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O EXTERMÍNIO DA PALESTINA E O NAZI-SIONISMO NO ESTADO DE ISRAEL
Em nome do holocausto praticado por Hitler (1939-1945), o mundo vem assistindo estarrecido um verdadeiro extermínio dos palestinos na Faixa de Gaza por um governo nazi-sionista de extrema direita judaica que se estabeleceu em Israel, transformando a pequena região mais densa em população do mundo num cemitério de crianças. É uma das maiores catástrofes humanitária já vista nos últimos tempos.
Todo esse terror e barbárie, iniciado a partir de sete de outubro com o ataque do Hamas, conta com o beneplácito apoio dos Estados Unidos, da ONU (Organização das Nações Unidas), que perdeu sua voz, força e poder, e de grande parte do ocidente europeu. A palestina tornou-se uma zona de carnificina humana que a história está registrando. Os maiores culpados são aqueles que não criaram o Estado da Palestina, em 1948, ao lado de Israel.
Há 75 anos, quando foi instituído o Estado de Israel (o território estava sob domínio da Inglaterra) pela ONU, logo após a Segunda Guerra Mundial, depois da ocupação dos judeus numa guerra de terrorismo, os palestinos foram empurrados para a Faixa de Gaza, sem autonomia e, de lá para cá, vêm sendo perseguidos e massacrados impiedosamente pelo exército israelita.
Os primeiros humanos chegaram à região por volta de seis mil anos atrás. Há cinco mil anos, os primeiros assentamentos foram estabelecidos no local, e em torno de 1.400 a.C. durante o domínio egípcio do Levante (Fortaleza do Egito), a cidade se tornaria na atual Gaza que começou a se desenvolver.
Com o fim do domínio egípcio, em 1.200 a.C., Gaza foi conquistada pelos filisteus, a Filisteia. Logo depois foi tomada pelos israelitas, pelos assírios, babilônicos, persas, gregos e romanos. Em 70 a. C., os romanos fizeram um dos piores massacres da sua história nesse território, talvez o mais cruel pelo general Tibério, um dos mais aterrorizantes de todas as guerras onde os mortos eram comidos pelos abutres e a cidade foi toda cercada. Conta que com fome, famílias e mães sacrificavam as crianças para se alimentarem.
Com a divisão do Império Romano, no século IV, Gaza passou a fazer parte do Império Bizantino. A cidade foi convertida ao cristianismo e conseguiu prosperar. No século VII, a região foi conquistada pelos árabes. Sob o controle dos califados, tempos depois, Gaza foi atacada pelos Cruzados e mongóis. Esteve também nas mãos dos aiúbidas e mamelucos.
No século XIV, gaza experimentou seu último período de prosperidade. Após a Primeira Guerra Mundial, os ingleses se apropriaram do território. Um ano depois do Estado de Israel, em 1949, a Faixa de Gaza foi estabelecida e se tornou palco de conflitos que ocorrem até os dias atuais. Os judeus invadiram a região na Guerra de 1967 (Guerra dos Seis Dias), instalaram colônias, impuseram pelas armas seu poderio opressivo e construíram um muro de separação.
Se hoje fosse um país, com 365 quilômetros quadrados, seria o terceiro mais populoso do planeta, com cerca de 2 milhões e 400 mil habitantes. Com esta brutal invasão dos judeus, os números (nem sempre são precisos) os bombardeios na Faixa de Gaza já mataram cerca de 11 mil palestinos, mas pode ser bem maior. As maiores vítimas são as crianças, cuja maioria vive em campos de concentração com seus pais, como na época do nazismo.
É muito irônico os judeus hoje falarem em paz e justiça e que não toleram discriminação e preconceitos quando, ao mesmo tempo, jogam bombas contra os palestinos, dizendo que o alvo tem sido somente o Hamas. Fazem suas propagandas de vítimas declarando que o Brasil é um país acolhedor.
Li um texto do filósofo Peter Pál Pelbart onde ele diz ser judeu húngaro e que por sorte não vive na Hungria e nem Israel, acrescentando ter renunciado o passaporte de cidadania de ambos. Peter descreve ainda a escalada xenófoba e fundamentalista de Israel ao longo dos últimos anos, e que nada parece mais abjeto do que o fascismo.
O filósofo condena os 55 anos de domínio sobre os palestinos e que o “Bibi” exerce um papel de carrasco que se diz herdeiro das vítimas do nazismo. A violência praticada contra os palestinos, em sua visão, se naturalizou para o Estado de Israel.
O húngaro faz um relato amplo sobre o triste passado do nazismo quando judeus, judias, ciganos, artistas e intelectuais foram vítimas do genocídio de Hitler e lamenta o ocorrido, mas afirma ser uma pena que esses fatos estejam reaparecendo através de práticas semelhantes por um governo extremista de Israel.
Peter Pál faz um histórico sobre o judeu errante, uma figura vista como negativa de estrangeiro infiel traidor, cujo objetivo era corromper a cultura, sempre suspeito de um complô, que representava um perigo para a civilização ocidental. Tem também segundo ele, o chamado nômade que não carece de terra e vive nas margens do império, do deserto e no exílio. Este subverte os códigos.
