:: 27/abr/2016 . 22:27
“O ÚLTIMO BANDEIRANTE”
Essas coisas de conversa em botequins geram controvérsias, debates e discussões calorosas e, muitas vezes, até “bate-bocas” que metem medo a quem escuta os palavreados por perto, mas também rendem conhecimento e cultura.
Dia desses estava num bar, num desses bate-papos, e um conhecido saiu de dentro do seu carro com um livro na mão. Como de um nada me pediu que folheasse e lesse. Confesso que fiquei sem graça e disse que estava a ler outros autores. Ele, então, tranquilizou-me e afirmou que não tinha pressa na devolução.
De cara, gostei da arte da capa e do título “Raposo Tavares, o Último Bandeirante”, do escritor e jornalista português Pedro Pinto, assunto que me fascina. A obra é um romance que se baseia em fatos reais do Brasil colônia (séculos XVII e XVIII) quando os bandeirantes saíram do litoral e se adentraram nos mistérios do sertão e das matas desconhecidas.
Nem precisa dizer que o escritor, nascido em Lisboa, narra as bravuras do bandeirante Raposo Tavares, português de Beja, numa linguagem poética e dinâmica sobre a terra, os índios tupis e guaranis até as primeiras viagens pelo Amazonas.
Além de ser uma lenda e um mito, Raposo Tavares, como os outros bandeirantes, não era só um caçador de índios, mas um emissário do rei e da rainha com a incumbência de descobrir as riquezas e alargar as fronteiras além do Tratado de Tordesilhas.
O autor, pós-graduado em estudos europeus e especialista na área de relações internacionais e ciências da comunicação conta com grandeza a trajetória do bandeirante desde sua partida do arraial de São Paulo até as Missões (Rio Grande do Sul) nas linhas paraguaias.
Depois de guerrear e tomar a Missão “Jesus Maria”, numa leitura onde o tempo voa, você logo se depara com as aventuras do bandeirante pelo rio Amazonas até o Equador.
Pedro Pinto coloca o leitor dentro da história como um repórter fazendo uma reportagem e ainda tece duras críticas ao conceito deturpado dos jesuítas sobre os índios. Na visão deles, os índios não eram gente; não tinham almas; e precisavam ser salvos pelo seu Deus através da religião que os mesmos pregavam. O primeiro ato era eliminar os costumes, os hábitos e a cultura dos nativos.
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