:: 31/maio/2024 . 22:27
“ASSIM FALAVA ZARATUSTRA”
Na obra famosa de Friedrich Nietzsche, no capítulo “Dos Caminhos do Criador”, o filósofo, na palavra de Zaratustra, fala do solitário, aquele que procura a busca de si mesmo. Seu pensamento é complexo com muitos anunciados que nos faz refletir ainda nos tempos contemporâneos.
O filósofo escreveu no século XIX e sobre as mulheres ele seria hoje esconjurado, machista e retrógrado pelo seu menosprezo ao gênero feminino, mas este é outro assunto. Zaratustra dialogo com uma velha senhora quando seguia seu caminho. No final da conversa a velha lhe diz que ele não conhece bastante as mulheres, se bem que tem razão no que prega. Será porque para a mulher nada é impossível?
Sobre a morte, ressalta que uns morrem cedo e outros tarde, daí o preceito de que morre a tempo. “Se nunca vive a tempo, como há de morrer a tempo? Para ele, morrer ainda não é uma festa. Morre sua morte aquele que cumpre seu destino, vitorioso, rodeado daqueles que esperam e prometem. Fala do aprender a morrer no combate, abençoando os vivos. Combatente e vitorioso odeiam a morte “que vai se arrastando como uma ladra e, contudo, chega como soberana”.
Com referência ao solitário e a solidão, Zaratustra diz que, mesmo com toda tua força e coragem, um dia te há de cansar. Algum dia se abaterá teu orgulho, e tua coragem vai cerrar os dentes. Um dia clamarás: Estou só, tudo é falso!
Em sua reflexão, ele afirma que há sentimentos que querem matar o solitário. Se não conseguirem, eles mesmos terão de morrer! Quanto ao desprezo dos outros e a procura de ser justo com aqueles que te menosprezam, Nietzsche acrescenta que o solitário obriga muitos a mudarem de opinião a seu respeito. Por isso, “te odeiam com todas as forças”.
Acima deles te elevaste, mas quanto mais alto sobes, tanto menor te vêem os olhos da inveja. Ninguém é tão odiado como aquele que voa diante de todos. “Sobre o solitário, atiram baixeza e injustiça”. Zaratustra aconselha que o solitário se livre dos impulsos do amor porque ele estende depressa a mão ao primeiro que encontra.
“Há homens a quem não deves dar a mão, mas tão somente a pata. Além disso, quero que tua pata tenha garras. O pior inimigo, todavia, que poderás encontrar, és tu mesmo. Nas cavernas e nos bosques és tu que te espreitas a ti mesmo. Serás herege para ti mesmo, serás feiticeiro, adivinho, doido, incrédulo, ímpio e malvado”.
De acordo com sua fala, o solitário segue o caminho daqueles que amam. “Vai para tua solidão, com minhas lágrimas, meu irmão, com teu amor e com teu ato criador. Somente mais tarde, com passo claudicante, a justiça chegará a ti”.
No que se refere ao ser humano, Zaratustra o compara com o camelo, o leão e a criança, e afirma que existem coisas pesadas para o espírito sólido. Quanto ao camelo, o espírito é uma besta de carga a escalar altas montanhas. Padece fome na alma, ama os que nos desprezam e estende a mão aos fantasmas.
Com sua carga, conforme seus ensinamentos, o camelo corre ao deserto. Assim é o espírito. Na extrema solidão, o espírito se transforma em leão, rei do seu próprio deserto, e luta como um dragão. Tu deves brilhar nesse caminho de escamas de ouro.
Em sua concepção, somente o leão poderá criar a liberdade. Já o espírito dócil pensa criar novos valores. Para o jogo da criação é preciso uma santa afirmação de criança. Ensina que deves reconciliar contigo mesmo, manter-se sempre acordado, apesar da fadiga e conservar a alma serena.
As coisas ruins não combinam com um bom sono, o senhor das virtudes. “Existem sábios que pensam no sono sem sonhos”. Mantenha paz com o diabo do teu próximo. Com relação ao poder, Nietzsche, na fala de Zaratustra, ressalta que ele gosta de andar com pernas tortas. Em seus diálogos filosóficos, muitas vezes ele entra em contradição, ou parece ser isso.
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