Ele fala dos primeiros judeus que chegaram ao Brasil na época colonial e, por motivos de perseguição da Inquisição, tiveram que simular como cristãos novos. Cita que a primeira sinagoga no país foi construída em Recife por judeus sefaraditas de origem portuguesa durante a invasão holandesa, entre 1630 a 1654.
Em sua longa narrativa sobre seu povo, aponta ainda a comunidade que aportou no Brasil no século XX, vinda do Leste Europeu e que aqui criaram um grupo unido no Bairro Bom Retiro, em São Paulo, onde deixaram muitas obras beneficentes.
No entanto, reconhece que o Estado Judeu de hoje com o primeiro ministro Bibi Nethanyan não é mais uma terra prometida de paz e justiça. Os judeus de hoje, em sua opinião, se acham arrogantes, superiores, como se fossem os eleitos de Deus.
Para Peter, houve uma grande guinada direitista que defende governos autoritários, diferente do judeu diaspórico. Nessa linha, cita os grupos de extrema direita que se tornaram seguidores do governo passado numa clara referência ao ex-presidente Bolsonaro, com instinto perverso, colonialista que venera o Estado e a supremacia do exército. Nisso, ressalta o efeito dos judeus brasileiros com o candidato do capitão, com propagandas inspiradas no marqueteiro Goebbels que assessorou o nazista Hitler.
HISTÓRIAS DA BAHIA GUARDADAS NO MOCÓ (1)
(Chico Ribeiro Neto)
Releio o livro “A Bahia já foi assim”, da folclorista Hildegardes Vianna, Editora Itapuã, 1973. Uma bela viagem no tempo. Diz a autora na apresentação do livro, que traz 61 crônicas: “A BAHIA JÁ FOI ASSIM, até mais ou menos 1940. Depois, tudo mudou. Minhas crônicas são baseadas em muita coisa que ainda alcancei, e também em informes preciosos de amigos prestimosos”.
O livro – tão bom que vou comentá-lo em duas crônicas – é prefaciado pelo antropólogo Thales de Azevedo, que define Hildegardes como “uma ‘costumbrista’ literária” e escreve: “O folclore, aí, deixa de ser simploriamente tradição e curiosidade para assumir o seu significado próprio de fixação e inteligência dos modos de ser humanos em qualquer época e lugar, mesmo quando não sejam tratados com o aparato teórico e terminológico das ciências da cultura”.
Hildegardes Vianna encerra assim a crônica “A Benção”: “Hoje, a benção vive ainda na boca dos moços por um desses fenômenos difíceis de explicar. O mundo mudou. Os costumes evoluíram. Mas, apesar dos pesares, não é custoso se encontrar um homenzarrão, deste tamanho, gritando para a sua velha, já na porta da rua: “Benção, mãe!”. Também isto é sinal dos tempos”.
A crônica “O Ajuste” é aberta assim: “O sistema do Tire e Pague, se simplificou a vida da cidade, por outro lado lhe roubou muitos encantos. Tornou quase todos os bairros iguais, sem diferenças marcantes na paisagem humana. Retirou aquela cordialidade existente entre vendedores e compradores, aquele intercâmbio diário de impressões que humanizava cada ação”. Ela descreve a passagem do verdureiro: “Vinha com seu tabuleiro à cabeça, cavalete ao ombro, de porta em porta da freguesia, anunciando a sua chegada de maneira mais ou menos discreta”.
Na crônica “Eles, os carroceiros”, escreve Hildegardes: “O tipo era inconfundível. Calça e camisa feitas com pano de saco de farinha do Reino, chapéu de couro ensebado e deformado pelo uso, alpercatas toscas (mais tapa-sola que outra coisa), vez por outra um jaleco, mangual dependurado ao pulso direito, uma praga eternamente à flor dos lábios. Por fortuna, apenas o burro ou mula e a carroça. Por amor, as mulheres de todos os amores. Por divertimento, um toque de viola ou um gole de cachaça”.
Na crônica “Botica Velha” diz ela: “Um tipo que sumiu na paisagem humana da cidade foi o “homem das folhas” que supria a botica velha. Passava pelas ruas de semana em semana, de mês em mês, balaio sobre a cabeça, mocó pendurado ao ombro, cabaz na mão”.
Hildegardes prossegue: “No balaio vinham as plantas corriqueiras: maria-preta, angélica de cheiro, macela galega, angico, chicória, rompe-gibão, carqueja, almécega, crista-de-galo, dandá, assa-peixe branco, eucalipto, laranjeira da terra, fedegoso, velame branco, malva, sabugueiro, etc. No mocó apenas as encomendas representadas por mandacaru de sete quinas, abacate branco, quixaba, escada de macaco, cordão de São Francisco, aroeira, artemísia de cheiro, bananeira de São Tomé, resina de jatobá, etc.”
A crônica “A mulher do mingau” começa assim: “Era naquele tempo em que havia aquele ditado: “Quando eu nasci já se bebia mingau”. Mingau vendido ao clarear do dia por uma mulher que mercava por mercar, porque era fácil fazer freguesia certa. Em sua grande gamela redonda de pau, assentada sobre a grossa rodilha de pano de saco que lhe protegia a cabeça, a vendedeira equilibrava um latão com o mingau fervente, muito bem enrolado em toalhas alvas, que se confundiam com o verdadeiro pedestal de panos dobrados”.
