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SÓ UM MILAGRE SALVA O “VELHO CHICO”

 

Ponte  Bom Jesus da Lapa – Santa Maria da Vitória no oeste sobre o “Velho Chico”LAPA-ROMARIAS 003

Os 400 a 500 mil romeiros de Bom Jesus da Lapa esperados desde o final de julho até dia seis de agosto próximo para os festejos ao Senhor muito têm que penitenciar e rezar pela recuperação do Rio São Francisco, o conhecido “Velho Chico” que a cada dia está morrendo de tantas agressões praticadas pelos homens desde os últimos cinco séculos.

Estive na Lapa na semana passada e ouvi muitos comentários de pesar e de tristeza a respeito da sua degradação geral e dos desmatamentos em suas margens, sem contar os dejetos jogados no leito pelas cidades e empresas. Percebe-se que o rio está secando e o assoreamento avança. Apareceram áreas de pequenas ilhas onde antes essas terras eram cobertas pelas águas.

Ouvi de pessoas o desânimo profundo de que não há mais como recuperar o “Velho Chico”, mesmo que os governos juntem todas as forças e invistam pesado em sua revitalização. Durante anos, como sanguessugas só fizeram retirar água para energia, para abastecimento das cidades, para irrigar a agricultura e quase nada de medidas para repor e conservar.

Depois da ideia maluca e mirabolante de fazer a transposição de suas águas para os estados do Nordeste, cujas obras estão rachadas e abandonadas no meio do caminho, o governo anunciou alguns projetos de revitalização que se arrastam lentamente, só para tapear, como se a natureza fosse se contentar com tão pouco. Sua revolta está sendo maligna.

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O descaso foi tão grande que sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, secou, e agora o rio definhado percorre os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas em seu leito agonizante de morte. Muitos locais nem são mais navegáveis e em outros já se passa a pé ou de carro e carroça, como quiserem. Desapareceram a fauna e a flora. Os peixes escassearam.

Portanto, só restam aos romeiros de Bom Jesus da Lapa, que recebe por ano mais de dois milhões de pessoas, fazerem muitas orações, preces e promessas para o Bom Jesus (seis de agosto), a Nossa Senhora da Soledade (15 de setembro), a Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro) e a Santa Luzia (13 de dezembro).

O frei Capio  jejuou por vários dias em suas margens na Juazeiro da Bahia, mas não quiseram ouvir sua penitência e clamor. São Pedro já fez de tudo quanto estava ao seu alcance, mas os homens, impiedosamente, se encarregaram de destruir, com suas atitudes e garras predadoras. Um dia não mais terão água para seus projetos gananciosos de irrigação, nem dele terão mais energia para abastecer cidades e vilas e não mais haverá ribeirinhos e ribeiros. Não mais se esbanjarão com suas orgias pecaminosas.

Enquanto ficamos aqui esperando por um milagre, por que as grandes empresas que pregam sustentabilidade social e ambiental em suas falsas propagandas não se unem para recuperar as matas ciliares e salvar o “Velho Chico” que há anos reduz sua vazão de água e perde seu encanto e magia?

Como disse o poeta: “E agora José”? Os peixes sumiram, o rio secou; não mais navios, barcos e velas; não mais o por de sol corado e vermelho refletindo em suas águas; não mais o verde de suas margens; não mais produção; não mais praias para se esbaldarem; não mais a gelada e a moqueca de surubim nas barracas com o vento batendo na cara;  não mais curtição; não mais passeios pelas suas costas  e lá se foram suas belezas naturais e as esperanças. Pelos seus cânions passarão tropas e cavalos. Só desilusão.

UMA ESTRADA COM CHEIRO DE MORTE

 

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O trecho de cerca de 40 quilômetros da BR 430 entre Caetité até Igaporã em direção à cidade romeira de Bom Jesus da Lapa que nesses dias recebe cerca de 500 mil pessoas de todas as partes da Bahia e do Brasil, tem cheiro de morte pelo precário estado em que se encontra.

Em alguns locais só resta uma nesga de asfalto ondulado com um enorme desnível do chão. Qualquer descuido é um capotamento com morte na ribanceira ao lado. Muitos carros passam pela terra vermelha e outros balançam como se fossem virar. As curvas são altamente perigosas e não existe nenhum acostamento.

