TROCARAM O GONZAGÃO PELO SAFADÃO!

Dessa vez, com o São João gordo das eleições, estão lascando com o nosso forró ou forrobodó! Quem estão mandando nessa farra são Safadão, o maior faturador das festas juninas, Amado Batista, Calcinha Preta, Cueca Branca, duplas sertanejas, de arrocha, pagode, bregas e outros ritmos porcarias. No meio, para disfarçar, colocam algum forrozeiro.

Até os governos do PT, que tanto pregaram em seu programa partidário a defesa da cultura popular de raiz, entraram na onda, como no caso do São João de Salvador, no Parque de Exposições Agropecuárias, bancado pelo estado. Aqui em Vitória da Conquista, onde a prefeita sepultou nossa cultura, sem ritual fúnebre, já não é tanta novidade. Tem até o Amado Batista. Nos outros municípios a toada não é diferente.

Nas propagandas, os prefeitos colocam as grades das grandes “atrações” com os nomes dos pesos pesados dos cachês, mas quase nada das bandas regionais que fazem suas músicas durante o ano todo para ganhar uma graninha merreca paga meses depois. Esses têm que entrar nos editais burocráticos da concorrência. É uma tremenda luta para conseguir um espaço.

Estão divulgando aí um concurso das melhores músicas que pouco falam das raízes, dos costumes, do nosso forró, da terra e da vida do nosso povo nordestino, com o título de Zelito Miranda que deve estar se revirando no caixão. As letras têm um sotaque do axé music, dos arrochas e dos “sertanejos” melosos de amor vazio e fútil.

É isso aí, meu amigo, o nosso forró, que até já se tornou patrimônio imaterial nacional, está virando num grande carnaval fora de época, com guitarras, baterias e rebolados de mulheres nos palcos, jogando no lixo a sanfona, o triângulo e a zabumba. Esse negócio de forró pé de serra está se tornando coisa antiga e arcaica.

Para fazer média com o público alienado, o cara chega no palco falando de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e outros nomes do nosso verdadeiro forró, baião e xaxado (devia lavar a boca) e depois arrasta o som miserável estrangeirado, misturado do tipo “tira o pé do chão galera”, com músicas de duplo sentido que agridem nossos ouvidos.

A mídia diz que é tudo de graça, a multidão ignara cai na folia e aplaude os prefeitos dos safadões e companhias. Tudo preparado para um pouco mais na frente, em outubro, pescar o voto do eleitor que depois da festa continua na mesma situação de dependência e submissão aos poderosos. Se eu ou você critica, sua voz ecoa no deserto. Será que adianta lutar contra a maré?

É assim que as coisas funcionam e não adianta resistir, meu camarada, porque será criticado como caduco, antiquado e saudosista. As coisas mudaram, seu babaca; são novos tempos da tecnologia; e que vá a memória e a história para as “cucuias” e os quintos dos infernos. É assim que eles dizem.

O Ministério Público anuncia que está vigiando e fiscalizando as grandes contratações e os superfaturamentos das prefeituras, observando os critérios dos investimentos em saúde, programas sociais e educação. É tudo conversa fiada, no faz de conta.

Os artistas e as bandas da terra pegam as migalhas, sem quase nada de visibilidade. São utilizados para apresentações nos intervalos dos grandes shows e nas pontas dos bairros. Dão um dinheiro tipo cala boca para as quadrilhas, para dizer que elas não morreram. A mídia faz sua média e dá destaque para os safadões da vida.