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:: 26/dez/2016 . 21:39

NUNCA ACREDITEI EM PAPAI NOEL

Leio crônicas nos jornais referentes às festas natalinas que pouco falam do nascimento de Jesus Cristo, e mais do Papai Noel, uma tradição dos gelados países nórdicos. Os textos costumam ser mais suaves, leves e humanísticos que criticam, em parte, o consumismo exagerado nesta época do ano. O Papai Noel está sempre em destaque e alguns autores relembram seus tempos de criança, como o comentário de um amigo e colega que li nesta semana.

De um modo geral, os escritos me remetem a refletir sobre o eu individual e as profundas desigualdades sociais em nosso país, cuja pobreza se torna mais visível e escancarada neste período. Além do mais, somos desprovidos de cultura própria e meros copiadores de tradições alheias. O quadro nos leva à depressão em ver um mundo xenófobo glamoroso de luxo e outro miserável do lixo, sem contar o sofrimento dos refugiados das guerras.

Da minha parte confesso que nunca acreditei neste Papai Noel do Natal. Diferente de muitas crianças privilegiadas das crônicas literárias, minha véspera de Natal na roça pobre com meus pais era de muito trabalho. A noite chegava como outra qualquer à luz de candeeiro movido a pavio ensopado de querosene ou óleo de mamona. Cansados, logo cedo todos iam dormir e a paisagem era engolida pela escuridão.

Não havia Natal. Em todo meu tempo de menino nunca existiram presentes, quanto mais dentro de sapatos trazidos por Papai Noel que, na madrugada, entrava pela janela ou descia pela chaminé, coisa raríssima em nossas habitações. Se para mim ele nunca existiu, não tenho histórias para contar sobre sua figura com um saco, ou viajando de trenó com renas pelos países gelados. Como poderia acreditar numa coisa que nunca existiu para mim, nem mesmo em forma de lenda?

Como não tive noite de Natal de Papai Noel, nunca contei estes causos nevados para meus filhos, mas dava-lhes presentes comprados como parte de um rito capitalista consumista dos norte-americanos e dos europeus que enfeitam suas casas de árvores artificiais e se esbaldam nas comidas e nas bebidas de mesas fartas.

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