dezembro 2023
D S T Q Q S S
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  

:: ‘Notícias’

UM SÃO JOÃO PROFANADO PELOS INTRUSOS TRAVESTIDOS DE CANGACEIROS

São uns verdadeiros caras de paus esses cantores de arrocha, sofrência, lambadas, axé, sertanejos ou “sertanôjos”, forró eletrônico dentre outros ritmos, sem letras e enredos de conteúdos, subirem aos palcos com indumentárias de chapéus de couro e de cangaceiros para impressionar o público e ainda dizer que estão defendendo a nossa tradição junina! São uns profanadores e predadores carcarás travestidos de falsos forrozeiros!

As cenas são hilárias e lamentáveis, mas o pior ainda são esses prefeitos safadões e ladrões da nossa cultura que contratam essas bandas e músicos por 200 a 500 mil reis quando toda essa grana poderia ser distribuída pelos forrozeiros autênticos da terra prata da casa e mesmo outros nacionais símbolos do nosso forró pé de serra ou arrasta-pé que estão na estrada há muitos anos.

Todos os anos existe essa invasão de bárbaros na nossa festa junina, tipicamente nordestina, que fala da vida desse povo, de amor, de seus hábitos, costumes e da saudade da terra de origem, com o consentimento da população e dos turistas, sem falar do apoio dessa mídia que se cala ou faz elogios diante desses absurdos e anomalias.

Neste ano fiquei de fora, por problemas pessoais, desses festejos que tanto amo mais que o Natal e Ano Novo (nem falo do carnaval bagaceira elitizado), mas fiquei estarrecido com as imagens na televisão em “reportagens” jornalísticas da grande mídia jogando confetes nessas contratações de intrusos que descaracterizam o nosso São João de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês, Sivuca, Trio Nordestino e tantos outros  que nos deram tantas alegrias ao som da sanfona, do triângulo e da zabumba.

Todos os anos os forrozeiros autênticos denunciam e protestam contra esses intrusos em nossa festa, mas, infelizmente, cada ano a coisa sai pior e o nosso forró vai perdendo espaço para essa turma de aproveitadores e oportunistas que nada têm com o chamado pé de serra. O mais ridículo é que eles dizem que tocam forró desde criancinhas e aparecem vestidos de cangaceiros. Os artistas e os movimentos culturais bem que podiam lançar um manifesto público de repúdio.

No entanto, sou obrigado a concordar que os maiores culpados são esses prefeitos politiqueiros que, com o nosso suado dinheiro, contratam essa gente de fora com cachês de até 500 mil reais, muitos dos quais superfaturados onde uma parte é subtraída para os bolsos deles e de seus assessores. SE os tribunais de contas fizerem investigações mais rígidas e profundas, com certeza, vão encontrar irregularidades nesses “contratos”.

Culpados ainda são o Ministério Público, os artistas nordestinos, os intelectuais, as comunidades e outros segmentos de preservação da nossa cultura que pouco fazem para evitar essa mistura indigesta que nada tem a ver com o nosso forró, nosso baião, nosso xote e xaxado que nasceram do fifó do candeeiro e da lamparina na poeira dos arrasta-pés.

Os festejos juninos de Santo Antônio, São João e São Pedro (São José poderia também ter entrado nesse grupo da Igreja Católica) sempre representaram tradição, religiosidade e fé e vieram dos salões nobres da Europa (passagem do solstício da primavera para o verão), principalmente de Portugal, para nossos recintos populares (quadrilhas e o maracatu) com um conjunto de hábitos simbólicos que também estão desaparecendo com o tempo, inclusive nas comidas e bebidas.

Somente os amantes verdadeiros das festas juninas ficam indignados com o que está ocorrendo. Não se trata de saudosismo, mas de respeito à nossa ancestralidade, e é uma questão de preservar nossa memória para que ela não seja apagada por esses invasores bárbaros que contam com a safadeza de muitos prefeitos e até da aquiescência dessa mídia que só visa o lucro e a audiência.

Vitória da Conquista é um exemplo que contratou o Thierry do arrocha e da sofrência. Vi e ouvi a mídia local dizer que foi um tremendo show. A tendência é que com o passar dos anos o nosso forró será esmagado por essa gente fantasiada de cangaceira e chapéu de couro e sandálias nordestinas.

UM ABSURDO PARA NÃO DIZER IMORAL

Podem me xingar! Podem me criticar! Só não podem ofender a minha pessoa com palavras de ódio e intolerância. Pode até estar de acordo com o que diz a Constituição no seu artigo 29 quanto ao aumento populacional. Pode ser legal, mas é um absurdo e imoral o aumento aprovado de vereadores para Vitória da Conquista, de 21 para 23 parlamentares a partir de 2025.

Da minha parte, entendo como uma tremenda falta de respeito com a nossa sofrida população, e não me venham com essa de que não vai importar em aumento de gastos. O argumento dos edis, como sempre, é que não vai impactar no orçamento. É uma conversa para boi dormir. Basta de abusar da nossa paciência e subestimar nossa inteligência. Como eles vão dividir os lotes eleitoreiros. Vai ser uma “briga de facão”

Ora, mais dois vereadores requerem mais gastos para montar dois gabinetes com seus eleitos remunerados, mais verbas a que têm direito e contratações de auxiliares-assessores. Se está sobrando dinheiro do orçamento da Câmara, então devolva para o poder executivo investir na educação e na saúde. Pode servir até para criar mais creches.

