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UMA TREMENDA DECEPÇÃO
Confesso que me sinto desolado, triste, derrotado, frustrado e decepcionado com o resultado pessoal depois de uma campanha limpa, diferenciada, de luta, ética e seriedade, percorrendo bairros e ruas desta cidade. Neste momento que escrevo este texto, as únicas palavras que tenho para reproduzir é que a política não é mais para os bem-intencionados porque a esquerda perdeu suas origens e abandonou suas bases.
O pior de tudo é que essa própria esquerda, principalmente o PT, resiste em não fazer uma autocrítica, e os enrustidos fanáticos permanecem em seguir um caminho ultrapassado e não aceitam enxergar o espaço que a direita e a extrema avançaram. Essa própria direita aprendeu com a esquerda e aperfeiçoou seus métodos de políticas públicas sociais.
Não mais conta esse assistencialismo das cestas básicas e do Bolsa Família. O Lula de hoje não é mais o mesmo dos tempos passados que corria trechos do nosso Brasil, especialmente no Nordeste, carregado pelas multidões e tinha a “vara de condão” para mudar e reverter qualquer campanha correligionária que estivesse em baixa.
Com uma aprovação em baixa pela polarização ideológica, ele passou o tempo todo fazendo política externa e nem foi a São Paulo na reta final apoiar pessoalmente o Guilherme Boulos, do PSOL, que aqui em Vitória da Conquista praticamente deixou de existir. O mais desolador é que depois de uma eleição dessa, cada um toma seu rumo, e o partido simplesmente desaparece na fumaça.
O meu desabafo é de profunda tristeza, primeiro diante do trabalho que fizemos com garra e tivemos uma derrota acachapante. Da minha parte, não consigo entender o que deu errado se lutei bravamente e apresentei minhas propostas de trabalho na área cultural, sem contar a intensificação nas redes sociais. Sai dessa campanha igual burro estropiado, como se diz no popular, e recebi intenções de votos que foram falsas. Eu que percorri bairros e ruas, senti na pele a grande rejeição.
Por outro lado, além da esquerda ter se perdido no caminho, o nosso sistema eleitoral é cruel, desigual e desleal, feito pelo Congresso Nacional, para beneficiar eles mesmo e com brechas para serem burladas. Os malfeitores se aproveitam desse sistema para fazer suas trapaças e falcatruas políticas, enganando o povo que passa mais quatro anos na pobreza e na miséria, sem saúde e educação.
Ninguém lá de cima, como sempre tenho comentado, quer fazer uma reforma eleitoral profunda que elimine o uso da safadeza do dinheiro e da máquina de quem já está no poder. Aqui mesmo, em Conquista, todos candidatos à reeleição usaram da estrutura dos seus gabinetes.
A Justiça Eleitoral faz de conta que fiscaliza, que está de olho nas irregularidades. Com esse esquema que está aí, hoje vale a pena cometer ilícitos porque é só pagar uma multa pequena e recorrer das ações de irregularidades até o Supremo Tribunal Federal, sabendo que leva tempo para ser julgado, sem contar as imparcialidades dos juízes que até vendem sentenças. Mentir virou a melhor arma para se eleger.
Nesse processo todo arcaico e que só presta às elites burguesas e aos endinheirados que compram votos, como nos tempos dos coronéis, nossa democracia é mambembe e tupiniquim. É uma democracia que nos deixa envergonhados e bota fora os bons, os honestos e os que desejam melhorias para o povo.
Para ser realista, o nosso povo já se acostumou com uma educação, uma saúde e uma segurança precárias. Na zona urbana, ele só quer é asfalto nas ruas e no campo estradas pavimentadas. Para essa gente inculta, já é normal escolas caindo aos pedaços sem professores e postos de saúde sem equipamentos e médicos. De tanto apanhar, a nossa população já se acostumou a sofrer. Virou uma rotina. Cultura é palavrão.
Os debates feitos nas televisões com aquele blábláblá todo só servem para aumentar a audiência das emissoras. Não passam de um circo para divertir os telespectadores e não mudam voto de ninguém, mesmo que o candidato seja o mais fraco e minta o tempo todo. Aliás, quem mente mais, sai melhor. O resto é conversa mole de cientista político e pesquisador.
