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SERÁ QUE AINDA EXISTE RETORNO?

Depois das reuniões sobre o clima e a preservação do meio ambiente, os representantes de suas nações retornam para suas casas e mandam que as pessoas consumam mais e mais, para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) de suas economias. Enquanto isso, o aquecimento global está cada vez mais visível. O planeta só recebe lixo tóxico, como este jogado em plena caatinga, contaminando a natureza, toda fauna e a flora. Algumas Ongs, empresas e órgãos mostram práticas isoladas de sustentabilidade e ações para proteger a terra, mas será que ainda existe retorno e salvação? É muito pouco o que estão fazendo. Na minha visão, com a estupidez e a ignorância humana, o caminho é a destruição da terra dentro de mais alguns séculos, ou menos que isso. Os gazes venenosos a partir do uso dos fósseis (petróleo e o carvão, principalmente), as guerras destruidoras e o lixo estão por todas as partes que mostram essa triste realidade. Até o nosso lindo sertão nordestino está virando um deserto, e seu chão salinizando, tornando-se improdutivo. Será que ainda existe retorno?

ESCRAVIZADOS

De Danilo Jamal, em POFESTO – Ação Direta, Editora EDU O.

Pela frente ou por trás,

Nenhum deles sabe o que faz.

Nos tiram o direito,

Alegando que é em nome da paz.

Nos jogam em qualquer lugar

Feito animais,

Mancham nossa história

E esquecem nossos ancestrais.

Nos colocam em vitrines,

Para ver quem paga mais.

São essas as grandes

Injustiças sociais.

A PROCRIAÇÃO E A POBREZA EXTREMA

Por que a geração de muitos filhos em famílias sem instrução anda de mãos dadas com a pobreza extrema no Brasil, quando deveria ser o contrário pela lógica? Dá para entender esse paradoxo que sempre acontece nos países mais atrasados do planeta? Ouvia dizer, até em tom jocoso, que antigamente ter doze parições era porque não havia televisão em casa. Vieram a TV, a internet, o celular e haja parir. Agora é culpa da tecnologia?

Os sociólogos, os médicos e cientistas da reprodução que se debruçam sobre o assunto têm explicações plausíveis e apontam algumas causas, como a falta de educação (ignorância e o analfabetismo), ausência de políticas públicas dos governos na área do controle da natalidade e a religião, através da Igreja Católica e até a evangélica, que condenam métodos anticonceptivos.

No momento o que vemos são imagens da fome que se alastra em nosso país, e o mais chocante ainda é ver muitas mulheres na extrema pobreza com três, quatro e cinco crianças pequenas e grávidas esperando a chegada de outro bebê. Mais grave ainda é que a maioria vive sozinha sem assistência, nem que seja mínima, do pai. O pai transa e some. A maioria também vive em estado de penúria.

Se a fome já é um horror e triste, bem sabe quem já passou, pior ainda é ver uma penca de crianças chorando pelos cantos de um casebre pedindo alimento porque a barriga não espera. Essa prole numerosa entre a pobreza extrema só acontece nos países mais atrasados e retrógrados do mundo, e aí entram a falta de instrução e a interferência religiosa fanática, principalmente.

Para as igrejas, ainda nos tempos de hoje, em pleno século XXI, é pecado interromper a concepção, mesmo com o sacrifício monstruoso de deixar crianças sofrendo, sem educação, perspectiva de vida e ainda com a grande probabilidade de engrossar os batalhões de marginais e bandidos na sociedade, gerando mais violência. Qual alegria e felicidade botar mais um ser humano para sofrer e passar fome na vida?

É só dizer que Deus dá um jeito para tudo? Que foi ele quem assim quis? Será que Deus concorda com esse pensamento teológico ou doutrina irracional criada pelos homens da Igreja? Qual é o maior pecado, deixar de gerar e parir muitos filhos, de modo a evitar sofrimentos, ou tê-los à vontade, sem as mínimas condições financeiras para sustentá-los, largados à própria sorte e à caveira da fome? Quem são os culpados por tudo isso?

