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“A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS”
Existem uns bordões que grudam nas pessoas de forma maquinal e elas falam de forma instintiva sem pensar e refletir se são mesmo assertivas. Um deles é dizer que a “A Voz do Povo é a Voz de Deus” e isso sai da boca de pessoas que se dizem até intelectuais. Não sei muito bem a origem da frase, mas tem um cheiro forte do catolicismo, coisa mais de cunho religioso piegas.
Quantas coisas erradas fazem o nosso povo, principalmente nas escolhas políticas, elegendo corruptos e malfeitores que só pensam em seus interesses, e aí pelo ditado popular tornam-se enviados de Deus. Isso é só um exemplo, mas existem tantos outros onde essa expressão antiga não é verdadeira, nem no sentido filosófico e social.
Quando uma multidão decide linchar uma pessoa na rua por ter cometido um desatino, furto ou agredido alguém de forma perversa, esse espírito de fazer justiça com as próprias mãos conta com essa voz de Deus”? Lembra da passagem bíblica onde Jesus diz: Quem não tiver pecado que levante a primeira pedra. “A Voz do Povo é a Voz de Deus” não funciona nesse caso, conforme os ensinamentos de Cristo.
Nós brasileiros e latinos da América do Sul e Central, por características histórias de subjugação, de opressão, de baixo nível educacional e do ponto de vista cultural, agimos muito mais pela emoção do quem pela razão, e as decisões nem sempre são corretas. Não coincidem com a voz de Deus que manda fazer outra coisa.
Mesmo no Velho Mundo mais civilizado e instruído, existe esta máxima de “A Voz do Povo é a Voz de Deus”, só que os fatos registram o contrário. Os alemães nas décadas de 30 apoiaram Hitler com suas ideias malucas nazistas de salvar o país da crise. Todos sabem no que deu com os genocídios, as matanças e as barbáries de guerras. Hitler contou com a voz do povo, mas será que teve a voz de Deus”?
Uma multidão de seguidores extremistas negativistas, racistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos foi para a rua pedir uma ditadura militar e repetiram que “A Voz do Povo é a Voz de Deus”. Tira Ele desse rolo insano! Aliás, a irracionalidade que nos leva à desumanização não pode ter a voz de Deus.
No Brasil, os governantes de forma proposital sempre deixaram nosso povo na ignorância por ser mais fácil de ser manipulado através de dinheiro e promessas nunca cumpridos e quando são aplaudidos e eleitos ainda têm a cara de pau de dizer que “A Voz do Povo é a Voz de Deus”. Com isso, usam da inocência da nossa gente, a grande maioria religiosa e temente a Deus.
Na verdade, o povo segue uma voz, muitas vezes induzido por sofismos baratos e artimanhas dos mais espertos e acaba apoiando seus projetos que só servem a eles. Como argumento, eles acabam dizendo que “A Voz do Povo é a Voz de Deus”. O pior disso é que a maioria acredita nisso. Isso me faz lembrar Nelson Rodrigues quando afirmou que toda unanimidade é burra.
Confesso que não consigo engolir e aceitar esse bordão popular e até de pessoas mais instruídas quando dizem que a “A Voz do Povo é a Voz de Deus”. Fico a me perguntar, que povo é esse de que estão se referindo? Uma aprovação idiota e imbecil, na maioria levada pela emoção ou até vingativa para atingir um adversário, nunca pode ser a voz de Deus.
POR QUE A GASOLINA DE CONQUISTA É TÃO CARA?
O arquiteto e urbanista Leandro Fonseca pergunta por que a gasolina de Vitória da Conquista é tão cara? Essa resposta está com o cartel que há anos domina o mercado e as “autoridades” (Câmara Municipal, Ministério Público e órgãos de fiscalização) não conseguem derrubar.
Só vejo essa resposta, meu caro amigo Leandro, e já fiz esse comentário aqui em nosso blog por diversas vezes, ao ponto até de ser chato no assunto. A nossa mídia local faz matéria sobre os preços quando sobem, mas nunca vi uma reportagem investigativa sobre o assunto. Aliás, não temos mais jornalismo investigativo, apenas factual e com muitas falhas no noticiário.
Volto a repetir que há pouco tempo, na legislatura passada, a Câmara de Vereadores instalou uma CPI para responder essa indagação feita pelo cidadão. Todos sabem que no final não deu em nada, apenas um projeto chulo de que as mangueiras fossem transparentes. Nem isso emplacou porque os donos de postos disseram ser inviável.
Nos últimos anos, a construção de postos de gasolina foi um dos negócios que mais cresceu em Vitória da Conquista por ser bem rentável e com retorno do investimento em curto prazo. Hoje, toda esquina tem um posto de combustível e sempre aparecem mais. Na Avenida Juracy Magalhães é posto que não acaba mais.
