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:: ‘Notícias’

A BANANA E A BANALIZAÇÃO

Quando menino e morava com meus pais na roça à beira de uma estrada de cascalho, adorava ver no final da tarde de todas sextas-feiras os feirantes ou tropeiros de Tapiramutá passarem com suas cargas de bananas para serem vendidas no sábado, na feira de Piritiba, e lá se iam os bananeiros gritando e tocando seus jumentos e mulas.

Eram todas as espécies de bananas, como da prata, caturra, d´água, maçã, nanica e da terra. Em toda minha vida, desde quando me tornei gente no sentido da compreensão das coisas e fui estudar, nunca imaginei que uma daquelas bananas um dia se tornaria obra de arte colada com uma fita adesiva numa parede ou num quadro.

Até aí tudo bem porque seria uma homenagem louvável a um fruto de muitas proteínas e forte em potássio, originário do Sudoeste Asiático e do Oeste do Pacífico, plantado há mais de quatro mil anos na Índia, Malásia, Filipinas, Nova Guiné e Indonésia. É bom lembrar que nossos indígenas já cultivavam o fruto quando os portugueses invadiram o Brasil.

O mais espantoso e que chocou o mundo foi ela ter sido levada à leilão numa galeria ou espaço cultura de Nova Iorque (Sotheby´s) e ser arrematada como obra de arte absurdista do italiano Maurízio Catttelan por cerca de seis milhões de dólares, mais de trinta e cinco milhões de reais, meus amigos!

Quem comprou foi Justin Sun, um milionário chinês. Pelo menos se fosse a pintura de uma banana feita por um artista famoso, daria até para entender! Nesse caso se estaria valorizando a pessoa do pintor pela sua expressividade e realismo em retratar a banana que já foi capa de vinil. O tenista Guga comia muito uma nos intervalos dos jogos, para dar mais sustança ao organismo. Adoro a banana e como uma todos os dias.

Antes do leilão, o imigrante, Shah Alam, vendeu a banana em sua humilde barraca por 25 centavos de dólar, ou quatro por um dólar. Quando ele soube do ocorrido pelo repórter, o barraqueiro chorou, tudo indica por ter lembrado da sua vida difícil para sobreviver e também nos outros milhões no mundo que, como ele, passam fome, além de outros milhões escorraçados de seus países pelas bombas das guerras, como vem acontecendo na Ucrânia, Palestina, Líbano, Síria e em nações africanas.

Bem que o coitado do imigrante solitário merecia por direito uma parte do dinheiro do leilão, pois a banana saiu da sua barraca! Será que essa presepada foi no sentido de ironizar a República das Bananas em certos países da América Central e do Sul, ou uma maneira de valorizar a banana?

O mais sarcástico de tudo isso, nessa humanidade decadente, idiota e fútil, é que o comprador comeu a banana, literalmente, em frente aos jornalistas e de uma plateia de ricos trogloditas. Naquela cena, só veio à minha cabeça de que ele estava simplesmente dando uma banana no sentido sádico para todo mundo do planeta, como se mandasse todos pobres, infelizes, refugiados, perseguidos e injustiçados se lascarem.

Aquele gesto também me atingiu, porque vi ali não somente a banalização da banana. Fez passar um filme em minha cuca sobre a banalização dos valores humanos onde trocaram o certo pelo errado, incluindo aí a banalização da arte e da cultura. O conhecimento e o saber perderam seus valores e respeito.  Todos hoje aplaudem a imbecilidade e o lixo que vem das linguagens artísticas.

Colado ao caso da banana, estava assistindo depois uma reportagem sobre os cuidados luxuriosos de um gato feio, cujo dono gasta quatro mil reais por mês para deixá-lo bem feliz e paparicado. Além de uma veterinária, uma fotógrafa, penteador de seus pelos, psicólogo, o gato tem outros profissionais para que ele fique todo tranquilão, bonitão e não sofra nenhum trauma ou depressão.  Vi também um caso idêntico de uma vaca que vale milhões e outros bichos, como o cachorro.