Os governos não estão nem aí, e quando se fala em controle de natalidade, os conservadores caem de pau e até resistem com cartazes e manifestações de ruas. Por que eles não tomam conta das criancinhas famélicas e raquíticas proliferadas pela pobreza, especialmente no Nordeste? Por que as igrejas não assumem as responsabilidades de cuidá-las e educa-las? No máximo fazem umas doações merrecas e depois viram as costas.

O interessante é que esses religiosos fanáticos de nível aquisitivo melhor não têm tantos filhos. O que esses hipócritas fazem para gerar menos? Os ricos, por exemplo, não querem mais que um ou dois rebentos, que são criados pelas babás. Estão mais preocupados em ganhar dinheiro que acompanhar o crescimento e a formação das crianças.

Na situação em que se está, o Brasil já era para ter uma política com rígido controle de natalidade, como na China e outros países, com campanhas instrutivas (seminários, palestras, cursos e propagandas), distribuição de anticoncepcionais (camisinhas, pílulas) e métodos para não engravidar, a começar pelos adolescentes pobres das grandes periferias. Certas Ongs prestam algum serviço nesse sentido, mas com pouca abrangência.

Com essas políticas, educação para todos e outras ações de assistência social, os governos gastariam bem menos que com bolsas famílias, que até estimulam ter mais filhos, e esses auxílios de bilhões de reais todos anos, na maioria eleitoreiros para ganhar o voto da miséria ignorante. Em poucos anos teríamos uma redução da pobreza e da fome, porque não dá mais para esperar pela educação universal e de qualidade. Essa tardará muitos anos a vir.

AS FARRAS DAS EMENDAS PARLAMENTARES E O CAOS SOCIAL NO BRASIL DO MAPA DA FOME

O Congresso Nacional se transformou no pior câncer do Brasil ou num vírus que já matou mais que a Covid-19, enquanto juristas de tendência política cravam suas garras no Supremo Tribunal Federal (STF) dizendo que a corte deu um golpe com suas sentenças ao interferir nos outros poderes, sobretudo no executivo.

Não restam dúvidas que estão todos apodrecidos, mas o STF é apenas provocado e ainda procura defender a nossa frágil democracia de uma ditadura militar. Ainda é uma trincheira a favor de eleições livres. No entanto, o Congresso é o maior vilão, principalmente a partir do “Centrão” comprado por emendas escandalosas, enquanto mais de 50 milhões passam fome e ficam nas filas do osso e das peles de animais para fazer um escaldado para enganar o estômago.

CATAM LIXO NAS RUAS

Crianças aparecem raquíticas e desnutridas como nas cenas degradantes e desumanas em Biafra, Senegal, na Guiné, no Haiti e no Congo. Milhões de desempregado catam lixo nas ruas, e a polícia todos os dias joga jatos de água em moradores de rua e desloca as cracolândias para outras praças e avenidas. Vivemos um verdadeiro caos social, com matanças indiscriminadas pela violência e massacres de seres humanos. Lá fora, nós somos vistos com pena pelos estrangeiros.

Enquanto isso, por apoiar presidentes da Câmara, do Senado e o próprio capitão-presidente psicopata, deputados e senadores recebem polpudas emendas parlamentares secretas para aplicar em projetos escusos eleitoreiros. São 15, 20, 30 e 50 milhões que recebem quando ocorre uma votação de interesse particular para manter o poder, como a recente que aumenta o auxílio “emergencial”, como se isso fosse resolver o problema da miséria.

O próprio senador Marcos do Val, do Podemos, achou estranho ter sido aquinhoado com uma emenda de 50 milhões de reais para o estado do Espírito Santo. Até o próprio ficou estarrecido e foi perguntar o motivo. A resposta foi porque ele apoiou o Pacheco para ser eleito presidente do Senado. Mesmo sendo eleitos e com direito como os outros, alguns ficam com apenas 10 ou 15 milhões.

