:: 20/jun/2019 . 23:31
UM LANÇAMENTO MUITO ESPERADO
Quero agradecer aos amantes da cultura que estiveram presentes ao lançamento do livro “ANDANÇAS”, de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário, na noite do último dia 14 de junho, na Casa Regis Pacheco. Foi uma noite cultural também de lançamento do nosso “CD Sarau A Estrada” e exposição de artes plásticas da pintora e artista Elizabeth David.
O que mais importou não foi a quantidade, mas a qualidade dos amigos, artistas, como Alex Baducha, Walter Lajes e Alan Karded, intelectuais e outras pessoas que ainda se mostram como força resistente em defesa da cultura, que está tão desprezada e com suas flores murchas, como assinalou o autor da obra.
O livro foi um lançamento que estava sendo esperado há muito tempo porque foi um projeto colaborativo onde muitos assinaram o “Livro de Ouro”, numa espécie de pré-venda. A impressão do trabalho na gráfica Eureka, com arte final e visual de Beto Veroneze, foi um dever cumprido que durou mais de três anos, mas saiu com uma linda capa.
Perdeu que não compareceu e ainda não adquiriu a obra de contos, causos, prosas e versos, com várias letras já musicadas por artistas da terra, como Walter Lajes, Papalo Monteiro e Dorinho Chaves. Ainda haverá outros lançamentos em breve, em Vitória da Conquista, e em outras cidades da região.
Na ocasião, o autor apresentou seus outros livros “Terra Rasgada”, “A Imprensa e o Coronelismo” e “Uma Conquista Cassada” que fala da ditadura civil-militar em Conquista, na Bahia e no Brasil e que está sendo útil para pesquisas de estudantes e professores, inclusive sendo indicado nas escolas e faculdades.
“Andanças” foi um trabalho árduo e difícil por falta de patrocínio, mas muitos colaboraram para que o projeto fosse concretizado. É isso, caros ,amigos, fazer cultura neste país é coisa de “doido” , mas estamos aí para continuar na luta pela divulgação do conhecimento e do saber que, infelizmente, os governantes nem querem saber, e entendem, como o atual capitão, que educação é gasto e não investimento.
O CD Sarau foi outro projeto inédito que exigiu muito sacrifício, mas terminou saindo com 22 faixas intercaladas com músicas, poemas e causos. Foi o resultado dos nossos saraus no “Espaço Cultural A Estrada” que completou nove anos. Participam músicos e compositores como Alex Baducha, Walter Lajes, Marta Moreno, Jânio Arapiranga. Evandro Correia, Dorinho Chaves e outros poetas e contadores de causos. O CD começa com abertura de um texto onde conta a história do sarau e como surgiu a ideia da obra documental.
A exposição de artes de plásticas, de Elizabeth David, veio a se juntar à nossa noite cultural na Casa Regis Pacheco, e muitos tiveram a oportunidade de apreciar seus belos quadros campestres, com muito colorido e alegres, que mostram flores vivas e paisagens do campo. Vamos continuar unindo literatura com outras linguagens artísticas porque, na verdade, todas são irmãs e nos dão sentido à vida.
0 SISTEMA TECNOTÓXICO
Poema do jornalista Jeremias Macário
Neste mundo de tanta tecnologia
A sabedoria caiu no coito da orgia;
O homem ficou ainda mais idiota,
Que nem sabe mais abrir sua porta,
E como tropa segue cego sem rota.
Ainda jovem plantei árvore, livro e fiz filho,
E dai Raul, continuo um cara insatisfeito,
Um andarilho sem sentido e sem conceito,
Nesse sistema que nos empurra pro poço;
Sou como um cão faminto roendo um osso.
A máquina roubou o seu lugar;
Planta na terra mais agrotóxico;
Colhe veneno alimento de matar;
Tudo fresco e vistoso por fora,
Que se come até a casca na hora.
O homem corre dia e noite, noite e dia;
Respira no ar as partículas de dióxido,
E lá vai o elemento andante tecnotóxico
No sistema tóxico de tanto pó e negócio,
Que suga sua alma e cada gota de energia.
Sou um invento contente tecnotóxico;
O sistema que manda fazer isso e aquilo;
Beber ácido e comer a comida a quilo;
Ser um ativo neste mundo competitivo;
Fumar tóxico e engolir fumaça de monóxido.
Sou do sistema um átomo e fio de conectar;
Sempre carrego na cabeça a senha do celular;
Excremento que por ai vagueia sem um tema,
Pronto pra aprender o teorema do esquema,
E repetir na entrevista tudo que me perguntar.
Não tenho nome, sou número tecnotóxico,
Moço engravatado e um liso comportado,
Se quiser um emprego de gari ou deputado,
Sigo a linha padrão de um bom capitalista
E nada de artista, ativista ou comunista.
Minha artéria venenosa de competição
No sistema bruto sem caráter e sem lição,
Nem vejo miséria nesse mundo tecnológico;
Como na fila o hamburguer cheio de tóxico,
E nem quero saber dessa coisa de ser lógico.
- 1



















