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:: 29/fev/2016 . 22:37

O EX-HIPPIE QUE ELEGEU LULA E DILMA

Albán González – jornalista

Era uma manhã ensolarada do começo de julho de 1980. Salvador estava em ebulição com a chegada do papa João Paulo II, que cumpriria naquele dia na Cidade Baixa uma visita à basílica do Bonfim, inauguração de uma capela nos Alagados e um encontro com a Irmã Dulce, em Roma. Sob forte vigilância das forças de segurança – o país vivia os últimos anos da ditadura militar, sob a presidência do general João Batista Figueiredo –, um grupo de jornalistas aguardava debaixo de um sol escaldante, no pátio do II Distrito Naval, na praça Cairu, a chegada do helicóptero conduzindo o sumo pontífice, que dali iria dar continuidade a sua programação religiosa.

Espremido entre os colegas, no interior de um cercado, com bloco de papel e caneta nas mãos – a tecnologia da comunicação não era nem sonho -, o periodista autor destas linhas fazia a cobertura para o jornal “O Estado de S. Paulo” e para um semanário da Galícia, na Espanha. O helicóptero já estava sobrevoando a praça quando uma figura vestindo um terno espalhafatoso, cujas peças sobravam no seu corpo magro, acabava de atravessar o portão da unidade militar. Todos os olhares se voltaram para aquela miniatura do Falcão (cantor brega, cearense, de dois metros de altura).

– É o Patinhas, reconheceu um dos jornalistas.

Mais tarde voltei a ter notícias do Patinhas, que ainda não era chamado de João Santana, considerado atualmente como um dos 60 homens mais influentes do Brasil, eleitor de seis presidentes e objeto da Operação Acarajé, braço da Lava Jato da Polícia Federal. Antes de ingressar no jornalismo o baiano de Tucano, a 252 kms. de Salvador, onde nasceu em 5 de janeiro de 1953, adotou a filosofia hippie. Cabelo black power, foi membro da guerrilha cultural, participou da Tropicália, ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil, criou o grupo musical Bendegó, curtiu Waldick Soriano (“Eu não sou cachorro não”), fumou maconha e adotou como guru espiritual ao professor e inventor de instrumentos musicais, o suíço-baiano Walter Smetak (1927-1990).

Apelido recebido no Colégio Marista, de Salvador, por zelar com rigor pelas finanças do grêmio estudantil, Patinhas, na década de 80, mudou de postura, enveredando pelo jornalismo. Passou pelo “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “IstoÉ” e Veja; em 1992 ganhou o Prêmio Esso, com a reportagem “Eriberto: Testemunha Chave”, uma das peças do processo que derrubou Fernando Collor da Presidência da República. O tio sovina do Pato Donald, personagem de Walt Disney, está proibido hoje de ser mencionado diante do todo poderoso João Santana.

Responsável pelas eleições de Lula, Dilma e dos últimos presidentes de Angola, El Salvador, República Dominicana e Venezuela, Santana encontrou neste século a chave do cofre do seu ex-companheiro Patinhas. Ao lado da jornalista baiana Mônica Moura, sua sétima mulher, adquiriu carros  importados e antigos de luxo, viaja constantemente para Nova Iorque e Paris, suas cidades prediletas, frequenta restaurantes de luxo, tem apartamentos e mansões. Tudo isso, como ele garante, adquirido com dinheiro de campanhas políticas.

 





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