Por si só, essas emendas já são uma aberração, especialmente agora com um tal orçamento secreto. São verdadeiros vendilhões do templo, e ainda aparecem os cínicos e os caras de pau na televisão falando que estão trabalham pelo povo, pela causa social. O Congresso, meus senhores, é uma quadrilha organizada e, tanto a direita, a esquerda, a extrema e o centro se unem quando o negócio é saquear os cofres públicos ou aprovar leis eleitoreiras para que todo esse sistema permaneça como está.

Em outro país, de gente não submissa e indignada, que não aceita ser explorada, já teria ocorrido uma revolução ou invasão dos palácios imperiais, como aconteceu agora no Siri Lanka, na Ásia. Aqui, todos baixam a cabeça e ainda agradecem as migalhas que recebem, dando seu voto de misericórdia a esses malfeitores e salteadores. Temos uma massa manobrável sem nenhum nível crítico que foi construída e moldada ao longo da história desses 522 anos de corrupção e falta de educação.

Escrevo esse texto transbordando toda minha revolta quando em minha mente passa todos os dias esse quadro de terror em meu país, que muito gostaria que fosse outro, não com essa tirania social de milhões passando fome e amontoados em casebres fedorentos, sendo aos poucos exterminados. São, na verdade, milhões de mortos-vivos. São fantasmas!

Depois das eleições é comum ouvir de “cientistas políticos” e das próprias estatísticas feitas por agências de pesquisas que o Congresso, as assembleias e as câmaras de vereadores tiveram renovação de 50 e até 60%, mas tudo isso não passa de mais um engodo. Na verdade, são os velhos caciques que entregam o bastão do poder para seus filhos e parentes mais novos, que já carregam o DNA dos pais e avós, com os vícios das malandragens.

Depois de mamar por muitos e muitos anos e encher as burras de dinheiro, o pai, ou o avô, chama o filho ou o neto e simplesmente diz que vai dar 100, 200 ou 300 mil votos para eleger sua cria. Outras vezes o cara resolve subir para a Câmara Federal ou Senado e seus mesmos votos elegem seu herdeiro para uma assembleia estadual, como nos velhos tempos dos coronéis e oligarcas latifundiários.

Esse esquema anacrônico já perdura há séculos. Então, não existe nada de mudança, só ilusão para os olhos de quem não enxerga. A grande maioria dos brasileiros está cega, muda e surda; sofre de amnésia; continua a cometer os mesmos erros do passado porque não tem história; e a outra parte menor aproveita dessa cegueira para roubar e fazer suas falcatruas. Isso tem passado de geração em geração, mas essa galinha dos ovos de ouro um dia pode secar.

PRIMEIRO ENCONTRO DOS POVOS DE AXÉ

POR UMA PRAÇA DOS ORIXÁS EM CONQUISTA

Com um ato religioso das mães de santo, acompanhadas pelos sons dos ataques, na abertura dos trabalhos, foi realizado em Vitória da Conquista, no último dia 9 (sábado), na Praça de Alimentação do Centro Cultural Glauber Rocha, o 1º Encontro dos Povos de Axé, com a representação de vários terreiros, do secretário de Desenvolvimento Social, Michael Farias Alencar Lima, do presidente do Conselho Municipal de Cultura, Jeremias Macário, dentre outros convidados do candomblé e da sociedade civil e militar.

Na avaliação de Mãe Graça, presidente da Rede Caminhos dos Búzios, uma das organizadoras do evento em conjunto com o Coletivo de Entidades Negras e Associação Cultural Agentes de Pastoral Negros, o encontro foi muito proveitoso por ter colocado em discussão questões atuais relacionadas aos povos de axé e aos negros em geral, como a intolerância religiosa, a retomada da Fundação Palmares, políticas públicas para os negros, o racismo que continua arraigado em nossa sociedade, as dificuldades que atravessam os terreiros em Conquista (mais de 70), a assistência social a essa gente, dentre outros problemas que afligem os afrodescendentes.

