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EXPOSIÇÃO MOSTRA CINEMA
Exposições, seminários e conferências fizeram parte da Mostra de Cinema Conquista – 1ª edição, encerrada ontem (dia 17) no Centro de Convenções Divaldo Franco, auditório da Universidade Estadual do Sudoeste (Uesb), no Espaço Cultural Glauber Rocha e no Cine-Tenda, no bairro Brasil, com apresentação de filmes nacionais curta e longa-metragem, muitos dos quais inéditos.
Além de debates variados sobre o setor em geral, o público pode acompanhar uma exposição do acervo do cineasta baiano Geraldo Sarno, além da mostra de outras peças relacionadas com o cinema. O homenageado da Mostra foi o crítico de cinema, João Sampaio que morreu neste ano e vinha acompanhando o evento de Conquista, que já faz parte do calendário cultural da cidade.
A Mostra ocorreu no período de 12 a 17 de outubro e contou com a promoção da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, da Uesb e do Governo do Estado. Os jovens estudantes demonstraram apreciar a arte cinematográfica com uma presença maciça durante as atividades, tanto nas oficinas como nas apresentações dos filmes.
CINEMA E VOTO
Depois de ser homenageado na Mostra de Cinema Conquista, no Centro de Convenções Divaldo Franco, com o curta “A Anti Performance”, o cineasta Daniel Lisboa fez propaganda partidária do PT e pediu que todos ali votassem na candidata Dilma, como forma de manter viva a cultura.
Considero o ato um total desrespeito às pessoas que foram ao Centro com o precípuo interesse de assistir os filmes da Mostra e não ouvir discurso político de campanha eleitoral a favor ou contra candidato. Acho não ser ali local apropriado para recomendar voto para qualquer um que seja.
Ademais, senhor Daniel, de um modo geral os nossos governantes nunca priorizaram a educação e a cultura neste país. Os dados mostram, por si só, a situação da nossa cultura. Além do mais, não é nenhuma dádiva ou favor quando o governo promove um evento do setor. É uma obrigação como dar de comer a quem tem fome. A cultura é o alimento da alma.
Se o cineasta não sabe, só para citar o caso da Bahia (Secretaria de Cultura), muitos editais aprovados da área cultural continuam parados por falta de recursos, sem falar na burocratização infernal dos projetos. Depois de oito anos de conferências por todo estado, a Bahia ainda não aprovou uma política cultural. O projeto está amarrado na Assembleia Legislativa.
Na área federal, a Lei Rouanet (destina viabilizar projetos a partir do que se deveria pagar de Imposto de Renda) só beneficia grandes shows comerciais de “artistas famosos”, especialmente do Sul e Sudeste. Empresário nenhum tem interesse em investir num talento desconhecido que não dá retorno de capital, mesmo que sua obra seja boa.
Sobre a Lei, veja o que disse o cartunista Flávio Luiz quando do lançamento do seu novo álbum de HQ,”Aú, o Capoeirista e o Fantasma do Farol” (Papel A2): “Até achei um interessado, mas, além da isenção do IR, queria participação nos lucros, interferência no processo criativo e mudanças ideológicas. Me reservei no direito de declinar”.
Por essas e outras, senhor Daniel, me senti mais uma vez ofendido e constrangido quando da sua propaganda política partidária aberta. As pessoas ali não são objetos de uso, nem tampouco burras. São essas coisas que provocam desconfiança, revolta e desgaste político na população.
No mais, parabenizo os organizadores e promotores da Mostra de Cinema Conquista, que está completando 10 anos, e continua com sua programação de filmes, conferências, seminários e mesas-redondas de debates até o final de semana no Centro Divaldo Franco, no Espaço Cultural Glauber Rocha, no auditório da Universidade Estadual do Sudoeste (Uesb), Cine-Tenda, no Bairro Brasil e Cine-Cidadão itinerante nos distritos do município.
MAIS UMA “SARAU A ESTRADA”
Neste final de semana (dia 11/10), a turma do “Sarau A Estrada” reuniu-se mais uma vez para colocar o papo em dia e atualizar os assuntos políticos, literários, econômicos e sociais. É um momento também de encontro dos amigos que se perdem na correria dos afazeres.
Foi mais uma noite agradável com a participação do professor Itamar Aguiar, do jornalista Sérgio Fonseca, o fotógrafo José Carlos D´Almeida, o intelectual Mover, os cantores e compositores Marta Moreno, Dorinho e Moacir Morcego, além da grata satisfação da visita da cantora de Anagé, Marise Pires (Ogum) que, pela primeira vez, conheceu nosso ambiente e nos brindou com sua linda voz.