Não me venham com esse papo, que não me convence, de que mais vereadores significa melhoria na qualidade de vida dos conquistense. Essa é mais outra lorota que o nosso povo inculto engole. Quando havia 19 e passaram para 21 argumentaram o mesmo. Gostaria que me apontassem as melhorias concretas, não subjetivas e surreais de mais indicações e moções de aplausos.

Não é preciso dizer que já temos um Congresso Nacional (513 deputados e 81 senadores) de poderosos (mais de 300 são da bancada ruralista) e um dos mais ordinários e mais caros do mundo que legisla de costas para o povo, sem contar as Assembleias e cerca de 5.700 câmaras municipais. É muita gente para pouco serviço. Aliás, é um desserviço essa quantidade enorme de parlamentares para um Brasil de tanta pobreza, desemprego e carente em tudo.

Confesso que tomei um susto e fui arrebatado por um sentimento de revolta e indignação quando li no “blogdosena” essa aprovação, no último dia 16, e somente um vereador, o Alexandre Xandó, votou contra. Por pouco não foi unanimidade para ser uma atitude burra, como dizia nosso escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues.

Quanto a essa decisão, que considero insensata e inoportuna para os momentos atuais, um silêncio perturbador da comunidade, dos segmentos da sociedade onde cada entidade (sindicatos, associações, movimentos culturais) só pensa em seus interesses próprios, do Ministério Público e outros órgãos, nos incomoda muito. Onde estão os artistas, intelectuais, professores, estudantes, operários que não se manifestam?

Pela sua história, pelas suas lutas, pelos seus personagens nas artes e em outras áreas da nossa vida social, econômica e educacional, pela sua gente humilde e trabalhadora, Conquista não merece isso. Precisamos sim, reduzir o número de parlamentares.

Essa aprovação é insensata e até provocativa do ponto de vista de que não acrescenta em nada em termos de contribuição para o nosso desenvolvimento. Acrescenta em mais despesas no entendimento até daqueles que só sabem fazer uma conta de dois mais dois.

Não me importam as críticas ao contrário pois, pela minha idade, já estou calejado de tanto apanhar. Só peço que respeitem a minha sincera opinião. Ela é sagrada e do direito do pensar em liberdade. Afinal, estamos numa democracia, mesmo frágil. Aliás, meus amigos, são coisas dessa nossa democracia que ainda não está amadurecida e consciente politicamente.

TIMES NÃO PODEM SER PENALIZADOS PELA VIOLÊNCIA DE CERTOS TORCEDORES

No Brasil sempre se procura o atalho mais simples para se resolver questão mais complicadas por falta da aplicação de medidas e leis mais rígidas das autoridades que deveriam cuidar do problema. É fácil se eximir da responsabilidade e punir um terceiro que não tem culpa no cartório. É uma maneira de querer tapar o sol ou a chuva com uma peneira.

Um caso típico disso está relacionado com a crescente violência nos estádios de futebol no Brasil, a exemplo, do que ocorreu esta semana na Vila Belmiro no jogo entre Santos e Corinthians e no São Januário entre o Vasco e o Goiás onde torcedores soltaram foguetes, bombas, rojões e objetos perigosos no campo, revoltados com as derrotas de seus times.

Imediatamente a Justiça Desportiva da CBF penaliza as equipes com as perdas de público em seus estádios como se os times tivessem algum controle sobre a estupidez e a violência de determinados torcedores em momentos de raiva e ira. Não passam de bandidos assassinos que deveriam ser encarcerados. Para o reconhecimento desses brutos existe toda uma tecnologia disponível.

Como esses indivíduos violentos passam nesses portões com todo esse arsenal de guerra? Não existe fiscalização da polícia e dos agentes que cuidam da organização das partidas? Cadê o Ministério Público estadual e federal que não toma outras providências para evitar essas ocorrências e distúrbios de agressão? Quais órgãos estão sendo negligentes na manutenção da ordem?

A mesma coisa é quando grupos de torcedores praticam o racismo, a xenofobia e a homofobia contra jogadores. Por ser mais fácil, a tal justiça cega e os órgãos preguiçosos multam financeiramente o time e até existe ameaça de tirar os pontos ganhos no certame. Confesso que não consigo compreender essa lógica.

Como é possível a diretoria de um time ser responsável por um cara ou caras malucos que numa multidão de 50 ou 70 mil pessoas soltam palavrões e xingamentos racistas contra um atleta? Existem certos episódios que nem se tem certeza que esses agressores são mesmo torcedores do time que é penalizado.

Enquanto perdurar esse modus operandi simplificado, a violência e as atitudes de racismos vão perdurar nos estádios porque o sujeito malfeitor não está nem aí se seu time vai ser punido. A raiva e o ódio dele sempre vão estar acima da razão. É uma questão de educação e formação de caráter. Tem que haver outra forma rígida de se acabar de vez com esses tipos de comportamentos inadmissíveis.

Se vão continuar com a decisão de somente penalizar os times, pode até fomentar a ideia de “torcedores”, com a camisa de outro clube, penetrarem na torcida adversária para provocar violência e racismo, justamente com intuito de prejudicar seu rival. Afinal de contas, estamos num país da malandragem onde o absurdo pode acontecer.