Leandro Fonseca mostra que em Lagoa das Flores a gasolina está na faixa de R$5,75 o litro, no Capinal R$5,95, enquanto que em Conquista o produto é comercializado por R$6,36 na grande maioria dos postos.
Quando se encontra um com preço mais baixo, a diferença é de cerca de cinco centavos para tapear o consumidor. Não adianta fazer pesquisas na cidade porque não compensa ficar rodando e queimando combustível por meros centavos. Quem for fazer isso, vai ter prejuízo no bolso.
Semana passada estava em Belo Campo, cerca de 60 quilômetros de distância, e lá a gasolina estava sendo vendida por R$6,20 o litro. Como explicar esse quase tabelamento dos donos de postos com uma gasolina mais cara que em outros municípios da região, se eles pegam o produto em Jequié, numa distância de 150 quilômetros? A gasolina de Conquista é uma das mais caras da Bahia.
Eu só queria entender, Leandro, mas não é para entender! Todo mundo sabe muito bem onde está a resposta, inclusive os frentistas. Converse com um deles e até eles concordam que existe um cartel que ninguém consegue quebrar.
FLIBELÔ COM PEGADA NORDESTINA E FOCO PRINCIPAL NA EDUCAÇÃO E LAZER
Educação, gastronomia e cultura juntas na II FLIBELÔ – Feira Literária e Gastronômica de Belo Campo, um grande exemplo para outras cidades do interior pela valorização do saber e do conhecimento, promovida pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Educação, Esportes, Lazer e Cultura.
O foco principal foi a educação escolar com contação de causos para a criançada, parque infantil, artesanato, área de jogos (dama, xadrez), oficinas de teatro e gastronomia, shows musicais, mesas temáticas sobre livros, leitura e bibliotecas, conferências e apresentações de trabalhos escolares, porém com poucos espaços para os escritores locais e da região (apenas três estandes). O ponto falho ficou por conta nos atrasos na programação dos eventos.
No entanto, a Feira ficou marcada pela pegada de temas nordestinos, com tendas sobre José de Alencar, Rachel de Queiroz, Luiz Gonzaga, nosso rei do baião, Euclides da Cunha, no caso do escritor que narrou a Guerra de Canudos e Graciliano Ramos, os locais mais visitados pelos frequentadores do evento.
Com um estande, inclusive de lançamentos, os escritores do coletivo de Vitória da Conquista foram destaques e marcaram suas presenças com Josué Brito, Chirles Oliveira, Paulo Henrique Medrado, Ybeane Moreira e Jeremias Macário, isto entre os dias 19 e 20.
Ainda no setor de publicações de obras, a Editora Arpillera, de Abaeté, Camaçari, que faz livros artesanais, costurados um por um de forma manual, bordados com dobraduras numa verdadeira experiência sensorial de leitura, chamou muita a atenção do público visitante.
Esperamos que a próxima festa literária haja uma maior participação da classe. No geral, a FLIBELÕ alcançou seus objetivos que foi despertar os estudantes para a leitura, sem contar o apoio da equipe organizadora em nome de Misael Lacerda, diretor da Biblioteca Municipal, do pessoal da limpeza e da segurança.
É bom ver as crianças visitando os estandes culturais em contato com os livros e os famosos autores e artistas nordestinos que deixaram seus nomes eternizados na história do Brasil e até a nível internacional. A meninada fica curiosa quando folheia os livros e faz perguntas como foi feita a obra e se sente maravilhada ao lado do autor. Seus olhos chegam a brilhar e isso é uma esperança para a nossa cultura.
Durante os quatros dias de atividades educacionais, gastronomia e lazer da Feira, de 19 a 22/10, a praça principal da cidade esteve sempre lotada por moradores de Belo Campo e de cidades vizinhas da região, como Tremedal, Condeúba, Cordeiros e outros municípios, com a presença também de autoridades políticas e representantes da cultura.
TECIDO DE SAUDADE
(Chico Ribeiro Neto)
Sempre tenho saudade quando preciso me desfazer de uma roupa velha, manchada, rasgada ou apertada. Vai um pouco de mim naquela roupa.
Toda roupa tem uma história. Tive uma namorada que usava uma saia cáqui, de grande lembrança. Outra usava uma calça de malha coladinha que matava Chiquinho. E aquela de blusinha Ban-Lon azul celeste!
Todo mundo tem um casaco que adora. Aquele casaquinho azul é um velho chamego, apesar do furinho na manga.
