Pobre não almoça, come. Um não tem como fazer dieta porque já vive nela por obrigação das circunstâncias. O rico é chic, mesmo sem dinheiro, mas o outro não consegue disfarçar suas origens depois de ficar endinheirado. Pobre não pode se dar ao luxo de ter doenças psíquicas, como traumas e lembranças ruins do passado. Pobre em avião é promoção e em carro de luxo é carona ou motorista do patrão.

Até nas tragédias pobres e ricos são diferentes. Percebeu nas imagens da tempestade do ciclone Harvey (até o nome!), nas cidades do Texas, nos Estados Unidos? Pois é! Agora é só passar os fleches das inundações e deslizamentos de terras ocorridos no Brasil, principalmente no Nordeste. Muita gente deixa seus barracos com trouxas de roupas e outros bagulhos em barcos velhos de madeira a remo.

Em Houston, nos EUA, as casas atingidas são bonitas com jardins, e as pessoas são amparadas em barcos galvanizados a motor. Muitas ambulâncias e carretas com equipamentos salva-vidas! As vítimas não  expressam muita preocupação com o desastre e poucos choram ou se lamentam com as perdas. Os locais de abrigo são amplos e limpos. Até a água que invadiu as ruas tem outro aspecto, limpa e sem lixo.

Nas entrevistas, os ricos de lá dizem que depois da catástrofe têm certeza de reconstruir suas casas e seus pertences. Os pobres do outro lado de cá derramam suas lágrimas porque não têm como recuperar os estragos. Os abrigos são sujos e logo aparecem diarreias, cóleras, dengues, zicas, leptospiroses e outros males das águas sujas dos esgotos e do lixo.

Inundação em locais de rico quase não se vê desabamentos de casas. Em áreas de pobre ela arrasta morros com moradores e tudo pela frente. Por fim ainda aparecem os corruptos para roubar os poucos recursos enviados pelo poder público e as ajudas dadas por voluntários.

Não é somente em casos de inundações. Outros fenômenos da natureza, como terremotos, deixam um rastro de destruição e mortes nas comunidades pobres por causa da estrutura deficitária. Basta um abalo e tudo cai.  Até o aquecimento global, provocado pela ganância dos ricos, castiga mais as regiões pobres do planeta com secas e outros efeitos destrutivos.

Pobre em vida só leva a promessa do reino dos céus pela resignação com os sofrimentos na terra. Pobre não é sepultado ou cremado. É enterrado em valas comuns. Em muitos casos de tempestades, rico é avisado com antecedência e sai de suas residências em seus carros confortáveis. Pobres são pegos de surpresa. Inundação de rico é outra coisa!