 

A BAHIA DE HOJE E A DE 200 ANOS NAS LUTAS PELA INDEPENDÊNCIA

Quando chega o “Dois de Julho”, data da independência da Bahia livre do jugo dos portugueses, historiadores e pesquisadores escrevem muito sobre a história daquela época, os fatos, os personagens, os símbolos e as lutas travadas que contaram com a participação popular de brancos, negros, mulatos, senhores de engenhos e índios.

No entanto, pouco se fala sobre a Bahia de hoje no campo socioeconômico e a de 200 anos na época das lutas pela independência. Os sociólogos, antropólogos e estudiosos precisam mais se aprofundar nesta questão e mostrar que, depois de 200 anos, continuamos um estado pobre, subjugado pelos poderosos e ainda com os mais baixos índices nos níveis da educação, da saúda, do desemprego e do saneamento básico em relação aos outros estados da federação.

É claro que evoluímos nos setores da economia, no progresso industrial e tecnológico, nos programas de políticas públicas e outros itens humanos, mas ainda é uma Bahia de muita pobreza, de baixa qualificação educacional, carente na saúde e ainda discriminatória e preconceituosa. Em termos de desenvolvimento humano e justiça social, a Bahia está atrasada depois de 200 anos.

Hoje Salvador é uma capital de cerca de quatro milhões de habitantes, onde mais da metade vive em habitações irregulares em terrenos insalubres e nos morros, sem a devida infraestrutura (um grande contingente proveniente do êxodo rural vindo do interior a partir dos anos 70 do século passado), cheia de problemas e com uma grande dívida social. As desigualdades sociais são gritantes.

Era uma Bahia de cerca de 100 ou 200 mil moradores da época da escravidão, do tráfico ilegal praticado pelos senhores de engenho, capitães de navios e traficantes de carne humana da costa africana, principalmente do Golfo do Benin, mesmo após as leis e acordos feitos, em 1831, com a Inglaterra para acabar com este comércio.

Foram estes mesmos negros cativos e emancipados que tiveram uma grande parcela de contribuição nas lutas pela independência do Dois de Julho de 1823. Ainda hoje, depois de 200 anos, de uma forma mais sofisticada, ao estilo selvagem capitalista, permanece a escravidão no trabalho com a exploração da mão de obra e com o poder na mão dos brancos, como os portugueses de outrora.

UM POUCO DE HISTÓRIA E O INTERIOR

Sobre um pouco de história desse bicentenário, um comentário de Alan Rodrigues, num jornal impresso da capital, diz que a conquista da independência do Brasil na Bahia é resultado de uma série de movimentos e mobilizações espalhados por todo estado. O sonho era se libertar da coroa portuguesa. O sonho continua em outras frentes libertárias, especialmente dos direitos humanos.

Segundo Alan, a origem da tropa patriota que enfrentaria os portugueses começou a se formar muito antes do Dois de Julho. Em fevereiro de 1822, antes de D. Pedro I decretar a independência no Grito do Ipiranga (Independência ou Morte), tiveram início os conflitos em solo baiano e tropas recuaram do Forte de São Pedro para o Recôncavo Norte, na Casa da Torre.

Conta o pesquisador que Antônio Joaquim Pires de Carvalho, senhor da Casa da Torre, arregimentou um embrião do exército libertador composto de brancos, negros, mestiços e índios. A Casa da Torre, que servia de ponto de vigilância contra os inimigos estrangeiros no mar, tornou-se uma das principais bases de comando da guerra.

Joaquim Pires de Carvalho, senhor de engenho se tornou capitão-mor agregado à vila de Santo Amaro da Purificação e primeiro comandante da tropa patriota, como ressalta Alan Rodrigues. A Feira de Capuame (Dias D´Ávila) forneceu mantimentos para os soldados e armazenou armas e munições, de acordo com o historiador Diego Copque em seu livro “A Presença do Recôncavo Norte da Bahia na Consolidação da independência”.

Historiadores descrevem que o acesso ao local era feito pela Estrada das Boiadas, com início na freguesia de Santo Antônio Além do Carmo e passava por Pirajá, Água Comprida (Simões Filho), Moritiba do Rio Joanes, chegando a Camassary, Capuame até chegar ao Açu da Torre. Por esse caminho o gado era levado para o matadouro de Barbalho. As tropas bloquearam essa estrada e os portugueses ficaram sem suprimentos.

Alan assinala que foi no primeiro centenário (1923) que foi inaugurada a primeira estrada Salvador-Feira (não essa BR-324). Às margens dessa estrada, em 27 de julho de 1822, foi instalado, no Engenho Novo Cotegipe, um quartel-general, a quatro léguas de São Bartolomeu de Pirajá.

Outros municípios também contribuíram para arregimentar apoiadores. A Câmara da Vila de Nossa Senhora da Purificação de Santo Amaro foi a primeira Casa Legislativa a se pronunciar pelo reconhecimento de D. Pedro I como regente constitucional do Brasil, como informa a diretora geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), Luciana Mandelli.

Outro município que teve importante papel na independência foi Saubara, pois sua localização representava entreposto para o Rio Paraguaçu e proteção de outras localidades. Vlademir Pinheiro, diretor da Fundação Pedro Calmon, enfatiza a participação feminina ao citar o movimento “As Caretas do Mingau”.