Tem uma comida muito gostosa chamada de Roupa Velha. É a comida que se improvisa com as sobras que estão na geladeira. Em Caculé (BA) se chama também de Mexidão. Você pega todas as sobras da geladeira – um pedaço de bife, um pouco de arroz, resto de macarrão, uma coxa de galinha, um pouco de abóbora com quiabo – e esquenta tudo junto. Fica um prato delicioso e você esvazia a geladeira de vasilhas.
Sempre achei que a gente deveria dar a última volta com uma roupa antes de se desfazer dela. Leva ela pra ver o mar antes da despedida.
Quem nunca achou uma nota de 50,00 dentro de um velho casaco? E tem também aquela roupa nova que a gente não gosta. Comprou, nas não tem jeito de usar. Tá lá pendurada no cabide até hoje. Quando fui morar em pensão, estudante em Salvador, mamãe Cleonice me deu uns cabides de madeira e os marcou com tinta preta, talvez de caneta-tinteiro: “Xico Ribeiro”. Guardo um até hoje.
Segue um trecho do artigo da jornalista Jéssica Natacha, intitulado “Que sentimento está escondido no seu guarda-roupa?” (labdicasjornalismo.com): “Sabe aquela peça de roupa que você não usa há tempos? Ela tem um significado. Muitas vezes, os objetos guardados remetem a uma lembrança tão importante na sua vida que, toda vez que o encontra na gaveta, você para por uns segundos e revive aquele momento; a sensação de prazer e felicidade faz sorrir instantaneamente; ou chorar”.
Velhas roupas, grandes lembranças. Roupas velhas são um aconchego, golas que aquecem, quem nos entende; Com elas saio caminhando por aí, vestido de saudades.
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
RESGATE DE BRASILEIROS NA ÁSIA
Carlos González – jornalista
O jornalista e escritor Elio Gaspari comparou em sua coluna no jornal “A Folha de S. Paulo” o comportamento dos governos de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva em duas crises humanitárias, com motivações diferentes, mas com finalidade única: o resgate de brasileiros, moradores ou a passeio, em países distantes. Em 1920, as 34 pessoas que se encontravam na China, berço do coronavírus, clamaram por ajuda; nos últimos dias, milhares de nossos compatriotas foram retirados de Israel assim que irrompeu o conflito que mancha de sangue as terras por onde Jesus Cristo percorreu.
Gaspari lembra que, num primeiro momento, Bolsonaro, obstinado pela cloroquina e outros medicamentos ineficazes na cura da Covid 19, descartou a ida de uma aeronave da FAB a China para trazer brasileiros ameaçados por uma “gripezinha”. “É preciso antes resolver os entraves diplomáticos, jurídicos e financeiros”, questionou o presidente ao comentar a carta aberta escrita pelos 34 brasileiros que estavam confinados na província chinesa de Wuhan
Diante dos argumentos apresentados por Luiz Henrique Mandetta, então ministro da Saúde, o presidente negacionista concordou em montar, numa encenação teatral, a operação “Regresso à Pátria Amada Brasil”. Quatro aviões e 120 militares, além de funcionários do Itamaraty e uma equipe de filmagem, foram enviados à China. “Um exagero”, comentou Mandetta. A montagem da peça custou R$ 4,6 milhões aos cofres públicos.
Dos quatro médicos que ocuparam a pasta da Saúde, Mandetta foi o único que não dizia “amém” aos “conselhos” do chefe. Pagou caro pelo seu profissionalismo, exonerado após passar 15 meses no cargo. Pelo menos, não testemunhou a revogação de 23 decretos relacionados com a pandemia que matou 660 mil brasileiros, o segundo maior número de vítimas do vírus no mundo.
Não poderíamos deixar de registrar uma outra – foram várias – omissão de Bolsonaro, relacionada com a covid-19: em janeiro de 2021, o sistema de saúde do Amazonas entrou em colapso com a falta de oxigênio nos hospitais, insumo necessário para os pacientes internados em UTIs. Mais de 50 contaminados pelo vírus morreram por asfixia e mais de 500 tiveram que ser transferidos para hospitais em 15 estados. O socorro veio da Venezuela, o vizinho “comunista” que na época não mantinha relações com o governo do acusado de genocida.
Longe das cenas de pânico observadas em Manaus e no interior do estado, Bolsonaro provocou revolta, mostrando em público como se morre com falta de ar. Sobre a crise sanitária no Norte do País, afirmou que “não é competência e nem atribuição” do governo federal levar oxigênio para o Amazonas, e que enviou recursos financeiros para o Estado enfrentar a pandemia.
O presidente aproveitou para elogiar o trabalho do seu ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que dias antes tinha enviado para o Amazonas 120 mil unidades de hidroxicloquina. A omissão de Pazuello foi alvo de pedido de investigação da Polícia Federal.