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Com os buracos por toda parte e o mato invadindo a estrada, que está mais para um “corredor polonês”, dá medo se passar nos cortes próximos à cidade de Igaporã. São carretas pesadas transitando, e nesta época o perigo aumenta com o volume de veículos pequenos, vans e ônibus que transportam romeiros e turistas que vão para a Lapa.

Pela situação de degradação e abandono, talvez este trecho seja o mais perigoso da Bahia. Todo cuidado é pouco e quem tiver juízo não deve viajar à noite em carro pequeno. Será que o Governo do Estado está sabendo? Outra no sudoeste da Bahia que está disputando o ranking das piores é o trecho entre a cidade de Anagé e Tanhaçu, cerca de 60 quilômetros.

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COISAS DA LAPA

Deixando o sufoco da estrada Caetité- Igaporã pra trás e chegando são e salvo ao destino, que é a romaria de Bom Jesus da Lapa, o visitante vai encontrar as ruas do centro sufocadas de transeuntes, carros, barracas e ambulantes por todos os lados. Com os passeios ocupados de mercadorias, as pessoas normalmente andam nas ruas truncadas. Vale a desorganização.

São coisas da Lapa como o aviso em um cartaz na entrada da Esplanada da Gruta, com letreiros bem nítidos, onde o Santuário que organiza os festejos recomenda que não se dê esmolas em dinheiro, mas é o que se mais faz, talvez por convicção de religiosidade.

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No meio desse sufoco e tumulto todo, uma coisa me chamou a atenção, não sei se das organizações protetoras dos animais. Um velho boi e um cavalinho mansos e dóceis ficam durante todo o dia selados em pé na espera de algum interessado pagar ao seu dono para tirar uma foto montado no seu cansado e estressado espinhaço.

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De tanto acostumados com o sofrimento e de tão imóveis, os animais dão a impressão de estátuas de um material qualquer. À primeira vista, dá para se enganar, mas basta chegar mais próximo e olhar bem que o boi balança a cabeça e suas grandes orelhas se movem. Confesso que tomei um susto e olhei bem para tirar a dúvida, se eram mesmo animais de verdade. Não é uma forma fora da lei de se ganhar dinheiro?

A Lapa não é só gruta, romaria, fé e religião. Naquela muvuca toda, você vê coisas inusitadas, inclusive nas peças, imagens e objetos antigos expostos à venda, sem contar os repentistas e cantadores de viola. Tem o ponto de cultura “Canta Vale”; tem o desenvolvimento e a tecnologia; e tem também o potencial agrícola do Projeto Formoso de Irrigação.

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UMA CIDADE ROMEIRA DE DIFÍCIL MOBILIDADE NO CENTRO COMERCIAL

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Pense num centro comercial truncado, congestionado, cheio de barracas, camelôs e ambulantes por todos os lados onde os transeuntes andam nas ruas entre veículos, carrinhos de mão, charretes e carroças que mais lembra Nova Dheli, na Índia! Pois é, estamos falando de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, sinônimo de romaria, fé e religião, que recebe anualmente mais de dois milhões de pessoas.

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Com mais de 70 mil habitantes, os conflitos entre os lojistas e os ambulantes persistem há anos, principalmente no dia seis de agosto na Romaria do Bom Jesus quando a cidade recebe mais de 400 mil pessoas de todas as partes da Bahia, do Brasil e até do exterior. Existem ainda as romarias de 15 de setembro (Nossa Senhora da Soledade), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) e 13 de dezembro (Santa Luzia).

Conflitos no comércio

A administração do atual prefeito Eures Ribeiro, do PV, tem até tentado minimizar a situação, mas reconhece ser difícil controlar a invasão de ambulantes de fora, sem falar nos 250 pontos dispostos para os vendedores locais. Recentemente, a prefeitura retirou as barracas de zinco que ficavam na frente da Esplanada da Gruta e criou, ao lado, o Centro de Compras dos Romeiros com 84 boxes, mas os lojistas continuam reclamando.

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No centro, barracas de confecções, de miudezas, imagens, peças e objetos de lembranças das romarias que começam em julho e só terminam em dezembro, se misturam nas ruas e calçadas apertadas tornando muito difícil e complicada a mobilidade entre motoristas e pedestres.

