CARAMURU E O LARGO DA MARIQUITA
Diogo Álvares Correia, o Caramuru, era natural da Vila Viana, atual Viana do Castelo, na Província de Entre Douro e Minho, norte de Portugal, e veio para as terras do Brasil ainda muito jovem.
Naquela época, a aventura marítima era um evento que fascinava os jovens, e ele se encantou com a situação expansionista de Portugal, pelo seu sentimento de transpor barreiras, uma característica da juventude. Apesar de todas as incertezas, Diogo, encarando o desconhecido e afrontando o medo de uma viagem de longo percurso, aventurou-se no sonho de conhecer novas terras, ou de conquistar um comércio real de enriquecimento, um objetivo do povo português e dos governantes da sua terra.
Em sua aventura de jovem, pelo destemor e sem desconhecimento das barreiras que enfrentaria, enveredou-se no mar e, entre 1510/1511, naufragou, nas costas brasileiras, nas imediações da praia do Rio Vermelho – terras do baixio do norte da Barra, em Salvador –, local que os índios Tupinambás denominaram de “Mairaquiquiig”. Com o passar dos tempos, o termo foi aportuguesado para Mariquita, daí o nome Largo da Mariquita, inserido no bairro Rio Vermelho, em Salvador.
Conta-se que Diogo Álvares Correia se salvou dos índios Tupinambás (ferozes guerreiros canibais que, em luta com os índios Caetés, expulsaram-nos para o interior do sertão) ao dar um tiro de arcabuz para o alto. Estes, espantados, acharam que seu prisioneiro possuía poderes mágicos. Com isso, ele conquistou o respeito e a veneração dos índios, que o apelidaram de “Caramuru”, que significa, em tupi, homem do Trovão.
Caramuru viveu bem entre esses índios. Absorveu sua cultura e seus costumes sem abandonar a civilização europeia. Foi bem acolhido, a ponto de o morubixaba Taparica dar-lhe uma de suas filhas, Paraguaçu, como esposa. Ao ter como sua mulher uma índia Tupinambá, tornou-se também um morubixaba, que reuniu europeus e ameríndios, constituindo uma aldeia mestiça, derivada dessa união.
Em uma viagem feita pelo casal a Saint-Malo, na França, em 1527, a convite do amigo Jacques Cartier, ela foi batizada na Catedral de Saint-Malo, em 30/07/1528 e passou a chamar-se Catarina Álvares Paraguaçu, Catarina do Brasil, em homenagem à madrinha Catherine dês Granches. Lá, também, eles se cassaram e ficaram na França por três anos.
Sob o governo do donatário da capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho, Diogo Álvares Correia, o Caramuru, recebeu importante sesmaria.
A origem do nome do Largo da Mariquita tem várias versões. Segundo alguns historiadores, Mariquita vem da palavra tupi “mairaquiquiig”, que significa lugar que dá peixe miúdo, o que ali havia em abundância.
“No livro História de Salvador nos Nomes das Ruas, de Luís Eduardo Dórea, escritor, jornalista e pesquisador, ‘mairaquiquiig’, em Tupi, significa soçobro dos franceses. Essa etimologia nos remete a Diogo Alvares Correia. Historiadores afirmam que Diogo Correia foi um provável tripulante de um navio francês, náufrago, que passou a vida entre os índios do Brasil e facilitou o contato entre nativos e os primeiros missionários que aqui chegaram, consta ter sido ali o local de seu naufrágio”. (Wikipédia).
Portanto, o nome do Largo da Mariquita é uma expressão aportuguesada de uma região onde habitavam os índios Tupinambás que a denominaram de “Mairaquiquing”, localizada no bairro Rio Vermelho, em Salvador, que significa “naufrágio dos franceses”, e Caramuru está inserido nesse contexto.
Pelos seus feitos e realizações, Caramuru, cujo nome constituiu a sua personalidade de europeu/indígena, tornou-se célebre na História do Brasil.
Caramuru faleceu na Bahia, em 05/10/1555, e o corpo está sepultado no Mosteiro de Jesus, atual Catedral Brasílica. Catarina Paraguaçu faleceu em 1586 e está enterrada na Igreja da Graça, a qual ela mandou construir em 1555 e foi doada aos Beneditinos.
Fonte:
Uma história da Cidade da Bahia, de Antônio Risério, 2ª ed. 2004;
Wikipédia;
Antonio Novais Torres,