(Chico Ribeiro Neto)

Com 12 anos eu queria namorar com uma menina lá da rua, mas ela queria um estudante de Medicina que não a queria, e passava perto de mim, em Salvador, cantando:

“Quem eu quero não me quer

Quem me quer é muito pequeno”.

Era uma versão adaptada da música “Quem em quero não me quer”, de 1961, de Raul Sampaio e Ivo Santos.

Eu gostava muito de cantar no banheiro do casarão 33 da rua Gabriel Soares ( Ladeira dos Aflitos), que ficava no primeiro andar e tinha uma janela que se abria para o mar,  e acho que minha voz chegava até “quem eu quero não me quer”, quase minha vizinha.

Nessa época cantei muito “Pensando em Ti”, de David Nasser e Herivelto Martins, grande sucesso na voz de Nelson Gonçalves, gravada em 1957:

“(…) Nos cigarros que eu fumo

Te vejo nas espirais

Nos livros que eu tento ler

Em cada frase tu estás (…)”

Aos 11 anos cantei muito, no banheiro que tinha janela, “Quero Beijar-te as Mãos”, de Lourival Faissal, gravada pelo baiano Anisio Silva em 1957.

Em 1960 Anisio Silva gravou “Alguém me Disse”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, e fez tanto sucesso que recebeu o primeiro Disco de Ouro do Brasil.

“Alguém me disse que tu andas novamente

De novo amor, nova paixão, toda contente (…)”.

Meu pai Waldemar tinha o disco “O Ébrio”, com Vicente Celestino, em 45 rotações. Aos 12 anos eu decorei todo o monólogo que antecede a música e fazia sucesso nas rodas da família. “Nasci artista,fui cantor”, assim começava o monólogo.

Teve a fase das matinês dançantes no Clube Comercial, na Avenida Sete de Setembro, e no Clube Sergipano, na Boca do Rio.

Aí eu já tinha uns 15/16 anos e colava o rosto nas garotas ao som do Trio Irakitan, com “Bejame Mucho”, “Perfídia” e “Solamente una Vez”. A gente dançava também ao som das orquestras de Ray Conniff e de Waldir Calmon.

E aí chega o Carnaval. Pulei nos bailes infantis do Clube Fantoches da Euterpe, na rua Democrata, perto do Largo 2 de Julho, do Clube Espanhol (na Vitória), e no Iate Clube, onde a turma entrava de “penetra” pelo mar, nadando nu com a roupa na cabeça.

“Quem sabe, sabe

Conhece bem

Como é gostoso

Gostar de alguém (…)”

 

“Ei, você aí,

Me dá um dinheiro aí

Me dá um dinheiro aí (…)”

 

“Vou beijar-te agora

Não me leve a mal

Hoje é Carnaval (…)”

 

Um dos maiores sucessos do Carnaval baiano foi “Chuva, Suor e Cerveja”, de Caetano Veloso:

“Não se perca de mim

Não se esqueça de mim

Não desapareça

A chuva tá caindo

E quando a chuva começa

Eu acabo de perder a cabeça (…)”

Toca Raul!

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)