Na ocasião, ocorreram mesas redondas, rodas de conversas com temas sobre religião, racismo, participação do povo de Axé na política e outras abordagens. O encontro que teve início por volta das 9 horas da manhã, só terminou no final da tarde, com várias posições dos participantes contra a falta de políticas públicas dos governos em relação aos povos negros que têm sido vítimas de ações de violência e discriminação por parte de policiais.

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Segundo Mãe Graça, o encontro, que contou com a participação de mais de 160 pessoas, foi um marco, e outros virão para unir mais ainda os povos de axé, visando alcançar seus objetivos e demandas. Em sua fala na abertura, o presidente do Conselho de Cultura condenou a intolerância religiosa que ainda perdura em pleno século XXI, e disse que não devíamos estar mais discutindo esse assunto, se houvesse mais compreensão e respeito religioso. Infelizmente, ainda estamos num país atrasado em pleno 2022.

Ainda em seu pronunciamento, sugeriu, com apoio e iniciativa do legislativo e do executivo, que seja criada em Vitória da Conquista, a Praça dos Orixás, como já existe a Praça da Bíblia, do Índio e outras em homenagens a personalidades da nossa história. O secretário de Desenvolvimento Social prometeu realizar ações de assistência social junto às comunidades de terreiro ainda nesses próximos meses.

O encontro teve ainda as presenças das mães de Santo Olinda, babalorixá e coordenadora da Igualdade Racial, Carminha, Cris, Lena, Paula, dos pais de Santo Idailton, Marcos, Santinho, Luciano, Ricardo, de Thais Pimenta, do Conselho de Cultura e do Núcleo Territorial de Cultura do Estado, do vereador Alexandre Xandó, também integrante titular do Conselho de Cultura, representantes do Conselho Titular da Criança e do Adolescente, da OAB, de outros órgãos e entidades da sociedade conquistense.

PROIBIDO USAR SEDA E SAIR À RUA AO ANOITECER NO BRASIL ESCRAVOCRATA

“De um lado, havia a mulher branca reclusa, religiosa e submissa, sempre sobre os cuidados e as ordens do pai ou do marido. De outro, a mulher negra sensual, voluptuosa, cujo descontrole sexual seria responsável pela corrupção dos bons costumes da América Portuguesa”

São dois dos estereótipos femininos principais aos olhos do Brasil masculino apontados pela historiadora Sheila de Castro Faria no livro “Escravidão” da segunda trilogia do jornalista e escritor Laurentino Gomes.

Na verdade, as mulheres brancas e negras desempenharam papel importante no período do Brasil escravocrata. Muitas já eram chefes de família e empreendedoras. As mulheres escravas trabalhavam para alforriar seus maridos e filhos. Ao contrário do que se pensava, constituíram famílias.

De acordo com a historiadora Sheila, “a ideia comum nos relatos sobre a colônia era de que as índias e as negras, sobretudo as mulatas, só serviam para a fornicação, pois teriam vocação libidinosas, pondo a perder os homens”. Laurentino descreve que haviam leis rigorosas da Coroa Portuguesa contra as mulheres, como a proibição de que elas usassem vestidos de seda e que saíssem à rua ao anoitecer.

Nos livros, a maioria dos historiadores coloca a mulher negra como sexualmente disponível, “a que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama de vento, a primeira sensação completa de homem”, como na imagem bucólica de Gilberto Freyre, mesma visão tinha ele a respeito das indígenas.

Narra Gilberto que “as mulheres eram as primeiras a se entregarem aos homens, as mais ardentes indo esfregar-se nas pernas desses que supunham deuses. Davam-se ao europeu por um pente ou um caco de espelho”.

Laurentino destaca que o médico maranhense Nina Rodrigues atribuía à mulata a tendência promíscua da sociedade brasileira no campo sexual. Segundo ele, uma das heranças nocivas da escravidão. Como resultado de todas essas influências desfavoráveis, a energia de todo povo degenerou em indolência e gozos sensuais e para sair dessa situação serão necessários séculos – afirmava Nina.