Coisa de louco, meus amigos, se você for refletir sobre o tratamento que o pobre desgraçado recebe hoje por parte de nossos governantes, principalmente na área de saúde onde milhares sofrem de dores nos corredores dos hospitais e até morrem por falta de atendimento médico! O ser humano está valendo bem menos que uma banana, embora ela nos alimente com suas proteínas.

Como um assunto puxa outro, lembrei que a pirâmide de Quépes, no Egito, construída pelo faraó do mesmo nome, por volta de três mil anos a. C., conhecida como a grande, tem 157 metros a partir da sua base no chão. Depois de mais de cinco mil anos, agora um grupo empresarial brasileiro pretende erguer um edifício de 200 metros de altura, para ser o maior do mundo. Grande coisa, nesse Brasil tão desigual e faminto.

OS GOLPISTAS TRAIDORES IAM PASSAR UMA RASTEIRA NO BOLSONARO

Num golpe militar sempre uma junta de oficiais da alta patente assume o poder, como aconteceu em 1964 e ocorre em outros países. Somente depois eles decidem que vai comandar o regime de opressão.

Nessa tentativa de golpe tramada em novembro de 2022, após as eleições, os golpistas iam passar a rasteira no Bolsonaro e até prendê-lo, para decepção de seus seguidores malucos e fanáticos que pouco usam o raciocínio para enxergar o cenário. Aliás, são uns tontos de parco conhecimento e saber.

Agora aparece o advogado do capitão ex-presidente, que foi expulso da sua corporação por insubordinação, defendendo que seu cliente não seria beneficiado se o golpe tivesse dado certo. Ora, ele está exercendo o seu papel, mas, em parte, tem razão.

Claro que não estava escrito no plano que logo após o golpe contra a democracia, com a eliminação do presidente da República, seu vice e o ministro do Supremo Tribunal Federal, uma junta militar assumiria o poder. Seria burrice demais!

Até posso imaginar que o próprio Bolsonaro já desconfiava disso, mesmo porque ele não é tão burro assim. O mais irônico é que seria traidor traindo traidor, ou um golpe dentro do golpe. Os chefões seriam o Braga Neto, o caquético Heleno e o comandante da marinha.

Só não consigo compreender é como eles iriam conseguir governar sem o aval da aeronáutica e do exército, sem falar na reação internacional, principalmente dos Estados Unidos e dos principais países da Europa.

Seria uma loucura e um tipo de golpe atabalhoado nunca visto na história brasileira e mundial porque estava em jogo a matança de três personalidades institucionais, duas delas do presidente e do vice, uma coisa estarrecedora, bem pior que na Venezuela.

Como um engodo puxa outro, ouvi dia desse um vídeo aí qualquer de uma mulher, não sei se era advogada, ou fake news, porque logo deletei e não passei para frente, onde ela dizia que tentar dar um golpe não constitui crime, comparando essa atitude como liberdade de pensamento.

Quer dizer, então, que se uma pessoa tentar assassinar o outro e não conseguir, fica impune e não responde na justiça como crime? Se eu fizer uma emboscada para matar alguém e o tiro sair pela culatra, não cometi nenhum crime?

Coisa de louco! Não, seu delegado, só pensei eliminar o sujeito. É o meu direito do livre pensar. É, meu amigo, tem hora que acho que estou vivendo em outro planeta, só que é aqui mesmo no Brasil que faz parte da terra das maluquices de muita gente ruim.

 

“A LETRA E O VERSO”

Com a participação de artistas em geral, professores, estudantes, entusiastas da nossa literatura, poetas e escritores, foi lançado nesta quarta-feira à noite (dia 27/11/24), no “Espaço Curió”, o livro “A Letra e o Verso”, do professor Dirlêi Bonfim, compositor, músico, pós-doutor em Educação, doutor em Desenvolvimento Econômico e Meio-Ambiente, pela Uesc, mestre em Desenvolvimento Regional, consultor na área administrativa e contábil, bem como, coordenador do Movimento Artístico e Cultural de Vitória da Conquista.

“As letras, por si expressam o contexto do poeta. Carregam sentimentos notórios que norteiam a sua van existência. Os versos? Ah, os versos do poeta entrelaçam-se com suas letras, tornando ainda mais belas e coloridas as canções de amor que justificam a existência do ser e do humano. Dirlêi A. Bonfim é “Letra e Verso” – escreveu o professor Robério Farias, na orelha da obra, publicada pela editora Nzamba, de Luís Altério.