Eram mulheres de religião de matriz africana se fantasiavam para assustar os portugueses católicos e, assim, levar mingau para as tropas que se escondiam na mata. Dentro da história da independência, muita coisa foi resgatada através da oralidade do povo, como foi o caso de Felipa, de Itaparica, considerada uma das heroínas nas batalhas.

A Ilha de Itaparica teve também papel decisivo nos confrontos, interrompendo o abastecimento de tropas de Portugal – segundo Alan Rodrigues.  Outra cidade de destaque nas lutas foi Caetité, aqui em nossa região sudoeste, que aderiu, em 15 de agosto de 1822, a proposição do Brasil ter um único poder central executivo.

Caetité mobilizou o sertão baiano, com apoio financeiro, homens, armamentos e mantimentos para Cachoeira, sede do governo provisório. Os combatentes desta cidade ainda expulsaram os portugueses remanescentes após a vitória através de lutas travadas pelo grupo chamado “mata-marotos.

Embora o Dois de Julho seja tombado como bem imaterial da Bahia, em tese ficou resumido ao cortejo de Salvador. A diretora do IPAC, Luciana, vai entregar um projeto de revalidação do cortejo através de um edital para recebimento de propostas de inventário (Lei Paulo Gustavo), para levantamento de acontecimentos e personagens que fizeram parte das lutas.

De acordo com informações, cada município vai ganhar um busto que simbolize a passagem do Dois de Julho. Luciana cita a luta dos abolicionistas, a participação de Caetité e Vera Cruz. O projeto visa incluir todos baianos na luta de resistência e organização cívica, política e popular.

 

OS INIMIGOS DO POVO LEGISLAM A IMORALIDADE EM CAUSA PRÓPRIA

Além de se acharem intocáveis para cometer qualquer crime com a imunidade parlamentar, o Congresso Nacional não para de abusar da nossa paciência e nos tripudiar com suas leis imorais em defesa unicamente de seus interesses. Sem o menor respeito ao povo, e com o maior cinismo, esses parlamentares legislam em causa própria. Um dia a casa cai.

Como se não bastasse, agora mesmo, em votação relâmpago, a Câmara votou a lei da carteirada e quer punir com cadeia quem praticar a discriminação de políticos. Enquanto isso, a turma do mal suprime os direitos individuais e ninguém faz projeto para acabar com o desemprego, com a fome, a miséria no Brasil e a falta de punição.

Após quase um mês de a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal ter anulado a condenação do ex-deputado ladrão Eduardo Cunha, a Câmara aprovou um projeto histórico vergonhoso. Com rápida tramitação, passou por 252 votos contra 163, um projeto de Dani Cunha (União Brasil – RJ), filha do doutor Eduardo onde criminaliza práticas que venham a ser consideradas discriminatórias da atividade pública e a medida estende-se aos seus familiares.

Entre outras blindagens dos intocáveis inimigos do povo, os bancos não podem negar crédito a algumas pessoas de qualquer um dos três poderes porque elas têm atividade pública. Entre outras imoralidades esdrúxulas, o nojento projeto blinda cerca de 10 mil pessoas, parlamentares, magistrados, procuradores e dirigentes de partidos políticos e seus familiares.

Nessa hora, meu amigo eleitor do voto de cabresto e vendido por favores, direita, centro e gente das esquerdas se unem em causa própria, e que se dane a população. Para nos debochar por completo, ainda aparecem aqueles caras parlamentando da tribuna de que tudo está sendo feito pelo bem do Brasil.

As castas brasileiras da nossa frágil democracia cada vez mais se protegem e se fortalecem, enquanto os súditos e vassalos do rei ou dos reis, rainhas e príncipes são esmagados como farelos na máquina de triturar humanos. O projeto inconstitucional institucionaliza mais ainda a corrupção e protege os milhões de laranjas.

No século XIX (1826/27, 1831 e 1850), o parlamento brasileiro com sua aristocracia, procurava travar a aplicação de leis que proibiam o tráfico ilegal de escravos africanos e ainda dava guarida aos negociantes contrabandistas, como ainda ocorre nos tempos atuais.

Em pleno século XXI, essa Câmara imoral está a criar uma categoria especial de cidadãos com base em suas atividades ou malfeitos. As outras leis de proteção dos negros, dos menores, do consumidor e idosos são todas genéricas e desrespeitadas. Se o projeto passar pelo Senado, os 10 mil formarão uma máfia, uma gangue ou quadrilha organizada.

Somente cinco partidos votaram em bloco contra o projeto (PSOL, PC do B, Cidadania, Novo e Rede), somando 16 votos. Teve até gente do PT, como José Guimarães e Rui Falcão que votaram a favor. Também do PSDB, o senhor corrupto Aécio Neves se juntou a eles.  Para contrariar, Bia Kicis, do PL, votou contra. Nesse saco de farinha ou nesse caldeirão de feijoada, tem de tudo a gosto do freguês.

UM SARAU ARRETADO DE BOM!

Diva Santana Coqueiro, irmã de Dinaelza, morta na guerrilha do Araguaia durante a ditadura civil-militar de 1964, acompanhada da sua irmã Dilma Santana e da escritora Gilneide Padre, se deslocou de Salvador para participar e prestigiar o nosso “Sarau A Estrada” que teve como tema “Festa Junina – Cultura, Tradição e Religiosidade.