O ministro José Bonifácio de Andrada e Silva tinha a ideia de que a escravidão corrompia os costumes e comprometia o futuro da sociedade brasileira, em especial devido à facilidade com que as mulheres negras se prostituíam.

São conceitos distorcidos que se perpetuaram através dos séculos. Para o autor de “Escravidão”, o papel da mulher na sociedade colonial foi muito além da satisfação sexual do homem, da procriação e do cuidado da casa.

Segundo ele, desde o primeiro século da invasão portuguesa, muitas delas foram donas de engenhos, fazendas, minas de ouro, vendas, tabernas e outros negócios. No Nordeste chegaram a labutar na criação de gado como vaqueiras. Outras foram benzedeiras e curandeiras. A grande maioria de brasileiros veio à luz com ajuda de parteiras cativas ou libertas, muitas amas de leite.

As constituições primeiras do arcebispado da Bahia, promulgadas em 1707, por D. Sebastião Monteiro da Vide, definiam que as mulheres podiam se casar a partir dos doze anos de idade, e os homens aos catorzes.

Em 1764, a inglesa Jemima Kindersley, que visitou Salvador, registrou que as senhoras da elite colonial levavam uma vida de ócio e sedentarismo, engordavam rapidamente. Ficam velhas muito depressa.

A historiadora Leila Mezan Algranti cita que a sociedade classificava a mulher brasileira em três grupos, as com honra, castas e casadas, as sem honra (escravas, negras, mestiças forras e prostitutas) e as desonradas. Para ela, a sociedade tendia a ser mais tolerante com as mulheres sem honra do que com as desonradas. Também existiam as mulheres de freiras que se refugiavam nos conventos.

Os historiadores descrevem que o convento era ainda um lugar para proteger mulheres e filhas das tentações. Alguns maridos deixavam suas mulheres temporariamente enclausuradas enquanto viajavam.

A Igreja e as autoridades civis impunham normas rígidas contra as mulheres. Uma das sugestões do bispo do Rio de Janeiro, por volta de 1702, era que as mulheres fossem proibidas de sair de casa depois do anoitecer. O governador da Bahia determinava aos soldados que prendessem todas as mulheres encontradas na rua à noite. Quem transgredisse as leis seria punida com degredo e até excomunhão.

Somente tempos depois o Conselho Ultramarino decidiu que não caberia proibir as mulheres de sair à noite. No entanto, em 1703, uma carta régia foi despachada para o Rio de Janeiro proibindo as escravas de usarem roupas com seda e ouro. Em 1709, a Câmara da Bahia reclamava junto ao Conselho sobre o excesso de luxo com que os negros e mulatos se vestiam.

 

 

 

PROJETOS NA ÁREA CULTURAL VÃO AJUDAR ARTISTAS CONQUISTENSES

Não é muita coisa porque nos últimos anos a cultura nesses país só tem ficado com as sobras, mas a “Lei Paulo Gustavo”, de R$3,8 bilhões, vetada pelo capitão-presidente e agora restaurada pelo Congresso Nacional com a pressão da classe artística, destinada a ações emergenciais no setor, vai proporcionar uma boa ajuda aos artistas conquistenses que, como tantos outros, continuam no sufoco, principalmente depois de dois anos parrados por causa da pandemia.

Pelo critério de divisão, de acordo com a proporcionalidade populacional e do Fundo de Participação dos Municípios, a Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer-Sectel de Conquista poderá abocanhar cerca de R$2,7 milhões, podendo beneficiar cerca de 500 artistas em diversas linguagens. Dois terços serão aplicados em projetos audiovisuais e os outros restantes nos demais segmentos. Os recursos são provenientes do superávit do Fundo Nacional de Cultura (FNC).

