do último domingo causaram à cidade, afetando centenas de moradores, principalmente dos bairros Jurema e Lagoa das Flores.
O parlamentar Adinilson Pereira, além de tratar das questões das chuvas, falou sobre as nominações de ruas que devem ser oficializadas em Lagoa das Flores e em Jaraguá visando acabar com o caos nas correspondências endereçadas aos moradores. Destacou também os transtornos provocados pelos alagamentos de ruas e avenidas.
Andreson também citou o problema das chuvas, acrescentando que longe de tirar proveito da situação, a administração pública precisa ter mais diálogo para enfrentar a questão. Disse que a Câmara não deve assinar um cheque em branco para a prefeita ao se referir ao empréstimo solicitado de 400 milhões de reais.
O vereador Bibia criticou quem se aproveitou da situação e tirou vídeos dos alagamentos para atacar a administração pública. Aproveitou a oportunidade para declarar que o Denit, depois da saída da Via Bahia, nada está fazendo em termos de melhorias na BR-116.
Cris Rocha também comentou sobre os transtornos das chuvas e afirmou que a cidade vive há anos sem resolver o antigo problema da falta de drenagem para escoamento das águas. Segundo ela, Conquista precisa urgentemente de obras de micro e macrodrenagem, para solucionar os problemas das chuvas.
- 1














