:: 22/fev/2018 . 0:19
OS ESPANCADORES DO FUTEBOL
Basta o apito inicial da partida para todos saírem em debandada atrás da “redonda” dando pancadas de qualquer jeito, sem dó e compaixão. Das chuteiras começam a sair lasca e faíscas nas pernas dos adversários. Todos estão ali com seus músculos treinados e marombados para espancar e chutar, menos para jogar cadenciado como ela pede.
Na disputa de “arranca toco”, ela é imprensada, sufocada e voa desnorteada e tonta de tanto apanhar. Na maioria das vezes procura os braços das arquibancadas para com alguém se consolar. Não temos mais craques para tratar a “senhorita” com todo carinho e zelo. Em poucos segundos o juiz apita falta, e já nervoso, adverte a rapaziada truculenta para ter mais calma. Dai em diante, o apito não para mais de apitar.
Nas laterais do campo, berram os técnicos com palavrões que não se pode escutar. A torcida fanática grita “treinador burro”, “pernas de pau”, “juiz filho da puta” e outros impropérios e xingamentos de se arrepiar. O caldeirão vai esquentando e fervendo até a raiva escura transbordar.
O nosso querido futebol, tão decantado em prosas e versos, poético, cheio de lendas, histórias, craques, diversão, fascinação, dos manés e pelés, não merecia tudo isso na Bahia e no Brasil. Infelizmente, a “rainha bola”, de tantas alegrias e emoções, já não rola mais redonda, como antigamente, mas quadrada e torturada. Ela anda “murcha” de tristeza nesses pés pesados.
O cenário não é nada prazeroso e divertido para se relaxar e curtir, mas, lamentavelmente, é hoje em dia a cara do nosso futebol, feito de pancadarias, no campo, e fora dele, com murros, socos, pauladas, mortes e sem punições severas e duras. Não foi isso que vimos no último domingo entre o Ba x VI, no estádio do Barradão? Não existe mais espetáculo!
Existe sim, o espetáculo do horror. No chamado clássico pela mídia, que não tem mais nada de clássico, e sim de monstruoso, os trogloditas deixaram a “penada” de lado presenciando tudo e avançaram irados uns contra os outros. O sangue começou a escorrer como na arena romana dos gladiadores dos tempos antigos de Calígula e Nero.
Poderiam, pelo menos, se envergonhar da “moça bonita” largada lá num canto do gramado a ver aquelas cenas proibidas para menores. Se serve de consolo, o futebol maltratado, esmurrado, tão feio e violento, não é exclusividade somente da Bahia. Está em todo Brasil, e o mal prospera porque não existe punição como em outros países civilizados.
- 1