EFEITOS DA COVID-19

Conforme o projeto, cujo relator foi o senador Alexandre Silveira, a União terá de enviar o dinheiro aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, para aplicação em iniciativas que visem combater e reduzir os efeitos da Covid-19 na cultura. Esses entes serão responsáveis pela indicação das ações, formação de comissão de seleção dos editais abrangendo todas linguagens artísticas, entre outros atributos

A proposta foi feita em homenagem ao ator Paulo Gustavo que morreu vítima do vírus, em maio de 2021. Essa lei é a segunda aprovada pelo Congresso para auxiliar a área cultural, mas ainda é muito pouco. Outro projeto é o PL 1.518/21, chamado de Lei Aldir Blanc 2, no valor de R$3 bilhões de fomento à cultura, a partir de 2023, devendo vigorar até 2027. A lei é também uma homenagem ao artista que faleceu em 2020 de Covid.

O último apoio aos artistas conquistenses em forma de edital ocorreu no final do ano passado, beneficiando 400 participantes, num valor em torno de R$300 mil, verba do Fundo Cultural e do orçamento da Prefeitura Municipal. Cada selecionado recebeu cerca de R$750 reais, uma pequena quantia que não atendeu às necessidades dos participantes, Em 2020, em plena pandemia, Conquista recebeu cerca de R$2,2 milhões da Lei Aldir Blanc 1, quando 500 artistas de variadas linguagens foram contemplados.

 

LEI ALDIR BLANC 2

Essa Lei Aldir Blanc 2 foi proposta pela deputada Jandira Feghali e mais outros cinco deputados, tendo como relator o parlamentar Veneziano Vital do Rego. Esses recursos de R$3 bilhões, em cada ano, deverão ser investidos em 17 ações, como festivais, exposições, espetáculos, feiras, prêmios, bolsas para estudantes, intercâmbio cultural, aquisição de obras, digitalização patrimonial, reformas de centros, bibliotecas, teatros, dentre outros setores.

De acordo com o projeto, 80% dessa verba serão destinadas a ações de apoio na área cultural, como editais, prêmios, cursos, manutenção de espaços artísticos, dentre outras iniciativas correlatas. Os outros 20% vão para incentivo a programas e projetos em locais periféricos urbanos e rurais, bem como em comunidades tradicionais.

PROJETO PAULO GUSTAVO

De acordo com informações dos produtores culturais Jardiel Alarcon e Afonso Silvestre, o projeto Paulo Gustavo precisa ser publicado oficialmente em âmbito federal, devendo sair ainda nesta semana. A lei será regulamentada pela Presidência da República, com detalhamentos sobre seu funcionamento, num tempo de cerca de um mês.

Os estados e os municípios devem apresentar seus planos de trabalho junto ao governo federal com respaldo da participação social através de seus conselhos, plenárias ou audiência pública, dentro de um prazo de 60 dias.

Estes entes vão se habilitar, com base em suas burocracias, ao recebimento da verba que lhes cabem e uso do montante financeiro, com seus regramentos e regulamentações por meio de decretos e resoluções.

Os municípios e estados devem fazer seus empenhos gerais para seus fundos culturais para que os recursos sejam liberados ainda neste ano de 2022. A partir daí, lançam seus editais com cronograma legitimado pelo jurídico.

Pelo padrão, os editais locais devem ter prazos de inscrições, contratação de comissão de seleção, avaliação dos inscritos, resultado, tempo para recorrer e publicação de resultado final no Diário Oficial. Existem outros trâmites burocráticos que devem ser observados pelos beneficiários dos recursos federais.

 

O QUE DIZ A ESCULTURA?

Por si só, a natureza já é uma arte, e esta, esculpida por ela com uma ajuda repentina de uma escavadeira manejada pelo homem, que suspendeu os bagaços e garranchos da seca do sertão, faz o observador criar várias imagens e refletir sobre o seu escultor. É de um sertanejo nordestino a pedir socorro, ou de um conselheiro que cura nossas dores? É de um velho viajante do tempo? De um andarilho com seus mistérios da vida? De uma rezadeira que tira os males do corpo? De um índio em extinção, ou mesmo de um orixá caçador Oxóssi ou guerreiro Xangô? Pode ser um deus extraterrestre flagrado pelas lentes da minha máquina quando aterrissava de um disco voador em plena caatinga do sudoeste baiano? Faça, você mesmo, a sua interpretação. Procurei dar um nome, mas, no momento, minha cabeça não anda muito boa da imaginação. O que diz a escultura e como ela se chama? Você mesmo pode dar o seu nome, ou é melhor deixá-la no anonimato? Pode ser José, João, seu Silva, Severino. Não importa o nome.