Hildegardes Vianna morreu em 12 de junho de 2005, aos 87 anos. Seu acervo, um dos mais ricos sobre o folclore brasileiro, foi doado à Academia de Letras da Bahia. O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia também possui documentos da escritora, no Arquivo Histórico, à disposição do público para consulta. (Fonte: www.ighb.org.br).
(Continua na próxima semana)
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
A MAIS EMOCIONANTE DAS “LIBERTADORES”
Carlos González – jornalista
Um time que tem um “presidente” que, humildemente, baixa a cabeça para ouvir e cumprir uma missão quase impossível, não podia deixar escapar a oportunidade de ganhar seu primeiro troféu como profissional. Recém-saído das divisões de base, John Kennedy jamais esquecerá aquele gol, aquela emocionante vitória, assim como milhões de torcedores do Fluminense, que comemoraram em todo o Brasil a primeira “Libertadores da América”.
As celebrações de campeonatos ganhos, aqui ou em qualquer lugar, por clubes de maior ou menor expressão no cenário internacional, diferem muito pouco. Observando com mais apuro os minutos finais do jogo de sábado e as cenas que se seguiram ao apito final do árbitro, o epílogo daquele espetáculo tendo o Maracanã como palco foi único.
Fugiu da minha mente naquele instante a ideia de que o jogador de hoje é um mercenário, sem amor a camisa que veste. Essa falta de sentimento talvez decorra do pouco tempo que ele passa no clube. Pois bem, vi no Fluminense manifestações comoventes e excessivamente esfuziantes.
Jogadores veteranos, com largo caminho percorrido no Brasil e na Europa, donos de troféus, medalhas e faixas, como o lateral Marcelo, que durante oito anos vestiu a camisa do Real Madrid, eleito pela FIFA como o melhor time do século XX; Fábio e Felipe Melo, bicampeões da “Libertadores” pelo Palmeiras; ao comedido Ganso, recuperado pelo técnico Fernando Diniz.
Entre os 11 jogadores do Time de Guerreiros que iniciaram a partida contra o Boca Junior seis têm mais de 35 anos – o mais velho é Fábio com 43 -, mostrando aos preconceituosos deste país que, mesmo numa atividade tão desgastante como o esporte, há espaço para os mais velhos.
A experiência desses “veteranos”, aliada ao trabalho de Fernando Diniz (uma revelação nos momentos mais alegres do espetáculo), foi transmitida aos mais jovens durante toda a campanha do campeonato (8 vitórias, 3 empates e 2 derrotas; 24 gols a favor e 12 contra. Cano, artilheiro do torneio, com 13 gols, merecia uma vaga na seleção da Argentina). O Tricolor colocou na sua conta bancária 27,15 milhões de dólares (cerca de R$ 136 milhões).
Infelizmente, o Fluminense, com o real desvalorizado, vai ter dificuldades para conter o assédio dos clubes europeus em seus jovens valores. O zagueiro Nino está com transferência encaminhada para o Nottingham Forest, da Inglaterra; os britânicos Arsenal, Liverpool e Fulham, disputam o médio André; o Zenit, da Rússia, oferece R$ 63 milhões pelo ponta colombiano Arias. A diretoria do clube espera pelo menos manter o time campeão para o Mundial, marcado para o período de 12 a 22 de dezembro, na Arábia Saudita.
Como em outras oportunidades, o Flu contou com a ajuda do Sobrenatural de Almeida, personagem do dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, que deve estar festejando o título no “andar de cima”, ao lado de outros tricolores famosos, como Jô Soares, Telê Santana, Tom Jobim, Millor Fernandes, Cartola, Carlos Castilho e Paulo Gustavo.
A Academia Brasileira de Letras está tricolorida pelos seus “imortais” Gilberto Gil e Fernanda Montenegro. Somam-se aos dois intelectuais, Chico Buarque, Arthur Moreira Lima, Ivan Lins, Fred, entre outros.
Com relação a Gil, ocorreu no sábado, à noite, um episódio agradável para os tricolores e decepcionante para os rubro-negros cariocas, que estavam torcendo para os argentinos. Encerrado o jogo, a voz do compositor baiano soa de Lisboa, em tom zombeteiro: “Alô torcida do Flamengo, aquele abraço!”
Conhecendo Beto – era como seus amigos o tratavam – desde a mocidade no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, como torcedor do Bahia (um tricolor baiano jamais será um admirador do Flamengo), sempre achei que um dos versos da canção “Aquele Abraço” nada tinha a ver com o coração verde, branco e grená do nosso querido Gilberto Gil. Lamento,Urubuzada!
VIDAS PALESTINAS IMPORTAM
Carlos González – jornalista
Há quase 90 anos um ex-cabo do exército alemão, com evidentes sintomas de transtorno psicótico, ocupava a posição de Fuher (líder) de um país arrasado pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Obstinado pela ideia de criar uma raça pura, representada pelos povos germânicos, Adolf Hitler passou à História como o assassino de 6 milhões de judeus. Passados 78 anos do suicídio do ditador nazista, o mundo conheceu Benjamin Netanyahu, o desequilibrado primeiro-ministro de Israel, que se acha no direito de varrer a Palestina do mapa.