Uma nova conjuntura
Na sua “viagem” pelo continente asiático, Gaspari chegou à Terra Santa, onde a maioria dos brasileiros que lá estavam – três deles foram assassinados pelo grupo terrorista Hamas – temiam permanecer na região em conflito desde o último dia 7.
Sem lances teatrais, a FAB e o Itamaraty organizaram em poucas horas os procedimentos de resgate. Vários voos vêm sendo realizados, inclusive com utilização do avião da Presidência da República, entre o Brasil e Israel. Até o momento, 1.100 brasileiros e 24 animais de estimação desembarcaram no Rio e São Paulo. Os governos da Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai têm aproveitado esses voos para repatriar seus cidadãos.
A maioria dos repatriados, moradores de Tel Aviv e de outras cidades israelenses, votou em Bolsonaro – 53,4% contra 46% para Lula – no segundo turno das eleições passadas. Em Ramallah, capital da Autoridade Palestina, foi o contrário – 90,5% contra 9,5%.
Em qualquer lugar do mundo o judeu tem duas pátrias, sendo que uma delas é Israel. Ao atingir a maioridade ele tem o direito de ir viver em Israel para servir ao exército (obrigação de todos os homens e mulheres aos 18 anos), estudar ou morar num kibutz, optando por um trabalho que normalmente rejeitaria em seu país. O judaísmo, com relação ao casamento, chega a ser inflexível quando se trata da união conjugal entre um judeu e uma não-judia. Quem violar esse mandamento é considerado morto.
A missão desempenhada pelas administrações Bolsonaro e Lula na questão dos regates de brasileiros na China e em Israel não convenceu alguns raros oposicionistas de que há diferenças entre o Brasil de ontem e o de hoje. Liderados por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), meia-dúzia de saudosos do bolsonarismo insiste em associar Lula ao Hamas. Nos últimos dias, o gabinete do ódio usou as redes sociais para divulgar fake news (publicações já desacreditadas pelo povo), transformando o velho e cansado presidente num terrorista.
O bolsonarismo nasceu na sombra do nazismo e do fascismo – Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, colecionava fotos dos ditadores Adolf Hitler e Benito Mussolini -, ideologias que tentaram exterminar com o povo judeu. O antissemitismo era uma das bandeiras da extrema direita brasileira. Tudo indica que, depois que o pastor Everaldo Pereira (preso em agosto de 2020, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro) deu três “caldos” em Bolsonaro no Rio Jordão, a direita brasileira passou a fazer peregrinações a Jerusalém, colocando o Muro das Lamentações como prioridade no roteiro de viagem.
UM RACISMO VELADO
“Estamos preparando nossa ficha técnica e precisamos de uma jornalista, residente em Conquista, mulher preta, e com experiências em redes sociais para compor nossa equipe como assessora de imprensa”.
Confesso que fiquei chocado e estarrecido com este anúncio de emprego que saiu em um grupo do Zap, até imaginei se tratar de uma provocação de alguém ou de uma fake news. Não aparece a procedência do anunciante, nem o nome da empresa contratante.
Em minha opinião, não resta dúvida de que se trata de um racismo velado, principalmente nos tempos atuais onde buscamos tolerância e igualdade de cor, sem discriminação e preconceito, seja do lado que for. Não se deve medir o mérito das pessoas pela cor da pele. Não há nada que justifique.
Entendo até que tipo de anúncio como este merece todo repúdio, sem muitos comentários. Lembrei do discurso de Martin Lutter King que pregou, em seu sonho, uma união de todos, sem ódio e distinção de cor.
Fico aqui a imaginar o que diriam os movimentos negros, as entidades que lutam pela igualdade, as organizações de direitos humanos como OAB e os próprios órgãos do governo federal, se veiculasse um anúncio ao contrário, isto é, ao invés de “mulher preta”, uma mulher branca.
Esta espécie de anúncio não combina com o slogan do Governo do PT de “União e Construção”. Considero uma provocação e uma forma de criar mais ainda um clima de animosidade em nossa sociedade, além de ser um “prato feito” para os extremistas e fascistas.
Mesmo os excluídos há séculos neste país, inclusive com mais de 300 anos de escravidão, não podem agir com radicalismo dessa maneira, porque em nada estão construindo para a união. Portanto, considero o anúncio um absurdo, isso se não se tratar apenas de uma pegadinha, ou uma fake news plantada por alguém.
A EVOLUÇÃO DO POVO JUDEU
Estava lendo alguns textos nos grupos do Zap sobre a evolução tecnológica e cientifica medicinal do povo judeu e seus benefícios para a humanidade, uma exaltação à sua inteligência em contraste com o outro lado vizinho palestino, mas não mostra a outra versão da história.