Os comerciantes clamam por mais organização e fazem duras críticas à CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) que, segundo eles, tem sido ausente na solução dos problemas. Aliás, uma funcionária da entidade disse que a CDL está atravessando uma fase de transição, ou seja, no momento está sem diretoria definida e ninguém fala sobre o assunto.

Saindo do centro em direção ao mercado popular, às margens do Rio São Francisco, o Velho Chico, o quadro de aperto e favelização é o mesmo. O visitante logo vai se deparar com os barracões de doces, condimentos caseiros e peixes que mais parecem com um mercado persa dos países árabes do Oriente Médio.

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Tecnologia e desenvolvimento

O secretário de Administração, Gildásio Rodrigues Júnior, informou que o executivo está realizando uma série de obras estruturantes, a exemplo do novo Mercado Municipal, visando ordenar melhor o comércio e o trânsito dentro dos padrões de desenvolvimento que hoje representa Bom Jesus da Lapa como maior produtora de banana do Norte e Nordeste.

Fora os conflitos no comércio, Bom Jesus da Lapa, no oeste baiano, não é somente romaria, fé e religião. É também desenvolvimento agropecuário e tecnologia, além de ser referência em saúde com a reforma do hospital municipal e instalação de uma maternidade pelo poder público. Em parceria com a Secretaria de Agricultura do Estado, o município está construindo um frigorífico com capacidade para abater 100 animais por dia.

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O Instituto Tecnológico Federal Baiano, próximo ao Projeto Formoso de irrigação agrícola, avança com diversos cursos de profissionalização de nível médio e superior com perspectivas de abrigar 1.500 alunos até 2017. Com um espaço de mais de 90 hectares são oferecidos ali cursos de Agronomia, Ciências Naturais com opção em Biologia, Química e Física, Licenciatura, dentre outras especialidades para as comunidades e técnicos.

Para atender toda essa demanda, o Governo do Estado está empenhado em dotar a cidade de um moderno aeroporto, sem falar na construção de um novo complexo policial que será inaugurado neste final de agosto de 2015. Mesmo diante da crise econômica e política, o prefeito não se cansa de buscar recursos junto aos governos estadual e federal.

Lapa também é cultura através do movimento “Canta Vale”, coordenado pelo dinâmico e mobilizador Carlos Humberto. Com várias vertentes da arte, da música ao artesanato, o “Canta Vale”, que funciona há 21 anos como um ponto de cultura, envolve nove comunidades quilombolas beneficiando nove mil pessoas. É uma forma de fortalecer a cultura e gerar trabalho e renda para os artistas da região – diz o coordenador.

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UMA ANÁLISE DO PAN DE TORONTO

Carlos González

“Resultado histórico, estamos entre os três principais países das Américas”, escreveu, com orgulho desmedido, Dilma Rousseff, na página social que mantém na internet, dando início a uma série de mensagens que serão dirigidas nos próximos dias à população, estratégia adotada pelo marqueteiro João Santana (Patinhas), com a finalidade de alavancar a baixa popularidade da presidente, aconselhada a evitar aparecer na televisão, o que, certamente, iria provocar novos“panelaços”. Os mais otimistas preveem que nosso país ficará entre os dez primeiros nas Olimpíadas de 2016, que receberá 205 delegações – no Pan foram 41.

Vários fatores decorrentes do Pan-Americano de Toronto demonstram que não se justifica o ufanismo da presidente, cujo envolvimento com o mundo esportivo está no mesmo nível do seu conselheiro publicitário e, principalmente, do seu ministro do Esporte, o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, George Hilton. Galgado ao cargo para preencher vaga concedida ao seu partido, o baiano de Alagoinhas admitiu, ao tomar posse, diante das críticas da imprensa, que conhecia muito pouco de seu campo de trabalho. Meses depois, pressionado pela crônica especializada, declarou que era torcedor da Catuense e que o handebol era seu esporte favorito.

As 141 medalhas (41 de ouro, 40 de prata e 60 de bronze) ganhas pelo Brasil em Toronto, no Canadá, repetindo Guadalajara (México) há quatro anos, deram ao Brasil o terceiro lugar, superado pelos Estados Unidos e Canadá. Nas 17 edições do Pan, com exceção de 1963, em São Paulo, quando ficamos na segunda posição, estivemos sempre abaixo de Cuba, que totaliza 875 medalhas, desde 1951, em Buenos Aires, contra 328 dos brasileiros.

