O domínio etrusco, até fins do século VI, foi muito útil para Roma que se tornou mais forte e civilizada. Houve apenas uma modificação constitucional. A aristocracia vitoriosa passou a escolher dois líderes, pretores ou cônsules, ao invés de um rei, com mandato de um ano, com todos os poderes civis, militares e religiosos.

A questão principal da época era a luta contra os vizinhos volscos e équos da cidade etrusca de Veios. Os volscos, que saiam das montanhas, eram os mais perigosos, pois queriam tomar o litoral e isolar os latinos do mar, mas Roma conseguiu expulsá-los novamente para as montanhas.

Logo depois, outro perigo começou a ameaçar a cidade. Dessa vez eram os gauleses no século V que conquistaram várias cidades no norte da Itália. Eles também realizavam expedições ao sul e numa delas atingiram a margem do Tibre e o território de Roma.

Este incidente mostrou que Roma precisava ser mais fortificada com muralhas de pedras bastante resistentes. As guerras com a Gália tiveram uma grande influência no desenvolvimento de Roma no século V, mas a organização hereditária e aristocrática ficou mais instável. Os plebeus, livres do serviço militar, aumentaram de importância. Com as constantes guerras, os nobres passaram a pedir ajuda a eles.

Com o crescimento do território, aumentou também o número de proprietários de terras em mãos dos plebeus que recebiam as glebas como recompensa pelo serviço militar prestado e pelo êxito nas conquistas. Como eram tratados como tribos, seus comandantes chegaram a exercer a função de tribunos defensores da classe.  Quatro tribunos representavam as quatro tribos romanas que mais tarde passaram para dez.

Na luta de classes,  a primeira vitória dos plebeus foi alcançada quando forçaram o Senado e os patrícios a preparar e a publicar um código de Direito Civil – as Doze Tábuas, isto por volta de 450 a.C. Logo depois veio a lei de Canuleu que levantou a proibição de casamentos entre patrícios e plebeus Alguns deles chegaram a ser cônsules.

A invasão gaulesa forçou a adoção de reformas na organização militar e a criação de um exército em substituição à força constituída exclusivamente de patrícios ainda no tempo dos reis e da República jovem. Foram, então, construídas as primeiras muralhas de pedras com o nome do rei Sérvio Túlio. Os plebeus passaram a fazer parte do conjunto de cidadãos romanos.

A Assembleia Popular era formada de todos os cidadãos que serviam no exército, dividida em 193 centuriae. Ela elegia os cônsules, promulgava as leis, decidia as questões de guerra e paz, absolvia e condenava os culpados por crimes capitais. Os plebeus tiveram direito a mais terras, ampliando sua organização através das leis criadas por Licínio e Sextio, tribunos das plebes, por volta de 367 a.C.

A organização militar e o amplo poder dos cônsules ensinaram ao povo ter disciplina e obediência às ordens dos chefes. Diz o autor do livro, “História de Roma”, ser pouco o que sabemos da civilização romana do início do século VI a.C. até meados do século V, mas escavações arqueológicas em cidades etruscas-latinas deram pistas da influência da cultura grega sobre os latinos.

Na religião, todos os novos deuses estavam ligados ao comércio e à indústria e, para eles, foram erguidos templos perto do Tibre e no Aventino. A mais antiga dessa divindade era Hércules, que teve seu altar no mercado de gado (fórum boarium). Em seguida vinha Minerva, com traços de Atená grega e protetora dos artesãos. E assim, a cidade latina passou a ter um centro religioso e Acrópole própria no Capitólio, onde se localizou o templo consagrado à trindade Júpiter, Juno e Minerva.

Após a primeira invasão gaulesa, Roma ampliou suas possessões na Etrúria e ajustou contas com os volscos e équos. Com as vitórias, o território de Roma ocupava cerca de oito mil quilômetros quadrados de terras, com poder controlador supremo entre os séculos IV e III. Entrou em contato com os samnitas e gregos. Os primeiros eram senhor da Campânia e passaram a ambicionar os portos gregos de Nápoles e Tarento.