Quanto ao resto, me sinto desiludido e desesperançoso com esse panorama político de uma democracia capenga, a não ser que a esquerda se uma em peso para voltar às suas origens de porta de fábrica e conversa franca com as bases.
Ela está inerte, apática e acomodada mandando seus recados teóricos lá do alto e apreciando a direita e a extrema avançarem. Quem começou essa divisão do “nós contra eles” deve agora fazer sua mea culpa e começar a juntar os cacos enquanto é tempo. As eleições municipais servem de parâmetro para as próximas, para corrigir os erros.
QUE NEGÓCIO É ESSE DE DIZER QUE O SÃO FRANCISCO TEM 523 ANOS?
Quando Américo Vespúcio e seus viajantes, um deles André Gonçalves, chegaram à foz do rio Opará, que significa rio-mar pelos índios, em 4 de outubro de 1501, esse rio já existia há milênios e foi denominado pelos desbravadores de São Francisco, hoje popularmente de “Velho Chico”, em homenagem ao santo do dia.
Ora, não consigo entender como os historiadores e a própria mídia afirmam que o Rio São Francisco está completando 523 anos! Até parece que quando eles chegaram em sua foz ele teria nascido naquele ano! Pelo menos não poderia dizer que ele foi descoberto pelos invasores em 1501? É um tanto hilário, para não falar irônico e contraditório esse negócio de aniversário de 523 anos.
Alguém pode até retrucar que é uma data simbólica, mas vamos ser mais coerentes para que as nossas crianças e jovens não confundam uma coisa com a outra, como aprenderam na escola que o Brasil foi descoberto em 1500. O mesmo fazem com a Baía de Todos os Santos, a Baía Guanabara, do Camamu, rios, montanhas e outros pontos do nosso Brasil que já existiam há milhares e milhões de anos.
No entanto, pegando aí o gancho do “aniversário” do nosso gigante São Francisco, das enigmáticas carrancas, podemos confirmar que foi a partir dali, em 1501, que o nosso “Velho Chico” começou a ser explorado pelos novos habitantes intrusos de forma desordenada, ao ponto de estar hoje degradado com suas margens devastadas, sobretudo devido a ação destruidora do ser humano.
Foi durante, por exemplo, os anos de 2011 a 2017 que a nascente do São Francisco, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, chegou a secar. Suas águas baixaram tanto ao ponto do rio se tornar inavegável em quase todo seu leito. Muitas ilhas se tornaram bancos de areia e houve uma mortandade de peixes, sem contar as perdas de lavouras por falta de irrigação. Os ribeirinhos foram os que mais sofreram e passaram fome. O prenúncio era que o rio ia desaparecer.
Ao invés da revitalização, em decorrência do assoreamento em suas margens, o governo federal inventou de fazer a transposição de suas águas para outros estados nordestinos, que até hoje só beneficiou os mais ricos, ou seja, os empresários do agronegócio.
Depois da grande seca que deixou praticamente as barragens, como a de Sobradinho, sem vazão, São Pedro mandou chuva e ninguém mais falou em revitalização do “Velho Chico” com o plantio de árvores em suas margens. Continuam retirando água de maneira descontrolada para a irrigação de frutas para exportação.
Naquela época, entre 2011 a 2017, o mar adentrou boa parte do São Francisco em sua foz, entre Sergipe e Alagoas, e suas águas ficaram salobras. Pela sua história e importância, o São Francisco pode ser considerado o Nilo do Nordeste, mas, devido as agressões humanas, ele pode deixar de existir, ou se tornar temporário, ao invés de perene, basta sofrer outra grande seca.
ADIANTA O LADO AÍ, MEU TIO!
(Chico Ribeiro Neto)
Velho adora juntar. Depois de juntar alegria, tristeza, saudade, ingratidão e dor, o velho gosta de reunir amigos, filhos e netos, fotos antigas, mas também gosta de juntar vasilhas vazias, a da manteiga que acabou e o copo do requeijão cremoso, liquidificador quebrado e dois clips achados no chão. O velho juntou o tempo.
Velho adora molhar as plantas, ouvir fofoca, passear na praça e tomar uma sopa bem quente.
Observa tudo, não tem muita paciência, não gosta de fila e às vezes conversa sozinho. Conta piada para si próprio, e ri.
Brinca de se esconder com seus fantasmas. Velho é o mundo, seu sacana.