O músico, cantor, compositor e poeta Papalo Monteiro abre o prefácio indagando “Que Poesia é Essa? Tem Asas?. No final do texto poético, ele fecha com uma citação de Geléia Geral-Gilberto Gil/Torquato Neto: “Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia”.

A apresentação do livro é do músico, compositor e advogado Carlos Moreno. Ele afirma que “de todas as formas de expressão que nos sãos ofertadas e recomendadas, cotidianamente, a literatura é, a meu ver, a mais nobre, salutar e efetiva. Ler é o meio ideal para curar as nossas imperfeições, sarar as nossas feridas, dores, sabores e dissabores que insistem em nos rodear diuturnamente”. “A Letra e o Verso é vida em forma de poesia”.

Chico Luz, jornalista, escritor, compositor e músico fecha o livro com o posfácio, destacando na abertura que “não tente explicar ou compreender o multiverso do poeta Dirlêi Bonfim, pois nele, “tudo nada cabe”, antes se expande para mundos além da compreensão do espaço-tempo-razão”.

O professor Rubens Sampaio, jornalista e escritor também presta sua homenagem ressaltando que “este livro retrata a inquietude criativa e multifacetada do autor. O conteúdo vai desde a observação aguçada de pequenos detalhes do dia-a-dia, por vezes não observados por muitos, até as grandes introspecções da profundeza da alma”.

Entre as falas na solenidade do evento, o professor Luiz Rogério Cosme falou de Dirlêi como cidadão e pessoa humana, comparando-o como um vulcão em erupção poeticamente falando, mas ao mesmo tempo traduz em si e reproduz aquele espelho de uma lagoa serena e tranquila. É um sujeito amadurecido. É uma criança eterna que oferta para nós seu lado de uma poesia tão esquecida e vilipendiada em nosso cotidiano.

Realmente, a poesia de Dirlêi é, ao mesmo tempo, simples, compreensível, mas profunda, como aquele poeta que nos faz enxergar o invisível aos nossos olhos, como em “A Solidão”: “A solidão/Que nos aparece/De quando em quando/Que nos remete/A algum lugar sozinho/ A solidão da despedida/Do vazio, já sem lugar/Da rua soturna/ Da noite nublada/ No meio da calçada/ Ausência e vazio/ Apenas você nesse lugar”.

Ao evento, realizado num clima de confraternização sarausístico, musical e poético, estiveram ainda presentes, o jornalista e escritor Jeremias Macário com sua esposa Vandilza Gonçalves, Carlos Maia, o músico e compositor Manno Di Souza, a professora e jornalista Luciana Nery, o escritor Paulo Henrique, dentre outras personalidades que prestigiaram o lançamento do livro “A Letra e o Verso”.

 

PASSAGEM DO RIO

 

Passagem do rio

(Chico Ribeiro Neto)

Tia Nina rezava e praguejava. Tio Hugo se embebedava, meu avô Chico sorria, a empregada Agostinha cantava e lá atrás da casa 25 da Rua 2 de Julho o rio de Contas passava em Ipiaú, Bahia,

Minha mãe Cleonice, que aos 16 anos se casa com Waldemar, ainda brincava de boneca quando ficou grávida do primeiro filho, Luiz. Depois viriam José Carlos, Cleomar e o caçula Chico.

Teve um dia em que um avião teco-teco fez um pouso forçado num areião do rio de Contas. A cidade toda foi ver o avião, fazia fila.

O dono da farmácia passava remédio pra todo mundo, “melhor do que muito médico”.

Meu irmão Cleomar teve uma febre alta. Cleonice chamou uma rezadeira e testemunhou: a mulher rezava, o cheiro de jasmim aumentava e a febre baixava.

É sábado. A zuada dos primeiros carros de madeira trazendo a feira. Vovô Chico não compra nada pelo preço: “Faz-se de besta, seu moleque, só vou pagar dez e tá bom demais!” Pegava a mercadoria, jogava o dinheiro, saía andando e o vendedor atrás reclamando.