“Será impossível esperar de Hitler qualquer ato misericordioso ou tratamento humano”, afiançou o psicólogo norte-americano Henry Murray ao comentar os métodos de extermínio de judeus nos campos de concentração nazistas. Após 20 dias de bombardeios a alvos indiscriminados na Faixa de Gaza, o Gabinete de Direitos Humanos da ONU mostrou preocupação com os crimes de guerra cometidos pelo exército de Israel.
A resposta de Netanyahu, p0pularmente conhecido como “Bibi”, foi o pedido de renúncia do secretário da ONU, o diplomata português António Guterres. Contando com a cobertura parcial da imprensa do Ocidente – alô editores do JN da TV Globo –, o dirigente ultraconservador israelense, no momento em que seu terceiro mandato, vem se opondo veementemente a um cessar-fogo.
Mais de 3.700 crianças já morreram na “luta do bem contra o mal”, como define Netanyahu o avanço da infantaria e de blindados das Forças de Defesa de Israel, reduzindo os 365 km² da Faixa de Gaza (parte do território da Palestina; a outra parte é a Cisjordânia) em terra arrasada.
O último balanço feito nessa quinta-feira, dia 2, registra 9.061 mortes e mais de 30 mil feridos, inclusive de pessoas que viviam em campos de refugiados, de reféns em poder dos terroristas e de 30 jornalistas, além de 360 mil desabrigados. O Hamas, ao invadir território israelense no último dia 7, sem encontrar resistência armada, cometeu atos de extrema maldade, deixando um rastro de 1.400 civis mortos.
Exibição de fotos e vídeos nos meios de comunicação, filmes de vídeo-game para crianças, palestras nas escolas e nos consulados de países ocidentais. Israel tem se valido de uma bem montada campanha publicitária para justificar a ocupação do que ainda resta da Palestina, operação que está sendo vista como um segundo Holocausto, planejada justamente pelos descendentes dos que morreram nas mãos dos nazistas.
Sob a justificativa de estar aniquilando com o Hamas, matando seus líderes e destruindo suas passagens subterrâneas, Natanyahu vai em busca do seu tresloucado ideal: a ampliação do Estado de Israel, nem que para isso seja necessário matar seu último vizinho.
O conflito entre os dois povos começou nos primeiros anos do século passado e se aprofundou em 1948 quando a ONU criou o Estado de Israel e ignorou o mesmo direito da Palestina. Nas últimas décadas os organismos internacionais fecharam os olhos para a troca de hostilidades na região. A imprensa deu pouco destaque aos danos materiais e humanos provocados pelos foguetes israelenses, que caiam sobre escolas e hospitais em Gaza e no Líbano.
Desrespeitando as fronteiras estabelecidas pela ONU, Israel tem incentivado trabalhadores na agricultura a ocupar terras na Cisjordânia, expulsando seus donos e criando assentamentos. Nos últimos dias ocorreram assassinatos praticados pelos invasores, autorizados a portar uma arma de fogo.
Enquanto aviões da FAB retiravam de Israel 1.400 brasileiros, dezenas de judeus-brasileiros embarcavam no aeroporto de São Paulo com destino a Tel Aviv, “para defender minha casa”. No ano passado, 405 jovens imigraram para Israel, com a finalidade de trabalhar nos kibutzim ou servir ao exército.
O sentimento de superioridade que o judeu carrega consigo, ao ponto de achar que o restante da humanidade é antissemita, contrasta há 75 anos com a passividade do palestino, que tem vivido segregado, num gigantesco campo de concentração, com direito a apenas duas horas diárias de luz, na terra que ocupa há milênios. O mais famoso escritor judeu, Amoz Oz, chamou a invasão de Gaza de “genocídio de Israel” e de neonazistas aqueles que a planejaram.
MAIS UMA BANCADA NO CONGRESSO SEM A DO POVO QUE CUIDE DO SOCIAL
Quando a gente esperava que estávamos no caminho da união de todas as camadas mais desfavorecidas, mais pobres socialmente que vivem no baixo nível de pobreza, com seus direitos humanos relegados e desrespeitados, eis que surge a formação de uma bancada dos negros e dos pardos!
Quando vamos aprender a sonhar como sonhou Martim Lutter King, que pregou uma sociedade onde todos deveriam ser iguais, sem distinção de cor e de gênero? Ao invés de nos unirmos, estamos cada vez mais nos dividindo e criando animosidades, ódio e intolerância.
No meu ponto de vista, tudo isso é contraditório e paradoxal quando essas mesmas pessoas antes de se elegerem e se tornarem deputados ou senadores criticavam a existência das diversas bancadas no Congresso Nacional, cada uma reivindicando apenas seus interesses particulares. Vamos fazer também a dos brancos, dos amarelos, vermelhos ou a os dos olhos azuis?
Deveríamos era lutar para acabar de vez com as bancadas ruralistas, da bala, dos evangélicos, dos empresários, da Bíblia e de tantas outras, sem falar no tal Centrão corrupto, e não criarmos mais outra. Quem vai cuidar dos índios (povos originários), dos brancos pobres, lascados e desvalidos, desprovidos de assistência social, sem educação e saúde?
