MISTURAS DE PROTESTOS, ALEGRIAS E TRISTEZAS
Protestos nos sambódromos do Rio e São Paulo, muita curtição de um lado e violência do outro, sinais de revolta de um povo com prenuncio de convulsão social e a mistura do profano com o religioso. Mais um carnaval, como sempre com suas marcas contraditórias, mas que deixou o seu grito de explosão contra os desmandos dos políticos e governantes.
Muitas escolas com seus enredos levaram o protesto para o asfalto do samba no Rio de Janeiro, enquanto noutro asfalto, pouco distante dali, foi a violência que derramou o sangue de muitas pessoas e deixou centenas em estado de pânico e medo. Uns rindo e pulando com suas fantasias, outros chorando a morte de seus parentes e amigos. Uns curtindo e outros lamentando. Uma mostra de falta de sentimentos, de coletividade.
Com ironias e tudo, na quarta-feira da ressaca todos retornam para as realidades de suas vidas num país em crise de ética e de moral. Muitos cheios de dinheiro que ganharam nas festas e outros ainda mais pobres porque gastaram o pouco que tinham, Uns alegres e outros tristes numa mistura de prazer, de vazio e nostalgia. As críticas políticas fizeram a diferença num demonstração de descontentamento e de revolta.
Carnaval é euforia, revelações de personalidades, extravasamento, fanatismo, mentira, ilusão de prazer, foco de doenças, alienação, sensação de poder e até mistura do profano com o religioso onde mais se usa o nome de Deus em vão. Os cantores de axé enchem a boca para em nome de Deus agradecer por estar ali dando alegria aos foliões. Até parece que eles estão cantando e tocando de graça. E o cachê?
Com fé em Deus vamos ser campeões. Ganhamos, graças a Deus! São dizeres dos diretores das escolas de samba quando saem vitoriosos. Não sabia que Deus também se mete nesse meio e é torcedor de agremiação sambista. Quem perdeu foi porque Deus torceu contra e assim quis.
Na contagem dos pontos, o que mais se vê é gente rezando de terço na mão. Fazem promessas e apelam para tudo quanto é santo. Aliás, não é somente no carnaval que metem Deus no meio para tomar partido. O nome Dele está no futebol, em apostas, em jogos de azar, em mesas de dominó e baralho. Quando uma pessoa sai ilesa de um acidente grave, ela diz logo que foi Deus quem lhe salvou. Os outros morreram porque foi Deus quem tirou suas vidas e eram todos gente do mal.