 

QUEM É ESSE ENCANTADO?

De autoria de Jeremias Macário

Quem é esse encantado,

De alma menino,

Que tanto nos fascina,

Como mito divino,

Que encurta caminhos,

Filho da América Latina,

Que escreveu em sua lápide:

Por aqui passei, sempre amei,

E tudo deixei.

 

Quem é esse encantado,

Sem mitra e estola,

Que fez da vida sua escola?

É o índio guerreiro?

General das guerras vencedor?

Escravo liberto do seu senhor?

Sábio viajante do tempo?

Ou espírito amante cantante?

 

Tentei decifrar seu encanto,

De encantado profundo,

Religioso e profano,

Que sabe rir e sofrer,

Sem ser pecador e santo,

Que só o canto da viola,

Desencanta seu mundo.

 

Quem é esse encantado,

De tanto mistério na terra,

Que aprendeu subir e descer a serra,

Conhece os enigmas do ar e do mar?

 

Quem é esse encantado,

Que tanto encanta o humano,

Pescador de poesia,

Resistente como planta

Do nosso sertão nordestino,

Que rege seu próprio destino,

E vive da sua filosofia?

 

 

MAIS UM CASO A SER ARQUIVADO

Como o caso do menino Maicon, que ninguém mais se lembra, as mortes dos ciganos (fato mais recente), a chacina numa periferia de Vitória da Conquista, o assassinato do jornalista João Alberto no final dos anos 90, dentre outros, a morte do jovem Yuri Oliveira, filho do jornalista Tico Oliveira, pelo pelotão Peto da polícia militar, será mais uma ocorrência destinada a ir para o arquivo morto.

Conforme relato de Bianca, esposa da vítima, que deixou dois filhos menores, um de 12 e outro de 10 anos, os policiais invadiram sua residência sem mandado judicial, o que constitui em crime contra a Constituição, e Yuri foi colocado na viatura, possivelmente já morto. Será que eles não sabem que entrar numa residência privada só com um mandado da justiça? Fariam isso se fosse na mansão de um ricaço ou de um político?

Os familiares só foram saber do seu falecimento horas depois, no Hospital de Base. Bianca ainda relatou que implorou para entrar em sua casa no momento da invasão, mas foi impedida pela polícia. Quando conseguiu, a casa estava cheia de sangue, segundo informações da própria.

Como sempre acontecem nessas ocasiões, o comando militar sempre anuncia que vai apurar e investigar a ação irregular de seus subordinados, mas o tempo passa e tudo cai no esquecimento. A mídia também comete o pecado de não acompanhar o resultado da investigação. O sistema já está errado quando é regra geral a polícia investigar polícia, no caso a corregedoria que cheira com corporativismo.

A impunidade neste país é mãe da violência. O pior de tudo isso é que boa parte da sociedade compactua com esses atos, dizendo que a polícia tem mesmo é que matar. Eu mesmo já ouvi muito isso da boca de certas pessoas em Conquista, não imaginando que um dia pode acontecer com elas ou com alguém da sua família.

É mais um fato brutal que nos faz lembrar os tempos da ditadura civil-militar de 1964 e do AI-5 onde os direitos humanos foram simplesmente abolidos. Não importa se a pessoa tem passagem pela polícia, se o procedimento ultrapassa os limites constitucionais e termina em morte que poderia ser evitada através da prisão do perseguido, ainda quando este estava dentro da sua residência. Não dá para entender que uma pessoa sozinha com um revólver vá enfrentar policiais fortemente armados, só se estiver com o intuito de se suicidar.

 

 





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