O negócio é cada um cuidar do seu próprio grupo, uma forma de individualizar e não coletivizar para combater, todos juntos, essa cambada elitista de burgueses capitalistas, aristocratas, oligarcas e financistas que desde os tempos coloniais dominam nosso país.
Em minha opinião, posso até ser uma voz destoante e não compreendida, essa nova bancada dos negros e pardos está cometendo os mesmos erros das outras existentes. Entendo que não é por aí que banda toca. Creio até que há quem esteja interpretando que minhas ideias têm viés racista. Pensem como quiserem, mas respeitem minha liberdade de expressão.
Essa bancada vai fazer uma linha de frente contra o Centrão, cujos componentes, na sua maioria, estão abocanhando ministérios do Governo Lula que, por sua vez, apoiou de um modo geral as eleições do PT? Qual vai ser a posição dessa bancada no campo político e ideológico nas votações dos projetos do poder executivo?
Vamos esperar para ver o que vai acontecer. Tenho comentado aqui que esse Congresso Nacional sempre tem sido o calcanhar de Aquiles do Brasil porque a maioria de seus parlamentares só visa mamar nas tetas do povo.
SECA NA AMAZÔNIA E O USO POLÍTICO DA ÁGUA NO NORDESTE
Todos sabem que a seca no Nordeste é secular e que até D. Pedro II chegou a falar em vender as joias da Coroa para solucionar o problema, mas o fenômeno não ocorria em outras regiões do Brasil, como no Norte (Amazonas) e no Sul do país (Rio Grande do Sul,
No entanto, as mudanças climáticas, provocadas pela mão dos homens através das derrubadas e queimadas de florestas, sem falar da poluição do ar por gases tóxicos, e não a determinação de Deus como falam as pessoas comuns, principalmente os evangélicos e católicos, mudaram esse tormento, que castiga os mais pobres, para outros lugares desse nosso Brasil continental.
Agora estamos vendo falar da seca na Amazônia no noticiário da mídia, com a baixa das águas dos rios que cortam Manaus e outras cidades ribeirinhas a ponto de dizimar milhares de espécies de peixes e deixar a população sem o precioso líquido e suas fontes de rendas, como a navegação fluvial para o transporte de mercadorias.
Embora seja aquela chamada seca verde, não comparável com o nosso Nordeste que se transforma numa paisagem cinzenta, árida e estorricada que mata animais, plantações e escorraça o homem do seu habitat, a situação em Amazonas e outros estados não é normal e reflete a ação desastrosa humana contra o meio ambiente.
Mesmo com a transposição do rio São Francisco, o Velho Chico, que ainda oferece algum alento para pessoas mais próximas dos canais (as empresas de irrigação são as mais beneficiadas), pouco se fala da seca em nossa região, inclusive aqui mesmo em Vitória da Conquista que uns idiotas chegam a chamar de Suíça Baiana (uma piada que serve de chacota).
Durante muitos anos como repórter fiz coberturas jornalísticas sobre o flagelo da seca e o seu uso político através dos carros-pipas que cortam as estradas poeirentas do sertão para levar água para alguns moradores (nem todos são contemplados). Com relação a esse absurdo que, infelizmente, ainda persiste, damos o nome de indústria da seca.
Para piorar mais ainda o triste panorama do homem nordestino, li numa rede social, e não é fake news, que uma emenda parlamentar vai favorecer o uso político da água, impondo a indústria da seca, o que é mais um absurdo desse Congresso Nacional que legisla para eles mesmos de costas para o povo. Sem exageros, temos um Congresso que faz do Brasil um país inviável.
SEMIÁRIDO
De acordo com o repórter João Pedro Pitombo, de A Folha, “a adoção das emendas parlamentares como uma das molas propulsoras das políticas de convivência com a seca deve aprofundar o cenário de contrastes no semiárido brasileiro, que incluem as famílias que precisam andar quilômetros para buscar água e as caixas-d’água que apodrecem guardadas por prefeituras.
A dinâmica de distribuição dos equipamentos de armazenamento de água sem planejamento, apontam especialistas, favorece o clientelismo, cria abismos entre municípios, inverte prioridades e aprofunda o problema secular da indústria da seca”.
Na série de reportagens Política da Seca, a Folha percorreu cinco estados do Nordeste e flagrou efeitos dessa distorção no dia a dia de moradores ignorados pelas emendas e pelas estatais, com famílias que muitas vezes têm que escolher entra a compra de comida e de um garrafão de água.
Em âmbito federal, a distribuição de cisternas e perfuração de poços é feita por órgãos como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), ambos entregues a líderes do centrão por Jair Bolsonaro (PL) e mantidos com esses mesmos dirigentes pelo presidente Lula (PT).
Em geral, o planejamento é deixado em segundo plano. São os chamados “barões da água“, políticos com influência em Brasília, que definem o destino dos recursos por meio de emendas, turbinadas nos últimos anos. Os equipamentos são escolhidos a partir de um catálogo, como uma espécie de “loja de políticos”.
