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:: 31/jul/2015 . 22:02

SÓ UM MILAGRE SALVA O “VELHO CHICO”

 

Ponte  Bom Jesus da Lapa – Santa Maria da Vitória no oeste sobre o “Velho Chico”LAPA-ROMARIAS 003

Os 400 a 500 mil romeiros de Bom Jesus da Lapa esperados desde o final de julho até dia seis de agosto próximo para os festejos ao Senhor muito têm que penitenciar e rezar pela recuperação do Rio São Francisco, o conhecido “Velho Chico” que a cada dia está morrendo de tantas agressões praticadas pelos homens desde os últimos cinco séculos.

Estive na Lapa na semana passada e ouvi muitos comentários de pesar e de tristeza a respeito da sua degradação geral e dos desmatamentos em suas margens, sem contar os dejetos jogados no leito pelas cidades e empresas. Percebe-se que o rio está secando e o assoreamento avança. Apareceram áreas de pequenas ilhas onde antes essas terras eram cobertas pelas águas.

Ouvi de pessoas o desânimo profundo de que não há mais como recuperar o “Velho Chico”, mesmo que os governos juntem todas as forças e invistam pesado em sua revitalização. Durante anos, como sanguessugas só fizeram retirar água para energia, para abastecimento das cidades, para irrigar a agricultura e quase nada de medidas para repor e conservar.

Depois da ideia maluca e mirabolante de fazer a transposição de suas águas para os estados do Nordeste, cujas obras estão rachadas e abandonadas no meio do caminho, o governo anunciou alguns projetos de revitalização que se arrastam lentamente, só para tapear, como se a natureza fosse se contentar com tão pouco. Sua revolta está sendo maligna.

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O descaso foi tão grande que sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, secou, e agora o rio definhado percorre os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas em seu leito agonizante de morte. Muitos locais nem são mais navegáveis e em outros já se passa a pé ou de carro e carroça, como quiserem. Desapareceram a fauna e a flora. Os peixes escassearam.

Portanto, só restam aos romeiros de Bom Jesus da Lapa, que recebe por ano mais de dois milhões de pessoas, fazerem muitas orações, preces e promessas para o Bom Jesus (seis de agosto), a Nossa Senhora da Soledade (15 de setembro), a Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro) e a Santa Luzia (13 de dezembro).

O frei Capio  jejuou por vários dias em suas margens na Juazeiro da Bahia, mas não quiseram ouvir sua penitência e clamor. São Pedro já fez de tudo quanto estava ao seu alcance, mas os homens, impiedosamente, se encarregaram de destruir, com suas atitudes e garras predadoras. Um dia não mais terão água para seus projetos gananciosos de irrigação, nem dele terão mais energia para abastecer cidades e vilas e não mais haverá ribeirinhos e ribeiros. Não mais se esbanjarão com suas orgias pecaminosas.

Enquanto ficamos aqui esperando por um milagre, por que as grandes empresas que pregam sustentabilidade social e ambiental em suas falsas propagandas não se unem para recuperar as matas ciliares e salvar o “Velho Chico” que há anos reduz sua vazão de água e perde seu encanto e magia?

Como disse o poeta: “E agora José”? Os peixes sumiram, o rio secou; não mais navios, barcos e velas; não mais o por de sol corado e vermelho refletindo em suas águas; não mais o verde de suas margens; não mais produção; não mais praias para se esbaldarem; não mais a gelada e a moqueca de surubim nas barracas com o vento batendo na cara;  não mais curtição; não mais passeios pelas suas costas  e lá se foram suas belezas naturais e as esperanças. Pelos seus cânions passarão tropas e cavalos. Só desilusão.

UMA ESTRADA COM CHEIRO DE MORTE

 

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O trecho de cerca de 40 quilômetros da BR 430 entre Caetité até Igaporã em direção à cidade romeira de Bom Jesus da Lapa que nesses dias recebe cerca de 500 mil pessoas de todas as partes da Bahia e do Brasil, tem cheiro de morte pelo precário estado em que se encontra.

Em alguns locais só resta uma nesga de asfalto ondulado com um enorme desnível do chão. Qualquer descuido é um capotamento com morte na ribanceira ao lado. Muitos carros passam pela terra vermelha e outros balançam como se fossem virar. As curvas são altamente perigosas e não existe nenhum acostamento.

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Com os buracos por toda parte e o mato invadindo a estrada, que está mais para um “corredor polonês”, dá medo se passar nos cortes próximos à cidade de Igaporã. São carretas pesadas transitando, e nesta época o perigo aumenta com o volume de veículos pequenos, vans e ônibus que transportam romeiros e turistas que vão para a Lapa.

Pela situação de degradação e abandono, talvez este trecho seja o mais perigoso da Bahia. Todo cuidado é pouco e quem tiver juízo não deve viajar à noite em carro pequeno. Será que o Governo do Estado está sabendo? Outra no sudoeste da Bahia que está disputando o ranking das piores é o trecho entre a cidade de Anagé e Tanhaçu, cerca de 60 quilômetros.