O evento colaborativo, que está completando 13 anos de existência e já merece uma grande comemoração em estilo pela sua duração e conteúdo cultural artístico (muitos falam que de fato já é de utilidade pública), foi realizado neste último sábado à noite (dia 17/06/23), no “Espaço Cultural A Estrada”, com as presenças de artistas, intelectuais, professores, jovens e outras pessoas interessadas que estiveram ao nosso encontro pela primeira vez.

Foi um sarau arretado de bom, que varou a madrugada com declamações de poemas autorais, causos e, principalmente, o show de violadas de cancioneiros da nossa música popular brasileira, no caso particular do momento, do nosso autêntico forró, com Walter Lajes, Manu di Souza, Dorinho Chaves, Marta Moreno e outros.

O pessoal foi chegando a partir das 20 horas com aquele espírito junino nordestino, recebidos pelos anfitriões Jeremias Macário e Vandilza Silva Gonçalves que preparou o nosso quentão e um assado de porco para dar mais sustança ao sarau.

Estiveram ainda presentes, João Paulo Oliveira Santana, Antônio Cilmo Monteiro de Brito, Sheila, Jurandi, Lany Fagundes, Adalberto (Dal), Jurandi, Conça, Cleide, Maria Luiza, Lídia, o nosso bom português Luis Altério, o professor José Carlos, o contador de causos Jhesus, o professor Itamar Aguiar, Alexandre Santana, nosso cantador e compositor Baducha que abrilhantaram nossa festa na troca de ideias, cantorias e recitais de poemas.

Como foi uma festa junina, não faltaram as comidas e bebidas típicas da época para não quebrar a nossa tradição cultural nordestina, a exemplo do quentão, do licor e também da cerveja e do vinho. Como sempre, a anfitriã Vandilza fez uns pratos deliciosos que foram saboreados por todos, num clima fraternal e festivo num bom papo bem proseado.

RELIGIOSIDADE, HISTÓRIA E TRADIÇÃO

Sobre o tema falaram o professor Itamar Aguiar, Jeremias Macário e Manu Di Souza. O professor fez uma relação antropológica e filosófica a respeito das festas juninas com as religiões católicas, o candomblé, as influências indígenas e a mistura de culturas africanas em seus ritmos, danças (o toré) e nas comidas.

O jornalista Jeremias Macário fez um breve histórico sobre o surgimento do forró lá pelos anos 30 e sua popularização nos anos 50 com Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Marinês, Trio Nordestino e Dominguinhos. Forró vem do forrobodó e forrobodão de onde depois nasceram os gêneros baião, xote (danças dos salões europeus) e o xaxado que tem muita ligação com o cangaço nordestino.

Entre as décadas de 70 e 80, os chamados cabeludos Zé Ramalho, Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, principalmente, introduziram outros instrumentos no forró, como a guitarra, o sax, a bateria, o violão e o baixo, mas mantendo os mesmos conteúdos das letras que falam dos costumes, da vida nordestina, amor, dos retirantes e saudades da terra natal.

No entanto, a partir dos anos 90 a 2000, o nosso genuíno forro do zabumba, do triângulo e da sanfona, o chamado arrasta-pé do chão batido (o forró pé de serra) sofreu uma tremenda descaracterização, lamentavelmente com a introdução da lambada, do arrocha, do axé music, do sertanejo (sertanojo) e do pagode, com péssimas letras de cunho pornográfico, sendo a maioria de curtos versos sem sentido.

A DESONERAÇÃO DE IMPOSTOS DOS RICOS ONDE OS POBRES FICAM A VER NAVIOS

É sempre assim. Eles dizem que vão repartir, mas é tudo uma mentira, como foi a reforma trabalhista, ou escravista, onde os empresários gananciosos garantiram que iam gerar mais empregos e rendas para os trabalhadores. Tudo uma mutreta para explorar e escravizar mais ainda a mão-de-obra subserviente e necessitada que é obrigada a calar a boca a denunciar a transgressão às leis.

Aliás é mais uma lei “para inglês ver”, como foi a de 1813 selada num tratado entre Inglaterra e Portugal para acabar com o tráfico de negros trazidos da África para o Brasil. Ao contrário, os traficantes aumentaram mais ainda seus negócios ilegais e continuaram com seus navios negreiros comprando carnes humanas no Golfo do Benin, na Costa da Guiné e em Lagos.

A esta altura estou falando da dita desoneração de impostos dos setores mais ricos da economia onde eles prometem distribuir essas benesses coloniais, imperiais e republicanas mantendo os empregos e contratando mais gente, só se for para serviços de baixa qualificação, sem carteira assinada no chamado subemprego temporário ou intermitente. Enquanto isso, nossa educação, a saúde e o saneamento básico estão na lista dos níveis mais baixos do mundo. Aqui, os mais pobres pagam o máximo e recebem o mínimo.

Essa desoneração vai servir para encher mais ainda os bolsos deles e aumentar a concentração de rendas com o consequente aprofundamento das desigualdades sociais. Alguém aí acha que eles vão ser bonzinhos e dividir a bolada com seus trabalhadores, melhorando o salário ou promovendo cargos? O brasileiro acredita em tudo, mesmo depois de levar uma porrada. É do tipo que dá a outra face para apanhar.