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“Isso é talvez uma das maiores evidências da permanência desse modelo clientelista no Brasil. E não é aquele clientelismo que não é menos danoso, mas ocorre na esfera local e causa um esvaziamento de uma agenda mais propositiva. É num nível nacional”, afirma a cientista política Priscila Lapa, professora da Universidade Federal de Pernambuco.
As distorções nos investimentos são ainda mais graves em regiões como a do semiárido brasileiro, região que inclui parte dos estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais”.
SARAU DEBATEU CULTURA LOCAL
Pelo seu nível como terceira maior cidade da Bahia com cerca de 400 mil habitantes, Vitória da Conquista ainda deixa muito a desejar em termos de política cultural, hoje restrita ao São João e a Festa de Natal. Precisamos de um plano municipal a ser aprovado pelo legislativo de forma que a cidade tenha outras atividades que contemplem todas as linguagens artísticas durante todo o ano.
Essas e outras questões foram debatidas na noite do último sábado (dia 28/10) pelo “Sarau A Estrada”, no Espaço Cultural que leva o mesmo nome. O evento teve como tema principal “A Cultura Local” com falas diversas sobre as origens e história da cidade, suas expressões culturais ao longo do tempo, religiosidade, personagens de destaque, evolução e outros pontos, inclusive com relação a data de aniversário de Conquista (9 de novembro a partir de 1840) que foi contestada por muitos.
Na verdade, Conquista tornou-se cidade emancipada politicamente através de decreto da República em 1º de junho de 1891com o nome de Cidade da Conquista, vindo depois a se chamar Vitória da Conquista, em 1943. A data de 9 de novembro de 1840 tem como ponto de partida a criação de um Conselho para dirigir a Vila da Victória (19/04/1840), só que a pequena população ainda era dependente juridicamente da comarca de Jacobina, depois de ter sido desmembrada de Caetité e Rio de Contas. Chegou até a um certo tempo estar ligada a Condeúba.
O jornalista e escritor Jeremias Macário fez um histórico sobre a fundação da vila pelos colonizadores João da Silva Guimarães e João Gonçalves da Costa depois de batalhas contra os índios imborés e mangoiós no meado e final do século XVIII quando aqui também estiveram na região os capuchinhos italianos fazendo suas primeiras catequeses religiosas.
Macário ainda pontuou a influência do jornalismo impresso na cultura da cidade, lembrando o seu começo a partir de 1910/11 com os jornais A Palavra e A Conquista, fundados por Braúlio de Assis Borges e José Desouza Dantas quando a cidade tinha apenas cinco mil habitantes. Naquela época, até as décadas de 60 e 70, os jornais eram feitos por literatos, com espaços reservados para a nossa cultura em geral. Foram citados ainda os jornais O Conquistanse (1916), A Palavra que tinha como um dos redatores o poeta e escritor Manuel Fernandes de Oliveira, o “Maneca Grosso”, o Avante, de Bruno Bacelar de Oliveira, em 1931, na época da ditadura Vargas, O Sertanejo (1962), de Pedro Lopes Ferraz, que chegou a apoiar o regime da ditadura civil-militar de 1964, e O Combate, do grande escritor e poeta Laudionor Brasil, de linha crítica contra o autoritarismo.
Nesse tempo existia um grupo que movimentava a cultura de Vitória da Conquista, como Camilo de Jesus Lima, Carlos Jheová, Traumaturgo, o próprio Laudionor, Erastóstenes Menezes dentre outros. No período ditatorial nossa cultura foi amordaçada, mas uma coisa ficou clara nas discussões quanto ao papel do poder público municipal. O setor sempre foi tratado como coisa secundária e nunca se deu a devida atenção no sentido de elevar e apoiar as atividades culturais movidas pelos artistas locais.
Outro ponto de destaque foi a criação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em 1980, como núcleo de formação escolar em nível superior, expandindo o pensamento e o saber. O professor da Uesb, Itamar Aguiar, fez uma ampla explanação sobre a influência da religião em Vitória da Conquista, citando a chegada dos batistas, com sua primeira igreja na cidade, a expansão dos evangélicos em geral, a forte presença dos terreiros de candomblés, a Igreja Católica, os ternos de reis e outras expressões populares.
Atualmente vários grupos artísticos, como o audiovisual, a música e os escritores estão se unindo em coletivos para dar mais voz à nossa cultura, ainda carente de apoio público e privado. Esses grupos estão sempre se reunindo para traçar estratégias de atuação e dar mais visibilidade ao setor.
Os historiadores Afonso Silvestre, Lídia e outras pessoas como Manno Di Souza, que comandou a parte artística com suas cantorias, ao lado do cantor Agnaldo Dias, intercalada com declamações de poesias e contação de causos, Maris Stella e demais presentes, fizeram suas pontuações de ordem histórica e evolutiva da nossa cultura. No geral, todos cobraram maior participação do poder público, reivindicando a reabertura dos equipamentos culturais e a criação do plano municipal, especialmente agora com a realização da Conferência de Cultura no início de outubro, cujo relatório ainda não foi divulgado publicamente pela Secretaria de Cultura, Esportes, Turismo e Lazer.
