:: 23/fev/2018 . 23:58
“AS TRÊS MORTES DE CHE GUEVARA” (I)
“(…) ELE NÃO FOI APENAS UM REVOLUCIONÁRIO, UM PENSADOR E UM INTELECTUAL, MAS O MAIS COMPLETO SER HUMANO DA NOSSA ÉPOCA” – Jean Paul Sartre
FOI EXCLUÍDO, ALIJADO, TRAÍDO E PARTIU EM BUSCA DA IMOLAÇÃO NO CONGO E NA BOLÍVIA.
Por discordar de Fidel Castro, seu companheiro-amigo-irmão mais fiel de luta, quanto a forma de ocupação dos soviéticos na Ilha, Ernesto Guevara de la Serna, o Che, que combateu bravamente em Sierra Maestra para derrubar o regime de Fulgêncio Batista, em 1959, teve que se afastar das decisões do comando do governo comunista, colocando a revolução acima de suas ideias.
Sua fuga desesperada, angustiada, improvisada e às pressas começou logo no final de 1964 quando passou três meses longe de Cuba em viagens pelo Egito, Tanzânia e Argélia, para combinar sua ação guerrilheira no Congo, num caótico ambiente de indisciplina e desorganização entre os soldados que se recusavam receber ordens.
Os russos, ressentidos por sua preferência pela presença da China em Cuba, continuaram em seus calcanhares, e o Che só pode continuar no Congo até meados de 1965. Tentou adiar seu retornou a Cuba ficando uns tempos na África e em Praga onde aproveitou para se refazer fisicamente dos desgastes sofrido no Congo. Estava muito debilitado na época.
Em solo cubano onde não mais lhe pertencia por sentir-se fora dos destinos do povo, não demorou muito e rumou, com pouca preparação, para as selvas bolivianas onde foi abandonado e esquecido por Fidel, sob pressão da União Soviética que não aceitava mais um trotskista em suas fileiras. Depois de ferido num acidente, foi impiedosamente executado pelo exército boliviano, em 8 de outubro de 1967.
Toda sua trajetória, desde sua viagem de motocicleta pela América do Sul e Central como recém-formado em medicina, seu relacionamento familiar, seu encontro com Fidel no México, sua ida para Cuba, seu auge como ministro e sua decadência são contados pelo jornalista e escritor Flávio Tavares, no livro “As Três Mortes de Che Guevara” – o disparo em Cuba, a agonia no Congo e a execução na Bolívia.
No seu livro, de atraente leitura, o jornalista fala também do seu primeiro encontro com o Che em 9 de agosto de 1961 em Punta del Este (Uruguai), na abertura da Conferência da OEA. Sobre sua vida, cita suas andanças de motocicleta com o amigo Alberto Granado pelo Chile, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guatemala e outros países até o México, em 1952. Da viagem, destaca os escritos e impressões do Che em “Diários de Motocicleta”.
A INVASÃO DOS ESTRANGEIROS
Carlos Albán González – jornalista
Especialistas em linguística vêm afirmando que o português falado no Brasil está destinado a morrer, diante das deturpações que o idioma herdado dos nossos descobridores são acolhidas nas redes sociais e em muitos meios de comunicação. O artigo “País sem cultura é país sem alma”, publicado neste espaço pelo meu colega Jeremias Macário, levou-me a acreditar que o brasileiro está sofrendo de uma doença que eu chamaria de estrangeirado, termo dado pelo “Aurélio” aos que têm “modos, fala, usos e costumes de estrangeiro, ou que prefere o que é estrangeiro”.
Antes de continuar a abordar esse tema, muito bem comentado por Jeremias, gostaria de ter o dom de prever se o estrangeirismo ou estrangeirado teria criado raízes se a Espanha tivesse marcado presença em terras brasileiras, antes da chegada de Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500. Dois navegadores espanhóis, em janeiro e fevereiro de 1500, Vicente Yañez Pinzón e Diego de Lepe, com as bênçãos dos reis católicos Fernando e Isabel, percorreram mais de 120 quilômetros do litoral do Nordeste, navegando até a foz do rio Amazonas. Pinzón, que já havia comandado uma nau de Cristóvão Colombo na primeira viagem à América, chegou a fincar numa praia uma cruz de madeira com o brasão do Reino de Castilla.
Uma coisa é certa: na condição de morador de vasta extensão desse “condomínio” chamado América do Sul, o brasileiro sente dificuldade de “bater um papo” com seus vizinhos, por causa da diferença de idiomas.
O comércio varejista e o mercado imobiliário estão entre os principais “hospedeiros” do vírus do estrangeirado. Alguns vocábulos estrangeiros, pelo constante uso, já deveriam ter sido incluídos nos dicionários de português, os consultados pelos brasileiros. O mais popular deles é o “off” (fora), divulgado pelos lojistas dos ramos de calçados, vestuário, eletrônicos, e outros, sempre que promovem liquidações, prometendo descontos nos artigos oferecidos à clientela.
Na mesma linha de pontuação estão o “for rent” e “for sale”, usados por imobiliárias e locadoras de carros. Já constatei em jornais de grande circulação, nas páginas dos classificados, anúncios de imóveis, totalmente em inglês. Provavelmente, seus proprietários não desejam alugar seus apartamentos ou casas a patrícios, preferindo os gringos. Concurso e moda para gordinhas mudou para “plus size” (tamanho mais).
