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:: 9/jul/2016 . 1:32

INSTINTO PRIMITIVO

O choro cínico e travado do deputado Eduardo Cunha revela todo o instinto primitivo da alma humano no que há de mais debochado e sarcástico. Representa também o avanço conservador da corrente parlamentar sobre o qual venho prenunciando há mais de cinco em conversas com amigos, embora sem ter recebido a devida atenção.

O baluarte da direita reacionária, infelizmente, consegui engessar o país porque a ala dita esquerda, para manter-se no poder a qualquer custo, acolheu as piores figuras que sempre foram simpáticas ao regime militar da ditadura de 1964 e até hoje sonham com a sua volta. As expressões  progressistas deram pouca importância para o fato e se preocuparam mais em se lambuzar com a corrupção.

Como disse a cientista social Flávia Babireski, “a direita saiu do armário” na pessoa “representativa” do Eduardo Cunha que chamou para si toda atenção da mídia, mais que os dois presidentes ora de plantão. Para quem não acreditou, está aí a chegada perigosa da maré conservadora com uma nova legião de políticos de partidos fisiológicos, empunhando a bandeira evangélica com seu projeto do Estatuto da Família.

Como fermento em bolo, o Congresso hoje conta com a Frente Parlamentar Evangélica, a maior da história do país, que reúne 79 deputados, se bem que 200 são simpáticos às suas pautas retrógradas, em nome de Deus. Fazem parte desta Frente, as bancadas da bala, da bíblia, do boi (agropecuária) e a sindical empresarial.

Por tudo isso, a política brasileira hoje gira em torno de discursos reacionários, como do deputado sargento Isidório, na Bahia, o mais cotado com 123 mil votos. O Congresso atual é tão conservador quanto o de 1964. O analista político Carlos Bacelar acredita que a face do Congresso nacional é mais suja e feia que a face dos brasileiros.

A situação conservadora é atestada através de números, que vale dizer que não parte de uma opinião subjetiva. Foi feita um levantamento e se constatou que as bancadas da Câmara dos Deputados estão distribuídas em 35 da bala, 200 da bíblia, 207 agronegócio, 43 sindical, 202 empresarial e apenas 30 dos direitos humanos. Na Assembleia Legislativa da Bahia, 15 são da bala, 25 da bíblia, 37 agronegócio, oito sindical, 40 empresarial e sete minguados representantes dos direitos humanos. É o instinto primitivo, minha gente!

“UM BOM PAR DE SAPATOS E UM CADERNO DE ANOTAÇÕES” (I)

Como fazer uma reportagem

Uma viagem ao inferno dos deportados, dos condenados a trabalhos forçados, dos carcereiros, dos colonos e dos camponeses foi feita pelo médico e escritor Anton Tchékhov aos 30 anos à ilha Sacalina, na Sibéria Oriental, em 1890, durante o império russo tzarista.

O recenseamento dos habitantes do local foi um pretexto que o autor aventureiro encontrou para realizar seu objetivo maior de escrever o livro “A Ilha de Sacalina”, do qual o prefaciador Piero Brunello fez uma seleção de textos que gerou “Um Bom Par de Sapatos e um Caderno de Anotações” – Como Fazer uma Reportagem.

Como está explícito no subtítulo, o livro da editora Martins deve ser uma leitura de constante aprendizagem para estudantes de jornalismo, profissionais e pessoas interessadas no assunto porque oferece valiosas dicas e passos importantes de como observar os locais; tratar as fontes; e fazer uma entrevista para conseguir uma boa reportagem jornalística.

SACALINA 004

Com o avanço tecnológico e o advento da internet, o título poderia ser atualizado para “Um Bom Par de Sapatos e um Gravador com uma Máquina Fotográfica”, se bem que ainda gosto do caderno de anotações. O conteúdo do livro permaneceria o mesmo.

O jornalista para ser um bom repórter tem que gastar sola de sapato e não ficar enfurnado numa redação durante todo tempo diante de uma tela de computar usando aplicativos e e-mails para fazer uma reportagem. Tem que ser cético como Tchékhov. Para ele tudo era matéria e que fora dela não há verdade. O escritor Tolstói certa vez o definiu como ateu absoluto, mas excelente pessoa.

Tchékhov em seus trabalhos definia o escritor não como um confeiteiro, mas como um repórter e perguntava: O que você diria de um repórter que por repulsa ou pelo desejo de satisfazer os leitores, descrevesse apenas prefeitos honestos, damas sublimes e ferroviários virtuosos? A indagação ainda é atual aos tempos de hoje.

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