No mais, a noite foi proveitosa num clima de confraternização, amizade, expressões culturais e troca de ideias entre os participantes. Os comes e bebes animaram o pessoal que varou a madrugada num saudável bate-papo e muita conversa. A anfitriã Vandilza Silva Gonçalves nos brindou com um delicioso pato cozido. Marcaram, ainda presenças, Adiramélia Mendes, Nilde que ficaram encantadas com o sarau (primeiras visitas), Alex Rocha, Maria Luiza, Túlio Matos, Manuel Domingos, Luis Altério, Lídia Cunha, Dió Araújo, Odete Alves Maris Stella, Rose Santos Pereira, Denis e José Silva, Humberto, Rosângela, Armando, Aragão, Maria Cleide, Vânia, Eliene (Liu), Jhesus, Dal Farias e Edna Brito.
Ainda sobre o sarau, Humberto parabenizou todos os participantes afirmando que o sucesso foi total. “Os artistas revezaram-se com muito brilhantismo em suas respectivas áreas. Os palestrantes encantaram a todos durante o debate do tema central do evento, trazendo-nos momentos de aprendizagem e reflexão. Os anfitriões, como sempre receberam e atenderam a todos com a costumeira atenção”.
BUROCRACIA E CULTURA
As duas nunca deveriam coexistir, mas estão juntas como irmãs siamesas por imposições dos governantes, de forma até mesmo proposital e intencional para, por natureza própria, favorecer os famosos e as celebridades. Os rios só correm para o mar.
Um artista, quer seja escritor, poeta, pintor, escultor, teatrólogo, ou músico, sempre será um artista e não um projetista interpretador de emaranhados editais burocráticos, bichos de sete cabeças ou Cérbero. O cara tem que ser um Teseu com a ajuda do novelo de Ariadne para matar o Minotauro e conseguir sair do labirinto.
Um amigo me disse que o governo libera o dinheiro, só que a grana sempre fica para poucos. As oficinas servem como orientação, mas na prática a realidade é outra totalmente diferente. É um engodo essa de dizer que tem um atendimento presencial em algum ponto.
Como um teimoso jumento nordestino, me atrevi a entrar lá no edital do estado da Lei Paulo Gustavo e escolhi o item prêmio Nilda Spencer, que trata da trajetória cultural do proponente. No início fiquei até animado, mas, alegria de pobre dura pouco.
Tive a proeza de ir bem até o meio do catatau de perguntas desencontradas. No entanto, comecei a me irritar com certas exigências de arquivos que, no meu entender, tinham a ver com outras áreas do edital e não com a premiação.
Mesmo com ajuda prestativa da minha esposa, comecei a ficar estressado e não conclui o preenchimento dos formulários, muitos dos quais desnecessários. É um tal de solicitar arquivos que não acaba mais.
O argumento dos técnicos e funcionários das secretarias de cultura quando se critica a burocracia é sempre a de que o artista tem que se organizar, como se ele tivesse a obrigação de também ser especialista no assunto. Sempre digo que cada “macaco” em seu galho.
Quando se trata de se fazer o imposto de renda, o empresário procura uma firma de contabilidade que faz todo processo e ele apenas assina o documento. Alguém aí acha que os artistas famosos, como Gilberto Gil, Betânia, Caetano Veloso, Bel Marques, Ivete Sangalo e tantos outros sabem destrinchar essa burocracia dos editais? Claro que não. Eles têm uma equipe que faz tudo e apenas assinam como proponentes.
O artista que vive de tocar em barzinhos para sobreviver ou um escritor sem a devida fama nacional que luta para vender seus livros não tem condições financeiras de pagar uma pessoa especializada em projetos de editais. Ai, como ele só sabe fazer sua arte, fica batendo cabeça para entender esse intrincado de leis feitas para complicar, ao invés de simplificar.
Nem é preciso explicar aqui como nasceu a burocracia no Brasil. Ela é histórica e vem desde os tempos coloniais, mais por conta da corrupção e das trambicagens brasileiras. Aqueles que têm maior poder aquisitivo burlam as leis e ainda saem impunes.
Nessa linha do tempo, quem mais paga por essa burocracia, não somente no setor cultura, é o pequeno que tem que se virar até para contratar um advogado para fazer uma simples petição. Será que não basta o monte de burocracias existentes nas repartições públicas que faz o brasileiro sofrer e até viola seus direitos?
O TEMPO TEM O SEU TAMANHO
(Chico Ribeiro Neto)
A velhice tem o tamanho exato. Do prato e do ato. A velhice sabe o tamanho do mar e deixa de pensar. Sente a grandeza do mistério e percebe o tamanho de Deus.
O velho é desconfiado. Perde em paciência o que ganha em sabedoria. Sabe onde as cobras dormem, mas não conta pra ninguém.
O velho gosta de sonhar, e isso sempre é muito bom. Será um ensaio para a morte? A velhice é somar os azuis e lembrar dos verdes. A velhice é uma ressurreição.
A velhice mora longe. Tem que saber chegar lá numa velha canoa em noite de lua. Ela mora numa ilha verde.
Ficar velho é saber demais. Somos feitos de histórias e cada dia tem uma melhor. Pode sentar na cadeira de balanço. Não precisa se mexer, ela balança por si, como um tic-tac.
Tem aquela luz azul que só o velho vê. Catarata ou poesia, ela é bonita.