Para Roma, era importante ter paz além da fronteira sul onde combatia gauleses, volscos e etruscos na primeira metade do século IV a.C., o que explica a aliança com as raças samnitas. Nessa época, a aliança foi fundamental, e a liga, ameaçada pelos volscos e gauleses, dependia de Roma em assuntos políticos e militares.

Quando os perigos passaram, os samnitas mostraram-se desejos em conquistar maior independência, o que provocou uma guerra onde os latinos foram derrotados em 338ª.C. A maioria das cidades foi anexada ao território romano e a liga deixou de existir.

Após a guerra, Roma passou a ser a maior potência militar da Itália, mais forte que a liga de cidades etruscas, ou a aliança das tribos samnitas, úmbrias e sabinas. Roma e Lácio mantinham, há muito tempo, relações com as cidades gregas, Campânia, Cápua e Nápoles.

Pressionada pelos samnitas, Tarento pediu ajuda a Alexandre, rei de Épiro que, por pouco uniu o sul da Itália, mas foi traído por Tarento e derrotado pelos samnitas. Nápoles ficou numa posição difícil e teve que fazer uma aliança com Roma, o que levou à guerra contra os samnitas, com possibilidade de estabelecer uma ligação sólida com o mundo grego.

Existia o risco das cidades de Campânia serem tomadas por novos imigrantes. Nesse meio, Roma assegurou a neutralidade de Cartago, renovando o tratado comercial militar, em 348 a.C. Era grande a ambição por Campânia. Aproveitando da situação difícil de Roma, os etruscos tentaram recuperar suas posições no norte da Itália, e a guerra em duas frentes durou mais de 20 anos, até 304 a.C. Embora os samnitas tenham derrotado várias vezes os exércitos romanos, foram depois forçados a fazer a paz, renunciando suas reivindicações na Campânia, e os etruscos tiveram que entregar algumas de suas cidades, No entanto, a paz de 304 não podia durar.

Roma deixou evidente sua política e anexou o território dos équos e parte do Tibre superior. Em 298 a.C. uma coalizão dos povos italianos se organizou, incluindo os samnitas, etruscos e gauleses. Roma reagiu e, na batalha de Santino, na úmbria, em 295, derrotou completamente os gauleses. Em 250 obrigou quase todas as tribos samnitas e cidades etruscas a entrarem em aliança. Parte de seus territórios foi declarada propriedade do povo romano.

Os sabinos foram incorporados ao Estado romano, se tornando cidadãos, mas sem direito a voto na Assembleia Popular. Os gauleses foram novamente expulsos para o Vale do Pó. As tribos e as cidades de Sâmnio e Etrúria conservaram suas autonomias internas, mas forçadas a se sujeitar ao controle político de Roma. Em caso de guerra formavam parte do exército romano sob o supremo comando dos consules e pretores.

Foram adotados métodos diferentes de colonização das terras ocupadas. Nos pontos mais importantes e estratégicos (portos e mestradas militares) foram construídas fortalezas e grandes áreas públicas destinadas para plantações (colônias romanas).

Quando a supremacia romana difundiu-se pelo sul da Itália, as cidades gregas tiveram de enfrentar o problema de se submeter, ou não ao seu domínio. Nápoles não teve opção e entrou na aliança romana. Agátocles, de Siracusa, fez-se tirano e iniciou uma campanha contra os cartagineses e estabeleceu seu poder na parte ocidental da Sicília.

Rica comunidade de mercadores, Tarento controlava o sudeste da Itália e mantinha relações com os gregos. Na luta contra os samnitas, recebeu ajuda do reino de Épiro, da Sicília e de Esparta. Essas tribos, no entanto, sabiam que deviam se sujeitar a Roma.

A UNIFICAÇÃO DE ROMA EM 275 a.C.

A primeira atitude foi escolhida por Túrio, mas Tarento iniciou, em 281 a.C, uma guerra contra Roma, contando com brutianos e messapianos. Cientes de suas fraquezas, pediram apoio de Pirro, rei de Épiro, hábil e que teve papel destacado na história do mundo grego após a morte de Alexandre. Sonhava com a restauração da monarquia alexandrina, tomando a Macedônia.