Os ingás são uma fartura. Banana se comprava o cacho. O cheiro era delicioso nas barracas de comida. As formigas saem do buraco, sinal de chuva.

Luiz Gonzava canta à noite na praça da feira. Meu pai me leva para ver o Rei do Baião lá de cima da marquise da loja de ferragens. Tenho 5 anos, é década de 50.

A bola cai no Rio de Contas. As lavadeiras cantam e sorriem. Fui proibido de entrar no quarto onde está minha avó morta. Luiz pula do pé de abacate pro muro. O cara dá um banho de cerveja no seu cavalo que ganhou a corrida.

São 18 horas. Vovô fecha a loja São Roque. Tia Nina canta “a nós descei, divina luz”. O serviço de alto-falante toca a Ave Maria com Augusto Calheiros (“Cai a tarde, tristonha e serena…”). O bar Galo Vermelho abre as portas.

Depois daquele portão do quintal passa o rio de Contas, barrento de lembranças, e escorre uma lágrima pelo rosto, sinal de enchente.

POR QUE É PROIBIDO VENDER SANGUE?

É um tema controverso, mas sempre estamos assistindo e lendo matérias na mídia sobre a situação de escassez de sangue nos Hemobas (25/11 é o Dia do Doador) por falta de doadores voluntários suficientes para atender a demanda de pacientes nos hospitais e clínicas.

Toda vez fico a me perguntar por que é proibido vender sangue no Brasil se os hospitais privados fazem o uso desse material cobrando uma fortuna quando faz um procedimento cirúrgico? Existem também os hemocentros particulares. Nesse caso, as indústrias farmacêuticas não poderiam comercializar medicamentos caros extraídos do plasma do sangue que é doado.

Tudo isso não é contraditório, hipócrita e moralista? Pelo que eu saiba, nos Estados Unidos não existe essa proibição quando a venda de quem quer disponibilizar seu sangue. A empresa Ambrósia Health paga 30 mil reais por um litro de sangue de jovens de 16 a 25 anos.

Existem mexicanos do norte do país que entram nos EUA com vistos temporários para vender seu sangue. Dizem que o mercado global com a venda de sangue chega a 21 bilhões de dólares. O México, por exemplo, é o maior fornecedor de plasma.

Sei que se trata de um assunto polêmico quando envolve questão voluntária que envolve socorrer vidas humanas, mas até 2001 (25 anos) pela lei 10.205 era permitida a remuneração, e aí entrou o artigo 199 da Constituição Federal e proibiu. Existe uma PEC no Congresso Nacional para liberar a remuneração, mas o Ministério da Saúde tem procurado emperrar sua aprovação.

De acordo com pesquisas, a taxa de doação é de 1,8% da população brasileira, bem aquém dos 3% recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Esse índice não poderia ser elevado se houvesse o pagamento?

Existe um outro argumento para quem defende a doação, a de que o vendedor pode mentir com relação às normas estabelecidas para doação, somente visando o dinheiro. Ora, a ciência hoje já está bem avançada para detectar possíveis mentiras, eliminar o sangue do doador e ainda punir a pessoa. A comercialização não impediria quem quisesse fazer a doação de forma voluntária.

Enquanto isso, o que mais se ouve é essa lamúria da falta de sangue para salvar vidas. Não vejo nenhum problema a pessoa vender seu sangue, principalmente aquele de menor poder aquisitivo que precisa de uma grana para sua subsistência.

No lugar de não ser liberada a venda, quem doa recebe benefícios através da folga no trabalho, se não me engano, somente concedido aos servidores públicos e militares que fazem três doações por ano. É necessário ter a carteira de doador. Li também em algum lugar que o doador estadual pode ter oito dias de folga quando fizer quatro doações anuais.

SÓ IMBECILIDADES E IDIOTICES

Ao invés de melhorar o nível, só piora. Estou me referindo aos áudios e vídeos que ultimamente têm saído nas redes sociais e ainda tem gente que posta essas porcarias em grupos que se dizem formados de pessoas letradas. A impressão que se tem é que, quanto mais avança a tecnologia, mais a humanidade se torna mais decadente e idiota, com tantas imbecilidades.

