Do jornalista e escritor Jeremias Macário

Uns dizem que a morte é matreira;

É o líquido eterno da vida finita;

Outro que é o amargo sem sentido,

E que a vida é sombra passageira,

Que traz na lida a dor da finitude,

Com seu baú de coragem e medo,

Nos laços do intrincado segredo

De duas damas onde uma é chama,

E a outra é carícia, abraço e drama.

 

A finitude pode até descansar a dor;

O filósofo manda conhecer a ti mesmo,

Outro que tudo na vida se transforma;

O contrário que nada muda em sua forma

E tem aquele grande antigo pensador

Da questão filosofal do ser ou não ser,

Mas para o poeta nada disso lhe consola

Tudo não passa de delírio etílico de festa;

Acha que a gente se conforma com esmola

E que nem tudo que se lê e escreve presta

É que cada um se conforma com sua escola.

 

Tudo passa, tudo muda e se transforma

Tudo fica no lugar, e mudança é ilusão

Nada começa, nada se acaba, nada torna;

A flecha que voa está parada lá no ar;

É tudo finito, infinito e confusão

Como ondas que se quebram no mar.