A CIA foi criada pelo presidente Harry Truman, em 1947, com a função de se dedicar à inteligência, mas não foi isso que ela fez ao longo dos anos. Ao contrário, desenvolveu técnicas de subversão; aprimorou operações de guerra na busca de aliados na oposição interna e no meio militar, principalmente durante a Guerra Fria; patrocinou golpes militares (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Nicarágua, Paquistão, Indonésia, Filipinas, El Salvador, dentre outros países); e praticou assassinatos, sabotagens e diversas atividades terroristas.

Com a invasão do Afeganistão em 1979 pela União Soviética, a CIA encorajou fundamentalistas e mercenários do Oriente Médio e África para sabotar e combater os russos. Por intermédio de representantes do Paquistão e Arábia Saudita, a agência estreitou vínculos com Usamah bin Ladin e financiou os mujahidin.

Bin Ladin começou a pensar no ataque às torres WTC quando a opressão e a tirania das forças coligadas dos EUA/Israel se tornaram insuportáveis contra Palestinos e o Líbano. O massacre de 1982 perpetrado por Israel com cobertura de tropas americanas aos acampamentos palestinos de Sabra e Chatila deixou marcas de revolta entre os islâmicos.

Como disse Muniz Bandeira, a CIA virou um monstro. Os presidentes Eisenhower e Kennedy utilizaram a agência de investigação como instrumento de intervenção contra a soberania de outras nações pelo mundo. Foi a partir daí que o complexo industrial militar convertera-se em poder de força na Guerra Fria, enquanto a União Soviética, submetida às leis do capitalismo de mercado, entrava em colapso, conforme previram Marx e Engels.

Em 2000, pelo Partido Republicano, representando a extrema-direita e ligado aos negócios do petróleo e ao complexo industrial militar, George Bush foi eleito por meio de uma decisão suspeita da Corte Suprema, tida como golpe judicial na análise de historiadores e cientistas políticos. Foram contemplados os interesses petrolíferos, os setores bélicos e conservadores.

O governo Bush, como enfatiza Muniz Bandeira, foi avisado, com antecedência, que estava para acontecer atentados em 2001 no país, mas, mesmo assim, não deu importância porque procurava um pretexto para declarar uma guerra infinita de inimigo difuso e indefinido entre o bem e o mal, como fez com os bombardeios contra o Afeganistão no mesmo ano. Em 2003 foi a vez de invadir com força bruta o Iraque.

Logo depois, o terrorismo islâmico recresceu e o número de atentados passou de 206 em 2003 para 651 em 2004, com 1.907 mortes contra 625 no ano anterior. Os atos de Bush fizeram ampliar a insurgência islâmica e aumentou a jihad.

O aiatolá Sayyid Muhammad, executado em 1980 pelo governo de Saddam Hussein, enfatizou que o mundo modelado pelo Ocidente era inaceitável, tanto isso era verdade que as leis impostas pelas forças de ocupação aos países islâmicos não modificaram as tradições arraigadas na cultura de seus povos.

No Iraque, os norte-americanos pretendiam conquistar posições geoestratégicas para controlar os recursos energéticos que saiam do Mar Cáspio e impedir que a China, a Europa e o Japão explorassem a região. Com seus propósitos em mente, Bush afrontou todos os princípios do direito internacional; violou a Convenção de Genebra e a Declaração Universal dos Direitos Humanos usando a tortura, como se tornou evidente nos campos de Guantánamo (520 prisioneiros) e Abu Ghraib, no Iraque, sem contar a entrega de presos para serem torturados em outros país (Egito, Paquistão, Arábia Saudita e Jordânia).

Diz Bandeira que os “democratic imperialists” exacerbaram radicalmente da mesma forma que Hitler e seu clique nazista na Alemanha. Numa comparação com o que ocorreu com o ataque às torres WTC, aponta que o incêndio do Reichstag instituiu o III Reich quando foi disseminada a tirania, sem modificar uma linha sequer da Constituição de Weimar.

A massa popular, segundo Muniz Bandeira, por vezes deixou se apossar por espasmos de histeria, como em 1692 quando centenas de pessoas foram presas e condenadas nos Estados Unidos (14 mulheres e cinco homens enforcados) sob acusação de feitiçaria. Milhares foram perseguidos no início dos anos 50 na caça aos comunistas comandada pelo senador joseph McCarthy. Os atentados de 11 de setembro produziram reações similares. “A caça aos terroristas revezou a caça às feiticeiras e a caça aos comunistas”-