Recebemos a visita da cantora de Anagé , Marise Pires (Ogum)
Como sempre, as discussões, a cantoria e os recitais de poesias vararam a noite,não faltando o vinho, a cerveja e, claro, uma comidinha para forrar o estômago que ninguém é de ferro. A novidade, além da nossa visitante que logo se entrosou ao meio, foi o desarranjo intestinal de Moacir Morcego, mas logo tudo deu certo e, no final, fez até declarações confidenciais sobre sua vida como estudante de agronomia em Cruz das Almas.
Sérgio Fonseca, sempre pensante e mais calado, rebateu algumas posições e críticas. Ao contrário, o professor Itamar, como acontece, dominou as conversas de fundo filosóficas, sem contar suas histórias e estórias de Lençóis e da Chapada Diamantina.
Diante de temas os mais variados, houve espaço para combinarmos a realização de noites temáticas, como a próxima a respeito do cantor, compositor e letrista Raul Seixas, seguidas de Zé Ramalho e Gonzagão, o rei do baião e do forró. Permanece cada um colaborando com bebidas e comidas para que o “Sarau A Estrada” se mantenha firme como a baraúna.
ITAMAR INDICA ARTIGO DE ORLANDO SENNA
A brava Estela
Um dia, entusiasmado diante da multiplicidade de abordagens sobre um mesmo tema, o também super observador Eduardo Galeano disse que “desejaria ter tantos olhos como a câmera de Estela Bravo”. Estava se referindo à qualidade dos pontos de vista que essa cineasta estadunidense-cubana faz jorrar em seus documentários. Não apenas no que se refere a posicionamentos dramáticos, políticos e humanistas mas também na expressão de sentimentos diante da situação que está filmando, das tristezas que afloram na meio da alegria, do humor que se esconde entre os horrores da guerra, dos vários e surpreendentes tipos de resistência que o ser humano inventa e reinventa diante de fracassos, perdas e danos.
Seus documentários tratam de questões sociais e políticas em escala macro, envolvendo países, nações, ideologias, rupturas históricas, coletividades de milhões de pessoas. Estela aborda essas questões abrangentes a partir de unidades, de individualidades, de dramas pessoais, de retalhos dramáticos — fazendo-me lembrar da lição capital de Alberto Cavalcanti a jovens documentaristas, na década de 1930, ao dizer que um bom caminho para um documentário sobre os correios é seguir uma carta, que o melhor caminho para um filme sobre a humanidade é filmar um ser humano, a alma de um ser humano. Um bom exemplo desse enfoque direto nas individualidades é Miami-La Habana (1992), envolvendo com altas doses emotivas as famílias cubanas divididas, parte morando em Cuba, parte morando nos Estados Unidos. Referindo-se a esse documentário, e com lágrimas nos olhos, o cineasta argentino Eliseo Subiela disse que “a dor também serve para entender e crescer”.
CURTA AS CURTAS
AS TÁBUAS DA LEI
Depois das eleições presidenciais, a candidata Marina Silva (PSB) sumiu. Dizem por aí que ela está no Monte Sinai conversando com Deus para fazer as tábuas da lei dos dez mandamentos. Quando ela voltar vai condenar os adoradores dos deuses feitos de bezerros de ouro. Um candidato a cargo de presidente não pode passar uma semana para tomar uma decisão. Por indecisão, Moisés foi proibido de pisar na terra prometida. Em seu lugar foi indicado Josué. Enquanto isso, Marina continua meditando e orando.
GOVERNO NOVO?
Confesso que não entendi essa de governo novo, novas ideias, do PT. No discurso, Dilma aparece como se fosse candidata pela primeira vez e, ao mesmo tempo, critica seu próprio governo dizendo que vai fazer o que não foi feito em quatro anos, ou 12. Os marqueteiros políticos apelam pra tudo e acham que todo mundo é burro e demente da cabeça, ou a peça publicitária é dirigida apenas para os gênios. Na verdade, entre o PT e o PSDB não existe nada de novo. Isso é uma furada! Oh quanta falta de lideranças políticas neste nosso país!
PROPINA REGISTRADA?
É sempre assim, nos tratam como se fossemos otários, sem o mínimo dos 10% da inteligência humana. As denúncias do ex-diretor da Petrobrás e do doleiro Alberto Youssef acusam que uma percentagem (2%) das propinas dos contratos da estatal com as empreiteiras abastecia as campanhas do PT. O presidente do partido rebateu afirmando que todas as despesas foram registradas e declaradas no Supremo Tribunal Eleitoral. É claro que ninguém de “bom senso” vai declarar recursos ilícitos em seus gastos. Novamente, entra aí o famoso “Caixa Dois” de campanha.