Dona Mercedes, a mãe do jornalista Ricardo Boechat, comentou uma vez com ele: “Não sei porque as pessoas gostam tanto de dar perfume de presente aos velhos. Acho que pensam que velho não toma banho e só anda fedendo”.
Uma vez, um velho jornalista com quase 70 anos me contou que não sabia mais como descer de um ônibus em Salvador. Naquele tempo o passageiro saltava pela porta dianteira. Ele disse que quando descia apressado o motorista o alertava: “Devagar, meu tio, cuidado pra não cair”. Quando descia devagar, o motorista reclamava: “Rumbora, meu tio, adianta o lado, desce logo!”
Um idoso diz para o amigo num bar de Salvador: “Meus dentistas e meus médicos já morreram todos!”
CRIANÇA GRANDE
“O idoso é uma criança grande. Respeite!” (Nonato Montes).
“O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo.” (Honoré de Balzac).
O pior de ficar velho é que, quando você acha que já sabe quase tudo, começa a esquecer.” (Autor desconhecido).
“Quanto mais velho fica, mais cedo fica tarde.” (Autor desconhecido).
“A sabedoria dos velhos é um grande engano. Eles não se tornam mais sábios, mas sim mais prudentes.” (Ernest Hemingway).
BALDE VELHO
“Muitas pessoas não chegam aos oitenta porque perdem muito tempo tentando ficar nos quarenta.” (Albert Camus).
“Quando se passa dos sessenta, são poucas as coisas que nos parecem absurdas”. (Albert Camus).
‘”Você está começando a ficar velho quando, depois de passar uma noite fora, tem que passar dois dias dentro.” (Millôr Fernandes).
“Não jogue fora o balde velho até que você saiba se o novo segura água.” (Provérbio sueco).
“Você sabe que está ficando velho quando as velas começam a custar mais caro que o bolo.” (Bob Hope).
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br.)
OH, QUANTA REJEIÇÃO!
Em minhas andanças de quase dois meses de campanha na disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, senti o afago das mãos, o olhar de gentileza, o acolhimento, o apoio e também um sentimento de raiva e estupidez em determinadas pessoas, com sinais de revolta diante da situação em que vivemos.
Sabia que nos tempos atuais de tanta intolerância e polarização ideológica, o povo não mais acredita na política e nos políticos, mas não imaginava o alto grau de rejeição, embora a grande maioria vá às urnas neste seis de outubro depositar o seu voto. Esse quadro demonstra muito bem o nível de abstenções, de votos nulos e em branco.
Fui tratado em muitos lugares e bairros com delicadeza, mas confesso que também fui recebido com “coices”, e teve gente que, indiretamente, me chamou de ladrão, só por estar fazendo um apelo pelo seu voto. Ouvi sussurros de lá vem o político que só aparece em épocas de eleições.
Na visão geral das pessoas, todos políticos são iguais na sujeira, e não adianta tentar convencer o contrário. Muitos me olharam de soslaio, como se eu fosse um cachorro pulguento e desprezível, não sabendo das minhas boas intenções.
Outros me aceitaram e concordaram que a Câmara de Conquista precisa ter um nível de preparo e capacidade à altura do tamanho da cidade, a segunda maior do interior com cerca de 400 mil habitantes. “Tem gente ali que não deveria ter sido eleito” – desabafou um senhor ao aceitar meu “santinho” e bater um dedo de prosa.
Posso dizer que foi mais uma batalha, um desafio e mais uma aprendizagem em minha vida. Esse tipo de corpo a corpo com o eleitor, como se chama na linguagem popular, foi como tivesse saído do campo da teoria para o mundo da prática. O que mais me deixou triste vou ver muitas pessoas xingando a política, quando, na verdade, ela está cotidianamente em nossas vidas.
Todo este lado melancólico e angustiante foi criado pelos próprios políticos (nem todos) que sujaram suas mãos com promessas não cumpridas, sem falar nos atos de corrupção e malfeitos. Senti muita mágoa nos rostos das pessoas mais pobres quando visitei os bairros periféricos, de menor poder aquisitivo.
Como em todas outras labutas da minha vida, exercendo cargos e funções, tanto no setor público como no privado, saio mais de uma delas de cabeça erguida e consciente de que deixei minha mensagem de ética e seriedade, sem ser contaminado por aqueles que acham que para vencer tem que agir com sagacidade, na base do vale tudo, ou como se costuma dizer, passando a rasteira no outro.