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CAMPO DE JOGO

Blog Refletor   TAL-Televisión América

 Indicação de Itamar Aguiar 

Orlando Senna

O futebol é o esporte mais popular do mundo, o que tem o maior número de praticantes, torcedores, fãs, profissionais e gestores. No que se refere aos gestores, estamos assistindo a uma eclosão de desvendamentos e providências relacionados à homérica corrupção dos cartolas em níveis nacionais e internacional. Em boa hora, a justiça dos EUA e da Suíça, o Congresso brasileiro e outras instituições decidiram acabar com a criminalidade e a impunidade dos mandriões da FIFA e das federações regionais e nacionais, começando pela prisão de sete dirigentes do alto escalão e o desmonte progressivo da máfia organizada por Joseph Blatter.

O suíço Blatter, à frente da FIFA há quase duas décadas, não foi o introdutor da criminalidade em alta escala na gestão do futebol, ele apenas seguiu a linha inventada e planejada pelo brasileiro João Havelange, presidente da entidade durante 24 anos, de 1974 a 1998. Segundo a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, a corrupção é sistêmica e enraizada e faz muitas vítimas: “dos países em desenvolvimento que deveriam se beneficiar com o dinheiro gerado pelos direitos comerciais aos fãs do futebol ao redor do mundo”.

A situação no Brasil, berço de Havelange, é das mais calamitosas, com os clubes endividados, a qualidade do futebol profissional em queda acelerada e uma política suicida de venda de atletas em formação para o exterior (só este ano já foram expatriados cerca de 400 jovens jogadores). Uma crise sem precedentes no antigo “país do futebol”, a ser analisada nos próximos meses em uma Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo senador Romário, que abordará, inclusive, os contratos de clubes com a TV e as ações obscuras das empresas de marketing esportivo. E isso é só uma levantada na tampa, ainda não é a abertura total da Caixa de Pandora. É o lado sombrio do futebol.

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RADICAIS DIGITAIS

Blog Refletor  TAL-Televisión América Latina

Itamar indica Orlando sena

Dois acontecimentos encadeados me levaram, esta semana, a rever a pintura exponencial de Rembrandt e um filme essencial de Joris Ivens. Ou seja, me levaram para a Holanda dos séculos XVII e XX. De Rembrandt, que muita gente boa considera o maior pintor de todos os tempos, fui buscar os autorretratos. Como se sabe, ele fez cerca de 40 retratos de si mesmo, da juventude à velhice, mostrando a mutação da vida, o vendaval do tempo no próprio corpo, principalmente no rosto. É uma autobiografia pictórica e, sendo Rembrandt, realizada com técnica extraordinária, nenhuma autopiedade e sinceridade absoluta.

Desde muito tempo pessoas juntam os autorretratos de Rembrandt, na ordem em que foram feitos, nesses caderninhos que criam a ilusão de movimento quando folheados em velocidade constante com a ponta do polegar, para ver cinematográficamente a ação do tempo sobre o rosto do pintor. Com o surgimento do próprio cinema essa ilusão foi aperfeiçoada, agora é fácil de fazer no computador: aquilo não é apenas a super detalhada superfície de um rosto em transformação, mais que isso é um espírito cruzando as alegrias e agruras da existência humana, uma alma em ebulição. Em outro dizer, imagens que mostram muito mais do que apenas o que você está vendo.

Do outro holandês, Joris Ivens, o documentarista transbordante que retratou, ou captou, o século XX em 35 filmes, revi Une Histoire de Vent (Uma História do Vento). É o último filme de Ivens, realizado quando tinha 90 anos de idade, em 1988, na China. Ele sempre quis filmar o vento, não apenas na sua materialidade (espalhando sementes e furacões, por exemplo) mas principalmente na sua relação poética com o tempo. Em 1965 ele havia filmado Pour le Mistral, sobre o vento seco e frio que sopra no Mediterrâneo durante o outono. Em 1988 ele escolheu os ventos, no plural, como tema de sua última obra e como impulso para contar sua própria história.

