“Estão cutucando a onça, ou o cão com a vara curta”. “Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega”. Este último ditado popular se encaixa muito bem sobre a situação do brasileiro que só tem recebido pacotes de maldades, com um Congresso Nacional (513 deputados e 81 senadores) que continua subestimando o clamor do povo nas ruas.

O Brasil, no desabafo de um articulista da nossa mídia, desliza sobre o fio da navalha diante das dificuldades cujo preço recairá sobre os ombros da população. Diria que a mentira venceu a verdade e estamos sendo cinicamente esmagados, sem opção de escolha porque o outro lado ainda é pior que o outro.

Não se trata aqui de discutir centro, direita ou esquerda, mas das maldades a que estamos sendo submetidos em nome de um partido no poder que nos prometeu salvação, especialmente na ética, e se aliou a criaturas estranhas de cabelos lisos e engomados, mais parecidas com a Família Franquisthem, a começar pelo seu patriarca Michel Temer, do PMDB.

De um lado, depois da farra, nos enforcam com os cortes nos gastos públicos, inclusive na educação, restrições de direitos trabalhistas e aumentos nos preços dos combustíveis que geram mais inflação.

Do outro lado, o Congresso, comandado por um centrão conservador elitista de olho no poder, nos faz de trouxas esbanjando mordomias e luxúrias aos seus membros. Entre eles, uma “reforma política”, mas com garantias dos banquetes.

Não existem mais termos sórdidos no dicionário português que qualifiquem esse pessoal e façam com que tomem vergonha na cara e respeitem os brasileiros. Não, eles riam e, cada vez mais, destilam suas maldades. Mais cedo ou mais tarde, este caldeirão vai explodir.

Ainda nesta semana, como demonstração deles de que não existe opinião pública para deter e dar um basta em seus privilégios, sem limites, o sr. presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, (o terceiro na linha sucessória presidencial) mirou certeiro contra as esperanças dos brasileiros.

Como se o país estivesse vivendo num paraíso de igualdade e justiça social, saiu distribuindo benesses para seus pares, no toma lá, dá cá. Agora as mulheres dos deputados federais podem viajar de seus Estados de origem a Brasília às custas da Câmara. Além de imoral, quem garante que elas vão ser mesmo as digníssimas esposas, ou outras do prazer pagas com o nosso dinheiro?

Triste sina do Brasil! Quando se acreditava que o trem do desenvolvimento e do crescimento iria embalar, sofre um descarrilamento. A nova orgia vai representar um custo adicional de R$112,8 milhões até o fim do ano e R$150,3 milhões em 2016, o que significa o retorno das “farras das passagens” instituídas até 2009.

Tem muito mais que isso, “cidadão” que sempre se orgulha de ser brasileiro quando vai à urna votar. Os benefícios, aprovados pela Mesa Diretora (nem foram á votação), contemplam reajustes na verba de gabinete (18%) que passam de R$78 mil para R$92 mil por mês; no cotão para o exercício parlamentar (8,7%), de R$18,6 milhões para R$20,3 milhões mensais; e no auxílio moradia (11,9%), de R$3,8 mil para R$4,3 mil, o que equivale a um gasto extra de R$805,5 mil neste ano e R$1 milhão em 2016.

Propagam muito por aí do direito à greve e às manifestações populares, conforme reza a Constituição, mas sempre mandam a força bruta nacional e o poder judiciário para esmagar os movimentos. Que democracia é essa? Prevalece a mentira.

Os números escandalosos e negativos nos deprimem. Anunciam por aí o pedido de impedimento de dona Dilma por irresponsabilidade nas contas públicas e por consentir que “a nossa Petrobrás” fosse assaltada pelos gangsteres de plantão, mas esquecem que é o Michel Temer e o Eduardo Cunha que irão assumir o poder. Estamos mesmo num beco sem saída.