Com um forte lobbie dos empresários (a maioria dos parlamentares é do ramo), esse Congresso Nacional aprova com a maior rapidez qualquer projeto do interesse de seus pares (caso da desoneração de impostos) e, com a maior cara de pau, dizem que é para o bem do Brasil.

No Senado e na Câmara existe todo tipo de bancada, desde a evangélica, a ruralista, do comércio, da indústria, da máfia e até a da bala, menos a do povo, que só serve mesmo para votar. Esse Congresso aristocrático, anacrônico e coronelista sempre foi imoral. Com ele, o Brasil vai continuar atrasado como nos tempos coloniais.

Para enganar os otários e fazer de conta que estão trabalhando, agora eles vão exibir, em horários nobres nas televisões, as novelas das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquéritos) para distrair e divertir a população. O lamentável em tudo isso é que ainda tem gente que acha que essas CPIs vão resultar em punição contra criminosos e ladrões da pátria. Temos o pior e o mais caro Congresso do mundo.

O AGRO É TAMBÉM QUILOMBOLA?

O Brasil carrega o agro nas costas com um plano safra de 348 bilhões de reais e isenção fiscal, inclusive do ICMS de exportação pela velha Lei Kandir, para beneficiar o mercado exterior dos produtos in natura, os chamados grãos de “ouro” (soja, milho, algodão e outros).

Na propaganda, o agro é tech, é pop, é riqueza do Brasil e agora é até quilombola para convocar o pequeno a defender a pauta do grande empresário. Até pouco tempo, o pequeno era considerado pela economia como trabalhador autônomo individual ou familiar, mas passou a fazer parte do grupo empreendedor, incluso na pauta do capital, para confundir.

O roceiro que tem um sítio, ou o assentado do movimento do sem-terra com seu lote, acha que é agro porque dizem para ele que faz parte da categoria tech e pop. No sistema sempre os “sabidos e estudiosos” estão mudando a nomenclatura para ninguém entender nada. O propósito é este mesmo.

AGRICULTURA FAMILIAR

Costumo afirmar que minha alimentação na mesa do dia a dia vem da agricultura familiar e não da desse agro devastador dos nossos biomas (cerrado, pantanal, caatinga, pampas, amazônico e até da mata atlântica) que queima e derruba nossas vegetação e floresta, para expandir suas lavouras e criar gado para exportar para o mercado internacional.

É precisamente essa riqueza do Brasil latifundiário que encarece nossos produtos aqui dentro, porque é esse agro que dita os preços de suas culturas de acordo com as cotações das bolsas no mercado internacional. Sem consciência política do que ocorre, o pequeno termina defendendo a pauta que é só deles, dos grandes das bancadas ruralistas.

Neste último final de semana terminou no município de Luis Eduardo Magalhães, no oeste baiano, a maior feira agro do Norte e Nordeste, que movimentou mais de oito bilhões de reais. A exposição foi um desfile grandioso de máquinas potentes e sofisticadas. Não se ouviu falar sobre os financiadores, mas certamente lá estiveram o BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Esse agro é tão “pop” que, ironicamente, o milho e seus derivados, os quais fazem parte das comidas típicas do nosso São João Nordestino, sofreram aumentos em seus preços nessa época do ano porque esses grandes produtores beneficiários do suor do pequeno trabalhador preferem vender a matéria-prima (o milho) para o exterior (bem mais lucrativo e em dólar) e não para os próprios brasileiros.

Por causa deles vamos ter que substituir o milho por outro item alimentar fora da nossa tradição cultural, talvez por aqueles bagulhos norte-americanos, como o hambúrguer, o sanduiche ou o cachorro-quente. Só nesse pequeno detalhe, ou exemplo, você tem uma ideia mais exata de como funciona esse agro capitalista que vem causando sérios impactos ao nosso meio-ambiente.

Ainda na semana passada estava assistindo uma reportagem na televisão sobre a seca e a falta de água para os pequenos agricultores no sertão agreste de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Paraíba por onde passam os canais da transposição do Rio São Francisco, o nosso “Velho Chico”, tão maltratado.

As imagens mostravam justamente o contraditório desse sistema. De um lado, em Petrolina (Pernambuco), um assentamento do movimento do sem-terra praticamente sem água onde vizinhos chegam até a brigar pelo líquido. Pouco mais adiante, ao lado, um canal do rio nas terras de um empresário, com água em abundância, para irrigar suas frutas (uva, manga, melão, melancia) e outras lavouras.

Os assentados e até um núcleo de um quilombo sem acesso à água, enquanto o rico se deleita produzindo em grande quantidade suas frutas para exportação. Agora os assentados e os quilombolas estão inclusos como “agro é tech”, “agro é pop”.

OS ELEITOS DE DEUS

Tudo isso me faz lembrar a Nobreza Real e a Igreja Católica latifundiárias na Idade Média. A Igreja consolava os servos e vassalos de que a nobreza era eleita por Deus e que os pobres tinham que servir e trabalhar para ela, incluindo a própria Igreja, com todo fervor, devoção e submissão.

Bem, como nos tempos atuais do nosso capitalismo selvagem ocidental, herdado dos burgueses do Norte, tanto a plebe de lá, como a de cá também desses tempos modernos tecnológicos, acreditava e acredita, aceitava e aceita, com toda sua humildade, nesse papo sobrenatural dos eleitos do Senhor, isto porque dizia para si mesma e ainda diz que eles estavam e estão certos, com toda razão, porque detinham e detém a “sabedoria e o conhecimento” sobre os assuntos mais profundos e teológicos do Reino de Deus.

