:: 2/dez/2016 . 0:46
A ANTÍTESE DO OCIDENTE
Ele não foi apenas uma lenda e um herói que não se rendeu ao imperialismo norte-americano que invadiu a soberania de várias nações do nosso continente, da Ásia e do Oriente. Com o passar dos anos se tornou numa expressão coletiva que fez da ilha de Cuba, um país atrasado do terceiro mundo, numa referência de conquistas sociais no campo da educação, da saúde e dos esportes.
Quando a revolução socialista vitoriosa de 1959 colocou o capataz dos Estados Unidos, Fulgêncio Batista, para correr com seus capangas, ele bem que tentou se reaproximar do antigo patrão para negociar uma saída digna para seu povo, mas foi menosprezado pela arrogância e pela prepotência dos ianques. Não poderia trair seus princípios de igualdade social e foi aí que o indivíduo se tornou num todo em defesa da soberania de um povo.
Para defender sua casa dos inimigos, representados pelas empresas multinacionais norte-americanas que há anos escravizavam sua gente, teve que ser um pai enérgico e rígido ao ponto de punir seus ferrenhos opositores que estavam sendo iludidos pela mágica capitalista. Aí ele passou a ser a antítese do Ocidente, optando pelo marxismo soviético.
Até o final de 1958 Cuba não passava de um bordel e antro de prostituição, jogatina e contrabando de drogas e armas dos EUA para onde magnatas e mafiosos iam curtir e esbanjar todos os finais de semana, como se fosse uma possessão deles. O povo era subjugado e era visível a degradação humana.
Fidel Castro, então, nacionalizou as empresas e fez uma grande reforma agrária expulsando os exploradores. Os Estados Unidos revidaram duramente com o bloqueio econômico em 1960 e a invasão fracassada da ilha em 1961. Em 62 houve o caso dos mísseis e por pouco Cuba não foi atacada. Como se não bastasse, tentaram centenas de vezes assassinar o comandante, mas todas estas agressões serviram para unir mais ainda o povo cubano.
Foi uma luta de Golias contra David, inclusive com as armas intensivas da propaganda ocidental contra o regime, instigando a dissidência política e a fuga de milhares que se arriscaram atravessar o mar até o outro lado para a Florida. Mesmo com todo sofrimento, ao longo dos anos o povo cubano tornou-se destaque mundial pelos altos índices de educação, cultura, saúde de qualidade e potência esportiva.
Com sua fama de derrubar governos legalmente constituídos e implantar ditaduras no lugar, os EUA nunca foram exemplo de direitos humanos para cobrar democracia. Os regimes totalitários são condenáveis em qualquer sistema de governo, seja de direita ou de esquerda, mas, nas circunstâncias da época, Cuba teve que endurecer. Agora o país está se adaptando a um novo modelo econômico de livre mercado, mas nunca vai trair a memória do seu líder maior e trocar seu socialismo por este capitalismo predador.
A CHAPE PRECISA É DE AJUDA
Nunca se deve tomar medidas no calor das emoções sentimentais como agora a ideia de conceder à Chapecoenses três anos fora do rebaixamento do Campeonato Brasileiro da primeira divisão. O clube precisa de força e ajuda, mas não desse tipo absurdo de concessão como se os chapecoenses fossem coitadinhos que não podem recuperar suas perdas.
Entendo que esse tipo de iniciativa irá desestimular os próprios jogadores do novo time que será montado, sem contar os embaraços que causariam para as outras agremiações no enfrentamento do adversário em campo. Acho que ajudar com jogadores e recursos financeiros para que a Chape jogue de igual para igual é uma coisa assertiva, a outra é o sentimentalismo fraco de preservá-lo por três anos do rebaixamento.
Só está faltando alguém propor que no próximo ano todos percam as partidas contra o clube catarinense para que ele seja campeão, ou que se dê a faixa ao time no lugar do Palmeiras. A Chape não necessita desse tipo de consolo sentimental, mas de força e apoio.
Por sua vez, não entendi essa do Atlético Mineiro se recusar a jogar a última partida do campeonato lá em Chapecó, no próximo dia 11. Acho até que a partida seria uma grande homenagem aos jogadores que se foram e um incentivo aos torcedores para que recomecem a vida e a remontar seu time.
Na delegação da chapecoense, que deveria ter contratado uma empresa de aviação mais segura, estranhei a inclusão de tantos profissionais da imprensa (20 contra 19 jogadores) para cobrir uma partida de futebol. Depois das perdas de tantas vidas por causa da irresponsabilidade e imprudência de um piloto que voou com o avião no limite do combustível, vem logo aí a questão das indenizações das famílias das vítimas. Mais outro longo sofrimento que vai se arrastar e a se somar às perdas irreparáveis de entes queridos.
OS VILÕES DO CONGRESSO NACIONAL
Na calada traiçoeira da madrugada, como coiotes e lobos famintos, vorazes e ferozes, os parlamentares da Câmara dos Deputados aproveitaram o trágico desastre aéreo do irresponsável piloto que ceifou a vida de 71 pessoas (jogadores da chapecoense, delegação e profissionais da imprensa), para picotar e desfigurar por completo o projeto anticorrupção assinado por mais de dois milhões de brasileiros. Foi como ácido jogado em nossas caras.
É uma covardia, mas eles já são contumazes aproveitadores de fatos, feriadões, festas como carnavais e ocasiões semelhantes de desgraças humanas, para aprovarem projetos em causa própria, como ocorreu na última madrugada de segunda para terça-feira. São uns crápulas que não se cansam de cutucar o cão com a vara curta.
Desta vez, os 28 deputados investigados no Supremo Tribunal Federal votaram em peso contra as medidas de combate à corrupção. Na proposta que trata do abuso de autoridade, apenas cinco dos 39 deputados baianos votaram contra o destaque que tenta inibir a ação do Ministério Público e do Judiciário. Se tivesse mais consciência política o povo brasileiro deveria como resposta votar nulo em peso nas próximas eleições.
Na moita, no lugar de carimbar um projeto anticorrupção, a Câmara fez um pacote de leis a favor da corrupção para salvar suas cabeças criminosas e nefastas da guilhotina. Para completar, o Senado, através do cínico cara de pau e réu Renan Calheiros, tentou tramitar o projeto no plenário em regime de urgência.
Como se fosse um democrata, o Renan cara de pau chama de fascista a força tarefa da Operação Lava Jato que investiga suas falcatruas e as de seus companheiros que afrontam a nação dia e noite, como Catilina fazia contra Roma.
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