Hoje mesmo recebi um vídeo onde o sujeito parece estar chapado de bêbado, tudo indica dentro de um carro, falando coisa sem coisa, sem nenhum argumento lógico, repetindo as mesmas palavras e dizendo que nunca imaginaria em sua vida ver bandidos prendendo militares, na visão dele, mocinhos.

Só entendi que os bandidos na concepção dele são o presidente da República, seu vice e o ministro do Supremo Tribunal Federal. Os militares trapalhões conspiradores contra a democracia são os golpistas. Lembrei de Catilina e suas conspirações contra o império romano.

O pior de tudo é o linguajar chulo e repetitivo, sem nenhuma base lógica e argumentativa. Como dialogar com um indivíduo desse que, entre uma besteira e outra, generaliza a palavra comunista, coisa do tempo da guerra fria quando a ditadura civil-militar tinha como inimigo número um o comunismo.  Dá para se perceber que ele nada sabe sobre comunismo.

É triste ver crescer no mundo de hoje essa onda extremista, do tipo canina raivosa fanática, homofóbica, racista e misógina, o que só demonstra o quanto a nossa humanidade vem caindo de raciocínio nos últimos anos, principalmente em termos de ideias. O QI só faz decrescer.

Como é ridículo o cara chamar o outro de comunista, como se fosse um bandido marginal criminoso, só porque sua ideologia é de esquerda, progressista e humanista! A questão não é concordar ou discordar do pensamento do outro, mesmo porque cada um tem direito ao contraditório.

O problema é a nítida pobreza de neurônios, conhecimento e saber, para um argumento que possa abrir espaço para um diálogo. O que se tem visto nesses vídeos é uma verborreia violenta, agressiva e até desrespeitosa, que nada tem a ver com democracia e liberdade de expressão.

Nessas conversas não existe nada de racionalidade lógica, mas uma espécie de violência verbal que dá nojo e repugnância. O pior é que essas postagens têm aparecido muito em grupos presumivelmente composto de intelectuais em diversas áreas da nossa cultura.

Mais espantoso ainda é quem faz esse tipo de postagem de baixo nível quando deveria ter o mínimo de respeito com os outros participantes. É por essas e outras que estou procurando evitar ser componente de certos grupos porque, além de carregar demais o celular, me deixa constrangido e enojado.

 

O RELÓGIO E O TELEFONE

No gancho jornalístico do meu amigo, colega e ex-companheiro de trabalho no jornal A Tarde, Chico Ribeiro, nosso conhecido “Titio”, queria falar de duas peças onde uma ainda resiste ao tempo e o outro praticamente foi extinto do nosso uso com a chegada da tecnologia da internet e do celular móvel.

Tratam-se do relógio e do telefone fixo. O primeiro continua a ser utilizado nos braços dos homens e mulheres como se fosse uma joia, um colar, uma corrente na forma de elegância corporal. Ainda existem relojoarias e relojoeiros. Mesmo com o celular na mão, que aponta as precisas horas, as pessoas continuam com o velho costume tradicional do relógio no braço.

Tem gente que gosta daqueles grandes estilosos de meio quilo e até faz coleção. Ostros são mais discretos e apreciam os mais modernos sofisticados para exibir como peça. Os mais ricos compram os de ouro, inclusive branco, cravejado de pedras preciosas. O capitão ex-presidente quis ficar com um presenteado pelo rei da Arábia Saudita.

O relógio continua sendo um objeto símbolo de poder. Muitos ainda lhe param nas ruas para pedir as horas. Nunca mais eu vi aqueles de bolso usados por coronéis que precisavam dar corda de hora em hora. Tem os bons e os chamados patachos. Existem aqueles grandes de paredes que você ouvia de longe o tic-tac do badalo do tempo, bem como os do cuco.

Estes viraram peças de museu e ainda são encontrados como relíquias para vendas em casas de antiguidades. Uma vez, em Tiradentes – Minas Gerais, fiquei encantado com uma coleção desses relógios, todos estilosos e impressionantes. Lembrei das casas dos poderosos fazendeiros.

