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O trecho de cerca de 40 quilômetros da BR 430 entre Caetité até Igaporã em direção à cidade romeira de Bom Jesus da Lapa que nesses dias recebe cerca de 500 mil pessoas de todas as partes da Bahia e do Brasil, tem cheiro de morte pelo precário estado em que se encontra.

Em alguns locais só resta uma nesga de asfalto ondulado com um enorme desnível do chão. Qualquer descuido é um capotamento com morte na ribanceira ao lado. Muitos carros passam pela terra vermelha e outros balançam como se fossem virar. As curvas são altamente perigosas e não existe nenhum acostamento.

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Com os buracos por toda parte e o mato invadindo a estrada, que está mais para um “corredor polonês”, dá medo se passar nos cortes próximos à cidade de Igaporã. São carretas pesadas transitando, e nesta época o perigo aumenta com o volume de veículos pequenos, vans e ônibus que transportam romeiros e turistas que vão para a Lapa.

Pela situação de degradação e abandono, talvez este trecho seja o mais perigoso da Bahia. Todo cuidado é pouco e quem tiver juízo não deve viajar à noite em carro pequeno. Será que o Governo do Estado está sabendo? Outra no sudoeste da Bahia que está disputando o ranking das piores é o trecho entre a cidade de Anagé e Tanhaçu, cerca de 60 quilômetros.

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COISAS DA LAPA

Deixando o sufoco da estrada Caetité- Igaporã pra trás e chegando são e salvo ao destino, que é a romaria de Bom Jesus da Lapa, o visitante vai encontrar as ruas do centro sufocadas de transeuntes, carros, barracas e ambulantes por todos os lados. Com os passeios ocupados de mercadorias, as pessoas normalmente andam nas ruas truncadas. Vale a desorganização.

São coisas da Lapa como o aviso em um cartaz na entrada da Esplanada da Gruta, com letreiros bem nítidos, onde o Santuário que organiza os festejos recomenda que não se dê esmolas em dinheiro, mas é o que se mais faz, talvez por convicção de religiosidade.

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No meio desse sufoco e tumulto todo, uma coisa me chamou a atenção, não sei se das organizações protetoras dos animais. Um velho boi e um cavalinho mansos e dóceis ficam durante todo o dia selados em pé na espera de algum interessado pagar ao seu dono para tirar uma foto montado no seu cansado e estressado espinhaço.

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De tanto acostumados com o sofrimento e de tão imóveis, os animais dão a impressão de estátuas de um material qualquer. À primeira vista, dá para se enganar, mas basta chegar mais próximo e olhar bem que o boi balança a cabeça e suas grandes orelhas se movem. Confesso que tomei um susto e olhei bem para tirar a dúvida, se eram mesmo animais de verdade. Não é uma forma fora da lei de se ganhar dinheiro?

A Lapa não é só gruta, romaria, fé e religião. Naquela muvuca toda, você vê coisas inusitadas, inclusive nas peças, imagens e objetos antigos expostos à venda, sem contar os repentistas e cantadores de viola. Tem o ponto de cultura “Canta Vale”; tem o desenvolvimento e a tecnologia; e tem também o potencial agrícola do Projeto Formoso de Irrigação.

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