Quando nada dá certo e é uma coisa ruim acontecendo atrás da outra, muita gente costuma dizer no adágio popular que o urubu de baixo caga no de cima. O ditado começa pelo impossível por causa da gravidade. Uns acreditam em azar e outros, não. O contrário do azar é a sorte.

Chama uma rezadeira, um pai-de-santo, um padre benzedor, um astrólogo, um tarólogo ou coisa assim, porque você está com uma urucubaca, meu amigo! Você está com suas energias pesadas. Pode ser também inveja de alguém ou mal olhado de gente com carga negativa. Pode ser tudo isso. Manda rezar uma missa.

Lembro que na roça tinha aquelas senhoras idosas que faziam o benzimento com rezas sacudindo as folhas pra lá e pra cá. Quando murchavam, era batata. De tanto balançar, as folhas tinham que murchar, mas o psicológico e a crença falam mais altos.

E a chamada Lei de Murphy (engenheiro Edward Aloysius Murphy Jr., de 1949, que muita gente deturpa e fala que quando uma coisa dá errado vêm outras em sequência? Não é bem assim. Ele alertou que “se algo pode dar errado, dará”. É um lembrete pessimista ou otimista?

Na verdade, o engenheiro quis dizer que, na presença de uma falha em um projeto ou plano, é provável que ocorra um erro lá na frente no pior momento. Murphy descobriu que todos os eletrodos de um equipamento de teste de aceleração em pilotos haviam conectados da maneira errada. “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará”.

Essa lei se expandiu no mundo para descrever o cotidiano, como a fila do lado sempre anda mais rápido. A lei é usada para se preparar para imprevistos, inclusive em situações do dia a dia. “Sempre que você levar um guarda-chuva, não choverá”, “as coisas desaparecidas sempre estão no último lugar que olhamos”, “ao lavar meias na máquina de lavar, sempre se perde um dos pares” – são as três principais leis de Murphy.

Dizem até que um objeto se move de lugar e ficamos aflitos a procurar. Imagina numa hora de pressa em que estamos atrasados para um encontro! “Dá três pulos para São Longuinho que aparece”. Muitas vezes a ação dá certo. Nessa correria maluca, difícil é você resolver todos seus problemas num dia. Tem dia que dá tudo errado e, no outro, não.

Vamos deixar esta tal Lei de Murphy pra lá e entrar em nosso cotidiano. Às vezes ocorre esse fenômeno onde as coisas erradas vão se espalhando em nossas vidas por um determinado tempo e aí entramos numa onda de pessimismo e derrotismo. Já assistiu aquele filme “Dia de Cão”? Pois é!

Enfrentar esse lado das coisas darem erradas, só mesmo para os mais fortes guerreiros, “teimosos”, lutadores e persistentes de força de vontade, que nunca desistem. Pode ser também uma prova dos nossos limites e dos nossos desafios. São testes que temos que encarar com firmeza. O fraco se entrega.

É como a mãe que nunca abandona o filho, mesmo sabendo que ele está transitando no caminho errado da vida. Não é fácil, meu camarada, a vida nos prega cada peça ingrata! Cada um com seu problema, e um pior que o outro, mas sempre achamos que a nossa dor é a mais aguda e tirana.

Para descontrair, vou aqui contar um causo de um empregado e um patrão agricultor. Os dois sempre foram amigos fiéis. O proprietário estava num armazém fazendo compras para sua roça. Sua vida não andava nada bem, mas ele sempre foi duro na queda.

O empregado chega esbaforido e diz que o pasto pegou fogo e queimou tudo. Ele se vira e fala que a pastagem já estava seca mesmo. “Quando chover renova tudo com mais força. Bola pra frente”.

Mas, não é só isso patrão. Depois do incêndio, com o calor e o forte mormaço, bateu uma ventania com tempestade, chuvas, trovões e raios e derrubou a casa. Novamente, com toda sua calma, diz que o rancho já estava velho mesmo, precisando de reformas. “São coisas da natureza depredada há séculos pelo homem”.  Continuou com suas compras.

Ah, patrão, o pior aconteceu. Fala homem de Deus! Na chuvarada pesada caiu um raio e matou sua família. Ai ele não suportou a tragédia, pegou o carro e saiu em disparada. Lá na frente chocou o veículo numa árvore e foi acometido de um acidente grave. Seu empregado não resistiu e morreu no local.

Veio a ambulância e levou o lavrador para o hospital todo quebrado. Chegando lá, na área em que estava, deu um curto-circuito num dos aparelhos de ar condicionado e começou um princípio de incêndio.

O diretor da unidade mandou evacuar os pacientes, temendo ocorrer o pior. Na correria, o patrão caiu da maca e rolou pela escadaria. Como já estava naquela situação, quebrou uma espinha dorsal e ficou paralítico de cadeira de rodas.

O homem, por incrível que pareça, não desistiu de lutar. Voltou para roça, enfrentou as intempéries e em pouco anos depois já era um dos maiores fazendeiros das redondezas. Constituiu outra família, tornou-se querido, mesmo recordando aquele passado de amarguras onde a vitória venceu as derrotas.