Relógio, que nos faz recordar da Suíça, ainda é uma coisa fascinante porque está ligado ao tempo, é vida e morte. Desde quando pude adquirir um, nunca mais deixei de ter um relógio no braço. Sem ele, parece que está faltando alguma coisa em meu corpo. É como o chapéu, minha marca ainda não registrada em cartório.

Quanto ao telefone fixo, antes muito caro e não era para todos, caiu em desuso com o surgimento do celular onde as pessoas preferem passar suas mensagens, áudios e vídeos e raramente ligar. Para conseguir um fixo na Telebahia, tinha-se que entrar num fila e pagar um monte de prestações. Tinha também o alugado.

Era um bom investimento que rendia mais que uma ação na bolsa de valores, uma conta na poupança, no setor imobiliário ou um CDC. Existiam ainda os orelhões nas ruas, com fichas e cartões, que me salvaram muitas vezes do aperto na hora de passar uma matéria do interior do sertão para a redação.

O telefone fixo também servia como despertador para você acordar cedo para o trabalho ou para uma viagem. A pessoa ligava para a moça da Telebahia e pedia para lhe acordar. Na hora certa ela tocava e ainda repetia o aviso cinco minutos depois para certificar que a pessoa havia levantado da cama. Não dava para você ficar enrolado na coberta da preguiça.

É isso aí, meu amigo, a tecnologia fez desaparecer coisas boas do passado quando a gente era feliz e não sabia. No entanto, o relógio ainda cai bem no braço de uma mulher elegante e a maioria gosta de ganhar um de presente. A maioria dos homens também não dispensa um relógio e sou um deles. Só não gosto de parar para dar as horas.

NO TIC-TAC DO CORAÇÃO

(Chico Ribeiro Neto)

Meu avô Chico tinha um relógio cuco. Com 5 anos, eu ficava esperando para ver o cuco sair da casinha. Era emocionante. Ali morava o tempo.

Vovô também tinha um relógio de bolso que, se não me engano, usava no bolso do colete. Ali morava a elegância.

O relógio sempre atraiu as crianças. Era bom encostar o ouvido para ouvir o tic-tac. A gente ganhava uns reloginhos de brinquedo, como se dá hoje celular de plástico às crianças.

Seu Zé, numa cidade do interior baiano, comprou um relojão de ouro, mas não sabia ver as horas. O povo descobriu isso porque toda vez que alguém lhe perguntava as horas, ele saía pela tangente: “Moço, não tô conseguindo olhar direito, porque minha vista tá meio anuviada”. A meninada logo descobriu isso e gritava pra ele no meio da rua: “Seu Zé, que horas são?” “Vai olhar embaixo da saia de tua mãe, seu moleque”.

Havia também essa brincadeira: “Que horas são?” “Falta um tiquinho pra daqui a pouco”.

Quando criança, eu ouvia dizer que o Big Ben era o maior relógio do mundo e que “não atrasa nunca”.

Adolescente, adorava dançar ao som de “El Reloj”, do mexicano Alberto Cantoral: “Reloj, no marques las horas/ Porque voy a enloquecer…”

Relógio de pulso tinha que ser à prova de choque e à prova d’água. E tinha que dar corda todo dia. O relógio estava atrasando, você levava no relojoeiro e ele voltava adiantando. Relógio muito barato e que quebrava sempre era chamado de “patacho”.

 

Além de matar o relógio de pulso, o celular matou também o despertador, além de muitas outras coisas. Em Salvador, na década de 70, a Telebahia tinha o Serviço Despertador. Você ligava do telefone fixo e dizia a que horas queria ser acordado. A telefonista ligava no horário solicitado e também 5 minutos depois, para confirmar se você acordou mesmo. Esse serviço era cobrado extra, à parte de sua assinatura. Lembro que tive um telefone fixo alugado. Comprar uma linha era caro e todo mês eu ia na Barra entregar o cheque do aluguel do telefone. Quem hoje ainda usa telefone fixo?

“O tic tic tic tac do meu coração

Marca o compasso do meu grande amor

Na alegria bate muito forte

E na tristeza bate fraco porque sente dor”

(Trecho da música “Tic Tac do Meu Coração”, de Carmen Miranda).

