Um estudo feito no ano passado pelo Instituto Pro-Livro “Retratos da Leitura Brasil” constatou que aumentou o número de leitores no Brasil, mas professores contestam a pesquisa. Também tenho minhas dúvidas. Na prática não percebo este avanço, principalmente por parte dos jovens.

O Instituto considera leitor aquele que leu, inteiro ou em partes, um livro nos últimos três meses, índice representado na análise por 104,7 milhões de brasileiros (56% da população acima dos cinco anos de idade). Na edição de 2011este número era de 50%. Com relação ao gênero, as mulheres ocupam 52% da população leitora, com destaque na faixa etária de 30 a 39 anos.

O curioso é que a população com ensino superior é ainda menor do que aquela com apenas o ensino Fundamental II completo. Apesar da média de leitura, os brasileiros não compram muitos livros. As pessoas realizam leituras em livrarias ou de textos exigidos no trabalho e material didático escolar. Só 30% declararam nunca ter comprado um livro na vida.

O gênero bíblico supera o romance, vindo em seguida, o conteúdo histórico, cultural e de caráter técnico. Com relação ao número de gente com acesso à internet, houve um crescimento de 81 milhões para 127 milhões. Maior público leitor tem de 18 a 24 anos. Notícias e informação são os conteúdos mais lidos no mundo virtual, seguidos de estudos e pesquisas para trabalhos escolares. Livros digitais só são acessados por 15% dos entrevistados.

Para professores, a escola está descontextualizada. Dizem que o aluno chega à sala de aula nivelado por baixo devido à banalização da cultura promovida pela mídia. O estudante está acomodado com a linguagem fácil e imediata, enquanto o livro é considerado cansativo e difícil de ser diluído – observa um professor. A pesquisa deveria identificar o que as pessoas leem. Quantidade não é qualidade. Existe muita literatura ruim.

TARIFAS: LEIS INÚTEIS

Para que serve a lei 166/2017 que obriga as empresas concessionárias de gás, água, telefonia e energia elétrica disponibilizarem em seus sites uma tabela com o valor das tarifas e dos aumentos concedidos nos últimos anos? Muda alguma coisa em termos de redução de preços cobrados dos consumidores?  Trata-se de mais uma enrolação política para enganar o povo.

Para consolo, a proposta aprovada pelo Senado permite o usuário descobrir o valor da tarifa cobrada pela prestadora, de modo a possibilitar a comparação com o preço por fornecedores que ofertem os mesmos serviços. O texto explica que a lei proporcionará ganhos no que se refere à transparência das concessionárias, enquanto elas esfolam os consumidores.

CRUELDADE FRANCESA

Refugiados que têm seus barcos interceptados pela guarda costeira da Líbia são reenviados ao continente africano, onde sofrem, com a ajuda da França e da Itália, todo tipo de tortura e extorsão, sendo vendidos como escravos. A Europa faz de tudo para impedir o desembarque dos refugiados que fogem das guerras e da pobreza da África e do Oriente Médio em seu território. Não é uma crueldade? A denúncia é da organização Médicos sem Fronteiras da França.

Cenas de barbárie veiculadas pela TV norte-americana CNN mostram que a Líbia foi transformada numa armadilha para os que esperam encontrar trabalho no país ou atravessar para a Europa. Diz a denúncia que o próprio presidente francês Emmanuel Macron apoia a guarda costeira da Líbia.

Durante mais de 400 anos, em nome do cristianismo, a Europa explorou a América, a África e o Oriente Médio, cometendo atrocidades, escravidão e genocídio, sem contar a exploração econômica das riquezas naturais. Nos períodos de crise exportou para eles seus excedentes populacionais que sempre foram bem recebidos. Nas guerras sempre contaram com tropas coloniais para defender seus territórios.

Os países ricos adotam a política de discriminação erguendo muros em suas fronteiras. Não concordo que o Brasil faça o mesmo, mas como abrigar refugiados de outras nações aqui, como da Venezuela e da Síria, se o país não cuida da sua própria casa? Como receber outros se em sua casa mora a fome, sem contar os 13 milhões de desempregados? Não se trata de xenofobia, mas de coerência.