QUEM SÃO OS OPRESSORES TERRORISTAS?
Logo após a II Guerra Mundial, em 1945, os sionistas israelenses começaram a praticar atos terroristas contra o povo palestino para força a criação de um Estado, em 1947 ou 48, com o aval dos Estados Unidos e da Inglaterra ou Reino Unido. A partir dali se transformaram em algozes, opressores e terroristas encurralando os palestinos.
Na guerra de 1967, Israel tomou grande parte do território da Faixa de Gaza e das Colinas de Golan, sem contar que durante anos os judeus criaram colônias nessas áreas. Em 1987 foi criado o grupo Hamas, considerado como terrorista, que foi se armando para resistir a opressão de Israel, apesar da força ser desproporcional.
Em 1978, o próprio Israel invadiu o Líbano cometendo atrocidades e massacres em campos de concentração dos refugiados palestinos. Somente em 1985 foi formado o Hezbollah, também para revidar aos ataques israelenses.
Esses grupos foram, na verdade, consequência da opressão dos sionistas que hoje praticam genocídios contra civis, mulheres, crianças e idosos, em nome do ataque do Hamas, em 7 de outubro do ano passado, numa luta totalmente desigual.
Todo o armamento e poderio de Israel vem contando há anos com a ajuda dos ianques norte-americanos, da Inglaterra e também de alguns países europeus ocidentais, enquanto os palestinos foram jogados à miséria, à pobreza e à fome. Essas nações nunca se levantaram para repelir a força israelense, nem tampouco criar de vez um Estado palestino.
Quanto a um Estado do outro lado, nunca chegaram a um acordo e, durante mais de 70 anos, os governantes israelenses só fazem oprimir os mais fracos. Denominam os grupos de resistência de terroristas quando são eles que fazem o terrorismo de Estado, culminando agora com o genocida neonazista Benjamin Netanyahu, o conhecido “Bibi”, que sempre está lembrando do holocausto hitlerista. É hilário, para não dizer irônico.
O ataque do Hamas, em 7 de outubro, não é justificável, mas quem até agora cometeu mais crime contra a humanidade, ceifando a vida de mais de 40 mil palestinos? Contra a todo esse terrorismo e essa carnificina, a ONU e os líderes mundiais, que sempre estiveram ao lado de Israel, só fazem lamentar o terror.
Enquanto isso, o primeiro ministro genocida só faz atacar e cometer suas crueldades com bombas e tanques, inclusive invadindo novamente o Líbano. Quando Hitler mandou exterminar os judeus, o povo, as entidades e os empresários o apoiaram, o mesmo ocorrendo agora em relação aos mandatários de Israel.
Em toda história da humanidade, os mais fortes e conquistadores tiranos sempre foram aplaudidos pelo seu povo que não pode ser considerado como inocente quando o inimigo revida com atos considerados terroristas quando, na realidade, se trata de resistência dos oprimidos.
Para nos situar aqui no Brasil, por exemplo, a ditadura civil-militar-burguesa, de 1964 a 1990, chamava de terroristas os opositores políticos ao regime que prendeu, torturou, matou e desapareceu com os corpos de cerca de 500 pessoas que lutaram pela volta da liberdade.
Atacar ou matar alguém em nome da sua liberdade não constitui crime, como já disse um historiador jurista. Todos têm o direito de resistir quando é oprimido no seu direito de viver livremente. Qualquer animal quando se sente encurralado, seu instinto natural é reagir ferozmente para se proteger e defender sua vida. Quando isso acontece, o algoz se faz de vítima. É o caso típico do primeiro ministro de Israel.
ESTAMOS NA RETA FINAL
Um amigo me disse que eleição neste país é dinheiro. Em parte, concordo porque o nosso sistema eleitoral é arcaico e cruel, para não dizer que é bruto, mas não depende somente disso. Conta também a criatividade e ir para a rua arrastar chinelo no corpo a corpo, mesmo enfrentando obstáculos e “coices” de muitos que não acreditam mais na política e nos políticos que há anos vêm traindo o eleitor com suas promessas não cumpridas.