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

TODA TRAMA GOLPISTA DITATORIAL É MARCADA COM BANHO DE SANGUE

Na história da humanidade, todo golpe, seja de direita ou de esquerda, é marcado com banho de sangue, no início ou durante o processo do regime implantado. A tentativa brasileira, agora denunciada pela Polícia Federal, começaria por eliminar os três principais representantes dos poderes executivo, o presidente e o vice, e um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Esse procedimento tirânico e sanguinário é muito parecido com os golpes que costumeiramente acontecem em certos governos africanos. É também semelhante aos russos na Revolução de 1917 com a família do czar Nicolau II e depois com o próprio Lenin. Existe uma tese de que Lenin tenha sido envenenado a mando do próprio Stalin.

Na América do Sul ocorreu em 1973 quando o general Pinochet ordenou a execução do presidente Salvador Alende em seu Palácio através de um bombardeio, com apoio dos Estados Unidos. Houve também casos desse tipo na América Central e na Ásia. Na antiguidade e entre os séculos XIV, XV até o XVIII e XIX, chefes tribais exterminavam primeiro seus adversários no comando.

No Brasil, essa trama golpista, inclusive prevendo possíveis envenenamentos, com mortes antecipadas de membros mais importantes da instituição do poder, eleitos democraticamente pelo voto popular, pelo que eu saiba, é a primeira vez que entra no cardápio de assassinatos. Então, trata-se de um grupo tirânico aos moldes antigos de crueldade.

Os golpes no Brasil, como da República sobre o Império, em 1889, a tentativa de uma ditadura, em 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas, e a mais recente de 1964, não estavam em seus scripts a matança de representantes do poder, como João Goulart, Waldir Pires, Darcy Ribeiro, Leonel Brizola e outros, mas a destituição, prisão e exilamento.

Claro que a partir dali e durante os mais de vintes anos da ditadura civil-militar-burguesa de 64 houve um banho de sangue, com torturas, mortes e desaparecimentos de presos políticos, inclusive Jango, Juscelino Kubistchek e Carlos Lacerda foram eliminados no final do regime para que eles não se candidatassem ao poder.

No caso do ex-presidente capitão, expulso da sua corporação por indisciplina e outras irregularidades, e do seu grupo extremista de tenentes-coronéis e generais, foi uma trama diabólica atípica, diferente dos outros métodos, justamente porque eles não contavam com o apoio geral de comandantes da ativa e tropos das forças armadas do exército, da marinha e da aeronáutica.

Se o bárbaro fato fosse consumado, a maior parte dos brasileiros e do mundo ficariam estarrecidos e chocados. Tenho minhas dúvidas se o “Bozó” não seria também sacrificado, e assumiria, por pouco tempo, uma junta militar de generais e coronéis de pijama. Poderia até acontecer um golpe sobre o golpe.

Com o consentimento e aval do chefão, os caras são uns malucos instigados por extremistas que bem antes foram às ruas pedir uma intervenção militar no Brasil e depois acamparam na frente dos quartéis urrando contra as eleições e a democracia com seus “punhais verde-amarelos”.

Depois do resultado do pleito, em outubro de 2022, o capitão derrotado sumiu de cena. Lembro que alguém me perguntou sobre seu sumiço e respondi que estava conspirando um golpe. Alertei que vinha bomba por aí. A trama já vinha sendo arquitetada antes com as fakes news de fraude nas eleições, mas eles ficaram novembro e início de dezembro armando literalmente o banho de sangue.

Deram com os “burros n´água” e, talvez, seus planos tenham sido atrapalhados pelas próprias manifestações na posse de Lula e Geraldo Alkmin, no dia 12 de dezembro de 2022. Depois teve o oito de janeiro com a invasão do Congresso Nacional, do Supremo e do Palácio do Planalto.

Quanto ao ministro Alexandre de Moraes, este já vinha sendo jurado de morte. Não passam de uns trapalhões perdedores fanáticos do “punhal verde amarelo”, coisa de cangaceiros contra a democracia, a exemplo do primeiro homem bomba tupiniquim do Brasil que nem conseguiu acerta a estátua da Justiça com suas bombas e fogos juninos.

