:: 24/fev/2016 . 23:51
UMA CIDADE FANTASMA
Lixo em pleno centro da cidade ao lado do mar
Do seu esplendor em 1823 quando reuniu tropas para lutar contra os portugueses, até o final do século 20 quando fervilhava de turistas do Brasil e do mundo, Itaparica, do escritor João Ubaldo Ribeiro, de “Viva o Povo Brasileiro” se tornou numa cidade fantasma com casarões fechados e ruas abandonadas com lixo em vários pontos. Por todo lado, percebe-se sua decadência com poucos visitantes nas praias e alguns bares e restaurantes abertos.
Na década de 70 e 80 ainda conheci esta Itaparica de muitos barcos e navios chegando na “Marina,” hoje somente algumas colunas de concreto e armações enferrujadas no mar. Curti com amigos e a família bons finais de semana naquele outro lado prazeroso da ilha que atraia centenas e milhares de turistas. Depois de mais de 30 anos voltei ao local no último final de semana e confesso que fiquei decepcionado com a situação.
Contada e decantada por João Ubaldo, é até compreensível que o filho ilustre preferisse seu sossego, tanto que estava sempre lá durante suas férias de janeiro e continuasse do Rio de Janeiro citando em suas crônicas dominicais do jornal A Tarde as histórias de seus amigos, como a do Zeca Comunista. No entanto, não se pode negar seu abandono pelo poder público, com o fechamento de residências e casas comerciais.
Mesmo assim, ainda continua todo imponente e charmoso o Grande Hotel Itaparica, atualmente pertencente ao Sesc, onde foi realizado de 19 a 21 de fevereiro, o encontro de ex-seminaristas, com as presenças do presidente da Fecomércio (Federação do Comércio da Bahia), Carlos Souza Andrade, seu chefe de gabinete José Humberto, bispo João Nilton, José Ribeiro Rosário, Fernando Sandes e muitos outros ilustres colegas de jornada na década de 60 no Seminário Nossa Senhora do Bom Conselho, em Amargosa.
Foram dias memoráveis de um bom papo, uma boa conversa e debates sobre a vida em geral. Muita filosofia, causos e testemunhos de cada um comprovaram, mais uma vez, que a formação do seminário deixou marcas positivas de que valeu a pena o tempo de convívio naquele ambiente de estudos e trabalho.
Foi como entrar no túnel do tempo e recordar o passado cheio de magias numa época de quebra de paradigmas e despertar para uma vida de mais conhecimento rumo à liberdade individual e coletiva. No meu caso, voltar a Itaparica foi também entrar no túnel do tempo, só que não é a mesma cidade entusiástica como era há mais de 30 anos. Aproveitei para dar um dedo de prosa com muitos moradores que concordaram com minha impressão e colocaram a culpa pela decadência no poder público que não tem dado a devida atenção que a cidade merece.
É uma pena que a histórica Itaparica, da heroína Maria Felipa, tenha se transformado numa cidade fantasma. O que mais vi foram ruas sujas, calçadas quebradas e quase ninguém para passar uma informação. A visão que se tem é de uma cidade que teve seu auge e agora está vivendo seus últimos momentos. Alguns pontos turísticos ainda estão lá como a Fonte da Bica de água jorrando nas torneiras, o Centro Cultural e o Mercado.
ESTÃO QUERENDO ACABAR COM O AUDIOVISUAL
Blog Refletor TAL-Televisión América Latina
Itamar Aguiar indica
Orlando Senna
A partir de 2003, com a consolidação da agência reguladora e fiscalizadora Ancine, a instituição da Condecine, tributos cobrados na própria atividade e investidos nela, e a criação de um Fundo Setorial, um projeto estatal inteligente e inédito ancorou o forte crescimento do audiovisual brasileiro, levando o Brasil a ser o décimo mercado audiovisual do mundo. Essa política pública, escalonada, gradual, tem como meta estabelecer o País como quinto mercado mundial até a próxima década. A última ação regulatória de peso, a lei da tv por assinatura, com quatro anos de vigência já provocou o aumento da produção em mais de 100%. Outro bom exemplo é o cinema: são poucos, bem poucos, os países que conseguem ter 18% da bilheteria nacional para seus próprios filmes como acontece no Brasil.
A Condecine-Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional incide sobre todos os segmentos industriais, comerciais e tecnológicos da atividade, gerando a maior parte dos recursos necessários. Ou seja, os recursos vêm da própria atividade. Ao contrário da tendência geral de queda de outras grandes atividades econômicas, o audiovisual cresce, seu peso na economia já é maior do que o da indústria farmacêutica. Sua condição autoalimentadora blinda o audiovisual contra a crise econômica e política que o Brasil está enfrentando.
Ou blindava. Este mês as empresas de telecomunicações, conhecidas como teles, impetraram um mandado de segurança contra a Condecine. O argumento é que não fazem parte da cadeia produtiva do audiovisual, apesar da telefonia prestar serviços de distribuição e recepção de conteúdos audiovisuais. Na verdade se trata de mais um ataque do capital internacionalizado à soberania brasileira e à sua autonomia legislativa. Quando falamos em atividade audiovisual não nos referimos apenas (e esse apenas é uma figura de linguagem conhecida como ironia) à enorme importância cultural do cinema, tv, vídeo, videogame e toda a gama das artes audiovisuais e de sua inigualável penetração psicossocial. Estamos falando também do mais importante setor econômico do século XXI, de uma poderosa atividade industrial-comercial que gera, direta e indiretamente, trabalho, renda e segurança familiar à população. O que significa que o ataque das teles impacta em cheio, ou no bolso, a sociedade civil brasileira.
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