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:: 29/out/2025 . 23:11

QUANDO TUDO DÁ ERRADO É AZAR?

Quando nada dá certo e é uma coisa ruim acontecendo atrás da outra, muita gente costuma dizer no adágio popular que o urubu de baixo caga no de cima. O ditado começa pelo impossível por causa da gravidade. Uns acreditam em azar e outros, não. O contrário do azar é a sorte.

Chama uma rezadeira, um pai-de-santo, um padre benzedor, um astrólogo, um tarólogo ou coisa assim, porque você está com uma urucubaca, meu amigo! Você está com suas energias pesadas. Pode ser também inveja de alguém ou mal olhado de gente com carga negativa. Pode ser tudo isso. Manda rezar uma missa.

Lembro que na roça tinha aquelas senhoras idosas que faziam o benzimento com rezas sacudindo as folhas pra lá e pra cá. Quando murchavam, era batata. De tanto balançar, as folhas tinham que murchar, mas o psicológico e a crença falam mais altos.

E a chamada Lei de Murphy (engenheiro Edward Aloysius Murphy Jr., de 1949, que muita gente deturpa e fala que quando uma coisa dá errado vêm outras em sequência? Não é bem assim. Ele alertou que “se algo pode dar errado, dará”. É um lembrete pessimista ou otimista?

Na verdade, o engenheiro quis dizer que, na presença de uma falha em um projeto ou plano, é provável que ocorra um erro lá na frente no pior momento. Murphy descobriu que todos os eletrodos de um equipamento de teste de aceleração em pilotos haviam conectados da maneira errada. “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará”.

Essa lei se expandiu no mundo para descrever o cotidiano, como a fila do lado sempre anda mais rápido. A lei é usada para se preparar para imprevistos, inclusive em situações do dia a dia. “Sempre que você levar um guarda-chuva, não choverá”, “as coisas desaparecidas sempre estão no último lugar que olhamos”, “ao lavar meias na máquina de lavar, sempre se perde um dos pares” – são as três principais leis de Murphy.

Dizem até que um objeto se move de lugar e ficamos aflitos a procurar. Imagina numa hora de pressa em que estamos atrasados para um encontro! “Dá três pulos para São Longuinho que aparece”. Muitas vezes a ação dá certo. Nessa correria maluca, difícil é você resolver todos seus problemas num dia. Tem dia que dá tudo errado e, no outro, não.

Vamos deixar esta tal Lei de Murphy pra lá e entrar em nosso cotidiano. Às vezes ocorre esse fenômeno onde as coisas erradas vão se espalhando em nossas vidas por um determinado tempo e aí entramos numa onda de pessimismo e derrotismo. Já assistiu aquele filme “Dia de Cão”? Pois é!

Enfrentar esse lado das coisas darem erradas, só mesmo para os mais fortes guerreiros, “teimosos”, lutadores e persistentes de força de vontade, que nunca desistem. Pode ser também uma prova dos nossos limites e dos nossos desafios. São testes que temos que encarar com firmeza. O fraco se entrega.

É como a mãe que nunca abandona o filho, mesmo sabendo que ele está transitando no caminho errado da vida. Não é fácil, meu camarada, a vida nos prega cada peça ingrata! Cada um com seu problema, e um pior que o outro, mas sempre achamos que a nossa dor é a mais aguda e tirana.

Para descontrair, vou aqui contar um causo de um empregado e um patrão agricultor. Os dois sempre foram amigos fiéis. O proprietário estava num armazém fazendo compras para sua roça. Sua vida não andava nada bem, mas ele sempre foi duro na queda.

O empregado chega esbaforido e diz que o pasto pegou fogo e queimou tudo. Ele se vira e fala que a pastagem já estava seca mesmo. “Quando chover renova tudo com mais força. Bola pra frente”.

Mas, não é só isso patrão. Depois do incêndio, com o calor e o forte mormaço, bateu uma ventania com tempestade, chuvas, trovões e raios e derrubou a casa. Novamente, com toda sua calma, diz que o rancho já estava velho mesmo, precisando de reformas. “São coisas da natureza depredada há séculos pelo homem”.  Continuou com suas compras.