Nessas minhas andanças pela cidade de quase dois meses, não vi nenhum candidato à reeleição fazendo panfletagens nas ruas e mostrando a cara. Talvez tenha medo de ser abordado com duas pedras na mão. Estou dizendo isso porque já recebi muitos xingamentos me colocando no mesmo cesto. Não tiro a razão do eleitor e nem procuro contrariá-lo ou tentar convencê-lo que está errado, somente respondo que ainda existem os bem-intencionados.
Sei que muitos estão estourando dinheiro em carreatas, bandeiras, adesivos, usando a máquina de gabinete (candidatos à reeleição) e em fogos de artifícios. Outros com pouco, como é o meu caso, com apenas R$4.000,00 do Fundo Eleitoral pelo PSOL, estão na luta diária fazendo uma campanha limpa e com criatividade, conversando diretamente com o povo no “olho no olho”.
Tenho usado meu megafone para passar minha mensagem de seriedade, ética e honradez; falar das minhas propostas em defesa da cultura; criticar os políticos corruptos; denunciar as mentiras em propagandas enganosas; e conscientizar a população para a questão do voto consciente, justamente naqueles que estão preparados e capacitados para exercer o cargo.
Estamos chegando à reta final de uma maratona árdua, desigual e desleal, mas o que me deixa tranquilo é que estou cumprindo a minha missão e enfrentando mais um desafio na vida, de tantos outros que já encarrei e venci, mesmo cometendo alguns erros, pois ninguém é perfeito. Entendo que estou dando a minha contribuição passando o meu recado e condenando os malfeitos.
A eleição no Brasil ainda é um modelo coronelistas, só que num estilo mais moderno e sofisticado, mas sua essência permanece a mesma daqueles tempos do voto de cabresto, na base dos favores e do dinheiro. O eleitor que vende seu voto é pior do que aquele que compra, mas ele foi criado e formado nessa cultura maldita.
Quando decidi entrar nessa disputa já sabia como funcionava o sistema, mas resolvi enfrentá-lo e me coloco como se fosse um Dom Quixote nessa “batalha” contra os moinhos de vento. Um outro amigo me disse que eu iria sujar minhas mãos. Respondi que a esta altura da minha vida e, como minha trajetória de seriedade, não iria me contaminar.
Acredito na vitória, mas se ela não vier, saio de cabeça erguida da mesma forma que entrei, como já ocorreu em tantas outras funções que exerci em minha vida profissional e fora dela. Enquanto tiver vida estarei nessa trincheira da resistência em defesa da melhoria do nosso povo, principalmente através da educação e da cultura.
Em “Um Preito de Gratidão”, meu amigo e companheiro de jornalismo, Carlos Gonzalez, me deixou emocionado com suas belas palavras a meu respeito e, sobretudo, quando fala que a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista ainda continua de baixo nível, necessitando de pessoas preparadas e capacitadas.
Suas palavras, meu amigo, me deram mais forças para chegar nessa reta final com a vitória na mão, e que será de todos. Não estou nesta empreitada à busca de status e vaidades, mas para deixar meu legado nesta cidade de 400 mil habitantes, que me acolheu e me concedeu o título de cidadão conquistense. Como disse o imperador Augusto César: A sorte está lançada.
UM PREITO DE GRATIDÃO!
Carlos González – jornalista
O povo de Vitória da Conquista terá a oportunidade, no próximo dia 6, de manifestar seu agradecimento a um filho adotivo desta cidade: o jornalista e escritor Jeremias Macário de Oliveira, dando-lhe uma cadeira, mais do que justa, na Câmara de Vereadores, que necessita, com urgência, passar por um processo de purificação espiritual. Vamos só lembrar o “saltar de muro” e a corrida até o gabinete do prefeito. Começava a adesão ao partido do prefeito de plantão, ocorrida em todas as eleições. Uma prática comum nos 5.570 municípios brasileiros
Senti-me na obrigação de lembrar aos conquistenses mais velhos, e contar aos mais jovens, o papel exercido por Jeré, como é chamado por amigos e colegas, entre aqueles que deram sua contribuição para que Conquista – na verdade, toda a região Sudoeste foi beneficiada – se tornasse, economicamente, no terceiro município do Estado.
