:: fev/2019
POETA SONHADOR
De autoria do jornalista Jeremias Macário
macariojeremias@yahoo.com.br
A dor do poeta sonhador
Rói sem pena seu coração
Como rato roendo couro
No subterrâneo do porão
Da Casa Grande senhoril
Com medo da bota do feitor.
É a dor do poeta sonhador
É a dor, é a dor, é a dor…
Com sua moléstia encruada
Pelas lidas vidas viradas
Nascido como caçador
Que depois virou caçada.
É a dor, é a dor, é a dor…
Do poeta sonhador
Do passado torturado
Pelo carrasco torturador
Que o seu sonho não matou.
É a dor do poeta sonhador
Que amou sem ser amado
Invadiu o vermelho sinal
Por uma carreta atropelado
E foi cheirar morfina e éter
Num corredor de hospital.
É a dor do poeta sonhador
No duelo com o barqueiro
Na malvada sociedade
Curvado pela dona idade
Que regateia a travessia
Pelo tenebroso nevoeiro
Até a outra margem do rio
Onde não existe noite e dia.
O poeta é um esgarçado
Em retículas fatiadas
Alvo certo das emboscadas
Por ser um eterno apaixonado
Ora inseto, ora pássaro Condor
Baixo ou alto um voador.
O poeta é lâmina de navalha
Fio da foice, enxada e martelo
Do machado e faca afiada
Espingarda do papo amarelo
Embornal, palavra e mortalha.
O poeta não tem fronteira
Município, nem país e Estado
E só carrega em sua mochila
Desde criança triste menino
A dor de um poeta sonhador
Que nasceu do vento seco
De um veio bem nordestino
Do mandacaru que dá flor.
CHAPADA DIAMANTINA: A CIDADE HISTÓRICA E A FESTA DOS GARIMPEIROS
- Constituição Federal, Direitos Humanos, Ambiental e
o Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Nacional
Alexandre Aguiar
Advogado
Sobre cultura, a trintenária Constituição Federal diz:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
- 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
[…]
Sobre a vida dos Garimpeiros, na obra “Garimpo, devoção e festa em Lençóis, BA”, Maria Salete Petroni de Castro Gonçalves desempenhou o registro do acontecimento secular, que compõe o legado histórico, cujo recorte temporal compreendeu o conteúdo laboral, devocional e festivo local no período de 1844 a 1984.
Entre o surgimento de Lençóis até a interrupção dos garimpos, que efetivamente se deu em 1996, a economia, religião e cultura do lugar passaram por uma mudança de época, que sem a devida atenção da sociedade e do Estado, representa ameaça ao acervo material e fontes imateriais do patrimônio artístico, histórico e cultural nacional.
O emérito Professor Ronaldo de Salles Senna costuma dizer que “Lençóis deve tudo aos garimpos, porém os garimpos não devem nada a Lençóis”.
O fim do extrativismo mineral de diamantes levou Lençóis à condição de cidade turística, tendo a polis alcançado o perfil dos destinos indutores do turismo nacional, alavancando de forma pioneira a indústria turística na microrregião, do que é chamado de “Circuito dos Diamantes” e, que vem se expandindo pelas demais cidades da Chapada, gerando postos de trabalho e receita aos descendentes dos garimpeiros artesanais.
Na Chapada, como resultado do acervo patrimonial das lavras diamantinas, restaram Tombados pelo IPHAN, os conjuntos arquitetônicos das cidades de Lençóis (1973), Mucugê (1980) e a Vila de Xique-Xique de Igatu (2000), no Município de Andaraí. Desta maneira, nos dias atuais, todas as cidades lavristas contam com permanente visitação turística nacional e estrangeira, incluindo-se aí a cidade de Palmeiras, município que igualmente possui fluxo de visitação, no Distrito de Caeté-Açu (Vale do Capão).
A cidade de Rio de Contas também detém acervo arquitetônico, que despertou interesse do Instituto do Patrimônio e restou Tombado (1980), entretanto, situada ao sul do Parque Nacional da Chapada, no passado sua economia destinou-se a extração de ouro, o que lhe diferencia e destaca como “Circuito do Ouro”, inclusive, por distâncias e posição geográfica.