Ah, patrão, o pior aconteceu. Fala homem de Deus! Na chuvarada pesada caiu um raio e matou sua família. Ai ele não suportou a tragédia, pegou o carro e saiu em disparada. Lá na frente chocou o veículo numa árvore e foi acometido de um acidente grave. Seu empregado não resistiu e morreu no local.

Veio a ambulância e levou o lavrador para o hospital todo quebrado. Chegando lá, na área em que estava, deu um curto-circuito num dos aparelhos de ar condicionado e começou um princípio de incêndio.

O diretor da unidade mandou evacuar os pacientes, temendo ocorrer o pior. Na correria, o patrão caiu da maca e rolou pela escadaria. Como já estava naquela situação, quebrou uma espinha dorsal e ficou paralítico de cadeira de rodas.

O homem, por incrível que pareça, não desistiu de lutar. Voltou para roça, enfrentou as intempéries e em pouco anos depois já era um dos maiores fazendeiros das redondezas. Constituiu outra família, tornou-se querido, mesmo recordando aquele passado de amarguras onde a vitória venceu as derrotas.

 

 

DIA NACIONAL DO LIVRO

Como se não bastasse a doença física do corpo, também somos “lelés da cuca”, ou seja, doentes da mente. Não temos muita coisa a comemorar neste Dia Nacional do Livro (29/10), só lamentar porque somente poucos cultivam o hábito da leitura. Temos ainda o Dia Internacional do Livro (23/04)

A grande maioria prefere o celular na mão curtindo as fofocas, as mentiras, as futilidades, os besteiróis e seguindo falsos ídolos, muitos deles golpistas.  A onda é ser seguidor de qualquer idiota e imbecil, e o cara do outro lado ainda fala que é material de conteúdo.

O seguidor, e são milhões, compra até bosta do influenciador se ele postar a sua na rede. Ninguém quer saber de ler, só de clicar e curtir. A impressão é que não pertencemos mais à espécie humana. Deu a louca no mundo. Está tudo dominado e pirados pelos influenciadores, muitos dos quais bandidos.

O Dia Nacional do Livro (29 de outubro) é em comemoração à Fundação da Biblioteca Nacional no Brasil. O Internacional foi escolhido pela UNESCO, em 1995, para homenagear autores, como Shakespeare e Cervantes.

A grande maioria das escolas públicas brasileiras, cerca de 70%, não tem bibliotecas. As grandes livrarias (Saraiva, Cultura, Civilização Brasileira) fecharam suas portas. Para não falar de Europa, na América Latina, o Brasil é um dos países com menos livrarias, sendo de longe superado pela Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, México e Peru. Todos têm um Prêmio Nobel de Literatura e nós nunca tivemos um nome laureado.

A maioria em massa prefere ter o samba no pé, o axé, o pagode, o arrocha e outros ritmos de músicas lixos no rebolado do corpo do que ter a leitura, o conhecimento e o saber. Não sei qual o pior, ser doente do corpo ou doente da mente. Cada um que tire suas conclusões.

De acordo com pesquisa feita pelo meu companheiro jornalista Carlos Gonzalez, que já se foi, “enquanto livrarias ícones, como Saraiva e Cultura, fecharam as portas, castigadas pela queda de receita e altos custos das lojas físicas, outras redes juntaram os cacos dessa crise e vêm ocupando o espaço. De olho na experiência dos antigos concorrentes, buscam trilhar caminhos novos e evitar os erros de quem não sobreviveu às mudanças desse mercado”.

Publicado em 7 de outubro de 2023, a Justiça de São Paulo decretou a falência da rede de livrarias Saraiva. O pedido foi feito pela própria empresa, que já teve a maior rede de livrarias do país, em meio ao processo de recuperação judicial, por causa de uma dívida de R$ 675 milhões.

Gonzalez observava que a chegada da operação de venda de livros físicos da Amazon no Brasil provocou um choque no mercado. Especialistas avaliam que a tentativa da Saraiva e Cultura de acompanhar a disputa de descontos praticada pela gigante americana do e-commerce foi uma das principais razões que as levaram a fechar as portas.

   “Nos últimos doze anos, o número de livrarias de rua no Brasil caiu de 3.073 para 2.972, segundo dados da Associação Nacional das Livrarias. É um número não apenas absurdamente baixo para um país com 5.568 municípios, mas altamente concentrado: 1.167 lojas somente em São Paulo e 353 em Minas, o segundo Estado no ranking (para se ter uma ideia, apenas a cidade de Buenos Aires, na Argentina, tem 619 livrarias)”. 

Uma edição do jornal inglês The Guardian publicou uma matéria sobre a paixão de Buenos Aires pelos livros. A reportagem, ilustrada com foto da livraria El Ateneo Grand Splendid, revela que a capital da Argentina tem mais livrarias por habitantes do que qualquer outra cidade do planeta. São 734 estabelecimentos para uma população de 2.8 milhões. Uma média de 25 livrarias para cada 100 mil pessoas. Só para ter uma ideia, em Londres esse número despenca para 10 lojas para cada 100 mil habitantes. Esses dados sofreram variações, mas, no geral, o quadro permanece o mesmo.

Durante a Convenção Nacional de Livrarias, realizada pela ANL (Associação Nacional de Livrarias), a entidade lançou a 5ª edição do Anuário Nacional de Livrarias com levantamento de dados de 2023. A pesquisa detectou que o Brasil tem 2.972 livrarias espalhadas pelos cinco cantos do país.

Nos últimos anos, o varejo livreiro, especialmente as livrarias, passaram por muitos desafios: crise no mercado do livro, queda das principais varejistas do país e a pandemia do coronavírus que fechou as portas das lojas por um longo período. O Anuário, segundo a ANL, tem por objetivo mapear a localização das livrarias e identificá-las, bem como contribuir para ações empresariais futuras de investimento no setor livreiro.

De acordo com os dados do anuário, o Sudeste lidera com 1.814 espaços, seguido pelo Sul (561), Nordeste (334), Centro-Oeste (165) e Norte (98). O estudo também especifica as livrarias. Em primeiro lugar estão as lojas de Interesse Geral / Literatura, com 1.047 pontos; em segundo Infantil / Juvenil / Quadrinhos, com 914 e em terceiro, as Evangélicas com 321. Católicas (290), Técnicas / Científicas (158), Sebos / Novos / Usados (102), Didáticas (52), Idiomas (46) e Espíritas (36). Outras religiões (6) também aparecem na contagem.

“Podemos considerar que os dados apresentados nos trouxeram informações positivas de modo geral”, considera a organização do Anuário. Em 2022, cerca de 100 novas livrarias abriram no Brasil e em 2023, o resultado é mais positivo do que negativo. “Não ouve declínio do varejo do livro, mas sim uma reinvenção, consolidação e enfrentamento positivo do comércio livreiro”.

No intervalo entre o último anuário – publicado em 2013 – e o atual, a queda no número de livrarias foi de 1,8%, um declínio considerado mínimo por Marcus Teles, presidente da ANL. O presidente da entidade também faz algumas ressalvas de que há livrarias faltantes, isto porque o Anuário computou dados entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023.

Desde deste então, houve uma movimentação no setor com a Saraiva fechando diversas lojas e a Travessa indo na direção contrária – só para citar dois exemplos. Segundo Marcus, há uma diferença de pouco mais de 2% entre lojas que abriram e fecharam após a publicação do estudo. Essa situação não sofreu muita alteração nos tempos atuais.

Outras questões lembradas por Teles são as livrarias de saldo e de livros usados. “Temos vários pontos que devem ser analisados para considerar um espaço como livraria ou não: tem que estar aberta o ano inteiro, ter um número relevante de exemplares sendo vendidos, só para citar alguns exemplos.

Anuário contou com contribuição da Catavento Distribuidora, Disal Distribuidora, Distribuidora Loyola, Distribuidora de Livros Curitiba, Inovação, Rede Livrarias Leitura e Distribuidora e AEL-RJ.

 





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