Sentei diante do notebook, mesmo atravessando um processo de recuperação de um acidente doméstico, que me causou uma diplopia (visão dupla). Passou pela minha cabeça a ideia de dar uma pequena ajuda a um baiano sertanejo que, aos 77 anos, ainda pretende dar sua contribuição à cidade que o recebeu de braços abertos. Trocou o conforto do recém-inaugurado prédio de “A Tarde”, no bairro classe “A” do Caminho das Árvores, em Salvador, pelos contratempos que iria encontrar no pouco explorado Sudoeste Baiano.
Por iniciativa de um jovem gerente financeiro e administrativo, o visionário Arthur de Almeida Couto Filho, a direção de “A Tarde” decidiu levar a notícia ao interior baiano. Sucursais do jornal foram abertas em Vitória da Conquista, Juazeiro, Feira de Santana e Ilhéus. Os leitores – muitos deles se tornaram assinantes – aguardavam ansiosamente a chegada do jornal. Aos domingos, as bancas vendiam cerca de 100 exemplares. Atualmente, somente os assinantes recebem, nos finais das tardes, “o vetusto vespertino da Praça Castro Alves”.
Testemunhei, por mais de três décadas, os “anos dourados” de “A Tarde”. Jeremias era o companheiro de Redação e dos papos nas mesas dos bares após o fechamento do jornal. Seu “forte” era a economia, haja vista que chefiou as assessorias de comunicação da Federação das Indústrias, Secretaria da Indústria e Comércio, Sebrae e Promoexport. Convidado por Arthur Couto veio chefiar a Sucursal da empresa jornalística dos Simões, onde permaneceu por mais de 30 anos, deixando um legado de benefícios para toda a região.
Filho de Piritiba, no sertão norte-centro da Bahia, onde passou a infância, estudou e ajudou o pai como feirante, Jeremias logo se adaptou aos costumes de Vitória da Conquista. Além da área redacional, a Sucursal era responsável pela venda de assinaturas, a publicidade e a distribuição dos exemplares. Os repórteres não se limitavam a cobrir as pautas que vinham de Salvador. Frequentemente, percorriam estradas poeirentas e esburacadas, em busca de uma interessante notícia da região. Esse esforço deu à equipe vários prêmios em concursos jornalísticos promovidos pela Associação Baiana de Imprensa (ABI) e por entidades econômicas estaduais.
Aposentado, Jeremias continuou morando em Conquista, dedicando-se, de corpo e alma, à valorização da cultura local. Inicialmente, reservou uma dependência de sua casa, no bairro Felícia, onde criou o “Espaço Cultural “A Estrada”, com um acervo, atualmente, de mais de 5.000 itens, incluindo 1.500 livros, uma autêntica biblioteca, além de CDs, DVDs, discos de vinil, revistas e chapéus; um blog publica diariamente comentários sobre os mais variados temas. Há 14 anos, esse espaço, onde se respira cultura, promove mensalmente o “Sarau Colaborativo “A Estrada”, reunindo intelectuais, professores, jornalistas, artistas e pessoas interessadas em impedir a morte da cultura local.
O jornalista piritibano tem cinco livros publicados. Um minucioso trabalho de pesquisa, “Conquista Cassada, cerco e fuzil na cidade do frio” deve ser lido por todo conquistense e distribuído nas escolas públicas. Trata-se de um minucioso trabalho de pesquisa. Narra a invasão da cidade por soldados armados, em maio de 64, com o objetivo de destituir e prender o prefeito eleito José Pedral Sampaio e dezenas de pessoas.
O jornalista piritibano presidiu, de 2021 a 2023, o Conselho Municipal de Cultura. Acreditava ele, que, no cargo, tiraria a cultura da UTI. Basicamente, pediu à prefeita Sheila Lemos e aos vereadores da situação, um plano para o setor; uma secretaria exclusiva, desmembrada do esporte, lazer e turismo; e recuperação de prédios e monumentos históricos, como o Teatro Carlos Jehová, a Casa Glauber Rocha e o Cine-Teatro Madrigal. Só faltaram lhe responder que “cultura não dá voto”.
Jeremias é um lutador. Cidadão comum, ele batalhou décadas pelo que acreditava. Investido da função de membro do poder legislativo, apoiado pelo seu eleitor, ele deixará seu nome marcado na cultura e no esporte, independente do prefeito que for eleito no domingo.