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COISAS DA LAPA

Deixando o sufoco da estrada Caetité- Igaporã pra trás e chegando são e salvo ao destino, que é a romaria de Bom Jesus da Lapa, o visitante vai encontrar as ruas do centro sufocadas de transeuntes, carros, barracas e ambulantes por todos os lados. Com os passeios ocupados de mercadorias, as pessoas normalmente andam nas ruas truncadas. Vale a desorganização.

São coisas da Lapa como o aviso em um cartaz na entrada da Esplanada da Gruta, com letreiros bem nítidos, onde o Santuário que organiza os festejos recomenda que não se dê esmolas em dinheiro, mas é o que se mais faz, talvez por convicção de religiosidade.

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No meio desse sufoco e tumulto todo, uma coisa me chamou a atenção, não sei se das organizações protetoras dos animais. Um velho boi e um cavalinho mansos e dóceis ficam durante todo o dia selados em pé na espera de algum interessado pagar ao seu dono para tirar uma foto montado no seu cansado e estressado espinhaço.

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De tanto acostumados com o sofrimento e de tão imóveis, os animais dão a impressão de estátuas de um material qualquer. À primeira vista, dá para se enganar, mas basta chegar mais próximo e olhar bem que o boi balança a cabeça e suas grandes orelhas se movem. Confesso que tomei um susto e olhei bem para tirar a dúvida, se eram mesmo animais de verdade. Não é uma forma fora da lei de se ganhar dinheiro?

A Lapa não é só gruta, romaria, fé e religião. Naquela muvuca toda, você vê coisas inusitadas, inclusive nas peças, imagens e objetos antigos expostos à venda, sem contar os repentistas e cantadores de viola. Tem o ponto de cultura “Canta Vale”; tem o desenvolvimento e a tecnologia; e tem também o potencial agrícola do Projeto Formoso de Irrigação.

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UMA CIDADE ROMEIRA DE DIFÍCIL MOBILIDADE NO CENTRO COMERCIAL

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Pense num centro comercial truncado, congestionado, cheio de barracas, camelôs e ambulantes por todos os lados onde os transeuntes andam nas ruas entre veículos, carrinhos de mão, charretes e carroças que mais lembra Nova Dheli, na Índia! Pois é, estamos falando de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, sinônimo de romaria, fé e religião, que recebe anualmente mais de dois milhões de pessoas.

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Com mais de 70 mil habitantes, os conflitos entre os lojistas e os ambulantes persistem há anos, principalmente no dia seis de agosto na Romaria do Bom Jesus quando a cidade recebe mais de 400 mil pessoas de todas as partes da Bahia, do Brasil e até do exterior. Existem ainda as romarias de 15 de setembro (Nossa Senhora da Soledade), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) e 13 de dezembro (Santa Luzia).

Conflitos no comércio

A administração do atual prefeito Eures Ribeiro, do PV, tem até tentado minimizar a situação, mas reconhece ser difícil controlar a invasão de ambulantes de fora, sem falar nos 250 pontos dispostos para os vendedores locais. Recentemente, a prefeitura retirou as barracas de zinco que ficavam na frente da Esplanada da Gruta e criou, ao lado, o Centro de Compras dos Romeiros com 84 boxes, mas os lojistas continuam reclamando.

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No centro, barracas de confecções, de miudezas, imagens, peças e objetos de lembranças das romarias que começam em julho e só terminam em dezembro, se misturam nas ruas e calçadas apertadas tornando muito difícil e complicada a mobilidade entre motoristas e pedestres.

Os comerciantes clamam por mais organização e fazem duras críticas à CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) que, segundo eles, tem sido ausente na solução dos problemas. Aliás, uma funcionária da entidade disse que a CDL está atravessando uma fase de transição, ou seja, no momento está sem diretoria definida e ninguém fala sobre o assunto.

Saindo do centro em direção ao mercado popular, às margens do Rio São Francisco, o Velho Chico, o quadro de aperto e favelização é o mesmo. O visitante logo vai se deparar com os barracões de doces, condimentos caseiros e peixes que mais parecem com um mercado persa dos países árabes do Oriente Médio.

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Tecnologia e desenvolvimento

O secretário de Administração, Gildásio Rodrigues Júnior, informou que o executivo está realizando uma série de obras estruturantes, a exemplo do novo Mercado Municipal, visando ordenar melhor o comércio e o trânsito dentro dos padrões de desenvolvimento que hoje representa Bom Jesus da Lapa como maior produtora de banana do Norte e Nordeste.

Fora os conflitos no comércio, Bom Jesus da Lapa, no oeste baiano, não é somente romaria, fé e religião. É também desenvolvimento agropecuário e tecnologia, além de ser referência em saúde com a reforma do hospital municipal e instalação de uma maternidade pelo poder público. Em parceria com a Secretaria de Agricultura do Estado, o município está construindo um frigorífico com capacidade para abater 100 animais por dia.