Por que na outra parte (os palestinos) existe apenas uma pequena faixa de areia estorricada de pobreza e miséria? Ali não passa de um vele de lágrimas, como se fosse um campo de “leprosos” de alta contaminação na era romana. Esse outro lado é burro e desprovido de inteligência e capacidade?
Percebi nos comentários uma visão vesga enviesada e de viés tendencioso seletivo de raça superior. Será que foi intencional ou falta de maior conhecimento do passado? Por que muitas nações africanas, talvez a maioria, que viveram e ainda vivem séculos de colonização e subjugação não conseguiram se desenvolver o bastante para reduzir e erradicar suas desigualdades sociais, e ainda se matam em guerras fraticidas? O mesmo diria das Américas do Sul e Central.
Olhai os lírios dos campos onde uns florescem e outros não, bem como os frutos da terra quando ela é bem fertilizada e adubada, desde que receba os recursos necessários. O pomar do pobre não é igual ao do rico. Será que o dinheiro para Israel se evoluir caiu no deserto como maná vindo do céu?
Por que a Palestina, encurralada e cercada o tempo todo por Israel, é tão pobre ao ponto de até hoje não lhe derem um estado independente? Por que o mundo ocidental, principalmente os Estados Unidos, não criaram seu país? Os incluídos são inteligentes e os excluídos periféricos não? Todos só carecem de condições para provarem seu grau de inteligência. Quem são os culpados pelo que está acontecendo hoje? A grande mídia capitalista é induzida a distorcer os fatos e, ao invés de informar de forma imparcial a opinião pública, desinforma.
É muito fácil citar as proezas de Israel e não procurar as razões do porquê a outra banda vive na pobreza extrema, amontados num curto espaço que mal dá para respirar. Ademais, é bom que se faça um recorte da história desde antes de Cristo quando os hebreus, conduzidos por Moisés e Josué, saíram do Egito para a terra prometida. Depois de muita espera no deserto, eles atacaram a cidade de Jericó e ali cometeram um massacre.
Na história mais recente, logo após a Segunda Guerra Mundial, por volta de 1946/47 ali viviam os árabes, cristãos e palestinos, além de judeus que retornaram desde a Primeira Guerra Mundial. Aquele território foi dominado por vários povos há mais de três mil anos, mas quem estavam lá quando foi criado o Estado de Israel eram os ingleses.
Para forçar a constituição do Estado Israelita, os judeus atuavam com dois grupos principais de terroristas, o Haganá e a Gangue Stern que jogavam bombas em hotéis e instituições diversas. Sempre atacavam com força total reivindicando que aquela terra era deles. Quem colocou em votação na ONU para a criação de Israel foi um brasileiro chamado Graça Aranha.
Por que não foi instituído também o Estado da Palestina, cujo povo foi sendo empurrado e abandonado para uma faixa estreita da Cisjordânia, separada por muros? Quem se lembra da Guerra dos Sete Dias, em 1967, quando Israel, com seu poderio militar e ajuda dos Estados Unidos, avançou mais ainda? Depois de 1948 o Oriente Médio virou um vespeiro e não houve mais paz.
Como um povo oprimido e subjugado há anos pode se evoluir, se não tem infraestrutura, poder político e financeiro, quanto mais alimento para matar a fome? Os curdos também no Iraque, na Turquia e na Síria têm histórias semelhantes. Os Estados Unidos e a Europa Ocidental fizeram vistas grossas para a criação de colônias israelenses do outro lado e negaram a criação do Estado Palestino.
Não estou aqui justificando o ataque sangrento do Hamas em Israel, nenhum um outro tipo de carnificina humana, seja de onde vier, mas a maioria dos países europeus e os norte-americanos não têm moral para chamar qualquer grupo de terrorista, principalmente os ianques que já invadiram com matanças brutais diversas nações, como a Guatemala, Filipinas e o Iraque, só para citar esses povos.
VIZINHOS NÃO SE CONHECEM MAIS
Foi-se o tempo em que os vizinhos e moradores da mesma rua numa cidade se conheciam e tinham intimidades. Uns frequentavam as casas dos outros e se ajudavam nos momentos de maior aperto. Colocavam suas cadeiras nos passeios em final de tarde para prosear.
As amizades eram sinceras e sempre havia uma fofoqueira ou fofoqueiro, mas sem muitas maldades e o ambiente era até engraçado. A fofoca fazia parte das conversas e tinha que ter um do tipo repórter social. Havia aquela (ele) que dizia que sua boca era um túmulo, mas soltava tudo que ouvia. Se você tivesse algum segredo, guardasse, mas se queria espalhar era só contar sua notícia no pé do ouvido do fofoqueiro (a).