NOS JARDINS DA MINHA EXISTÊNCIA
(Chico Ribeiro Neto)
Havia dois leões de mármore, em tamanho natural, na entrada principal do Passeio Público de Salvador. Me botaram sentado num leão desses e tiraram uma foto. Eu devia ter uns 6 pra 7 anos. Mais tarde, um leão sumiu; depois o outro fugiu com o dono. Nunca mais vi aquela foto.
No Passeio Público havia uns bancos próprios para transar. Perto do Teatro Vila Velha havia uns caminhos em S feitos de fícus, altos, que terminavam em um banco. Um casal ali dentro, principalmente à noite,, ficava quase que completamente à vontade. Quando chegava outro casal, pegava o sinuoso caminho e logo voltava ao ver o banco ocupado. Eram uns quatro bancos desses, sempre bem escondidos pelas folhagens.
Ainda no Passeio Público tinha uma pracinha redonda, com chão de areia fofa, onde ficavam 3 ou quatro balanços, que depois se acabaram ficando somente as estruturas de ferro. Ali a gente jogava um “baba”. O ferro ajudava a driblar, mas também era uma porrada certeira na cabeça.
O Jardim Suspenso, defronte ao Passeio Público, também era bom pra namorar, acho que até hoje. Dali era um pulo para o Campo Grande, onde a gente ia logo jogando pedras no bambuzal – que existe até hoje, perto do antigo Hotel da Bahia – para ouvi-las ricochetear entre os bambus. PAM-PAM-PAM, a pedra batia umas 3 a 4 vezes.
O Campo Grande pegava fogo era na semana do 2 de Julho, data da Independência do Brasil na Bahia em 1823 (?). A banda tocando, a pipoca pulando e a paquera comendo solta. Lá em cima o Caboclo e a Cabocla davam um sorriso de felicidade e aprovação.
Uma vez, arranjei uma namorada que morava na Saúde. Fomos namorar à noite atrás da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato (?) que fica no Jardim de Nazaré. Quando a gente estava no bembom, vi uma forte luz sobre nós e outros casais. Era um PM, de dentro da viatura, com uma potente lanterna e mandando todo mundo sair. Um legítimo empata foda.
Não sei mais se vi ou me contaram, só sei que a história é muito boa. Havia um busto de Rui Barbosa na praça do mesmo nome (não lembro se em Ipiaú ou Jequié, na Bahia). A galera descobriu que a cabeça do “Águia de Haia”, saía facilmente do pescoço (?), era só desatarraxar (?). E a cabeça de Rui, feita de um material leve, não dava para chutar em gol, mas rolava durante a brincadeira de “bobinho”. Finda a quase peleja, a cabeça de Rui era devolvida ao seu pescoço, no pedestal.
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
A CULTURA PEDE SOCORRO
Numa reunião ontem à noite (dia 25/09) do coletivo de artistas conquistenses, organizado por Dayse Maria, os componentes deixaram claro que a cultura de Vitória da Conquista pede socorro porque nem existe uma política destinada ao setor, sem contar que todos equipamentos municipais estão fechados.
O encontro propõe formular um documento a ser entregue aos candidatos a prefeito, tendo em vista que o assunto nem é debatido em suas propagandas e entrevistas, muito menos incluso em seus programas de trabalho.
Para o artista e professor Dirley Bonfim, a situação, segundo ele, é melancólica, triste e angustiante. Citou a última conferência do ano passado, da qual nem o relatório das discussões foi divulgado até hoje. Ele apresentou vários ofícios enviados pelo Movimento Cultural ao poder público que simplesmente foram engavetados.
O Encontro com o Setor da Cultura, realizado na Apae, faz um apelo para juntos construirmos propostas para serem apresentadas aos candidatos. Dayse afirma que “não podemos deixar este espaço em branco. É necessário expor a realidade dos artistas das diferentes linguagens; apresentar nossas demandas e fortalecer o seguimento da cultura. Vamos alimentar nossas esperanças e mostrar a força da cultura”.
O jornalista e escritor Jeremias Macário, candidato a vereador pelo PSOL, que defende o resgate da nossa cultura, fez algumas pontuações que deverão inseridas no documento, como criação do Plano Municipal de Cultura, instalação da Casa dos Conselheiros, reforma e abertura do Teatro Carlos Jheovah, do Cine Madrigal e da Casa Glauber Rocha, reativação do núcleo de preservação do patrimônio histórico e criação da Secretaria de Cultura, desmembrando do turismo, esportes e lazer.