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DE “UMA CONQUISTA CASSADA” A “ANDANÇAS”

Vem aí a obra “Andanças” do jornalista e escritor Jeremias Macário que há pouco tempo lançou “Uma Conquista Cassada” – Cerco e Fuzil na Cidade do Frio” que ainda pode ser encontrada nas principais livrarias e bancas de revistas de Vitória da Conquista.

De um trabalho que exigiu muita pesquisa sobre a ditadura militar em Conquista, na Bahia e no Brasil, dessa vez o autor resolveu partir para uma fase mais libertária e imaginativa, misturando ficção com a realidade. A previsão é que até o final deste ano, ou no início do outro, o livro já esteja à disposição do leitor.

O autor fala de  “Andanças”

Diferente dos dois últimos lançamentos “A Imprensa e o Coronelismo” e “Uma Conquista Cassada”, a obra “Andanças” é uma mistura de ficção com a realidade da vida em prosa, crônicas, contos e versos, numa retomada do livro “Terra Rasgada”. Pode ser lido do início, do meio ou a partir do fim.

Como já é uma sina em toda linguagem artística haver vestígios de DNA do autor, não sendo necessário ser bom detetive nem usar lupa para perceber isso em suas digitais, “Andanças” também tem uma pegada autobiográfica, além de um recheio de pesquisas em diversos temas abordados, como “1964, o Ano que nos Separou”, “As Tiradas Tiranas da Ditadura” e “Nas Brenhas do Mundo”.

Por abrigar uma variedade de assuntos, fatos reais e causos independentes, o livro, que considero dois em um (um brinde ao leitor), pode ser degustado de trás para frente, de qualquer ponto, reta ou curva sem essa de sequência linear.  Pode começar por “Andanças” ou “Na Estrada”, tanto faz. Vai depender do interesse e da viagem de cada um pela atração, ou identificação com o título da história e das estórias.

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PONTO DE VISTA

CADÊ O CENTRO DE CULTURA?

Fora o São João do Periperi, o Natal da Cidade e alguns shows da música brasileira em barzinhos nos finais de semana, não temos outras atividades culturais que contemplem as diversas linguagens artísticas, como a literatura, artes plásticas, dança e teatro. A opção em final de semana em Vitória da Conquista, terra de Glauber Rocha e Elomar, é ir a um bar com os amigos jogar conversa fora. Estamos tão órfãos da cultura que a reforma do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima está empacada há dois anos.

Ainda dizem que Conquista é uma cidade cultural! Pode até ser, mas com uma demanda ociosa imensurável. O que ainda nos restam, depois que acabaram com a micareta, são alguns eventos de cultura de massa como o Festival de Inverno, da TV Bahia/Sudoeste, e umas festas fechadas de axé music, sertanejo, arrocha e pagode.

Triste Conquista, como mais de 300 mil habitantes, sem Centro de Cultura, sem uma bienal do livro, de artes plásticas e um festival de artes cênicas! Bem verdade que temos o Espaço Cultural Glauber Rocha, da Prefeitura Municipal, mas ainda subutilizado. Com uma universidade estadual, uma federal e umas dez faculdades particulares, potencial existe, mas pouca coisa é feita.

A impressão que se tem é que existem no estado duas culturas, a de Salvador e a do interior. Esta última é a prima pobre da primeira. A maioria dos prefeitos trata a cultura como evento e não como política cultural como deveria ser.

COMO PREVINIR?

Sempre ouvimos pela mídia recomendações médicas e do próprio governo para que as pessoas façam exames rotineiros de saúde como forma de se prevenir de doenças coronárias, hipertensão e câncer, principalmente. Só falta dizer que com a precariedade nos serviços de atendimento à saúde em nosso país, tudo isso não passa de propaganda enganosa, ou falatório demagógico. Sabemos muito bem o quão difícil é marcar um exame, sem falar no tempo de espera para ser atendido e, às vezes, o SUS não realiza o procedimento. Na maioria dos lugares, esse tempo chega a durar cinco a seis meses. Agora mesmo o médico me pediu um exame de sangue que o SUS não faz. Como é dito, até parece fácil demais. Aqui é uma beleza: Todo mundo tem grana à vontade, plano de saúde e médico à sua disposição. Por que a nossa mídia não questiona? Como é tudo precário, estressado e revoltante, muita gente só procura um médico quando está na pior, ou nas últimas como se diz por aí.

