:: 6/nov/2025 . 23:16
CÂMARA DE VEREADORES HOMENAGEIA O CENTENÁRIO DE JOSÉ PEDRAL
Na semana do aniversário dos 185 de Vitória da Conquista a ser comemorado no próximo dia 9, a Câmara de Vereadores prestou ontem (dia 06/11/25), em sessão solene, uma homenagem pelo centenário de nascimento do ex-prefeito José Pedral, cujos trabalhos foram abertos pelo parlamentar Dudé.
O ato foi dedicado a reconhecer a trajetória política e o legado de desenvolvimento deixado por Pedral ao longo de seus três mandatos à frente do executivo municipal, que começou a partir de 1963, após sua eleição em 1962, quebrando uma oligarquia que já vinha há anos governando Conquista.
Durante a sessão, a Câmara fez a entrega do Diploma de Mérito José Fernandes Pedral Sampaio pela Lei de número 2.551/2021, aos profissionais da construção civil. Foram homenageadas as arquitetas Márcia Cristina Pinheiro Prado e Ana Maria Correia Gonçalves, bem como os engenheiros Nudd David de Castro, Fernando Gomes de Oliveira, José Marcelino Rosa e Silva e Leandro de Aragão Gomes Fonseca.
Estiveram presentes a prefeita Sheila Lemos Andrade, o vice-prefeito Aloísio Alan, Paulo Pedral representando a família, professor Durval Menezes que escreveu o livro “O Pedralismo”, José Willian de Oliveira Nunes que ocupou diversos cargos nos mandatos do homenageado, o presidente da OAB/Conquista, Gutemberg Macedo, a ex-vereadora Irma Lemos, dentre outros.
DIVISOR DE ÁGUAS
Uma data que não pode passar em branco em Vitória da Conquista. No dia 12 de setembro de 1925 nascia José Fernandes Pedral Sampaio que, se vivo fosse, estaria completando 100 anos. Por três vezes prefeito, Pedral foi um divisor de águas e um marco na história administrativa, econômica, social e política de Conquista.
O professor Durval Menezes disse que Pedral sempre pensou grande desde jovem. Como estudante em Salvador foi líder estudantil e presidente do diretório do Grêmio da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal da Bahia.
Nasceu na casa do seu avô “coronel” Gugé e, aos sete anos, foi estudar em Santo Antônio de Jesus. De lá partiu para Salvador onde fez a Faculdade de Engenharia Civil, na Universidade Federal da Bahia. Ainda jovem, com novos ideais contrários às suas origens oligarcas, retornou à sua terra natal e se candidatou a prefeito, em 1958, perdendo as eleições.
Em 1962, porém, se elegeu ao cargo aos 37 anos como o mais jovem prefeito. Não quis o destino que completasse o seu mandato porque se deparou com uma pedra no meio do seu caminho, no caso a ditadura-civil-militar de 1964, que cassou o seu mandato em seis de maio daquele ano.
Mesmo assim, nesse curto período, Pedral colocou em prática seus ideais socialistas, erguendo obras que beneficiaram os mais pobres, como o serviço de drenagem de escoamento das águas no Bairro Jurema que sempre sofria com os alagamentos em épocas de chuvas.
O mais novo prefeito apoiou as reformas de base defendidas pelo Governo Jango que, por seu intermédio, chegou a visitar Conquista, em 1963. Sua intenção maior era trazer muitos benefícios para o município, como uma barragem de abastecimento de água. Por se colocar ao lado de um governo federal que já era alvo de um golpe militar, pagou um alto preço.
Em seis de maio de 1964, as tropas militares do capitão Bendock invadiram a cidade e Pedral foi um dos primeiros presos políticos porque o novo regime o considerava subversivo e comunista. Nesse mesmo dia, na base da força, foi deposto de forma ilegítima. Logo depois ele teve seus direitos políticos cassados por 20 anos.