O advogado e ativista cultural, Alexandre Aguiar, falou que a cultura precisa de uma legislação, passando pela formulação de um plano, implantação da Fundação Cultural, uma empresa para o audiovisual, dentre outras medidas que ressuscitem a nossa cultura que pede socorro.
As críticas foram veladas, e os artistas, como Antônio Andrade Leal, Afonso, Luis Altério e outros presentes ao encontro mantiveram praticamente a mesma linha em suas falas e se mostraram angustiados com o atual quadro de abandono para com a nossa cultura, justamente numa cidade como Vitória da Conquista, de quase 400 mil habitantes e a segunda do interior da Bahia.
Todos se mostraram revoltados e se dispuseram a fazer firmes cobranças ao poder executivo a fim de que haja mudanças urgentes e a cultura volte a ter o seu lugar merecido na sociedade. O grupo se mostrou unido e determinado no sentido de que o novo prefeito priorize o setor com mais verbas e recursos para reativar a nossa cultura.
A MEDIDA PROTETIVA QUE NÃO PROTEGE
Em nosso Brasil existe um monte de leis do faz de conta que, na prática, não funcionam. Uma delas é a medida protetiva da Lei Maria da Penha que finge proteger a mulher contra o marido violento que espanca e ameaça a esposa ou namorada de morte.
O cara bate na mulher que vai à delegacia e esta decreta uma medida protetiva, inclusive estabelecendo uma distância máxima de aproximação da vítima. Quem vai vigiar o sujeito 24 horas ao dia para que ele não cometa o crime?
Os noticiários de feminicídios estão aí para comprovar que a medida protetiva não protege a mulher. Portanto, é mais um engodo, um faz de conta, como acontece na educação onde o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende.
Essa medida protetiva só funcionaria no Brasil se um policial fosse designado a ficar no pé do cara fiscalizando suas atividades cotidianas, o que é impossível. O criminoso tem o trânsito livre para acompanhar a mulher nas ruas ou em qualquer estabelecimento, inclusive na porta da sua casa.
Para ser realista, essa tal de medida protetiva não existe, a não ser no papel, e os assassinatos estão aí, inclusive em público e à luz do dia, ocorrendo diariamente para demonstrar que é mais uma lei inoperante e impossível de ser cumprida. Tudo não passa de uma farsa. O pior é o mais triste é que a mulher acredita e até baixa sua vigilância.
O mesmo acontece com a prisão domiciliar para os ricos e poderosos que cometem delitos e malfeitos, como corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, entre outros crimes contra a sociedade.
Por acaso um guarda vai ficar na porta da mansão do safado para impedir suas saídas e escapulidas? Existe prisão domiciliar para pobre? A prisão dele é na cadeia, na grande maioria das vezes de forma ilegal e sem ser julgado. Muitos são até inocentes.
Por falar nisso, justiça no Brasil é somente para o pobre. O rico é preso num dia e no outro já está livre, como o caso recente do Gustavo Lima e da influenciadora que já estão numa boa sob “medidas cautelares”, pura enganação. Infelizmente, aqui nessa terra da Vera Cruz, a injustiça está acima da justiça.
Outra coisa hilária é dizer que divulgar fake news, ou mentira no bom português, é crime. A recomendação é que a pessoa verifique e pesquise se a notícia é ou não verdadeira. Quantos fazem isso nos tempos atuais de tanta correria?
A grande maioria nem sabe fazer essa checagem e outras passam para frente, acreditam e ainda espalham o boato, como se fazia antigamente com as fofocas, quando nem se sonhava que um dia iria surgir a internet e as redes sociais, ou infernais.
Vivemos num país do faz de conta, e os brasileiros em geral se tornaram insensíveis diante dos bárbaros crimes porque o anormal se tornou normal, e o incorreto em correto. Um exemplo é que o Brasil está em chamas, e a sensação que temos é que ninguém se importa com isso. Por que tanta descrença com relação à política e aos políticos?
Para as pessoas, todos são maus, e não adianta tentar convencer que ainda existem os bons. Chegamos ao ponto de que todos foram contaminados com o vírus da maldade. Talvez seja por isso que os bons optaram por ficar em silêncio e não abrir a boca para declarar que são diferentes.