Ao entrar nos shoppings center das principais cidades do país você tem a impressão de que está num centro de compras de Nova Iorque ou Londres, diante dos nomes fantasia colocados nas portas das lojas. Para não ficar atônito sugiro levar um dicionário inglês-português, para poder traduzir, por exemplo, “shoes and bags” (sapatos e bolsas). Há casos interessantes, em que o comerciante junta palavras em duas línguas, como “drink água”, pintado na frente de uma revendedora de bebidas, aqui em Vitória da Conquista.
A última reforma ortográfica da língua portuguesa “ressuscitou” o “k”, “w” e “y”. Nesse retorno, derrubaram letras tradicionais, como o “q”, “v” e “i”. Palavras como o “disque” foram abreviadas para “disk”, que, em francês, significa “disque”.
Conselhos relacionados ao meio ambiente (“Conserve a Serra de Piripiri”), saúde, educação, trânsito, violência urbana e limpeza das cidades, deveriam estar estampados nas camisetas, bastante vendidas nos shoppings e no comércio popular. Essas blusas evelam, lamentavelmente, a preferência pelo estrangeirado, como “I love New York”. O comprador, muitas vezes, nem tem a preocupação de fazer a tradução, e sai pelas ruas exibindo frases como “Girls like girls” (Meninas gostam de meninas) ou “Normal people scare me” (Pessoas normais me assustam). A frase “Great rapers tonight” (Grandes estupradores noturnos), impressa numa camisa, repercutiu negativamente recentemente nas redes sociais, levando uma rede de lojas de confecções a suspender sua venda.
CULTURA COM DITADURA: UMA MISTURA INDIGESTA
Depois de acompanhar o relançamento do projeto do Centro de Cultura do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), em Vitória da Conquista – programa foi anunciado há dez anos – pelo ex-gerente do banco, Jonas Sallas, na última sessão da Câmara de Vereadores do dia 21(quarta-feira), foi duro ter que ouvir o discurso do vereador David Salomão em defesa da ditadura militar, com rasgos de elogios à intervenção federal das forças armadas no Rio de Janeiro.
Pois é, o homem voltou a fazer apologia ao regime de 1964 onde milhares de brasileiros foram torturados, mortos e desparecidos numa clara censura e opressão à liberdade de expressão. Aproveitou a ação no Rio para atacar, de forma grosseira e raivosa, os estudantes e professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb, chamando-os de pseudos-intelectuais. por terem os mesmos, segundo ele, destruído seus outdoors em apoio a uma intervenção militar no Brasil.
O vereador alegou, em tom agressivo, que teve sua liberdade de expressão cerceada pelo corpo docente e discente da universidade estadual, conforme reza a Constituição, só que sua liberdade vai de encontro à própria liberdade e a vida, o mesmo que apoiar o nazifascismo. No seu conceito, a intervenção resolve de vez com a violência, que no país é fruto da ausência social do Estado.
Bem, deixando os horrores de lado, o destaque maior da sessão da Câmara foi o retorno da proposta do BNB de construir, em Conquista, um Centro Cultural, projeto este que não vingou há dez anos por causa das futricas e politicagens regionais. Uma pena que não frutificou, senão hoje toda classe artística, intelectuais e a população em geral estariam hoje se beneficiando, tirando da cabeça de muita gente imbecil a ideia e a mentalidade absurda de uma ditadura.
A iniciativa de instalação de um Centro de Cultura desse porte, numa cidade hoje tão carente de equipamentos dessa natureza (há quatro que o “Camilo de Jesus Lima” está fechado), deve ser abraçada por todos porque só traz benefícios. De acordo com Jonas, o Centro está orçado em mais de 5 milhões de reais, e a intenção é investir mais de um milhão por ano em projetos artísticos, contemplando variadas linguagens.
Na ocasião, Jonas Sallas enumerou vários equipamentos que farão parte do Centro, ainda a ser localizado no antigo Clube Social, como auditório, sala de audiovisual, biblioteca, espaços para teatro, dança, cinema, exposições, artes plásticas, música, dentre outros itens da área cultural.
Outro ingrediente, de cunha mais político – partidário, foi o discurso forte do vereador Dudé, que aproveitou o espaço de vários parlamentares, com o consentimento do prefeito Herzem Gusmão, para lançar o nome de Nilo Coelho na chapa majoritária de ACM Neto nas próximas eleições.
Este é um projeto equivocado, de difícil ressurreição. Teria que apelar para Cristo fazer outro milagre. De certa forma é até compreensível na política atual brasileira onde predomina total escassez de lideranças políticas com credibilidade. Precisamos sim, de renovação presente, e não de ressuscitar um passado que não merece mais ser repetido.
O vereador Cori falou da situação falimentar da Viação Vitória e do consequente sofrimento da população com as constantes paralisações dos ônibus pelos funcionários da empresa, que estão com seus salários mensais sempre em atraso. Há muito tempo Cori vem alertando para o problema crítico dos transportes públicos em Vitória da Conquista, cobrando providências da Prefeitura Municipal.
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