O INTERVALO DO DIABO
Salustiano Querosene do Pavio é um trabalhador braçal que nasceu e vive há anos nos confins dos grotões deste Brasil que muita gente diz que é aonde o diabo gosta e o vento faz a curva, cafundós do Judas ou o fim do mundo. Salustiano e a gente daquele pedaço de chão nem existem como cidadãos, mas já ouviram falar das artimanhas do Diabo, ou do Belzebu Satanás chifrudo que não perde um descuido ou um intervalo de fraqueza para roubar uma alma.
Quando Salustiano não tem dinheiro, e isso é quase sempre, para comprar na venda o querosene de acender o candeeiro pra clarear seu casebre, ele apela para o óleo de mamona extraído dos bagos pisados no pilão. O pavio é feito do algodão colhido de um pequeno plantio de sua roça. Quando não tem algodão vai mesmo um pedaço velho de pano. O pior de tudo é a escuridão quando o Diabo mais aprecia para fazer suas assombrações.
Teve um tempo que Salustiano vendia querosene e pavio, mas o negócio não foi pra frente por causa dos fiados que não recebia. Restou o seu nome dado pelo povo. Essa expressão “pobre diabo”, pessoa que trabalha como condenado e nada tem, escrava do poder e que não incomoda ninguém, é o típico Salustiano.
Mesmo temente a Deus, ele sabe e sente na carne e na alma que é um “pobre diabo”, só não sabia que desde a antiguidade, nos tempos dos bárbaros, antes e depois de Cristo, inclusive nas Cruzadas e na Idade Média, existiu uma sociedade secreta chamada de “O Intervalo do Diabo”, onde a entidade era reverenciada como deus da fortuna para uns poucos e da desgraça para os que se arrastavam na miséria e na ignorância.
SEQUIDÃO
Jeremias Macário
Êta, seu moço, vou chorar,
com este triste sol poente,
sem nenhuma gota no ar,
neste sertão tão cinzento,
que há um ano não boto,
nesta terra estorricada,
a esperança da semente.
Êta, seu moço, não aguento,
ver toda esta pobre gente,
vivendo só de lamento,
e de sede o meu jumento,
pois o gado mais fraco,
já virou nesta seca carcaça,
símbolo de um árido cavaco,
onde políticos só aparecem,
na temporada de caça.
Nesta terra tão abandonada,
da catinga não vinga mais nada,
e nem São José mandou chover,
pra plantar o milho pra colher,
no dia festeiro de São João,
e brincar no “Arraia da Sinhá”.
Olha lá que bagaceira, seu moço!
Ficou só o solitário mandacaru,
nesta sequidão da terra rachada,
onde os bichos se foram em retirada,
para outras bandas mornas do sul.
Eu vos peço, oh meu Senhor!
Que mande a chuva pra eu lavrar,
porque os homens do lado de cá,
passam o tempo todo a nos enrolar,
enquanto meu açude de todo secou,
e a minha dor me impede de cantar.
Oh, meu Senhor! Ampare teu filho!
essa gente nos deixou aqui a penar,
com promessa de crédito parcelado,
muita cisterna e água por todo lado,
mas o que tem muito aí é caudilho,
roubando dos nossos filhos a alegria,
com um pacote cheio de burocracia.
Ninguém olha mais para esse lugar,
que sempre tem gente indo embora,
e outros se arrastando em procissão,
rezando ao céu uma penitente oração
para que do alto desça uma melhora
pra a chaga dessa ferida se fechar.
É, seu moço, a coisa aqui só piora,
e “quando é que isso vai se acabar”?
Até quando vamos ter de nos calar,
sem entrar nessa brigar pra valer?
e não ficar esperando chegar a hora,
porque esse “esperar não é saber”,
o que mais conta é o “fazer acontecer”.
CONSERVADORES, RICOS E POBRES
Em todas as eleições o que mais se houve da mídia, dos juízes e dos eleitores são as palavras “dever cívico”, “cidadania”, “exercício da cidadania” e por aí vai, que correm soltas como se apenas o ato de votar já complementa tudo como dever do cidadão. Pode até ser um dever cívico se a expressão de escolher o candidato for consciente, sem manipulação e compra do voto, direta e indiretamente. Quem se vende e é manipulado não está fazendo o “dever cívico”.