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O Instituto Tecnológico Federal Baiano, próximo ao Projeto Formoso de irrigação agrícola, avança com diversos cursos de profissionalização de nível médio e superior com perspectivas de abrigar 1.500 alunos até 2017. Com um espaço de mais de 90 hectares são oferecidos ali cursos de Agronomia, Ciências Naturais com opção em Biologia, Química e Física, Licenciatura, dentre outras especialidades para as comunidades e técnicos.

Para atender toda essa demanda, o Governo do Estado está empenhado em dotar a cidade de um moderno aeroporto, sem falar na construção de um novo complexo policial que será inaugurado neste final de agosto de 2015. Mesmo diante da crise econômica e política, o prefeito não se cansa de buscar recursos junto aos governos estadual e federal.

Lapa também é cultura através do movimento “Canta Vale”, coordenado pelo dinâmico e mobilizador Carlos Humberto. Com várias vertentes da arte, da música ao artesanato, o “Canta Vale”, que funciona há 21 anos como um ponto de cultura, envolve nove comunidades quilombolas beneficiando nove mil pessoas. É uma forma de fortalecer a cultura e gerar trabalho e renda para os artistas da região – diz o coordenador.

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UMA ANÁLISE DO PAN DE TORONTO

Carlos González

“Resultado histórico, estamos entre os três principais países das Américas”, escreveu, com orgulho desmedido, Dilma Rousseff, na página social que mantém na internet, dando início a uma série de mensagens que serão dirigidas nos próximos dias à população, estratégia adotada pelo marqueteiro João Santana (Patinhas), com a finalidade de alavancar a baixa popularidade da presidente, aconselhada a evitar aparecer na televisão, o que, certamente, iria provocar novos“panelaços”. Os mais otimistas preveem que nosso país ficará entre os dez primeiros nas Olimpíadas de 2016, que receberá 205 delegações – no Pan foram 41.

Vários fatores decorrentes do Pan-Americano de Toronto demonstram que não se justifica o ufanismo da presidente, cujo envolvimento com o mundo esportivo está no mesmo nível do seu conselheiro publicitário e, principalmente, do seu ministro do Esporte, o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, George Hilton. Galgado ao cargo para preencher vaga concedida ao seu partido, o baiano de Alagoinhas admitiu, ao tomar posse, diante das críticas da imprensa, que conhecia muito pouco de seu campo de trabalho. Meses depois, pressionado pela crônica especializada, declarou que era torcedor da Catuense e que o handebol era seu esporte favorito.

As 141 medalhas (41 de ouro, 40 de prata e 60 de bronze) ganhas pelo Brasil em Toronto, no Canadá, repetindo Guadalajara (México) há quatro anos, deram ao Brasil o terceiro lugar, superado pelos Estados Unidos e Canadá. Nas 17 edições do Pan, com exceção de 1963, em São Paulo, quando ficamos na segunda posição, estivemos sempre abaixo de Cuba, que totaliza 875 medalhas, desde 1951, em Buenos Aires, contra 328 dos brasileiros.

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CAMPO DE JOGO

Blog Refletor   TAL-Televisión América

 Indicação de Itamar Aguiar 

Orlando Senna

O futebol é o esporte mais popular do mundo, o que tem o maior número de praticantes, torcedores, fãs, profissionais e gestores. No que se refere aos gestores, estamos assistindo a uma eclosão de desvendamentos e providências relacionados à homérica corrupção dos cartolas em níveis nacionais e internacional. Em boa hora, a justiça dos EUA e da Suíça, o Congresso brasileiro e outras instituições decidiram acabar com a criminalidade e a impunidade dos mandriões da FIFA e das federações regionais e nacionais, começando pela prisão de sete dirigentes do alto escalão e o desmonte progressivo da máfia organizada por Joseph Blatter.

O suíço Blatter, à frente da FIFA há quase duas décadas, não foi o introdutor da criminalidade em alta escala na gestão do futebol, ele apenas seguiu a linha inventada e planejada pelo brasileiro João Havelange, presidente da entidade durante 24 anos, de 1974 a 1998. Segundo a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, a corrupção é sistêmica e enraizada e faz muitas vítimas: “dos países em desenvolvimento que deveriam se beneficiar com o dinheiro gerado pelos direitos comerciais aos fãs do futebol ao redor do mundo”.

A situação no Brasil, berço de Havelange, é das mais calamitosas, com os clubes endividados, a qualidade do futebol profissional em queda acelerada e uma política suicida de venda de atletas em formação para o exterior (só este ano já foram expatriados cerca de 400 jovens jogadores). Uma crise sem precedentes no antigo “país do futebol”, a ser analisada nos próximos meses em uma Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo senador Romário, que abordará, inclusive, os contratos de clubes com a TV e as ações obscuras das empresas de marketing esportivo. E isso é só uma levantada na tampa, ainda não é a abertura total da Caixa de Pandora. É o lado sombrio do futebol.

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