Os mais velhos lembram bem quando uma comadre batia na porta da outra comadre pedindo uma xícara de açúcar, um pouco de sal, uns ovos para fazer uma omelete, um pó de café, uma porção de farinha ou feijão porque a situação não estava boa. O compadre recorria ao outro solicitando um dinheirinho emprestado.
Hoje, principalmente nas grandes cidades, o vizinho nem sabe quem mora ao lado, e quando se batem de frente na vida de correria, não passam de um bom dia. Tem casos que nem isso. São sinais de quanto o progresso desumanizou as pessoas e acabou com os bons relacionamentos.
Às vezes o funcionário dos Correios ou de uma empresa qualquer de entregas confunde-se com o endereço e bate na porta errada quando a encomenda, na verdade, é do vizinho ao lado. Mesmo citando o nome, de Daniel, Mateus ou seu José, o cara que atende diz desconhecer. Certifica-se que a rua está correta, mas não conhece a pessoa.
O mesmo ocorre com os motoqueiros entregadores de comida, com agentes de saúde e outros prestadores de serviços quando existe uma troca no número da casa. Na maioria das vezes, o pedido foi feito pelo vizinho ao lado que o outro afirma desconhecer, mesmo citando o nome. “Não é aqui a casa de dona Dalva”? A rua é esta, mas não sei quem é esta Dalva – responde o vizinho. A Dalva é a vizinha.
Nos tempos de hoje, o vizinho desconhece a existência do outro que mora ao lado, divididos apenas por uma parede. Pior ainda são moradores de uma mesma rua que se cruzam para o trabalho ou seus afazeres do dia a dia e um não sabe o nome do outro.
Quando alguém morre ou acontece uma tragédia e começa a juntar gente na porta, o cara do outro lado, no meio ou na ponta da rua começa a indagar o que está ocorrendo e quem é a vítima que mora naquela casa. Quando descobre por outras bocas, apenas diz que sempre passava pela pessoa, quase que diariamente.
Não adianta pedir informações a um morador sobre outro que reside na mesma artéria. Vivemos na mesma aldeia, na mesma rua, travessa, praça ou avenida com problemas parecidos, cada um com suas dores e sofrimentos, mas todos são desconhecidos.
Ainda se encontra um calor humano quem vive no campo, na zona rural onde o tempo do progresso e da tecnologia ainda não acelerou tanto como nas cidades. Nos distritos e povoados, mesmo onde uma moradia é distante da outra, as pessoas se conhecem. Qualquer problema, especialmente se for grave, é só gritar por socorro. Ah, ainda tem os adjutórios nas roças, os chamados mutirões.
Ainda existe aquele hábito do compadre ou da comadre correr até o vizinho (nem tanto) para solicitar uma ajuda quando está necessitado, quer seja na forma de comida, dinheiro e em caso de doença.
Ainda bem que vivem mais distantes dessa loucura que se tornou nosso mundo, todo fragmentado, cheio de guerras, ódio e intolerância. No entanto, lá já chegou o celular, o rádio e a televisão (nem em todos lugares), mas as pessoas ainda preservam o sentimento humano e o respeito de um para com o outro.
SOLTARAM UM AÍ!
(Chico Ribeiro Neto)
“Quem primeiro sentiu, do buraco saiu” – sentenciava mamãe Cleonice, que dizia saber identificar o peido de cada um lá em casa: “Esse é de Waldemar (papai), esse é de Luiz, esse é de Zé Carlos. Ah, esse eu já conheço, é de Cleomar, e esse já sei que foi de Chico”, citando os filhos. Menino tem arte. A gente soltava um embaixo da coberta pra ficar sentindo o “aroma”.
A velha sempre repetia um velho ditado sobre um casal: “Quem gosta dos beijos gosta dos peidos”. Haja amor!
Uma amiga me contou que, menina, estava no recreio da escola, quando uma colega muito afoita gritou: “Você peidou”. E ela, muito tímida, disse que não. A outra insistia, ela negava e já se formava a roda de meninas. “Peidou, sim, que eu vi seu short tremer”.
Piada que surgiu na pandemia: antes, a gente tossia pra disfarçar o peido. Hoje, a gente peida pra disfarçar a tosse.
Muita gente tenta disfarçar quando solta um peido. Alguns procuram sair rapidamente do local da detonação, outros dão um sorriso constrangido ou começam a falar sem parar, como se a voz dissipasse o gás. Impossível disfarçar mesmo é quando você vai descendo sozinho no elevador, solta um e entra alguém.
Ele é também chamado de bufa, trovão de baixo, traque, bomba. Tem uns que assoviam, mas o pior é aquele que não faz barulho. Esse é igual a um escapamento de gás, fruuuuu, que quando começa vem sibilante e contamina todo o ambiente em questão de segundos. O que faz barulho não passa de um pum que logo se dissolve.