 

 

O PRIMEIRO HOMEM BOMBA TUPINIQUIM

Na história da humanidade não sei qual foi o primeiro homem bomba, mas foi coisa do sapiens há 30 mil anos. Pode ter iniciado a partir dos chineses, os inventores da pólvora. De qualquer forma, é uma ação de fanatismo suicida, bem como uma forma “corajosa” de protesto, como do vietnamita nos anos 60 contra a invasão norte-americana.

Os primeiros suicidas que explodiam o próprio corpo apareceram entre os séculos XIV e XVI. Mais recente, na Segunda Guerra Mundial, tivemos os soldados kamikazes japoneses bem treinados que explodiam seus aviões cheios de bombas em terra para destruir seus inimigos, sem promessa de ganhar um lugar no reino dos céus com várias donzelas. O prêmio era se eternizar como heróis pelo imperador.

Existe também o japona que se suicida com sua espada quando se sente envergonhado ao cometer uma ofensa social ou um ato de corrupção. Ele se sente destruído por dentro pelo que fez de errado e prefere tirar a própria vida. Imaginou se os brasileiros topassem fazer isso? A maioria se suicidaria. Não sobraria quase ninguém em Brasília.

No entanto, foram os fanáticos islâmicos do grupo Al-Qaeda, de Osama Bin Laden, que botaram para quebrar, com direito a um harém nos céus. Depois vieram os islâmicos radicais que tentaram criar um califado entre o Iraque e a Síria.

Todos os escolhidos passam por uma lavagem cerebral, são instruídos em escolas e bem treinados para a missão. Tem que ser cabra macho, ou cabra da peste! O assunto aqui é sério, gente, mas vamos tornar mais leve deixando a questão política de lado.

Bem, vamos parar de ôba-ôba e falar do primeiro homem bomba brasileiro tupiniquim, um extremista trapalhão que não conseguiu nem acertar a estátua da Justiça em frente ao Superior Tribunal Federal. Não me importa aqui sua ideologia ou propósito político, mas o cara era uma besta fera mesmo com seus fogos de artifício que nem sabia manejá-los.

Na fuga, o catarinense Francisco Wanderley Luiz, dizem que ele era um chaveiro, depois de várias tentativas, tropeçou e as bombas explodiram em seu corpo. Primeiro foi para Ceilândia, depois alugou um trailer em Brasília e lá foi ele com seus fogos de São João antes do tempo. Um péssimo fogueteiro fazedor de chaves.

Acho que nem tinha intenção de se suicidar. Se ele queria mesmo fazer essa loucura, primeiro tinha que passar por um campo de treinamento no Iêmen, no Afeganistão ou no Paquistão, mas não falou com os caras antes e nem tinha grana para receber uma consultoria profissional! Coisa de doido amador!

Francisco não passava de um marinheiro de primeira viagem que enjoou no mar. Trágico e cômico, não passa de uma história cheia de trapalhadas. Já reparou que o Brasil gosta de imitar as outras civilizações desde os tempos coloniais!  Pois é, copia atrasado e também acaba com a imitação tempos depois. Veja o caso dos celulares nas escolas.

Um “terrorista” falso, como a nossa Black Friday (“sexta-feira negra”), um invento comercial dos ianques no século XIX, ligado ao Dia de Ação de Graças. No Brasil começou a aparecer nas lojas em 2010 e virou um mês de enganação ao consumidor. Como tudo aqui se leva na gozação e na piada, passaram a chamar de Black Fraude.

O “Chico” se deu mal em sua intentona revoltosa e levou uma lapada de fogos. Sei que não devemos debochar da miséria dos outros, mas o moço era um tonto perturbado da cabeça. Bem que o Zorro avisou que não ia dar certo e os islâmicos radicais fanáticos devem ter rido das cenas. O super-homem e o Batman não gostaram do que viram, nem o Homem Aranha.

Foi um “auê” de soldados no Planalto, correndo pra lá e pra cá. Nunca tinham visto aquilo de homem bomba no Brasil! Se a moda pega, na próxima vão chamar um instrutor islâmico, mas antes vai ter que decorar o alcorão para ter a recompensa de um pedaço no reino celestial com belas mulheres, de preferência brasileiras.

 

 

 





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