Nos bastidores, Pedral soube conduzir os avanços da cidade idealizando obras, como na área do saneamento básico, que depois vieram colocar Conquista como a terceira maior cidade da Bahia. No meado dos anos 80 foi novamente eleito pelo povo e depois secretário de Transportes do Estado durante a gestão do governador Waldir Pires.
Seu terceiro mandato se deu em meados dos anos 90, mas não foi bem-sucedido porque não contou com o apoio do Governo do Estado e alguns de seus secretários mancharam sua imagem de grande administrador e político sério e honesto.
Apesar de todas as dificuldades, Pedral deixou sua marca com obras estruturantes, como o Viaduto do Guarani, o Terminal de Ônibus da Lauro de Freitas, a Ceasa, dentro outras de grande porte, sempre com uma visão futurística, resolvendo, antecipadamente, os problemas de Conquista.
Como jornalista, não poupei críticas, mas sempre respeitou a democracia e não foi meu algoz. Fez suas ponderações e queixas, como em sua entrevista a mim concedida durante a elaboração do livro “Uma Conquista Cassada – cerco e fuzil na cidade do frio”, última obra lida por ele aos 89 anos no leito de morte.
Nesse centenário dos 100 anos, Pedral continuará sempre lembrado pelas antigas e novas gerações por ter deixado um grande legado para Vitória da Conquista, principalmente como um político ético, sério, honesto e honrado, predicados estes escassos nos tempos de hoje.
“A GIRAFA DOS PASSARINHOS”
(Chico Ribeiro Neto)
Crianças dizem coisas maravilhosas, engraçadas e impressionantes. Minha neta Gabriela, então com 6 anos, perguntou a meu filho Mateus: “Pai, será que um dia a gente vai morar em outro planeta?”
O sobrinho de uma amiga, com 5/6 anos, subiu num banquinho e foi futucar o armário do banheiro. O armário despencou lá de cima, quebrando tudo, e foi aquela zuadeira. Aflita, a mãe bateu na porta do banheiro, que estava trancada, e gritou para que ele abrisse. Ileso, sem nenhum ferimento, ele abriu só um pouquinho da porta e disse: “Nada não, mainha, foi mentira do barulho”.
O pediatra e escritor Pedro Bloch publicava toda semana na revista “Manchete”, nas décadas de 60/70, a coluna “Criança diz cada uma”, com falas engraçadas de crianças que ouvia no consultório e que recebia de pais e mães de todo o Brasil.
Essas falas renderam depois vários livros, entre eles o “Dicionário de Humor Infantil – Frases de crianças de 8 a 12 anos”, lançado em 1997. Registro aqui alguns verbetes desse dicionário:
“Alegria é um palhacinho no coração da gente”
“Amar é pensar no outro, mesmo quando a gente nem tá pensando”.
“Avestruz é a girafa dos passarinhos”.
“Boca é a garagem da língua”.
“Calcanhar é o queixo do pé”.
“Cobra é um bicho que só tem rabo”.
“A Europa fica mais longe que a Lua. A Lua eu vejo”.
“Tenho mais medo de avião que de escuro. É que escuro não voa, nem cai”.
“Nevoeiro é a poeira do frio”.
“”Relâmpago é um barulho rabiscando o céu”.
“Saudade é quando uma pessoa que devia estar perto está longe”.
“Strip-tease é mulher tirando a roupa toda, na frente de todo mundo, sem ser pra tomar banho”.
“Veias são raízes que aparecem no pescoço das meninas que gritam”.
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
TÃO SÓ
Poeminha de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Às vezes,
A gente se sente tão só,
Como bode a berrar na caatinga,
Quando se perde do seu rebanho
Onde a solidão nos dá aquele nó.
Tão só,
Como tantas ideologias
Que se tornam pó,
Trancadas em suas abadias.
Tão só,
Como os antigos ancestrais
A mirar a relva do campo,
O cavalgar dos animais,
E o piscar do pirilampo.
Meu ego sum
Está tão só,
No recôndito da minha alma
Que só o pôr-do-sol,
Anunciando a noite
Me acalma
Desse rasgado açoite
Nessa ventania de agonia.
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