Uma vez, um amigo presenciou uma cena inusitada dentro de um ônibus Viaduto da Sé – Brotas, em Salvador. Entrou um bêbado e ficou em pé, quando um passageiro que estava sentado cedeu o lugar para uma mulher cheia de embrulhos. Quando ela se curvou para colocar o embrulho maior na poltrona deixou escapulir um sonoro peido. Ouvido de bêbado é o diabo e ele foi logo arrematando: “Minha senhora, a senhora peidou, não tenha vergonha, não. Todo mundo peida. Eu peido, o papa peida, o presidente Geisel peida, o cobrador peida, o motorista peida…” e aí houve logo um freio de arrumação. O motorista ouviu e veio tirar satisfação com o bêbado: “Você me ofendeu”. “Mas você peida ou não peida? “Peido, sim, mas você está me faltando com o respeito e vai descer do ônibus agora”. Motorista e cobrador agarraram o bêbado e o colocaram pra fora do ônibus. Quando o carro arrastou, ouviu-se a indignação do bêbado: “Quer dizer que ela peida e quem desce sou eu”.
Em Ipiaú, minha terra natal, existiu o Cine Bufa, assim descrito pelo jornalista José Américo Castro: “No ano de 1969, Dren (José de Assis Filho) inaugura na Rua Castro Alves, em um antigo armazém de cacau, uma sala com o seu próprio nome. O Cine Dren roubou do Cine Éden o público mais vibrante e ganhou, por motivos óbvios, o honroso apelido de “Cine Bufa” (…) No meio da projeção costumava-se ouvir: “Bufaram aqui, tá um fedor retado!” (…) Quando a coisa chegava às raias do insuportável, Dren interrompia a projeção e saía cheirando o cangote de cada cinéfilo. Aos cascudos, o principal suspeito era expulso do recinto”. (Fonte: livro “Porta do Éden – A poética de José Américo Castro e o Imaginário Coletivo de Ipiaú”, org. Paulo Andrade Magalhães).
Uma vez, Dren recebeu uma intimação do delegado de Polícia por causa da exibição de filmes de putaria. Diz o mesmo livro: “A queixa foi prestada pelas freiras do Instituto Sagrada Família, que moravam na vizinhança do cinema. Elas estavam incomodadas com os chiados indecentes dos atores e com as frases ditas em voz alta pela plateia. As mais moderadas eram do tipo: “vai, sacaninha…”
Lembro ainda de um colega de pensão que gostava de se exibir no quarto soltando um pum e riscando um fósforo para que a plateia visse a chama. Acho que ele foi parar num circo.
Zorra! Queimaram um aí!
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
UMA GUERRA QUE VAI NOS ATINGIR
Carlos González – jornalista
Um povo oprimido há mais de meio século por homens e mulheres refugiados do regime nazista que, ao longo desses anos, aparelhou um dos mais bem respeitados exércitos do mundo, reage um dia violentamente, sem imaginar que a retaliação do inimigo será devastadora, apoiada por parceiros poderosos e pela imprensa internacional. Esse é o enredo da peça teatral encenada no teatro de guerra do Oriente Médio, que, provavelmente, não irá passar do primeiro ato, devido a desproporção de forças. Os mais antigos diriam que o Hamas mexeu numa casa de marimbondos.
No último sábado, 7, o mundo recebeu com perplexidade e pavor a notícia de que o grupo Hamas, uma espécie de braço armado da Autoridade Nacional Palestina, promovia um derramamento de sangue em solo israelense. A organização, de natureza religiosa, criada em 1987, tem como um dos seus lemas, reproduzido na sua Carta de Princípios, a frase: “Morrer pela causa de Alá é nossa maior esperança”.
Nos últimos dias o termo terrorismo vem sendo aplicado para caracterizar esse ataque suicida do Hamas, organização considerada pelos Estados Unidos e pela União Europeia como terrorista. No passado, Israel se valeu dos grupos terroristas Haganá e Gangue Stern nas ações belicosas contra os palestinos. Como podemos classificar a invasão dos Estados Unidos e do Reino Unido ao Iraque, sob a justificativa de que o país asiático armazenava armas nucleares, químicas e biológicas, que nunca foram encontradas? Os 148 mil soldados das forças de coalização destruíram em pouco mais de 20 dias a frágil defesa inimiga, perdendo pouco mais de 120 homens. No lado iraquiano morreram 24 mil militares e 7.500 civis, entre eles o presidente Saddam Hussein, condenado à forca.