 

O DESCARTE DE “AMIGOS” COMO COISAS QUE PERDEM A VALIDADE E AS DESCULPAS

Nos tempos atuais, amigos são tratados como se fossem aparelhos celulares, geladeiras, fogões ou outros bens materiais que só servem enquanto estão funcionando. Quando dão defeitos, joga-se no lixo como imprestáveis ou objetos descartáveis. O mesmo se faz com os “amigos” quando eles não representam mais interesse para o interessado. Simplesmente joga-se fora, pede-se desculpas e vira-se as costas. “Amigo” hoje tem prazo de validade.

Antigamente, amigo não tinha prazo de validade vencida. Valia para sempre. Podia ter em conta que o amigo era sincero e eterno. Hoje, o tempo de duração, na maioria das vezes, é bem curto, dependendo do ter posses ou do sucesso social e econômico.

Se entre os dois um entra em fracasso financeiro ou perde seu destaque na sociedade, o outro que ainda estiver numa boa, não mais o procura e, quando o encontra por acaso, sempre vem com aquelas desculpas fajutas na tentativa de justificar seu afastamento, ausência ou sumiço. Não existe mais aquele amigo certo nas horas incertas, dos problemas e dos momentos difíceis.

– Oh, “amigo”, desculpa aí não ter comparecido ao seu aniversário. É que tenho andado com a vida corrida, com falta de tempo. Sabe como é a vida hoje: É aquela loucura! Desculpe por não ter lhe telefonado, passado uma mensagem ou feito um áudio! Meu celular estava com problema! Esqueci totalmente…

É assim o papo que rola quando o “amigo da onça” se encontra com o outro que tanto lhe dava atenção e depositava nele consideração e confiança. O sujeito até inventa que estava doente ou em viagem, na maior cara de pau. Ele já está em outro esquema, se passando de “amigo” para um novo conhecido abonado.

-Entendo a situação, tudo bem, sem problema! Para um bom entendedor, tudo basta, só que não dá para engolir as desculpas mentirosas. Lá se vai mais uma “amizade” em que o outro achava ser firme e sincera. Lá se vai mais uma ilusão, mais uma decepção com o ser humano.

Por falar em desculpas, coisa também são as quantidades delas que se pedem atualmente ao outro, desde a falta de pontualidade corriqueira nos encontros marcados até às agressões verbais e físicas, principalmente quando se trata do homem que bate na mulher.

A desculpa se tornou tão maquinal que a pessoa repete a palavra tantas vezes sejam as ofensas cometidas, isto sem corrigir o erro, e nem sente. No caso da violência contra a mulher, ele pede mais desculpas do que o número de agressões. É um rosário de desculpas

Existe até a desculpa pelas desculpas, e a do namorado ou namorada que termina o relacionamento pelo celular e depois pede desculpas pelo mesmo aparelho por não ter praticado o ato pessoalmente, como deveria ser.

Essa ação repetitiva de pedir desculpas e não refletir depois que foi errado se tornou coisa normal nos dias de hoje. Você solicita desculpa hoje por um gesto desagradável contra o outro e amanhã faz a mesma coisa e volta a pedir desculpas da mesma forma, sem perceber que está sendo falso.

Tem também os grosseiros e as grosseiras que nem pedem desculpas, quanto mais perdão pelo que faz. Há quarenta ou cinquenta anos, as pessoas tinham mais consideração uns para com os outros, e um pedido de desculpas era carregado de sentimentos verdadeiros, sem contar que se procurava não mais cometer o mesmo erro.

Nesse mundo tecnológico e superficial, a desculpa virou sinônimo de falsidade na boca das pessoas, tanto quanto chamar o outro de amigo-irmão numa mesa de bar, puramente por interesse. Basta um aperto de mão para a pessoa desconhecida chamar a outra de “amigo”.

 

CIGANOS EM TEMPOS DE TERROR E TRATADOS COMO MERCADORIAS

O INSTITUTO DOS CIGANOS DO BRASIL ESTÁ RECORRENDO AO GOVERNO FEDERAL PARA TOMAR PROVIDÊNCIAS CONTRA AÇÕES DE PRECONCEITOS AO SEU POVO.

Como nos tempos coloniais e do império quando para o Brasil eles foram deportados por Portugal e aqui perseguidos pela polícia com toda carga de preconceitos e violências como bandoleiros, preguiçosos, embusteiros, ladrões e malfeitores, o povo cigano continua a viver a mesma situação de terror e sendo “tratados como mercadorias”, conforme desabafou Rogério Ribeiro, ex-presidente e assessor de Comunicação do Instituto dos Ciganos do Brasil.

Em nome do presidente do Instituto, Itamar Cigano, com sede no Ceará, Rogério esteve nesta quarta-feira (dia 07/06), em Brasília, no Ministério da Justiça, Flávio Dino, e no Superior Tribunal de Justiça quando protocolou documento de revogação de prisão de ciganos e em defesa do seu povo contra os preconceito e abordagens arbitrárias por parte da polícia, inclusive muitos deles envolvidos em abuso de poder.