Apesar de duas batalhas de êxito, em 280 e 279, Pirro não conseguiu se firmar na Itália, bem como, fracassou a tentativa de estabelecer uma base na Sicília. O separatismo nas cidades gregas foi fatal ao seu plano. Na terceira batalha contra os romanos, em 275, foi forçado a abandonar a Itália.

Assim, Roma completou sua tarefa de unir a Itália em 275 a.C, tornando-se no maior e mais compacto Estado do mundo ocidental, com 130 mil quilômetros quadrados, da Itália, do Rubicão, ao norte, ao estreito de Messina, com uma população de mais de quatro milhões.

A direção dos assuntos públicos era limitada a um grupo de famílias ricas e antigas pertencentes à velha nobreza patrícia. Qualquer cidadão podia ser eleito cônsul, e outras leis colocaram outros postos ao alcance dos patrícios e plebeus. Como na Grécia, o serviço público não era remunerado. Só as famílias ricas podiam praticá-lo.

A Assembleia não era totalmente democrática. O supremo poder do Estado pertencia a ela. Após a reforma atribuída a Sérvio, o método de votação era diferente do de Atenas. Os cidadãos romanos eram divididos em cinco classes, segundo a propriedade. Cada classe se dividia num número fixo de centúrias. A maioria dos votos em cada centúria determinava o voto da centúria em si, que era decisivo, e não como em Atenas onde o sufrágio direto é que importava. A maioria dos votos da Assembleia pertencia aos cidadãos de primeira classe.

Mesmo assim, a Constituição não era puramente aristocrática. Os cidadãos, divididos em 35 tribos, haviam conquistado, nos séculos V e IV, o direito de eleger tribunos e ter assembleias próprias. Eles eram defensores do povo, com imunidades e até podiam usar seu poder de veto para anular o decreto de um magistrado. Tinham ainda o poder de convocar uma assembleia de plebeus.

Satisfeitos com a vitória de 287 a. C, o povo deixou de ser uma força agressiva na política, entregando o governo do Estado  à nova aristocracia  de patrícios e plebeus. O povo havia lutado apenas por direitos iguais nas questões sociais, econômicas e políticas. Os magistrados, como comandantes do exército, presidentes da Assembleia, do Senado, juízes e intermediários entre Estado e os deuses, eram verdadeiros governantes.

Os dois cônsules eram os principais magistrados e, a cada um deles, o povo dava o imperium, o supremo comando civil e militar. Em caso de desacordo entre eles, o decreto de um não tinha força de lei. O poder negativo do outro anulava qualquer decisão. Quando os assuntos se tornaram mais complexos, o povo elegeu magistrados menores.

Eram os pretores que comandavam o exército e atuavam como juízes. Os questores cuidavam das finanças; os edis supervisionavam as ruas e edifícios. Os magistrados especiais, eleitos em cada cinco anos, tinham grande importância na vida pública. Eram chamados censores para realizar o censo dos cidadãos e distribuí-los em centúrias e classes, de acordo com os bens, e de tribos, segundo o domicílio. Preenchiam vagas no Senado, controlavam a renda, fixavam despesa para o período de cinco ano e agiam como supervisores da moralidade, com direito de expulsa  do Senado  e do quadro de cavaleiros pessoas que se comprometessem.

A Constituição considerava o Senado como fonte e guardião do poder exercido pelos magistrados. Se os cônsules morressem, ou fossem presos, seu “imperium” revertia aos pais, ou ao Senado. Entre seus membros, o Senado escolhia um interrex, que convoca a Assembleia Popular para eleição de novos cônsules. O senado só podia se reunir se convocado por um cônsul. O Senado era o verdadeiro governante de Roma, enquanto os cônsules e outros magistrados agiam como executivos. O Estado concentrava em sua mãos a vida religiosa da comunidade, bem como as questões políticas e econômicas. Os sumos pontífices determinavam, a época e as formas dos principais atos de veneração pública, como guardiães da antiga tradição histórica. A vida pública era inseparável da religião.

Em fins do século V e começo do IV, Roma se transformou numa potência e entrou na arena da política internacional do mundo civilizado. Era o centro de uma grande confederação entre tribos e cidades italianas.