Minha mãe Cleonice, depois de ouvir três vezes seguidas a música “Roda Viva”, revelou para meu irmão Cleomar: “Agora eu já sei o que é curtir”.
Ele gosta de juntar coisas velhas, mas também adora plantas. Bonito ver uma planta crescer, sinal de vida. Tinha um idoso numa cidade do interior baiano que cultivava uma pequena horta no quintal de casa. Aos 100 anos, já não aguentava mais se abaixar para plantar ou colher. Resultado: arranjou uns caixotes de maçã, encheu de terra e os prendeu à sua altura, seguros por grandes forquilhas de madeira. Em pé, continuou seu plantio e a enviar alface, coentro e cebolinha para os parentes. Os sonhos mudam de lugar com o tempo.
Minha tia Nina dizia que velho dentro de casa é problema. Reclama de tudo: que a TV tá escura, que o vizinho de cima faz zuada e que tem uma semana que não varrem a escada do prédio. E ainda quer almoçar às 11 horas, vive futucando as panelas.
Velho é imburrento, imbirrento, manhoso, dengoso, cismado, treiteiro, falastrão, avexado, enganjento, teimoso, peidão, chato, enjoado, mas eu te amo, meu velho Chico.
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
“NÃO FOI POR ACASO”…
Depois do secretário Geral da ONU, Antônio Guterres, engenheiro e diplomata português, explicar que a violência não é justificável, seja da parte quem for, ele declarou que o atentado do Hamas, no último dia 7, num evento musical, “não foi por acaso…” Foi o bastante para os representantes de Israel na ONU, que só fica no blábláblá e ninguém ouve mais, ficarem irritados e pedirem sua demissão do cargo, inclusive proibiram a concessão de vistos de funcionários do órgão ao país.
Basta uma palavra ou frase com um sentido de explicar o porquê de determinado acontecimento de um fato, para o outro lado fazer sua própria interpretação e sair por aí disseminando inverdades, inclusive a grande mídia capitalista tendenciosa que segue os passos do mundo ocidental colonizador e imperialista. Os judeus deturparam por completo a fala de Guterres.
Longe de ser parcial na questão geopolítica e histórica da região, que é secular, o que compreendi com seu pronunciamento é que o atentado foi uma consequência de mais de 50 anos de perseguição de Israel contra os palestinos, bem como condenar a omissão e a negligência das nações mundiais em até o momento não terem criado também o Estado da Palestina.
Em momento algum, em meu juízo ainda lúcido, entendi que ele estaria justificando a violência e apoiando a ação do Hamas. Uma pessoa quando é acossado, vilipendiada, perseguida, agredida e provocada por outra, um dia ela vai reagir e cometer um desatino.
Isso me fez lembrar um júri popular, ainda jovem, na cidade de Amargosa, onde um senhor estava sendo julgado por ter matado um conhecido que todos os dias passava em frente da sua casa e lhe xingava com apelidos, de vagabundo e lhe dirigia agressões verbais.
Um certo dia o cara não aguentou tantas provocações e assassinou o seu opositor com várias facadas. Na audiência pública judicial o advogado do réu se dirigiu de forma proposital ao promotor por várias vezes com termos provocativos até que o mesmo perdesse as estribeiras e a compostura ao ponto de partir agressivamente contra o colega, alegando que o cara estava zombando dele.
Calmamente, o advogado, com sua habilidade de defesa, disse ao promotor e aos jurados: Está vendo aí, em pouco tempo em que estamos aqui vossa excelência não suportou minhas palavras repetitivas contra sua pessoa. Agora imagina esse moço que aí está no banco dos réus sendo vítima todos os dias de deboches e menosprezos contra sua pessoa. Um dia ele não aguentou e partiu para vias de fato.
É um exemplo simples para explicar o que os israelenses vêm fazendo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia desde quando se tornou Estado, em 1948, isto é, há mais de 70 anos. Israel acossou, construiu muros, colônias habitacionais, invadiu terra como numa espécie de grilagem e seus aliados fizeram vistas grossas.
Os israelenses se recusam a olhar o passado de avanço territorial e encurralamento contra os palestinos com a anuência dos donos da ONU e dos países da Europa Ocidental e, principalmente, com aval direto dos Estados Unidos. E os atos de terrorismo que os judeus praticaram contra árabes, cristãos e palestinos para forçar a criação de um Estado?
O que o secretário Geral quis dizer é que esticaram demais a corda até que ocorreu uma tragédia anunciada. Em seu depoimento, não vi ele afirmar, de modo algum, que o ataque do Hamas foi merecido ou justificável. Claro que nessa hora o outro lado fulmina a razão do outro e só enxerga a sua, ao seu modo e interesse.
Israel simplesmente se nega a reconhecer o que já fez de terror contra os palestinos, deixando-os na pobreza e na miséria. O Hamas quer a extinção de Israel que também pretende aniquilar o seu vizinho, inclusive os palestinos que são governados por outra autoridade. Sabe como os palestinos enfrentam a opressão de Israel? Com pedras contra os soldados, como nos tempos bíblicos e na era do domínio romano, quando os israelitas faziam emboscadas “terroristas” contra os exércitos dos imperadores de Roma.