Entre outros assuntos, em audiências, Rogério falou da situação de vários sequestros na Bahia, como em Camaçari e Vitória da Conquista, bem como nos estados da Paraíba, Pernambuco e Minas Gerais. “Chega de tanta discriminação, abordagens desnecessárias e cigano não é mercadoria. Estamos solicitando apoio da Força Nacional para que se acabe de vez com essas perseguições” Ele se disse confiante nas tomadas de medidas do governo federal. “Os preconceitos continuam fortes e as coisa devem mudar”

Cita o documento que a Associação Beneficente Cultural e de Desenvolvimento Social dos Povos Ciganos do Brasil – ABECC foi formada por lideranças de diferentes comunidades, com o intuito de promover o desenvolvimento sustentável, para a defesa e garantia dos direitos do seu povo em situação de conflito.

SEQUESTROS E UMA TRAGÉDIA EM CONQUISTA

“As ameaças, sequestros e declarações de ódio contra os povos ciganos estão promovendo um verdadeiro medo e insegurança às famílias ciganas no estado da Bahia”- destaca o documento, ao denunciar que mais de 20 pessoas de origem cigana foram vítimas de sequestros, em 2021, na região metropolitana de Salvador, precisamente em Simões Filho e Camaçari.

Essas pessoas somente foram devolvidas mediante resgate com valores que chegaram a 150 mil reais. Em 2022 foram cerca de 10, sem contar outras tentativas. Neste ano, o primeiro ocorreu na tarde de quarta-feira, dia 11 de janeiro, na cidade de São Felipe. A vítima foi um adolescente de 14 anos. Os criminosos ameaçaram matar o jovem. O resgate custou o valor de 200 mil reais.

Os relatos prosseguem em relação aos constantes sequestros, como o do dia sete de março deste ano quando o cigano Lourival Gama, morador de Simões Filho reagiu a uma tentativa de sequestro e trocou tiros com os bandidos. A vítima foi morta com um tiro na barriga. Outros sequestros ocorreram em várias cidades. Outra agressão com assalto aconteceu recentemente no município de São Sebastião do Passé.

Há cerca de dois ou três anos ocorreu, em Vitória da Conquista, uma tragédia onde dois soldados foram mortos, no distrito de José Gonçalves. Em resposta a polícia militar agiu com terror e vários ciganos (uns sete ou oito) foram eliminados em “supostas trocas de tiros”. Como se não bastasse, muitos foram espancados e uma família foi obrigada a fugir do município através de uma medida protetiva.

VÍTIMAS DE UMA SOCIEDADE SEGREGACIONISTA

O autor da obra “Ciganos no Brasil-uma breve história” Rodrigo Correia Teixeira, desmistifica o estigma da visão estereotipada dos ciganos como sujos, embusteiros, baderneiros, trapaceiros e preguiçosos. Eram vítimas de uma sociedade segregacionista. Nascer cigano era ter seu destino marcado do lado oposto da “boa sociedade”. Sempre foram prejulgados, inclusive por crimes não cometidos, como de ladrões, assassinos, salteadores e até sequestradores de crianças.

Perseguidos por D. João V, de Portugal, muitas das vezes condenados injustamente, eram embarcados para o Brasil Colônia, mas até certo ponto bem aceitos na corte de D. João VI e no primeiro Império, como artistas dançarinos, músicos e circenses. Muitos ficaram ricos como negociantes de escravos, mas suas atividades mais fortes eram no ramo do comércio de cavalos, bestas e a prática da “buena dicha” (leitura das mãos), no caso das mulheres.

CAMINHOS INÓSPITOS

Afirma o escritor, na conclusão do seu livro, que, “como nômades ou sedentarizados, perambulavam por caminhos inóspitos, acampavam em áreas pouco propícias e se estabeleciam em espaços insalubres nas cidades”, como é o caso do Campo de Santana, ou Rua dos Ciganos (Constituição – Praça da República, no Rio de Janeiro).

Destaca que “a sobrevivência foi a realização mais duradoura, o grande evento da história cigana”. Ele cita Angus Fraser, como maior historiador sobre o assunto, quando diz que, quando se consideram as vicissitudes que eles encontraram, deve-se concluir que a sua principal façanha foi a de ter sobrevivido”. Teixeira acrescenta que “o universo cigano, mais que de duplicidade, é repleto de multiplicidades, entre as quais estão as relações com os não-ciganos, as identidades dos grupos e as imagens que se formaram dos ciganos”.

UM CIGANO NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

O Brasil já teve presidentes nordestino (pau-de-arara), gaúcho fazendeiro, mineiros, paulistas, marechal das Alagoas, generais da ditadura civil-militar, um sádico capitão, mas poucos sabem de um presidente-cigano, Juscelino Kubitschek, que construiu Brasília, a qual virou um covil de ladrões, mas não por culpa da nação cigana.

Quem revelou esta curiosidade, que eu nem sabia, foi o autor do livro “Ciganos no Brasil – Uma Breve História”, de Rodrigo Corrêa Teixeira. Os  Calon, ou Kalé, vieram da Península Ibérica e aqui se aportaram desde o início do século XVI.

No entanto, na primeira metade do século XIX, o Brasil recebeu o grupo Rom, ou Roma, da Europa do Leste, com suas famílias. De acordo com informações, o Rom que mais cedo chegou ao território mineiro foi Jan Nepomuscky Kubitschek, que trabalhou como marceneiro no Serro e em Diamantina. Ele era o avó direto de Juscelino.

 

 

 





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia