FATOS CURIOSOS DO NORDESTE
CANGA E CANGAÇO
Existem muitas controvérsias em relação às origens do termo cangaço (cangalha). Para alguns estudiosos do assunto, sua origem vem de “canga” e surgiu no século XIV. Arrumação de madeira sobre telhados de palha, peça para prender junta de bois a carro ou arado. Pode ser instrumento de suplício chinês, ganga, domínio, opressão. A origem poder ser ainda quicongo kanga de nhanga. Outros falam da origem tupi acanga. Há quem diga que o termo cangaço é de origem africana.
GATO
Quando já era membro do bando de Lampião, certa feita o cangaceiro Gato pediu permissão ao chefe para irt visitar seus parentes. Aproveitou a ocasião para massacrar toda família. Como não tinha mais pais vivos, matou a avó, duas tias, quatro irmãs e dois primos. Adolfo Meia-Noite, de Afogados do Ingazeira, Pernambuco, foi espancado pelo tio para não cortejar sua filha. O cangaceiro se vingou e assassinou o agressor.
CIVILIZAÇÃO DO COURO
Para o pesquisador João Capistrano de Abreu, ao falar sobre a civilização do couro, dizia que essa pele era muito usado nas portas das cabanas, no rude leito aplicado ao chão duro, e mais tarde serviu de cama para partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou alforge de levar comida, a maca para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-lo em viagem, ou para apurar sal; as broacas e surrões, a roupa de entrar no mato; os banguês para curtume.
A CAATINGA E SUAS DIVISÕES
A caatinga é o bioma predominantemente nordestino único no mundo, mas tem suas subdivisões. Dentro dela temos o Sertão (sete milhões de hectares), o Seridó, com 3,5 milhões, o Agreste (seis milhões de hectares, o Brejo e a Mata. Na caatinga, os solos podem ser rasos, de origem arqueana, como em Pernambuco. O Agreste do Piauí é todo em formação sedimentar, a topografia é bem plana e o solo carece de corretivo. Entre a Mata, parte chuvosa e a Caatinga interior, está o Agreste.
A ESTRADA DE FERRO
De acordo com o pesquisador Robert Levine, a estrada de ferro não só possibilitou novas ligações com a costa, como implementou mudanças no modo de vida do sertanejo. Numa região onde os únicos eram padres missionários, chegavam agora imigrantes para trabalhar como engenheiros das ferrovias. Mil trabalhadores vieram da Sardenha e da Itália, sendo a maioria de Turim, isto na segunda metade do século XIX. Os missionários evangélicos não eram bem vistos pelos católicos. Conta que o escocês David Law foi expulso de fábricas de Recife por distribuir e divulgar livros religiosos para os operários.
DE BELÉM PARA O NORDESTE
Quando o imperador D. Pedro II visitou lugares sagrados no território da Palestina, em 1887, conversou com autoridades locais que conseguiram recursos na França e enviaram grupos de Belém para o Nordeste. Essas pessoas, em sua maioria, foram morar no Ceará e no Piauí, mas não suportaram as duras condições climáticas e nem se adaptaram à cultura local. No entanto, em 1930, os árabes, sobretudo de origem palestina, controlavam o comércio atacadista de Recife.
ESTRANGEIRAS
As empresas estrangeiras, especialmente as ferroviárias, não eram bem vistas pelos cangaceiros porque serviam para transportar as forças volantes e transmitir informações. Lampião chegou a capturar representantes de vendas da Standart Oil e da Souza Cruz no sertão. Servidores que atuavam em empresas nacionais e estrangeiras levavam muitas notícias para aquelas áreas. Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, entre 1872 e 1874, pelo menos dezoito firmas estrangeiras se registraram na cidade.
MINORIA DE ESCRAVOS
Na segunda metade do século XIX, os escravos existentes no sertão nordestino eram minoria e de interesse econômico menor do que os trabalhadores livres. No casso específico do cangaceiro romântico Jesuíno Brilhante, podia-se dizer que ele não fazia parte dos mais pobres. Era originário de uma família de posses.
RASO DA CATARINA
Os historiadores, de uma forma em geral, descrevem o Raso da Catarina (seis mil quilômetros quadrados), entre Paulo Afonso Glória) e Jeremoabo, na Bahia, como uma região inóspita e muito seca, de difícil acesso. Lampião e vários grupos de cangaceiros sempre utilizaram esse deserto dentro da caatinga como esconderijo, pois as volantes evitavam entrar ali, temerosas de enfrentarem as agressividades e a inclemência do clima.
SUBORNO DE POLICIAIS
Desde o início do cangaço, na segunda metade do século XIX, a maioria dos policiais era subornada pelos cangaceiros que requisitava dinheiro dos vilarejos para pagar os chamados “macacos”. Uma pequena parte dos roubos era distribuída entre os pobres, como fazia Antônio Silvino. Foi assim que ele chegou a conseguir apoio popular. As extorsões não tinham como principal objetivo redistribuir renda, mas assegurar quantias necessárias para si e para seus homens. Uma pequena porção do coletado era para os pobres.
GUERRA DO PARAGUAI
O historiador Ulysses Lins de Albuquerque narra que o “coronel” Tomás de Aquino Cavalcante, em 1866, como diretor dos índios carnijós, convocou todos eles para uma reunião em frente da Cadeia Pública de Águas Belas. Mandou a rapaziada entrar no salão e então anunciou que o pessoal teria que ir lutar na Guerra do Paraguai. Os indígenas foram algemados e enviados para Recife e, em seguida, para o combate.