:: 12/nov/2025 . 23:47
A COP30 E A TORRE DE BABEL
Quando alguém quer se referir a confusão, gente falando ao mesmo tempo em línguas diferentes, impossibilidade de se chegar a um acordo ou a um denominador comum na conclusão de uma tarefa em conjunto, se diz que “aquilo está uma verdadeira Torre de Babel”.
Pois é, seguindo este ditado popular, diria que a COP30, como tantas outras conferências dessa natureza já realizadas, é uma Torre de Babel onde participantes de vários países falam línguas diferentes e, no final, ninguém se entende, tornando difícil se chegar a uma conclusão.
– Mas, numa conferência mundial como esta, literalmente as tribos falam línguas diferentes emboladas – disse um amigo meu ao rebater meu argumento.
– Verdade, meu camarada, mas estou falando em línguas diferentes no sentido figurado. Posso explicar melhor. Nessas conferências, um grupo elabora um termo de preservação da natureza, mas o outro não concorda. Como exemplo, cito que as grandes potências e as nações árabes do Oriente não abrem mão de parar de extrair petróleo, um combustível fóssil poluidor do meio ambiente.
Este é apenas um exemplo, mas existem muitos outros divergentes onde não se chega a um senso comum, como a criação de um fundo financiador de preservação das florestas ou de os países desenvolvidos liberarem recursos visando ajudar os mais pobres, vítimas das mudanças climáticas ou do aquecimento global.
Contam os estudiosos que a história da Torre de Babel foi inspirada nos zigurates reis, construtores de grandes templos em forma de pirâmides, na Mesopotâmia. O mais famoso zigurate, Etemenanki, da Babilônia (hoje Iraque), quis erguer uma torre cujo o topo se elevasse até o céu, para homenagear o deus Marduk.
Acontece que os construtores, usando tijolos cozidos e betume com argamassa, falavam várias línguas, criando-se um desentendimento entre eles e o projeto não foi concluído. Apontam ainda que essa torre, na cidade de Nurode, teria 90 metros de altura, outros que 212 e ainda que chegaria a 2.484 metros, um feito e tanto para aquela época, há cerca de dez mil anos no Crescente Fértil (Mesopotâmia) dos sumérios.
Essa versão da torre está no Antigo Testamento da Bíblia, no livro do Genesis. No pós-dilúvio quiseram construir uma torre visando evitar a dispersão da humanidade pela terra. Portanto, é uma inspiração tirada daquela antiga civilização.
Na verdade, trata-se de um mito, mas a narração é que Deus, para limitar a ambição humana, confundiu as línguas, resultando na dispersão das pessoas pelo mundo. Babel tem significado duplo. Um traduz ser “Portão de Deus”, mas em hebraico fala-se em confusão, desorganização ou mistura.
Não quero aqui menosprezar as boas intenções, mas o problema é que dentro desse conjunto, existem “línguas diferentes”, ou seja, interesses particulares e negacionistas do clima que dificultam fechar acordos que cumpram as metas estabelecidas para reduzir as altas temperaturas do planeta.
Quem está longe de Belém, só assistindo os noticiários do dia a dia, observa-se que a COP30 não passa de uma grande confusão de gente naqueles pavilhões verde, azul e até vermelho falando “línguas diferentes” como na Torre de Babel dos zigurates babilônicos.
Creio que Deus não mete seu bedelho nos construtores, como escreve a Bíblia, e fica lá de cima como um matuto só assuntando as coisas ruins e confusas dos homens. “Eles que se entendam se querem preservar suas moradias para as futuras gerações, ou tornar suas casas em verdadeiras ruínas e escombros. Afinal de contas foi Eu mesmo que criei o livre arbítrio” – assim falou Deus.
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