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:: 9/fev/2016 . 10:22

CARNAVAL CULTURAL DE CONQUISTA

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Todos os anos neste período de carnaval, a cidade de Vitória da Conquista se transforma num feriadão com pouca gente nas ruas. Boa parte da população viaja para Ilhéus, Salvador e Rio de Contas na Chapada Diamantina. Para quem fica, a Prefeitura Municipal promove o carnaval cultural de três dias onde as famílias se divertem.

Neste ano, o evento foi realizado na praça conhecida como Pau da Bandeira no, centro da cidade, com a participação de cerca de duas a três mil pessoas por dia. A estrutura bem que atende a demanda, mas a folia começa sempre atrasada, por volta das 15 às 16 horas, deixando muita gente na espera da entrada das bandas.

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Para quem tem condições de viajar e gosta de apreciar as batucadas do carnaval, a melhor pedida é Rio de Contas onde a festa é tradicional com desfile de mascarados e outras apresentações folclóricas da terra. De dia os visitantes vão às cachoeiras, rios e trilhas e, à noite, a curtição acontece na praça da antiga cadeia. É muito bom e tudo ocorre na maior tranquilidade.

Não se pode dizer o mesmo de Salvador, cujo o carnaval, agora de oito dias de disputa eleitoral entre ACM Neto e o governador Ruy Costa, foi descaracterizado pelo barulho ensurdecedor de trios elétricos com “música” de péssima qualidade. O que mais se destaca são as bundas das mulheres e os corpos sarados e marombados dos puxadores, com gritos e macaquices de “tira o pé do chão” e “sai do chão”.

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Oh que saudades daqueles tempos quando, como repórter, cobria o carnaval nos anos 70 e 80 onde a participação era bem mais igualitária com músicas que tinham letras! Hoje existe a concorrência do pior, e a separação de classe entre o asfalto e os camarotes é bem mais visível.

Mesmo com crise e aperto fiscal, os governos municipal e estadual investiram quase 100 milhões de reais tirados dos cofres públicos para beneficiar uma minoria já enriquecida com a festa (cantores, donos de blocos e trios, camarotes, empresários da rede hoteleira e das agências de viagens). Os barraqueiros e ambulantes ficam com as migalhas.

O próprio Governo do Estado alardeia com orgulho que está investindo 69 milhões, enquanto afirma que não vai dar aumento para os servidores. O carnaval é o circo sem pão. Oh quanto paradoxo! Ao tentar imitar os ricos e os que têm maior poder aquisitivo, o pobre entra na gandaia e, ao término da festa, descobre que está mais pobre ainda. Vai de ônibus lotados e depois de um dia sofre para retornar para casa, com fome e sem dinheiro para pegar um taxi.

Os turistas de outros países acham que aqui é um paraíso de felicidade e não vê nenhuma crise econômica e política. Todos entram na farra e os governantes se esbaldam na disputa pelo voto. Quem faz mais festa leva a melhor.

Todos ficam contentes e realizados, porque, afinal de contas, todos merecem entrar na orgia insensata dos oito dias. O cantor Gilberto Gil pede um mês de carnaval e todos aplaudem. Enquanto isso, continuamos atolados na corrupção. Sem problemas!

Quem aponta as contradições e contrastes do nosso povo é visto como um fora do contexto que não sabe viver a vida como ela é. Pelo menos, com o circo superamos por oito dias nosso complexo de vira lata e somos o povo mais feliz do mundo. Somos a Roma antiga, só que lá era um império.

 

TRÊS SÉCULOS

Blog Refletor   TAL-Televisión América Latina

http://refletor.tal.tv/ponto-de-vista/orlando-senna-tres-seculos

Indicação de Itamar Aguiar

Orlando Senna 

Tenho a sensação e o espanto de que vivi os séculos 19 e 20 e estou vivendo este surpreendente e perigoso século 21. Essa suposta mágica do tempo não tem nada a ver com longevidade, com os mitos bíblicos de Matusalém e Noé (tenho apenas 75 anos), mas sim com circunstâncias históricas e geográficas. Na infância minha vida transcorreu em um mundo rural: em uma fazenda e em uma pequena cidade do interior baiano. As atividades da fazenda eram criatório de gado bovino e pequenas manufaturas. Não havia eletricidade, rádio, automóveis, nada dessas “modernidades” que já estavam em uso em outros lugares. A locomoção era feita em cavalos, carroças e carros de boi e o pensamento e comportamento se remetiam a 50 anos atrás. Era, em tudo e por tudo, uma extensão do século 19.

A pequena cidade, que tinha conhecido um esplendor econômico no passado com extração de diamantes, estava decadente, debilitada, sem rumo e sem futuro nas décadas 1940 e 1950 devido a uma severa diminuição das pedras preciosas em seu solo e subsolo. Uma comunidade isolada, esquecida pelo resto do mundo. Ou seja, parecia que também estava parada no tempo, com suas lembranças, suas saudades da monarquia e da escravidão, seus costumes ultrapassados, os tabus impedindo o desenvolvimento mental dos jovens, meu avô abismado com as garrafas de água mineral: “comprar água é o começo do fim do mundo”. Só parecia, pura aparência porque dois elementos básicos do século 20 já estavam presentes: eletricidade e cinema.

A eletricidade graças a um pequeno gerador movido a água, alimentado por um tanque, que fornecia luz elétrica para as ruas e metade das casas das seis da tarde às dez da noite, quando os rádios funcionavam. Luz amarela e fraca, luminosidade semelhante aos candeeiros domésticos. E o cinema graças à visão empreendedora de um empresário local, que também abriu outras salas de exibição nas cidades vizinhas, os filmes eram transportados entre elas em lombo de burro. E também havia uns poucos automóveis e caminhões, tão poucos que a criançada e os cachorros corriam gritando e latindo atrás deles quando algum aparecia. Entre as famílias de classe média a referência cultural era a França, mesmo depois da Segunda Guerra e com os filmes dos Estados Unidos sendo exibidos no cinema.

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