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:: 26/jul/2017 . 21:52

TANAJURAS E JUMENTOS DE CARGA

Adaptado pelo meu amigo e conterrâneo Wilson Aragão, um dos maiores compositores da Bahia e do Brasil, “Tanajura” é uma antiga cantiga de meninos do sertão baiano, intitulada “Galinha Gorda”. Ouvindo esta semana o seu CD “Capim Guiné” (Uma Guerra de Facão) lembrei de imediato na relação entre aumento de impostos para engordar a cambada lá de cima e o contribuinte-consumidor.

Quando a chuva se levanta no sertão, as tanajuras (formigas voadoras) costumam cair nos terreiros e ai a meninada alegre canta “Cai, Cai Tanajura, na Panela da Gordura”. Com toda sua sabedoria, Aragão recolheu o folclore e fez uma linda canção. Cá com meus botões logo pensei: Tanajuras somos nós e a Panela da Gordura são os três poderes que vivem com suas mordomias às nossas custas.

Para tripudiar com nossas caras – o Brasil tem que fazer uma guerra de facão – o Mordomo de plantão diz que o povo compreende o último aumento de impostos do Pis/Confins dos combustíveis. A música fala de espetar as tanajuras e jogá-las na panela da gordura. Pois é, somos espetados todos os dias pelo “quintos dos infernos” e só lamuriamos. Quando o brasileiro vai virar, de verdade, a mesa?

Os que já passaram e agora o Mordomo com seus rebanhos selvagens de leitões, hienas, gaviões, urubus dos carros pretos são os verdadeiros assaltantes e vândalos deste país, loteado pelas capitanias hereditárias da política e dos cargos onde avós e pais vão passando suas heranças malditas para os filhos, irmãos, tios, sobrinhos, primos até a parentes distantes.

Eles são os predadores, nós as tanajuras e os jumentos de tropas de cargas. Somos também gado e boiada levados ao matadouro. Vejo este povo, que já paga altos impostos, tão solidário para ajudar aos mais necessitados que vivem em extrema pobreza, mas tão resignado  e indiferente que não se rebela contra a escorcha e os desmandos.

Com o nosso sentimentalismo tupiniquim, acudimos os miseráveis para preencher a lacuna deixada pelos governos do Estado através de campanhas de doações de todo tipo e espécie, mas o quadro lastimável continua e piorar a cada ano. Não somos indignados ao ponto de reverter e mudar a triste realidade. Então, muita coisa está errada. É triste ver este povo vivendo eternamente de esmolas.

As ações de pena e caridade não são seguidas de rebeliões, levantes e protestos. A caravana de lobos passa e nem olha para a desgraça humana nas cidades e nos campos. Engordamos o Estado e ainda temos que dar esmolas?  O ciclo é vicioso porque tem sempre gente pedindo e não acaba nunca.

JUMENTO DE CARGA

O contribuinte-consumidor é mesmo um jumento que passa toda sua vida carregando peso para o seu dono e ainda é chicoteado quando reduz os passos diante de uma carga excedente. Quando não serve mais e poderia ter seu descanso num bom pasto, é levado para o matadouro e triturado para servir de ração humana e animal.

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