Inicialmente, o objetivo do Hamas era uma reivindicação antiga do povo palestino, a criação de um Estado autônomo, com capital em Jerusalém, vivendo em paz com seus vizinhos israelenses. Esse clima de harmonia nunca existiu por conta da implantação de acampamentos judaicos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, e dos frequentes conflitos entre os dois povos. Eram comuns imagens de jovens palestinos atirando pedras nos soldados israelenses, que respondiam com munição letal.
Nessa inimaginável escalada bélica, que a inteligência militar judaica não percebeu, o Hamas lançou milhares de foguetes, ao tempo que seus militantes, nos ataques por terra, cometiam atrocidades que chocaram o mundo. Entre esses atos, considerados como crimes de guerra, foram relatados mortes de bebês e crianças, ataque a um festival de música que deixou mais de 400 mortos, execuções, tortura e estupros.
Os mais de 100 israelenses feitos prisioneiros estão ameaçados de execução, caso Israel mantenha os ataques com mísseis a alvos palestinos. Os números de mortes dos dois lados são desencontrados, mas, segundo os correspondentes de guerra, 260 mil palestinos já deixaram suas casas em busca de um lugar seguro.
Os que ficaram em Gaza, incluindo 25 brasileiros, estão condenados à morte, como prevê o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, numa entrevista à “Folha”: “Nossos irmãos estão sendo submetidos a um ataque de “terra queimada”, referindo-se ao cerco por terra, mar e ar das forças armadas de Israel. “Ou se morre vítima dos bombardeios ou por falta de medicamentos, comidae água”, acrescentou.
O advogado e diplomata brasileiro Osvaldo Aranha tem o reconhecimento do povo judeu por ter se empenhado, como presidente da Assembleia Geral da ONU, pela criação do Estado de Israel na histórica sessão de 14 de maio de 1948, concedendo 53,5% do território sob domínio britânico aos refugiados da 2ª Guerra Mundial e 45,4% aos palestinos, que ocupavam a região. O nome do brasileiro batiza pelo menos ruas e praças de quatro cidades israelenses.
A recusa de não ter atendido uma antiga reivindicação palestina, o direito a um Estado – um processo que se arrasta até hoje -, a ONU estimulou o conflito entre os dois povos, que já completou sete décadas, com milhares de perdas de vida, principalmente entre os árabes, que se veem na condição de alvos de um apartheid. Apoiados por grandes grupos financeiros de origem judaica localizados no Ocidente, notadamente nos Estados Unidos, Israel, pelo seu poderia militar, é visto como uma ameaça aos países árabes que o cercam.
A negativa dos ricos judeus alemães de financiar os planos do regime nazista de Adolf Hitler foi um dos pilares do Holocausto. Entre 1933 e 1945, mais de 6 milhões de judeus foram assassinados nos campos de concentração nazista. Os que conseguiram sobreviver e não perderam seu patrimônio emigraram para o território palestino, onde aguardaram a decisão da Assembleia Geral da ONU.
Geograficamente, Israel está situado na Ásia, mas seu ciclo de vida como nação está direcionado para a Europa. O seu povo tem características que o aproximam do europeu; não são boas suas relações com as nações do Oriente Médio; organismos europeus aceitam a participação dos israelenses, inclusive a UEFA (a seleção judaica disputa as eliminatórias da Copa do Mundo e da Eurocopa contra as equipes europeias) .
A guerra no Oriente Médio ascendeu a polarização entre direita e esquerda no Brasil. Apesar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter divulgado nota condenando o que chamou de ataque terrorista do Hamas, o seu antecessor não perdeu a oportunidade para propagar mais juma mentira, vinculando o PT ao grupo palestino. Depois que Jair Bolsonaro foi mergulhado nas águas do Rio Jordão, Jerusalém se transformou numa espécie de Meca para os evangélicos brasileiros.
Numa rápida iniciativa do governo brasileiro, aviões da FAB estão retirando os quase 1.700 brasileiros que residiam ou faziam turismo em Israel. A maioria deles, com dupla nacionalidade, eleitores de Bolsonaro, deixou o Brasil para estudar nas universidades locais, para trabalhar voluntariamente nos kibutz (agrupamentos que funcionam como cooperativas com caráter socialista) ou para servir ao exército. No período em que fui aluno do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), em Salvador, dois companheiros israelitas (nascidos fora de Israel, mas professam a religião judaica) do curso de Artilharia revelaram que gostariam de vestir o uniforme do exército de Israel.
Se a guerra Rússia – Ucrânia vem afetando há mais de um ano a vida do brasileiro, que a todo instante é penalizado com aumentos da gasolina e do gás de cozinha, com reflexos nos produtos de maior consumo, esse novo conflito que se desenrola no Oriente Médio irá trazer maiores sacrifícios ao nosso povo. Vamos acabar construindo o nosso próprio Muro das Lamentações.