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MAQUIAGEM OU SACANAGEM?

A “reforma política” proposta pelo reacionário Congresso Nacional, comandado por Eduardo Cunha, não passa de mais um deboche com o povo brasileiro. É abusar demais da nossa paciência. Essa espuma tóxica que eles estão nos metendo goela abaixo é uma maquiagem, ou uma tremenda sacanagem? São as duas coisas juntas. É veneno puro!

Essa reforma, cujo relator Rodrigo Maia, do DEM, representa um partido da elite direitista conservadora, pode ser comparada a uma cirurgia plástica feita por um charlatão com silicone falsificado da China ou do Paraguai. Logo mais esse produto vai estourar e infeccionar o organismo, levando o paciente para a UTI da morte. Aliás, esse corpo já está ferido e doente.

Como palestinos na Faixa de Gaza, o povo brasileiro está encurralado diante de um executivo enfraquecido e um Congresso retrógrado que agora está dando uma de bonzinho ao aprovar projetos populistas como lobo em pele de cordeiro. Para disfarçar, de um lado faz um “agrado social” relaxando o ajuste, e do outro vai empurrando o país para o retrocesso.

O Eduardo Cunha e mais 13 deputados gastaram quase 400 mil reais em passeios por Israel e Rússia. No vácuo da rejeição estrondosa do governo e nas mazelas do seu partido, especialmente da corrupção da Petrobras (Operação Lava Jato), o Congresso vai emplacando projetos na base do grito num esquema que cheira com o nazi-fascismo.

A mídia não faz uma reflexão mais apurada do que vem acontecendo em surdina, tudo de caso pensado. Pelo texto da maquiada reforma, a empresa que tem um contrato de execução de obra com o governo de um estado não pode “doar”, ou melhor, emprestar ao governo daquele estado, mas é permitido fazer a safadeza aos candidatos nos municípios do estado, de outros estados e do governo federal.

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POVO, PODER, POESIA

Blog Refletor   TAL-Televisión América

  Itamar Aguiar  indica Orlando Senna

A liberdade é um dos fundamentos essenciais da convivência humana e, em consequência, da organização política dessa convivência, do modus operandi de uma civilização, de uma sociedade capaz de sobreviver à sua própria ação predatória. O filósofo suíço Rousseau, inspirador da Revolução Francesa, escreveu que o ser humano é bom por natureza mas sofre a influência corruptora da sociedade. Pois, o modus operandi de uma boa sociedade é a democracia, disseram os gregos: demos kratos, poder do povo, governo do povo. A ideia e as tentativas de implantá-la começaram aí, na Grécia, 500 anos antes de Cristo. Já lá se vão 26 séculos.

Conceito e prática de democracia estão, também em consequência, diretamente relacionados com a crise ética-política-econômica-ambiental que o mundo está vivendo. Por ironia dos deuses do Olímpio, neste momento a crise se exemplifica, se sintetiza, se metaforiza na Grécia. A propósito, Platão foi desdenhoso em A República: “a democracia se estabelece quando os pobres, tendo vencido seus inimigos, os massacram e banem e partilham igualmente com os restantes o governo”. Lincoln foi objetivo: “voto é mais forte que bala”. Churchill foi irônico: “a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais formas que têm sido experimentadas”. E George Orwell, o inventor do verdadeiro Big Brother em 1948, deu o diagnóstico em Revolução dos Bichos: “todos somos iguais, mas alguns são mais iguais que outros”.

Durante os dois milênios e meio em que está sendo pondo em prática, ou tentando ser posta, a democracia raramente se aproximou de suas matrizes de igualdade social e autossustentabilidade coletiva e muitas vezes desandou em todas as direções. Dizem os teóricos que as disfunções democráticas acontecem devido à opção pela democracia representativa, pela delegação que o povo concede aos políticos para representá-lo, ser a sua voz. E dá no que dá. O caminho de construção de um poder pleno do povo seria a democracia participativa, a democracia direta dos cidadãos decidindo nas praças o que e como deve ser feito. É claro que, na atualidade de superpopulação e redes sociais digitais, o conceito de democracia participativa tem de ser redesenhado mas, em sua forma original, é recorrente na filosofia política, inclusive no citado Rousseau, que a defendeu e atacou o liberalismo.

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