Bem, mas não é isso que proponha falar. Embora não seja especialista político, ou cientista-político como dizem por aí, os resultados das últimas eleições veem demonstrando um avanço acentuado dos evangélicos que, na grande maioria, adotam uma linha conservadora e muitos deles até de extrema-direita com o velho discurso de tradição, família e pátria, elogios às forças armadas e até apoio à ditadura militar.
Os homofóbicos declarados, contra a descriminalização das drogas e do aborto, Jair Bolsonaro, o filho dele, Marco Feliciano, sargento Isidoro, na Bahia, e muitos outros do mesmo naipe, sem falar no pastor Marcelo Crivella, candidato a governador no Rio de Janeiro, foram o mais votados no Brasil. Os partidos alinhados às correntes evangélicas tiveram votação estrondosa. Que tudo isso sirva de reflexão para que a história não repita.
Várias correntes cortam este mar eleitoral de 32 partidos onde a indiferença à política também cresce de tamanho, em detrimento dos escândalos de corrupção, malfeitos e promessas não cumpridas.
É BOM DEMAIS ROUBAR NESTE PAÍS!
Para o rico de colarinho branco é bom demais roubar neste país do conto do desconto da energia elétrica. Os ricos sempre são alojados em cadeias da Polícia Federal que, se comparadas com as penitenciárias medievais para onde vão os pobres que pegam um pedaço de pão, podem ser consideradas como regalias.
O caso mais recente e exemplar é o do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa que ainda teve o direito à chamada delação premiada, com retorno à sua mansão de luxo, escoltado por viaturas, aviões, helicópteros e agentes, sem contar a segurança que vai ter dia e noite.
A sua mansão na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, conta com três funcionários, quadras esportivas e bosques arborizados e ainda chamam isso de prisão. O mais irônico é que para ter toda essa mordomia, Paulo Roberto Costa aceitou pagar R$5 milhões em multa, ou seja, o próprio dinheiro roubado, e devolver R$23 milhões das falcatruas, quando ele mesmo confessou ter surrupiado dos cofres públicos R$50milhões.
Além de ter renunciado ao cargo, o ex-diretor ainda foi elogiado pelos serviços prestados e teve uma baita recepção em sua casa da mulher e de suas duas filhas laranjas. Para o rico, é bom demais roubar neste país, e vem aí mais um delação premiada, o doleiro Alberto Youssef, para voltar para sua bela mansão.
O pobre quando rouba é trancafiado numa masmorra fedorenta, sem direito a advogado, além de ser sentenciado antes de ser julgado. A sua vida vira um verdadeiro inferno nas mãos dos carrascos, sem contar a sociedade que defende a tortura e sua morte sumária.
O CONTO DO DESCONTO
Uma vez a presidente de uma nação rica de pobre, onde não existe indignação, anunciou aos seus súditos o desconto de 20% na conta de luz. Logo depois, essa estorinha de ninar escafedeu-se; foi-se para o ralo das mentiras escabrosas.
Nesse reino de tantas estorinhas, farras e festas, um tribunal chamado de contas da união constatou que houve falhas evidentes nos últimos dois anos na gestão do setor elétrico, o que gerou um custo de R$61 bilhões a ser pago pelo consumidor que acreditou no conto do desconto da rainha fada.
AS DISTORÇÕES NO FUTEBOL BRASILEIRO
Carlos González – jornalista
A Copa do Mundo não conseguiu colocar um freio na queda de popularidade do futebol brasileiro. As novas arenas (Manaus, Brasília, Cuiabá e Natal) estão servindo de mando de campo para clubes do Rio e São Paulo, porque Flamengo, Fluminense, Corinthians e Botafogo não empolgam mais os torcedores locais. O registro de um público de 40 mil pessoas, recorde na nova Fonte Nova, no jogo Bahia x Flamengo, foi motivo de comentários da imprensa esportiva nacional.
Sem outras fontes de renda, pois até mesmo os seus jogadores de ponta estão sendo negociados para o exterior por empresários e bancos de investimentos, os clubes estão estendendo o chapéu à caridade pública, recorrendo aos torcedores mais abastados em busca de dinheiro para pagar os salários dos atletas e promovendo redução nos preços dos ingressos. A título de colaboração, a Arena Fonte Nova está vendendo duas latinhas de cerveja (a periguete) por cinco reais.
Em mais uma tentativa de empurrar o futebol para o fundo do poço, a justiça desportiva pune um clube simplesmente porque um torcedor jogou um copo plástico na pista, marcando jogos com portões fechados dos estádios, ou determinando a transferência de partidas para locais distantes.